JD - Just a Dream escrita por Vee Skye Bancroft


Capítulo 5
Castiel IV - Encontro




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"For me, the ‘World’ is just a ‘Hell’, with disfarce.”
– Tracey Westner.

Já no pátio, começaram a debater com o rapaz de cabelos extragrandes, um típico parente da Rapunzel. Este se apresentou como Dimitry, dissera que acabara sendo “expulso” do colégio, o que nada mais significa que ele deve ter atrasado um trabalho importante. No entanto, ainda lhe pediram um favor, que avisasse Jullieta, da escola Sweet Amoris, para que se encaminhasse de imediato, com urgência. O motivo, nem mesmo ele sabe.
Enquanto Dimitry falava, Jully rolou os olhos por todos os lados, e vez ou outra abaixou a cabeça, mordiscando o lábio inferior. Era de se esperar que estivesse nervosa, um sonho, a alguns vários quilômetros de distância, estava por se realizar.
– Hei – Castiel chamou sua atenção. –, você prometeu sair comigo, lembra?
Ela o olhou carinhosamente e apenas assentiu. Sorriu pela metade e olhou um pouco apreensiva para o novo soldado.
– Estaria tudo bem, eu me encaminhar para lá amanhã, de manhã? – perguntou, mordendo a unha do polegar dessa vez.
– Creio que não haja problemas, quanto a isso. – afirmou. – De qualquer forma, amanhã.
– Ótimo, é que hoje, tenho um compromisso inadiável. – olhou de relance para Castiel, que enrubesceu levemente.

Depois que a aula terminou, o ruivo esperava por Jullieta na porta escola, um tanto quanto impaciente. Dava mordidas nos cantos dos lábios, procurando pelos cachos dela no meio da multidão que estava indo para casa.
– Castiel? – por fim, a voz que ele tanto esperava lhe fez levar um grande susto.
– Céus! – colocou ambas as mãos sobre a cabeça, como se ela fosse um policial. – Não me assuste assim! – respirou fundo, logo esboçando um sorriso.
– Desculpe... Eu preciso conversar com você. – ela falou, abaixando a cabeça.
Só então o ruivo percebeu que ela parecia mais triste do que nunca, mas não mais do que, por aquele motivo.
– O.k., o que aconteceu? Venha, eu te acompanho e no caminho você me conta. – foi para trás da cadeira e começou a empurrá-la.
Um silêncio mais do que constrangedor, se instalou rapidamente. O rapaz nem mesmo olhava para o caminho, procurava se concentrar em suas próprias mãos. E tudo isso se desvaneceu, com o suspiro mais pesado já ouvido, como se cortasse a alma de Jullieta e ela estivesse tentando lutar contra isso.
– Ainda hoje, eu conversei com Dimitry mais uma vez... – começou da parte mais anônima. –, e então ele me disse que... Terei de ir embora hoje à noite. – fechou instantaneamente a boca, com medo de gaguejar.
Ele parou de se mexer, muito rápido, quase como que uma parada brusca. Abriu a boca uma ou duas vezes mais, buscando pelas palavras mais adequadas.
– Mas, e a nossa promessa? – sua voz soou como se estivesse choramingando. – Isso não é nem um pouco justo! – tentou se conter para não gritar.
– Eu sinto muito, mas não vai dar tempo. Tenho de estar às oito da noite no aeroporto. – tocou os próprios lábios, tentando manter a voz normal, pois estava quase chorando.
– Que seja. – bufou, dando de ombros. – Está entregue, “madame”, até nunca mais. – cuspiu o “madame” com nojo.
Deu as costas e saiu andando devagar, deixando a garota um tanto confusa. Logo ela se deu conta. Eu não vou vê-lo tão cedo – pensou.

