O momento era perfeito para se dizer toneladas de palavras, carregadas de sentimentos, de emoções, de desejo, vindo do mais profundo lugar dentro do coração... Mas o que fora feito por Patrick tinha muito mais significado do que meras palavras.

Um beijo.

Ansiado por ambas as partes, mesmo que, por algumas horas, esse beijo parecesse inatingível, intocável.

Agora, porém, nada mais os separa.

- Hey, parem com isso! – alertou o oficial da TSA, interrompendo-os, já dentro da sala de interrogatório, já que seu alerta através da janela não havia dado resultados

- Relaxe, Jonny – brincou Patrick, sentando-se novamente na cadeira

- Sem brincadeiras aqui. As acusações contra o senhor são muito graves, e este comportamento inadequado, sem dúvida, será levado em consideração.

- O que está havendo aqui? – indagou uma mulher de cabelos castanhos escuro, entrando de supetão na pequena sala

- Este senhor impediu a decolagem do voo 407 para Washington D.C., alegando ser um agente do FBI-

- Ah, ah... – reprovou Jane – Eu disse que era do FBI, mas nunca disse que era um agente. E eu realmente sou do FBI. Presto consultoria.

- ... Alegando que era do FBI – corrigiu – e, se já não bastasse isso, a senhorita Lisbon, que ao que parece foi a causa do tumulto me pede para vir aqui e conversar com o senhor Jane, e ambos estavam agindo com um comportamento reprovável.

- Ah, por favor... Foi um beijo. Um inocente beijo.

- E você entrou aqui para interrompê-los?

- Sim, senhora.

- Mas que absurdo! – exclamou a chefe – Senhores, queiram me desculpar... O oficial John apenas fez o que achou correto – explicou-se

- Como é? – confundiu-se o oficial

- Se me derem licença, preciso dar uma palavrinha com o oficial John – Patrick e Teresa, sem entender muito bem, menearam a cabeça.

Já do lado de fora, a chefe Johnson fechou a porta atrás de si, e desfez de sua face o sorriso, e olhou para seu subordinado com indignação e raiva.

- Mas o que você estava pensando? – ela começou

- Eu não entendo... Devemos zelar pelo conforto dos nossos passageiros, e esse homem-

- Esse homem nos deu uma ótima oportunidade para publicidade gratuita! Não percebe? Imagine só quantas pessoas não gostariam de saber dessa história, e de como ela acabou... Imagine como será bom se tivermos a imagem da nossa companhia atrelada a uma história de amor verdadeiro... E imagine o quão ruim será se esse casal sair daqui e espalhar nas redes sociais que eles foram tolidos ao expressarem amor em nossas facilidades?

- Desculpe-me senhora... – pediu cabisbaixo

- Por sorte, isso pode ser consertado... Arrume a papelada para liberar o senhor Jane e a senhorita Lisbon. Agora!

E de pronto, o oficial apressou-se para obedecer as ordens que lhe foram designadas.

- Senhor Jane, senhorita Lisbon – disse a chefe Johnson entrando na sala, sorrindo – Quero pedir perdão pelo incomodo que foram causados. Os papéis para a sua liberação já estão a caminho.

- Obrigado – disse Jane

- Não há o que agradecer... – replicou a moça – Na verdade, soube que vocês vieram de Austin, no Texas...

- Sim, está correto – Lisbon estranhou o gentil tratamento

- Estão planejando voltar para lá?

- O mais rápido possível – respondeu Jane

- Já compraram a passagem de volta? – perguntou ainda a chefe

- Não, talvez ainda tenhamos que ficar mais alguns dias aqui em Miami – esclareceu Jane

- Bem, nesse caso, a Pacific Airlines terá o prazer de leva-los ao seu destino... Por conta da casa.

- Hum... Na faixa? – perguntou Jane.

- Sim, senhor. É o mínimo que podemos fazer, depois de todo o transtorno desnecessário.

- Tem mais coisa, não tem? – perguntou novamente Patrick – Ah, já sei! Está com medo de que eu ou Teresa contemos que não fomos bem tratados dentro de suas facilidades, e logo isso traga prejuízos para as vendas e imagem da sua empresa – afirmou ele

- Imagina, senhor Ja-

- Não precisa mentir – interrompeu-a Lisbon – ouvimos a conversa.

- Não que estivéssemos bisbilhotando, mas é que foi impossível não ouvir – explicou Jane

- Oh...

- Não tenha vergonha... Negócios são negócios. E não. Não vamos falar mal da sua empresa.

- Desde que possamos sair daqui agora – acrescentou Lisbon

- A passagem de graça também não seria ruim...

- Claro, claro... Em um minuto – e ela saiu para apressar o oficial John.

..........

Assim que eles saíram, Abbot chegou para tentar resolver a situação de Patrick, porém não foi necessário, pois tudo já havia sido liberado.

