~Logan POV's

Depois de toda aquela movimentação devido à morte de Margareth, enquanto James ia visitar a namorada no hospital e Carlos levava o pobre e debilitado Kendall para casa, eu me dispus a levar Bruna e Thamires para seu apartamento - vale lembrar que elas moravam juntas. O percurso foi silencioso, as duas ficaram chocadas com a situação, assim como eu.

– Logan ... - começou Bruna no momento em que estacionei o carro em frente ao prédio.

– Não precisa agradecer - respondi solene enquanto saia do carro e pegava a cadeira de Thamires, que continuava em silencio no banco traseiro.

– Eu não ia ...

– Já disse que não precisa Bruna - interrompi-a novamente.

– Valeu - murmurou Thamires, já acomodada à sua cadeira - Nos vemos depois, vou subir.

– O.k. - Bruna e eu respondemos em uníssono.

Observamos ela empurrar sua cadeira pelo saguão até entrar no elevador. Suspirei de leve, ainda sentindo um peso sobrenatural em minhas costas, toda aquela situação de morte tinha me esgotado. Eu não havia chorado uma vez sequer, segurei muito bem a onda, mas agora, tudo o que eu queria era desabar. Senti o leve toque de Bruna em meus ombros.

– Quer conversar ? - indagou delicadamente e com uma voz um tanto manhosa.

– Não sei - respirei fundo, tentando segurar as lágrimas.

– Não precisa se esconder de mim - afirmou.

Foi então que tive coragem de me virar para ela. Seus olhos brilhantes me passavam conforto, um conforto inexplicável e inebriante, suas mãos continuavam imóveis em meus ombros largos, seu toque, mesmo por cima de minha camiseta pólo me transmitia paz. Em míseros instantes, minha visão ficou turva, senti a primeira lágrima quente escorrer sobre minha bochecha, e antes que eu percebesse, já estava embalado em um choro desesperado, cheio de agonia. Minha cabeça foi de encontro a curva do pescoço cheiroso de Bruna, no mesmo momento em que seus braços aconchegantes me enroscaram em um abraço terno e forte.

– Pode chorar o quanto quiser - disse, sua boca estava próxima à meu ouvido, fazendo com que os pêlos de minha nuca se eriçassem.

– Eu ...só...não sei... o que pensar - admiti soluçando e com a voz embargada.

– Pensa que estou com você.

Afastei-me determinado a olhá-la, seu olhar denunciava preocupação, mas seu sorriso dizia totalmente o contrário. Devagar, sem que eu ao menos notasse, seus polegares passearam por meu rosto, apagando qualquer rastro de lágrima que ali estivera.

– Pessoas bonitas não deviam chorar - murmurou baixo, apenas alto o suficiente para que eu escutasse.

– Desculpe.

– Sorria, só quero isso de você.

Sorri de lado, sentindo meu rosto queimar em brasa pelo momento vergonhoso, pois só ali, depois de todo aquele tempo, foi que notei a proximidade de nossos corpos e rostos. Foi tão involuntário o momento em que levantei minha mão na altura do rosto dela e acariciei-lhe as bochechas rosadas. Seus olhos delicados fecharam-se quase que instantaneamente ao sentir meu toque. Era tão errado fazer aquilo naquele momento, mas eu estava fora de mim, e quando me dei conta, nossos lábios já estavam colados um ao outro. Beijamo-nos carinhosamente, deixando cada pequena emoção nos levar. Nos afastamos aos poucos, com as respirações pesadas.

– Eu nã...

– Cale-se - ordenou ela colocando o dedo indicador sobre meus lábios - Boa noite - disse e apenas sorriu.

– Boa noite - sorri de volta - Te vejo amanhã?

– Claro - respondeu imediatamente me arrancando outro sorriso.

Segui para casa, louco por um belo banho, com um sorriso estampado no rosto.

~Samantha POV's

Como se já não bastasse eu ter de considerar a hipótese de morte, apenas por estar naquele lugar, agora teria que escolher um destino. Kendall ou James? Paraíso ou Realidade? Kendall suavizou a expressão, que antes era raiva, e agora parecia mais condescendência, e no mesmo instante, o local ganhou cor e vida novamente.

– Venha para mim, eu posso lhe dar tudo isso - disse-me calmamente.

– Eu posso lhe dar a realidade - disse James.

– Posso realizar seus sonhos - continuou Kendall.

– Eu posso ser seus dias bons - finalizou James.

– PAREM - gritei - Parem de tentar me dizer o que fazer - respirei fundo - Escutem, se eu pudesse escolheria os dois, mas não é uma opção...Kendall - falei virando-me para o mesmo - Você me salvou, e, caramba, eu te amo, amo mais que a mim mesma, mesmo que eu me machuque sempre vai ter uma parte de mim capaz de te amar, de te venerar, e eu nunca, nunca vou esquecer de você... James - continuei, desta vez encarando o outro - No momento escuro em que pensei que nunca me permitiria ter instantes felizes novamente você me mostrou o contrário, eu tive esperanças novamente, e eu te amo por isso, mesmo que meu amor por Kendall seja infinito eu ainda posso amar você - respirei fundo novamente - E eu já fiz minha escolha.

Com determinação, e garra como nunca pensei ter, caminhei à passos largos em direção à minha escolha, o que ficaria para trás deu um suspiro nervoso, enquanto o vitorioso sorria abertamente para mim. Sem pensar duas vezes, juntei minhas mãos com meu destino, o escolhido, chamado James.