Tudo bem que Castiel não gosta tanto assim da companhia dos pais, mas não queria ter de ficar na mesma casa que aquelas duas. Pois para ele, manter as promessas, era quase tão importante quanto viver, então não aceitaria que uma pessoa sequer voltasse atrás.
E bem, sua casa era bem confortável, apesar de ser quase uma mansão. Jean Louis e Valérie, seus pais, ganham muito bem, então a vida do garoto era para ser de certa forma pacífica. Talvez aquele babaca do Armin tenha razão, e eu seja apenas um fora da lei – concordou com o que o moreno tinha dito naquele dia, rindo um pouco disso.
Outra coisa lhe passou pela cabeça, enquanto posicionava a mão, na maçaneta da porta de madeira antiga da casa – aquele tipo de madeira não artificial. Mirian ultimamente tem voltado mais tarde da escola, o que com certeza, tinha relação com o outro.
– Ou então, ela pode estar fazendo compras escondida. – murmurou para si mesmo, movendo a maçaneta.
Nem bem passou pela porta e a mulher sua mãe, pulou em seu pescoço o abraçando. Foram os piores cinco segundos da vida dele, foi como perder o ar embaixo d’água.
– Cassy! – gritou Valérie. – Poxa vida, achei que acabaria indo para a próxima viagem sem te ver, querido! Estava com tanta saudade. – abraçou-lhe mais calmamente dessa vez.
– Ah mãe, eu não faria uma coisa dessas. – comentou um pouco irônico. – E, por favor, não me chame de Cassy. – disse soltando-se dela.
– Hm, sei... – colocou ambas as mãos na cintura. – Quer algo para lanchar, ou você nem mesmo almoçou? Parece um pouco pálido.
– Isso é resultado de ficar muito tempo em casa. – deu de ombros. – Pode ser um sanduíche? Eu realmente não almocei. – ela deu uma piscadela como resposta.
– Aquele de molho de pimenta, certo? – disse arrumando seus cabelos negros de mechas vermelhas em um coque; Ele assentiu. – Então muito bem. Vá descansar, eu chamo quando estiver tudo pronto. – apontou na direção da escadaria.

Enquanto subia as escadas, ouviu passos fortes, como se alguém estivesse jogando vídeo-game. E bem, de fato alguém jogava no Xbox. Jean Louis estava no jogo de golf, em frente ao sensor de movimento, tentando dar um bom lance. O mais intrigante foi a visão assustadora que Castiel teve, de seu pai, vestindo aquelas roupas esportivas, com uma faixa na cabeça.
Balançou a cabeça enojado e se preparava para ir ao seu próprio quarto, quando a voz grossa de seu pai o chamou.
– Cassy. – falou entre um arfar e outro.
– Mas, até você? Deus, o que eu fiz para merecer isso?! – olhou para o teto, como se ele fosse o céu.
– Por favor, me diga que sua mãe não está cozinhando... – implorou.
– Na verdade, ela está fazendo um sanduíche, nada de mais. – ergueu os ombros, questionando a razão.
Não demorou muito, e um cheiro de fumaça foi se agravando pela casa, chegando ao conhecimento do andar de cima. Ambos correram para a cozinha, a sorte é que não era nada muito preocupante, apenas um guardanapo que havia sido deixado em cima do fogão, tinha acabado de pegar fogo.
Aliás, o sanduíche já estava pronto, mas Valérie tinha esquecido tudo ligado. A família toda se sentou à mesa e devoraram pelo menos dois lanches cada um, sempre com o acompanhamento de refrigerante.
– O que aconteceu? Você ficou quieto por muito tempo. – disse seu pai, apoiando os cotovelos sobre a mesa.
– Nada não... – abaixou a cabeça. – Mas eu preciso de um conselho, tipo, de pai pra filho. – deu um meio sorriso.
– E isso com certeza não envolve, a mamãe aqui. – ela disse apontando para si mesma e fazendo bico. – De qualquer forma, já é quase sete horas, vou ver minha novela. – acenou já de costas para a cozinha.
Ambos se entreolharam e deram uma risada amistosa. Logo em seguida, Castiel começou a explicar a situação. Jullieta lhe tinha prometido um encontro, e desde muito tempo ele vem tentando conversar com ela, mas a mesma só acredita que ele faça isso, porque gosta da Mirian, o que não deixaria de ser verdade há alguns anos atrás, antes de ela começar a namorar Frank.
O garoto tinha sido completamente rude com ela, deixando-a na porta de casa, e saindo de uma forma deselegante e nada cordial, o que de fato a fez pensar que não se veriam por um longo período de tempo, ou o quanto ela conseguisse sobreviver naquele colégio.
– Pedir desculpas pode ser uma faca de dois gumes. – posicionou a mão sobre o queixo. – Até porque ela não tem culpa e vai tentar de diminuir ao máximo, e pisar em você. – fez uma pausa. – Mas, essa é de longe a melhor opção. – concluiu.
– Talvez ainda tenha tempo para um encontro! – algo se iluminou em sua cabeça e ele deixou a casa correndo em direção da casa das irmãs.

