Um mundo além do mundo escrita por Lobo Alado


Capítulo 11
Prisioneiro do Prisioneiro


Notas iniciais do capítulo

1 de dezembro, mais um capítulo... Gente, próximo capítulo vai ser no ano novo! que coisa não? provavelmente ninguém lerá hahahahahhahahahahahahah estarão ocupados festejando huehue
Mas talvez ele saia antes, pois adoro fazer capítulos do personagem do próximo cap... em fim...
Leiam, avaliem, comentem... Espero que gostem!



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A chuva caia por entre as folhas escuras das arvores dos vales da Espinha. O caminho irregular coberto de folhas e terra molhada era escorregadio, e já não bastasse ter que andar por entre as arvores amontoadas, tinha de carregar Lemond e assegurar-se de que não escaparia.

Cerca de duas horas havia passado desde que Roran escapara do recanto do “Rei” Marbrayes. Depois de sair da sua cela, o desafio foi passar sem ser visto pelos guardas, mas ainda teve de matar três deles, dos quais tirou cota de malha, botas e espada – Não conseguiu recuperar seu martelo.

As gotas de chuva escondiam as lágrimas em seu rosto, mas não os olhos vermelhos. Roran em nenhum momento parou de pensar em Katrina, e o seu desespero quase o entregou aos guardas, mas sabia que tinha de permanecer calmo, se não quisesse voltar para a sua maldita cela.

Por mais que procurasse não encontrava Katrina e nem Baldor, e depois de horas passando sorrateiramente pelos guardas, não lhe restou alternativa a não ser procurar saída, mas não antes de encontrar Lemond perambulando pelos corredores. Aquilo havia alimentado suas esperanças: Depois de descobrir, através do rapaz, onde encontrar a saída, o pressionou até ele dizer tudo o que havia acontecido. O rapaz foi relutante em dizer tudo a Roran, mas tinha amor pela vida, e facilmente deu todas as informações por ela.

Roran não soube se sentiu-se aliviado ou decepcionado ao descobrir que Katrina não estava no recanto de Marbrayes... E isso não lhe permitiu ficar surpreso quando descobriu onde ele próprio estava.

O recanto de Marbrayes era um esconderijo bem projetado, situado entre as montanhas da Espinha, ao sul de Carvahall. Seria difícil sair dali, mas ele conseguiria, e Lemond contaria tudo a Nasuada.

Katrina havia sido mandada à Dras-Leona juntamente com Baldor, e ficariam como hóspede, acreditando que haviam sido resgatados por soldados de Haddes, e Haddes acreditaria, assim como ela, que o resgate era obra de seus soldados.

Roran dirigia-se à Dras-Leona ao encontro de sua amada... e também de Haddes, contaria tudo o que acontecera à ele, e também sobre seu filho, Lemond, tinha de alertar Haddes sobre a cobra traiçoeira que estava criando como filho. De lá seguiria estrada à Iliera, e então Marbrayes seria pego de surpresa.

Marbrayes era apenas um tolo, ou um louco. Como esperava dominar o império Varden, quando este era protegido por cavaleiros de dragão e por um exercito implacável? O homem pretendia dominar todo o Império por meio de golpes às escondidas, isso até entendia, e teria alguma chance de funcionar se nada fosse descoberto antes, mas mesmo assim... Quando chegasse ao poder, a justiça de Eragon, dos elfos, dos anões e talvez de Surda o derrubariam.

– Tolo! – Roran cuspiu. – Tolo é o que esse rei que tanto ajudou é. – Disse à Lemond enquanto o puxava pelas correntes que prendera ao rapaz. – E você... Não entendo. Desde seu nascimento teve uma vida fácil e proveitosa... Por que raios ajudaria um... um.. tolo com ele!? – Disse refreando o punho. Sentia tanta vontade de amassar o crânio do rapaz.

Não fale com ele, Dizia Roran a si mesmo, Não vale apena.

– Você nunca entenderia meus motivos, Martelo forte. – Cuspiu o nome de Roran como se fosse amargo. – Como é que vai sair daqui, Martelo forte? – Dizia com a voz temperada de ânsia. – Provavelmente morreremos daqui a dois dias, esfomeados e...

Roran calou-o com um soco, e puxou suas correntes com mais força.

– Se tiver que ser assim, será. – Foi a única resposta que deu antes de continuar a ir em frente.

Roran já era acostumado à longas caminhadas, mas estava fraco e mal alimentado, e teve de manter a bravura para disfarçar a fraqueza. Naquela tarde, Pararam as margens de um riacho para descansarem, e lá ficaram até o anoitecer. Roran tirava uma fatia de carne do porco selvagem que encontrou tropeçando por entre as arvores, em um passeio sofrido, com uma perna quebrada. Não teve condições de fugir de sua espada.