Mas, claro, Abbot não podia deixar de dar um sermão em Jane, e também as felicitações para o casal, que finalmente conseguiram expressar o amor reprimido que sentiam um pelo outro durante anos.

Kim chegou logo depois, e os atualizou sobre o andamento do caso.

- Isso quer dizer que vamos ter que ficar mais alguns dias em Miami? – perguntou Jane esperançoso.

- Exato – respondeu Kim

- Então, se me dão licença, eu preciso me arrumar.

- Pra quê? – atreveu-se Lisbon

- Quero te levar à um encontro. O que me diz?

- Mas, onde?

- Conheço um restaurante ótimo à beira-mar. O que acha?

- Ainda tem aqueles vestidos? Porque eu acho que não tenho nada apropriado para vestir.

- Não se preocupe! Eu cuido de tudo. Abbot, onde tem um hot- Patrick virou-se para encontrar Abbot, mas, tanto ele quanto Kim, já haviam ido embora, deixando os dois à sós.

Isso fez com que Teresa e Patrick rissem.

- Realmente eles são bem discretos – brincou Patrick

- É...

- Bem, vamos pegar um táxi, e perguntar onde fica o hotel mais próximo.

..........

Após encontrarem, com o gentil motorista de táxi, o hotel mais próximo da praia, Patrick e Teresa se acomodaram em dois quartos, e Patrick logo tratou de achar algo apropriado para Teresa vestir.

Minutos antes de Teresa terminar sua maquiagem, seu telefone toca, indicando que estava recebendo uma ligação.

Marcus Pike.

- A-Alô? – ela começou temerosa

- Oi bebê... Onde você está? Está tudo bem?

- Oi... Ahn... Está, eu... Eu estou bem – os dois permaneceram em silêncio por mais alguns instantes – Marcus, por que me ligou? Já conversamos sobre eu ir para Washington...

- Liguei para avisar que eu não vou desistir de você, Teresa. Avise ao Patrick.

E com isso ele desligou o telefone, deixando uma confusa Lisbon do outro lado da linha.

..........

Pontualmente as cinco horas da tarde, Patrick Jane estava batendo à porta do quarto de Teresa.

- Oi – ela atendeu sorridente

- Oi... Uau. Esse vestido ficou ótimo em você – elogiou o loiro – Se bem que... Tudo fica bom em você.

- Obrigada. Gostei da bermuda...

Sem resistir ao impulso, ele abaixou-se um pouco e a beijou suavemente nos lábios.

- Vamos? – ele perguntou, depois que o beijo cessou, e ofereceu o braço para que Teresa se apoiasse nele, e ela o fez.

Já no restaurante, Patrick havia reservado uma das varandas com a vista de frente para a praia e o Sol se punha no horizonte, deixando o mar em um tom alaranjado.

- É lindo! – exclamou Teresa

- Sim. Pôr do Sol me faz lembrar de você... – respondeu ele pensativo, enquanto eles apreciavam a paisagem, mas antes de prosseguir, Patrick a virou para olhar diretamente para ela – Você sabe que, aquele dia, do Red John...

- Patrick, tudo bem – ela o interrompeu – Se você tivesse me levado com você, eu provavelmente teria morrido.

- Eu não podia te perder... Não posso!

- E não vai... – Teresa lhe afirmou, acariciando o rosto do loiro

O terceiro beijo veio mais doce e mais intenso do que os dois primeiros. E mais demorado. E muito mais apaixonado.

- Eu te amo – disse Teresa

- Eu também te amo – respondeu Patrick

De repente, em um súbito, Teresa se lembrou do telefonema de Marcus e sua expressão de felicidade mudou para medo.

- O que foi? – perguntou Patrick carinhosamente, colocando uma mexa de cabelo atrás de sua orelha

- É bobagem...

- Nada é bobagem. Conta para mim... – pediu

- É que... Depois que você foi no avião e... – ela ruborizou – disse que me amava... Eu saí do avião, e liguei para o Marcus contando o que tinha acontecido e que eu não ia mais para Washington... Ele ficou furioso, começou a gritar comigo e então desligou o telefone de repente.

- Ele fez o quê? – indignou-se Jane

- Mas não foi isso que me deixou assim... Ele me ligou depois, quando eu já estava lá no hotel. Ele estava estranho, disse que não ia desistir de mim... Fiquei confusa...

- Eu não o culpo...

- Como?

- Uma mulher linda como você... – o comentário de Jane fez Lisbon sorrir – Felizmente para mim, você é só minha agora.

- E você é só meu...

- Então que seja para sempre – Patrick disse e se ajoelhou, mostrando um anel brilhante, quase tão brilhante quanto os seus esperançosos olhos azuis – Casa comigo?

Emocionada, e morena disse sem pestanejar:

- Sim. Para sempre. E depois disso também.