Supernatural escrita por Mabel_Cullen


Capítulo 17
Capítulo 17: Casa do Inferno


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... ^.^



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Richardson, Texas. ( 2 meses atrás).

Tarde da noite, quatro adolescentes andam pela floresta perto da estrada principal.

- Qual é cara... Está muito longe e muito frio. – diz um deles.

- Tenho certeza que é por aqui. – diz o garoto que os guia na frente. Eles avistam uma casa abandonada. – Aqui está.

- Como você encontrou esse lugar, Thurston? – pergunta a única garota da turma.

- Minha prima me falou sobre ele. – responde ele.

- Eu não vou entrar ali. – diz ela apontando a casa.

- Viemos até aqui, o que custa olhar? – pergunta Thurston.

- Vamos acabar com isso e voltar para o carro, entendeu? – diz outro garoto aflito. – Está muito frio aqui.

Eles se aproximam da casa.

- Quer que eu segure sua mão? – pergunta um dos garotos à menina. Ela desconfiada, mas ainda com medo segura a mãe dele. – Tem outras partes que eu possa segurar?

- Eca, cala a boca idiota. – diz ela e solta a mão do rapaz se afastando nervosa.

- Qual é... – diz ele indo atrás dela para dentro da casa como os outros. – O que eu fiz?

Thurston acende a única lanterna que eles têm. Nas paredes que ele ilumina são vistos vários símbolos desenhados.

- Olha só todas essas coisas. – diz um deles surpreso.

- Vamos lá, é por aqui. – guia Thurston. – As pessoas dizem que ele vive no porão. Garota após garota, sempre garotas. Ele simplesmente as enforcava.

- As pessoas dizem? Que pessoas? – pergunta um rapaz a ele. – Onde ouviu essas bobagens?

- Minha prima, já disse. – responde Thurston.

- Ela esteve aqui? – pergunta a garota a ele.

- Eu não sei. Ela ouviu por aí. – responde ele.

- Tanto faz, me dê isso. – diz outro rapaz pegando a lanterna da mão dele. Em seguida o rapaz abre a porta do porão e desce as escadas com os outros atrás. - Olhem, é o porão maldito. Não, é onde o satanás guarda todos os seus vegetais. Mexam seus traseiros e venham ver por si mesmos.

- É só um porão cheio de jarras com porcarias e lixos de fazenda dentro. – diz Thurston a eles.

- Não vejo nada assustador. – diz o rapaz com a lanterna. Todos olham algo atrás dele boquiabertos. – E vocês? Estão vendo alguma coisa?

Ninguém se move.

- O que? – pergunta o rapaz com a lanterna ficando assustado. – O que foi?

Ele se vira lentamente e ilumina algo à sua frente. Ele também fica boquiaberto quando vê o corpo de uma garota enforcada no teto. Todos gritam ao mesmo tempo apavorados.

...

Texas, Interestadual. (Hoje). De manhã.

Dean dirige o Impala, Jane olha pela janela a fora, pensativa e Sam dorme no banco da frente ao lado dele. Dean olha para Jane pelo retrovisor do teto a cada minuto que passa.

- Fala Dean. – diz Jane sem olhá-lo, o surpreendendo. – Põe tudo para fora... Não falarei nada, só escutarei.

Dean olha para a estrada à frente por um tempo, mas cede.

- Olha... Sinceramente eu estou dando o meu máximo para colocar na minha cabeça que tudo o que aconteceu naquele motel foi mentira... Fala para mim que foi uma brincadeira sua e do meu pai... Que vocês já se conheciam e que armaram aquela brincadeira para mim e para o Sam. – pede ele. Jane não responde e Dean faz um movimento de quem não credita com a cabeça. – Eu não posso acreditar que você nos usou para chegar até nosso pai, matá-lo em nossa frente e depois ir embora como se nada tivesse acontecido e que tudo pelo que a gente passou não tivesse significado nada para você.

Ainda sem resposta.

- Mas sabe... – continua ele. – Aquela não era você... Você é aquela garota com a qual a gente conviveu antes de nos encontrarmos com o papai... Eu sei disso.

Jane vira a cabeça na direção dele.

- Eu só quero que a gente fique que nem antes, sabe? – pergunta Dean. – Como se aquela idéia estúpida ordenada pelo seu pai que a propósito, quem é esse maníaco?... Nunca tivesse lhe passado pela cabeça.

Eles ficam se olhando pelo retrivisor.

