Que seja para sempre escrita por Lola Carvalho


Capítulo 2
Algo aconteceu


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Patrick Jane

A vida é engraçada, e ai de quem diga o contrário.

Ela prega peças, de maneira quem todos ficam pasmados com seu imenso senso de humor.

Hoje faz um ano que eu declarei o meu amor por Teresa Lisbon, em um avião, quando ela estava prestes a mudar de cidade, e nunca mais me ver.

Para a minha surpresa, ela saiu do avião... Saiu para ir me ver e me contar que também me amava.

Nos casamos naquela mesma semana, e tudo parecia perfeito! Compramos uma casa, a mobiliamos toda, e começamos a viver nossa vida juntos.

Mas três meses depois do nosso casamento, a gente começou a receber ligações no meio da noite.

Sempre o mesmo horário e dia: 4 horas da manhã das terças-feiras.

Da primeira vez, pensamos que fosse engano, mas depois da terceira vez começamos a nos preocupar e pedimos a assistência de Abbot, que não negou esforços para nos ajudar.

Porém, todas as terças-feiras eram a mesma coisa. Ninguém conseguia rastrear a ligação, e quando atendíamos, não conseguíamos ouvir nada.

Decidimos então, passar esse um dia em algum hotel e, finalmente, naquela terça-feira de junho conseguimos dormir em paz durante toda a noite.

Na quarta-feira, após isso, eu fui chamado para trabalhar em um caso, numa cidadezinha perto de Austin, e Teresa ficaria me auxiliando da base do FBI.

O caso foi rapidamente solucionado, e eu voltei na quinta-feira de manhã, mas a minha Teresa não estava em casa. Não estava no hotel. Não estava em lugar algum.

A única coisa que tinha sobrado daquele dia era a lista telefônica com uma chamada restrita as 4 horas da manhã.

.

Agora são três horas e vinte sete minutos da madrugada e, para variar, eu não consigo dormir.

No meio da escuridão da noite, em meu trailer (onde eu voltei a morar), algo chama a minha atenção... Eu me viro e descubro de onde vem o som que me arranca dos meus pensamentos perdidos:

Meu telefone, em cima da mesa, ao lado da cama.

“Número restrito” eu leio na tela, e não posso evitar um calafrio.

Intrigado, eu pressiono a tecla “atender” e coloco o aparelho em meu ouvido.

Nada... Por alguns instantes não ouço nada. Apenas barulho de carros ao fundo.

– Jane... – uma voz feminina fala, mas não qualquer voz feminina. A voz da minha Lisbon – Preciso da sua ajuda.

Ela parece preocupada... Encrencada.

– Teresa? Onde você está?

– E-Eu... Posso ir até você?

– Me diz onde você está que eu vou até aí – eu insisti

– Não! Eu estou perto do estacionamento de trailers... Você ainda fica aí?

– Sim, eu estou aqui.

– Estarei aí em cinco minutos – e ela desligou o telefone.

Só então eu me dou conta que em instantes eu veria a minha pequena.

Eu corro para me arrumar, mas já não dá mais tempo. Alguém bate em minha porta.

Depois de respirar fundo, e preparar meu melhor sorriso, eu abro a porta e...

– Meu Deus, Teresa! – eu exclamo quando a encontro com os olhos molhados e vermelhos, a roupa suja e o cabelo, tingido de loiro, levemente bagunçado

– Posso entrar? – ela tentava conter as lágrimas e eu, apesar do meu espanto, dou passagem para ela entrar.

– O que aconteceu? – ela não me respondia, estava inquieta por alguma coisa – Teresa, sente-se aqui – ela o fez – Quer comer alguma coisa? – ela apenas assentiu com a cabeça.

Então eu pego um pacote de biscoitos de dentro do armário e os sirvo em um pote.

– Obrigada – ela falou com a boca cheia, como se não comesse há dias.

Era óbvio que algo tinha acontecido. Algo muito ruim. Minhas mãos, involuntariamente, pousaram em seu rosto, acariciando-a, mas ela afastou a minha mão, gemendo em dor. Então eu percebi a vermelhidão misturada com roxo em volta de seus olhos.

– Teresa... O que houve com você?

– Jane, eu... Eu... Estou com um problema – ela evitava qualquer toque ou aproximação minha. Inclusive evitava olhar diretamente nos meus olhos.

– O que foi? Quem fez isso com você?