Lemond comia com as mãos juntas pelas correntes, com os cabelos grudados ao rosto devido à gordura do porco. Seus olhos negros e entediantes levantaram-se e fitaram Roran.

– Isto foi uma sorte imensa, Martelo forte! – Ele lançou o mais polido dos sorrisos à Roran. – Qual será a graça que trará nosso próximo jantar?

– Talvez você seja o meu próximo jantar, se continuar a me perturbar. – Roran respondeu com a boca cheia, entre mordidas. – Termine logo de comer e durma. Continuaremos o caminho pela madrugada.

– Como ordena. – Respondeu deliciando-se com o ultimo pedaço que abocanhava, mas parecia a Roran que estava deliciando-se era com a ironia que saia de sua boca.

O rapaz recostou-se no tronco de uma arvore enegrecida e morta na beira do riacho, e lá apagou como fazia todas as noites pontualmente, cansava-se facilmente.

Roran não conseguiu pregar os olhos, as preocupações pesavam sua cabeça, e dormir tornava-se impossível para ele. O mais silenciosamente possível despiu-se e adentrou o riacho. As águas eram frias e calmas, e a rocha ao fundo que tocava seus pés era morna.

Impaciente, Roran não conseguiu ficar muito tempo na água. Espalhando pequenas ondas circulares ao movimentar-se, saiu do riacho. O frio chicoteou sua pele, depois de fora.

Katrina... Roran refletiu olhando o anel que Eragon lhe dera. O anel que lhe diria se Katrina estava bem ou não. Fechou os olhos e o sentiu vibrar... Quando abriu novamente os olhos, o anel brilhava. E lhe transmitia uma boa sensação.

Ela está bem; Pensou ele sentindo-se cansado; Ela está bem...

Aquilo o fez lembrar do anel que Arya lhe dera, como presente dos elfos em sua homenagem. Foi por causa do anel que conseguira fugir de sua cela. Aquilo ainda martelava sua cabeça.

Recostou-se em uma arvore, de frente para o rio, e lá ficou pensando...

Mesmo depois de tudo o que passei ainda terei de lidar com coisas desse tipo?

Roran detestava admitir, mas a verdade era que ele estava cansado de tudo aquilo... Tudo o que queria era paz, não podia ter isso? Quando chegaria o momento em que poderia abaixar a guarda e relaxar?

Se precisar, nunca descansarei; Disse para si mesmo; Talvez esse seja o preço que eu tenha de pagar por tudo aquilo que eu conquistei, mesmo que sem querer...

Retirou o anel verde, que Arya lhe dera, de seu dedo. Se não fosse por você, eu ainda estaria lá, e provavelmente morreria; Pensou, talvez, pela centésima vez.

Será que se não estivesse com o anel, teria realmente sido seu fim? Esperaria, na sua cela, a hora de sua morte? Eu teria dado um jeito... Teria de dar; Confortava a si mesmo.

Já era hora de partir, e Roran ainda não tinha fechado os olhos, mas não se sentia mais cansado do que antes, seu cansaço desde que fugira era constante, e já não importava mais se dormia ou não.

Acordou Lemond com um puxão de correntes. Resmungando, o rapaz pôs-se de pé. As arvores distanciavam-se, cada vez mais, uma da outra, à medida que subiam a encosta da montanha. Lemond não parava de resmungar em nenhum momento, reclamava das dores nos pés, das correntes apertadas demais, até tentava convencer Roran da loucura que estava fazendo.

– Ele irá mandar soldados atrás de nós. – Dizia ele. – E se não nos conseguir de volta, irá vingar-se de você... Irá atrás de sua filha e...

­– Já BASTA! – Roran deu um tapa tão forte no rosto do rapaz que lhe tirou sangue ao rachar os lábios. – Não voltará a ameaçar minha filha novamente... Não voltará! – Apontava para o rosto de Lemond.

– Não ameacei sua filha – Começou o rapaz, com cautela, limpando, acusadoramente, o sangue de sua boca. – Estou apenas lhe prevenindo do que acontecerá. Se não voltar e entregar-se, sugiro que corra para proteger sua filha. Veja bem, Martelo forte – Pegou no ombro de Roran para chamar sua atenção. – Você é o único que sabe dos planos de Marbrayes, você é o único que conhece o seu esconderijo... Ele irá fazer o que for preciso para silenciá-lo... Martelo forte, por favor, ouça-me...

– E o que sugere que eu faça? – Perguntou Roran irritado. – Volte lá e me entregue?

– Exatamente! – O rapaz parecia ansioso. – O que mais pode fazer? Veja bem, Lorde Roran, eu lhe imploro... Se você submeter-se a Marbrayes e ajudá-lo, poderá sobreviver, e nenhum mal acontecerá a... – O rapaz foi interrompido por um forte rugido que vinha do vale abaixo.