- Diga alguma coisa. – pede Dean nervoso. Jane se vira novamente para a janela e respira fundo. Dean olha para a estrada com uma expressão triste.

- Não tem como voltar a ser o que era antes. – diz Jane finalmente, mas ainda pensando na pergunta de Dean sobre quem é seu pai e lembrando do que John disse sobre ela não saber quem ele realmente é. – Eu só... Não sei mais o que pensar.

- Olha isso. – diz Dean com um sorriso a ela, mas sabendo no fundo que o que Jane disse é verdade. Ele vê o irmão dormindo de boca aberta no banco ao seu lado, pega uma colher de plástico jogada no chão do carro aos seus pés e põe na boca de Sam. Em seguida pega seu celular no bolso da calça e tira uma foto dele, segurando uma risada. De repente ele aumenta até o máximo o volume do rádio e canta junto com a música que preenche o interior do Impala. Sam acorda assustado e qusndo percebe a colher em sua boca a arranca rapidamente a devolvendo ao chão e limpa a lingua na mão.

- Muito engraçado. – diz ele nervoso ao irmão. Dean dá risada e olha para Jane novamente pelo retrovisor e pára com a risada quando vê que a expressão vazia dela não mudou.

- Desculpe, não há muito o que fazer aqui no Texas. – se desculpa ele com Sam. – É preciso inventar algo sozinho.

- Cara, não somos mais crianças, Dean. Não vamos começar toda aquela bobagem de novo. – diz Sam ainda bravo.

- Começar o que? – pergunta Dean.

- Essas brincadeiras. – responde Sam. – Você adora fazer piadas comigo. São idiotas e sempre fica pior.

- Qual é o problema Sammy? – pergunta Dean com um sorriso. – Está com medo de ter problemas com o shampoo de novo?

- Certo, mas lembre-se... Foi você quem começou. – diz Sam.

- Manda a ver, valentão. – debocha Dean com um sorriso. Sam se vira para Jane no banco de trás. Ela não o olha de volta.

- Onde estamos? – pergunta ele se virando para o irmão novamente.

- A algumas horas de Richardson. – responde Dean. - Me informe... O que estamos fazendo de novo?

- Certo... Há um ou dois meses atrás, um grupo de jovens foi olhar uma casa assombrada local. – começa a explicar Sam. -Aparentemente, a lenda de um espírito bastante misoginistaque pega garotas e as enforca. O grupo de jovens viu uma garota enforcada no porão.

- Alguém indentificou o corpo? – pergunta Dean.

- Bem, esse é o problema. – diz Sam. – Na hora que os policiais chegaram lá, o corpo tinha sumido.

- Então... Com isso, os policiais provavelmente disseram que os jovens estavam inventando a história. – diz Dean.

- Sim. – concorda Sam.

- E talvez os policiais estejam certos. – diz Dean.

- Talvez, mas eu li algumas declarações dos jovens. – diz Sam. – Parecia bem real.

- Onde você leu essas declarações? – pergunta Dean. Sam olha para os lados exitante.

- Bom, eu sabia que tínhamos que passar pelo Texas, então... – começa ele. -... Ontem à noite olhei em alguns sites paranormais locais e encontrei um... Hellhoundslair.com.

- Hellhoundslair.com? Deixe-me adivinhar... Eles transmitem ao vivo do porão? – debocha Dean do irmão.

- Sim, provavelmente. – diz Sam e dá risada.

- A maioria desses sites não saberia o que é um fantasma nem se estivessem de frente com um. – comenta Dean.

- Olha, deixamos o papai partir, que a propósito foi um erro. – diz Sam. Dean o olha sério. – E agora não sabemos onde ele está. Nesse meio tempo, vamos encontrar algo para caçar. Não fará mal algum checar esse caso.

- Certo, então como vamos achar esse garotos? – pergunta Dean.

- No mesmo lugar que sempre se acha garotos em uma cidade como essa. – responde Sam e se vira para Jane de novo. – E você vem com a gente, não vai sair do meu lado... Nem pense por um instante em fujir, porque eu vou atrás de você e te trago de volta.

Dean arregala os olhos para o irmão. Este espera uma resposta, mas Jane não fala absolutamente nada. Quando chegam a Richardson já está escuro, vão até o bar ‘’Rodeo Drive-in’’ para descobrir algo.

- Foi a coisa mais assustadora que já vi na minha vida. – diz o garoto que segurava a lanterna

- No momento que entramos lá, as paredes estavam pintadas de preto. – diz o que queria segurar a mão da garota.