Ao chegar no local, arfava como nunca, acreditou severamente que seu coração iria se cansar de mandar sangue, e sairia pela sua boca. Colocou-se frente a porta e bateu uma ou duas vezes, logo obtendo uma resposta.
– O que você quer Castiel? – ela falou aparentemente preocupada com outra coisa.
– Eu, vim me desculpar. – conseguiu ouvir-se um suspiro.
– Talvez se você ficar de joelhos na minha frente e beijar meus pés, eu te perdoe. – um pequeno ‘click’ se fez, dando a entender que a porta estava sendo aberta.
– Aceito essa condição, se pudermos ter um encontro. – sorriu de lado.
– Já não lhe expliquei? É impossível, dentro de uma hora tenho de ir, e minhas malas nem ao menos estão prontas. – finalmente trocaram um olhar.
– Mas o que eu planejo é sim. Não vai lhe custar nem quinze minutos. – Jullieta ergueu uma sobrancelha incrédula.
Mesmo não confiando muito nessa ideia, assentiu com a cabeça. Castiel pegou da cadeira e pela primeira vez em dois meses ela subiu a escadaria novamente. Ela se aconchegou à ele enquanto subiam, com um pouco de medo. Está tudo bem, vou te manter segura – sussurrou.
Quando já não havia mais escadas, ele buscou pelas do sótão. Puxando-as com cuidado para não machucar a garota.
– Você não... Ah, não, você não estava pensando nisso, certo? E se eu cair?! – de alguma forma tentou retirar seu corpo dos braços dele.
– Eu pego você. Já disse, nada vai te acontecer, agora se acalme. – sorriu docemente e ela enrubesceu levemente.
A cada passo que dava, quantidades significativas de poeira subiam, se espalhando pelo ambiente. A garota tossiu algumas vezes antes de, por fim, chegarem à grande janela que havia ali. Ele abriu-a cuidadosamente e ambos conseguiram passar por ela, sentando-se no telhado da casa.
– Lembra que vínhamos nos esconder da Mirian aqui, quando brincávamos de esconde-esconde? – riu um pouco.
– Claro, a gente ficava aqui até ela começar a chorar. – estampou um sorriso. – Você sempre gostou dela, não é? – abaixou a cabeça, mesmo que não muito, já que ele ainda a segurava.
– Tem muito tempo que eu não gosto dela, desde que ela começou a namorar o Frank. – algo doeu claramente em Jully naquele momento.
– Me engana que eu gosto. Depois que ele morreu, você com certeza acreditou ter uma segunda chance! – gritou para ele.
– Acredite no que quiser. – deu de ombros. – Falar que eu gosto de você não adianta, pelo visto. – engrossou um pouco a voz, enfurecido. – Não vou te ver por um tempo, só queria uma boa lembrança para que eu pudesse sorrir ao pensar nela, mas você tinha que tocar num assunto idiota que já deixei mais do que claro, que é coisa da sua cabeça. – bufou. – Vamos voltar, foi uma péssima ideia ter vindo aqui.
– E-Espere! Não vê que as estrelas estão lindas? – ambos ergueram a cabeça e ficaram as admirando por um tempo. – Acho que no fim, eu tenho que pedir desculpas. – mandou-lhe um sorriso magoado. – Sempre tive a sua companhia, sem dar nada em troca, e você o fez sem pedir nada por isso, acho... Injusto. – as estrelas quase conseguiam reluzir mais que os olhos dela naquele momento.
Um silêncio constrangedor se manifestou, fazendo ambos corarem. Castiel nem ao menos teve coragem de continuar olhando para ela, mas algo precisava ser dito, ele tinha que falar, nem que fosse a última palavra que dissesse a ela.
– Eu te amo. – era como se seu rosto brincasse de esconde-esconde agora, entre os próprios cabelos dele.
Novos tons de vermelho surgiram no rosto de Jullieta que ficou completamente sem reações. Apenas conseguiu por impulso utilizar suas mãos para cobrir o rosto.
– Venha, está começando a esfriar, vou te levar ao aeroporto. – disse já voltando ao normal.

Talvez ela tivesse demorado demais para responder? Ou ele não buscava por uma resposta, possivelmente só gostaria de desabafar de uma vez seus verdadeiros sentimentos.
Como já dito, ele levou-a para embarcar. No caminho nem um dos dois formulou uma só palavra, as estrelas já sabiam de muitos segredos, nada mais precisava ser pronunciado.
Faltavam apenas dois minutos para ela ter que entrar lá. Mas algo não parecia certo, Jullieta estava incomodada com algo, como se tivesse esquecido alguma coisa importante. Olhava impaciente para Castiel, que esperava ganhar super poderes para ler a mente dela, e desvendar o que se passava. Decidiu fazer uma única coisa. Pegou seu casaco de couro e colocou nos ombros dela. Vai pegar um resfriado se ficar sem blusa. Pode ficar com ela, como recordação, pra não se esquecer de mim – disse, logo em seguida sorrindo.
Por fim, chegou a hora de embarcar e ela já estava do lado de fora, apenas dava para vê-la pelo vidro. No entanto, ela deu meia volta, e chegou bem perto do vidro, soprando ar quente contra o mesmo e escrevendo com o dedo indicador direito: Eu também. E se foi.


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