– Ouviu isso? – Perguntou ele assustado, agachando-se atrás de uma arvore. – Deve ser um animal bem grande.

– Vamos ver do que se trata. – Disse Roran descendo montanha abaixo, o mais silenciosamente possível, puxando Lemond pelas correntes.

– Isso é loucura... – Sussurrou Lemond. – Escute meu conselho, e vamos voltar para o esconderijo de Marbrayes, tenho certeza que...

– Basta... – Interrompeu Roran. – Já ouvi o suficiente... Feche sua boca e siga-me.

À medida que desciam a encosta, os rugidos iam crescendo, e tornando-se mais fortes. Roran sentiu o chão tremer.

– Estamos perto demais... – Lemond murmurou.

– Silêncio... – Roran sussurrou antes de esconde-se atrás de uma Arvore e observar o que fazia tanto barulho.

Um enorme Kull lutava ferozmente com um urso igualmente grande, numa batalha de esmurradas, dentadas e chifradas, que Roran sabia que só acabaria com a morte de um deles.

O Kull empurrou o urso contra uma arvore e esmagou seu pescoço com um dos chifres. O Urso desabou no chão e ficou tremendo até morrer.

Foi então que, com surpresa, Roran percebeu que era o Kull. Nar Garzhvog encontrava-se a sua frente, esfolando um urso. Era inacreditável. Se os deuses existirem realmente, estão brincando comigo.

– Nar Garzhvog... – Saiu rouco e quase sem querer da garganta de Roran. – Estou salvo...

O Kull virou-se abruptamente, e lançou um olhar ameaçador a Roran.

– Martelo forte! Como veio parar aqui?! – Um sorriso grande e amarelo havia ocupado o lugar do olhar ameaçador quando reconheceu Roran.

Roran aproximou-se e esmurrou amistosamente o gigante braço de Garzhvog. Não foi tão agradável quando Garzhvog fez o mesmo.

– Nar Garzhvog... Achei que ainda estava em Iliera.

– Não, Martelo forte... Rainha Caçadora Noturna dispensou-me há quatro dias. – Garzhvog olhou para Lemond. – Lorde Roran... Este é Lemond, o filho de Haddes, de Dras-Leona... – Lançou um olhar desconfiado para Lemond.

– Olá! – Disse Lemond com aquele seu sorriso irônico. – Que bom que me notou honrado Nar... Sou o companheiro de viajem de Roran.

– Meu prisioneiro... – Roran o corrigiu.

– Prisioneiro? Não entendo, Martelo forte, o que aconteceu? – Perguntou Nar Garzhvog confuso.

– Ah, isso é uma longa história. Sem sentido nenhum... – Roran puxou as correntes de Lemond. – Este aqui capturou-me... A mim, a Katrina e a Baldor. Sua cabeça tem vento no lugar de miolos... É só um garoto que tenta parecer intelectual e complexo.

A cara de Lemond ao ouvir aquilo não tinha preço.

Depois disso Roran contou toda a história, desde quando saiu de Carvahall com seus guerreiros e a corte de Dras-leona, e de quando o capturaram juntamente com Katrina e Baldor. Falou de Marbrayes, e de seu recanto, até do anel de Arya que o ajudou a fugir.

Garzhvog olhava furioso para Lemond enquanto retirava a pele do urso e Roran contava o ocorrido.

– E aqui estou eu, procurando por minha família como sempre fiz... – Concluiu. – Sinceramente, meu amigo, não sei quando isso irá acabar.

– Martelo Forte, isso não devia ter acontecido com você, já passou por coisas demais. – Olhou com desprezo para Lemond. – E este aí não passou por nem metade disso.

– É só uma criança, como eu já disse, Garzhvog. – Roran puxou mais uma vez as correntes de Lemond. – Irei até Dras-Leona devolvê-lo ao seu pai e acabar com esse teatro todo.

– Não vai até Dras-Leona sozinho, espero eu? – Pousou a pesada mão no ombro de Roran. – Venha comigo à minha aldeia, os urgals vão querer ajudar Roran Martelo Forte.

– Sim, Garzhvog, eu agradeço.

Puxou as correntes de Lemond enquanto observava o rosto perturbado do rapaz.

Vê rapaz? Pensou Roran. Vê agora no que se meteu?


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Notas finais do capítulo

Então?
Sinceramente, estou gostando bastante do rumo que minha fic está tomando... só estou desapontado comigo mesmo e com minha lentidão para postar capítulos... pelo menos não fugi do prazo, não é?... tentarei não demorar tanto assim, mas é quase inevitável. tudo depende de minha cabeça...
Boa leitura!



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