- Vermelho. – diz o da lanterna.

- Acho que era sangue. – diz a garota.

- Tinham símbolos esquisitos. – diz o da lanterna.

- Cruzes, estrelas... – diz o outro.

- Pentágonos. – completa o da lanterna.

- Pentecostais. – diz o outro.

- Tanto faz. – diz a garota. – Eu estava com os olhos fechados o tempo todo.

- Mas eu posso lhes assegurar isso... Não importa o que mais ninguém diga... – diz o da lanterna.

- Aquela pobre garota. – diz a garota.

- Morena. – diz o outro rapaz.

- Loira. – diz o da lanterna.

- Ruiva. – diz a garota. – Estava apenas enforcada lá.

- Se debatendo. – diz o da lanterna.

- Não estava nem se movendo. – diz o outro rapaz.

- Ela era de verdade. – diz a garota.

- 100%. – responde o da lanterna.

- E meio que gostosa. – diz o outro. – Sabem... Na maneira dos mortos.

- Certo. – diz Dean quando finalmente consegue falar alguma coisa. Sam olha o garoto surpreso pela maneira como fala da garota enforcada. Jane apenas olha para o lado.

- E como vocês acharam esse lugar? – pergunta Sam a eles.

- Craig nos levou. – respondem os jovens juntos.

Em seguida, os três vão até onde Craig trabalha, uma loja de música indicada pelos jovens e entram.

- Já vou atendê-los. – diz Craig terminando de limpar a bancada do caixa e vai até eles . – Posso ajudá-los com algo?

- Sim, você é Craig Thurston? – pergunta Dean a ele.

- Sim... Sou eu. – responde o rapaz.

- Somos repórteres do ‘’Dallas Morning News’’. Sou Dean, este é Sam e esta é Jane. – apresenta ele.

- Sério? Eu sou um escritor também. – diz Craig com um sorriso a eles. – Eu escrevi para a revista da minha escola.

- Bom para você, Mor... – começa a debochar Dean, mas Sam o interrompe antes que ele continue.

- Estamos fazendo um artigo sobre lendas locais. Talvez você saiba alguma. – diz ele.

- Você quer dizer a ‘’Casa do Inferno’’? – pergunta Craig ainda com um sorriso.

- Essa mesmo. – responde Sam.

- Eu não acho que houve uma história. – diz Craig.

- Por que não nos conta uma? – pergunta Sam.

- Bom, supostamente nos anos 30... – começa o rapaz enquanto anda pela loja arrumando os cds. – Um fazendeiro chamado Mordechai Murdoch morava em uma casa com suas seis filhas. Foi durante a depressão, suas plantações estavam indo mal. Ele não tinha dinheiro nem para alimentar suas filhas. Então, eu acho que ele chegou ao fundo do poço.

- Como? – pergunta Sam.

- Bem, ele pensou que era o melhor se suas filhas morressem rapidamente ao invés de morrerem de fome. – responde Craig.

- Então... Ele as atacou. – diz Dean.

- Sim. – concorda Craig com ele. – Elas gritaram, implorando para ele parar, mas... Ele as enforcou, uma após a outra. Então quando tudo acabou, ele se enforcou. Agora dizem que o espírito dele está preso naquela casa para sempre. Enforcando qualquer outra garota que entrar.

- Onde você ouviu tudo isso? – pergunta Dean a ele.

- Minha prima Dana me contou. Não sei onde ela ouviu. – responde Craig.– Para falar a verdade, eu não acreditei nisso nem por um minuto.

- Mas agora acredita. – diz Sam.

- Eu não sei o que diabos é essa coisa. – comenta Craig. – Eu vou dizer exatamente o que disse à polícia, certo? Aquela garota era de verdade e ela estava morta. Não foi uma brincadeira. Juro por Deus, não quero chegar perto daquela casa de novo, certo?

- Obrigado. – agradece Sam. Em seguida eles saem da loja e vão na direção do carro.

- Ele não contou tudo... Mas provavelmente vocês perceberam isso também. – comenta Jane com os dois. Sam e Dean param e a olham. Em seguida ela entra no carro. Os irmãos se olham com um sorriso discreto.

- Bom... Vamos dar uma olhada na casa para ver se eles estão escondendo mesmo alguma coisa. – diz Dean e em seguida os dois entram no carro. Um tempo depois eles estacionam em frente a casa de Mordechai, saem do carro e se aproximam da entrada.