– Eu... Fui assaltada. Tentei resistir, e me imobilizaram e me bateram... Depois eu me lembro de ter acordado do outro lado da cidade, sem documentos e dinheiro... Eu andei até algum lugar que eu conhecesse e então eu liguei para você, quando eu achei um telefone público.

Teresa, pela primeira vez, olhou em meus olhos, sem tentar impedir as lágrimas.

– Jane, eu estou com medo...

– Tem algo que você não está me contando?

– Não, eu... só preciso de um banho. E uma boa noite de sono – eu percebo que ela está mentindo, mas prefiro não insistir.

– Claro, claro. Vem – eu indiquei o banheiro para ela – Tem umas roupas suas que eu peguei lá de casa... Eu vou separá-las para você, está bem? – ela concorda com a cabeça e logo fecha a porta do banheiro.

..........

Teresa Lisbon

A noite havia sido agitada... Eu nem sei por onde começar a contar para o Patrick.

Enquanto a água quente cai sobre meu corpo, não deixo de sentir nenhum dos machucados... Eles ardem. Mas o que mais me dói é a história toda.

Termino o banho o mais rápido que posso, e assim que abro a porta do banheiro, enrolada na toalha, vejo que Jane está preparando algo para comer.

– Sua roupa está em cima do sofá – ele aponta para o sofá – Você pode se trocar no quarto, se quiser...

Sem responder nada, eu pego as minhas roupas, e vou até o quarto e me troco rápido.

Quando volto, Jane já tem a mesa posta.

– Obrigada – eu sorriu fraco

– Imagina, não precisa agradecer... O que aconteceu com você? – ele pergunta, me servindo uma sopa quente

– Antes de te contar... Preciso que você me prometa que não vai ficar bravo comigo.

– Claro. Eu prometo.

– Está bem... Lembra daquela noite no hotel? Quando não recebemos a ligação?

– Sim, eu lembro.

– Você foi chamado para um caso, e como era quarta-feira, eu voltei para casa, não vi necessidade de continuar no hotel. – ele me olhava atentamente, mas conforme a história seguia, mais complicada ela ficava. E meu medo crescia cada vez mais, porém eu tinha que continuar – Quando foram quatro horas da manhã, ligaram para o meu celular. Eu estava tão irritada com aquilo... Só que não foi como das outras vezes. Desta vez eles falaram comigo.

– O que eles falaram? – perguntou Jane

– Eles falaram que... Que... – minha voz falhou

– Que...?

– Que sabiam que eu estava grávida – eu pude ver a palidez no rosto de Jane – e que se eu quisesse ter o bebê e salvar a sua vida, eu precisava fugir. Me mandaram uma foto sua, enquanto você dormia, e eu disse que faria o que eles me pediram. Então eu fugi para Chicago, e pedi para Tommy e Annie não contarem para ninguém que eu estava lá.

– Espera, espera... Você estava grávida?

– Sim... Eu estava planejando em contar pra você quando você voltasse pra casa, na quinta-feira.

– E o que aconteceu? Onde está o bebê? – ele se desesperou

– Há três semanas atrás nosso bebê nasceu – meus olhos se encheram de lágrimas – nossa bebê – eu corrigi – uma menina linda, Patrick – ele segurou as minhas mãos – ela tem seus olhos. E quando eu a vi pela primeira vez, eu soube que tinha que voltar. Então, há dois dias eu cheguei aqui em Austin. Ninguém me reconheceu por causa do cabelo, então eu me hospedei em um hotel, porque Anne estava cansada, e eu também...

– Anne? – ele perguntou, sem segurar as lágrimas nos olhos

– Sim... Anne Grace Lisbon.

– Mas então, o que aconteceu?

– Eu estava a caminho daqui, quando fui atacada por dois homens. Os mesmos que ligavam pra gente as quatro horas da manhã

– Como você sabe?

– Porque eles me disseram que haviam avisado que te matariam se eu não fugisse.

– E onde está a bebê?

– Esse é o problema, Patrick... Eu não sei onde ela está. Eles levaram ela de mim – toda a dor que eu tinha contido até aquele momento, saiu de mim em forma de lágrimas – eles levaram a nossa bebê, nossa filha. O que a gente vai fazer?

– Shh... Calma, calma... – ele se levantou e me abraçou, chorando também – A gente vai encontrar ela, e colocar, quem quer que seja o responsável, atrás das grades para o resto da vida.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que a história deu uma virada drástica, do primeiro capítulo para o segundo, mas vai valer a pena, confiem em mim! :D
Gostaram? Quem vocês acham que está por trás das ligações e tudo mais?
Beijinhooos