- Não posso dizer que culpo o garoto, é apelação demais. – diz Dean olhando para a casa.

- Pega aquele seu aparelho Dean... Apesar de que não é tão difícil descobrir se essa casa é mesmo assombrada. – diz Sam. Dean pega o aparelho, no mesmo instante que ele liga, todas as luzes acendem e apitam, mas com interferências.

- Interferências? – pergunta ele sem entender. Jane olha para os lados e encontra um poste enorme ao lado da casa, com fios interligados a outros postes.

- Aquela coisa ainda tem energia elétrica. – diz ela olhando os fios. Dean e Sam olham também. – Por isso está estragando as leituras do aparelho.

- Fico feliz que tenha decidido ajudar. – diz Sam com um sorriso a ela. Jane o olha por um instante, mas desvia o olhar para a casa novamente.

- Vamos entrar. – diz ela e os três entram na casa em seguida. Nas paredes, símbolos e velas são encontrados por todas as partes. – Parece que o velho Murdoch era um pichador na época.

- E depois de sua época também. – comenta Sam olhando um símbolo específico  na parede. – Cruzes invertidas foram usadas por satanistas há séculos, mas esse símbolo de enxofre não apareceu em São Francisco até os anos 60.

- É exatamente por isso que você nunca transa. – debocha Dean do irmão. Sam lhe dá um olhar cortante. Dean se aproxima de outro símbolo. – E esse aqui? Já viram esse símbolo antes?

- Não. – responde Sam. Jane apenas nega com a cabeça.

- Eu já. – diz Dean, mas não conseguindo se lembrar de onde. Jane olha bem para o símbolo, se aproxima e passa sua mão sobre ele.

- O que está fazendo? – pergunta Dean ao seu lado.

- Foi pintado. – comenta ela. – E recentemente.

- Não sei não... Não costumamos concordar com autoridades de nenhum tipo, mas... – começa Dean. – Talvez a Jane e os políciais estejam certos quanto a esse. Eles não querem nos contar alguma coisa.

- Craig. – diz Jane. –Foi ele quem trouxe os outros para cá.

- É... Você pode estar certa. – concorda Sam. Em seguida Jane vira a cabeça para uma porta que leva a outro cômodo.

- Tem gente aqui. – diz ela e em seguida eles ouvem um barulho por trás da porta. Dean e Sam se aproximam com cuidado da porta, se encostam em cada lado dela, olham para o outro, a abrem rapidamente e jatos de luzes vem em seus rostos, os cegando.

- Ah corta! São apenas humanos. – diz um dos rapazes olhando para os três. – O que estão fazendo aqui?

- O que diabos vocês estão fazendo aqui? – pergunta Dean surpreso a ele.

- Nós pertencemos a aqui. – responde o outro rapaz com uma câmera na mão. – Somos profissionais.

- Profissionais no que? – pergunta Dean nervoso a eles.

- Investigadores paranormais. – diz o primeiro pegando um ‘’distintivo’’ e lhes entregando em seguida. – Olhem isso, garotos.

- Vocês devem estar brincando. – diz Sam a eles. – Ed Zeddmore e Harry Spangler? Hellhoundslair.com... Vocês são donos daquele site.

- Sim. – respondem os dois juntos.

- É... Somos grandes fãs. – diz Dean ironicamente enquanto olha todo o quarto.

- E sabemos quem vocês são também. – diz o primeiro a eles. Dean e Sam o olham surpresos. Jane apenas olha para os lados. – Amadores, procurando por fantasmas e adrenalina barata.

Dean e Sam se olham com sorrisos de deboche.

- Então... Se vocês não se importam, estamos tentando conduzir uma investigação científica séria aqui. – diz o segundo.

- Sei... O que vocês tem até agora? –pergunta Dean a eles.

- Ele estava prestes a verificar o CEM. – sussurra Jane entediada.

- Eu estava prestes a verificar o CEM. – diz o primeiro. Jane revira os olhos.

- CEM? – pergunta Sam a eles.

- Campo Eletromagnético. – responde o segundo. Sam sorri e coça a cabeça não aguentando segurar uma risada. – Energia de espectros pode causar flutuações de energia que podem ser lidas com um detector de CEM. Esse garotão bem aqui.

O segundo pega um aparelho e os mostra com orgulho.

- Está a 2,8MG. – diz ele.

- 2,8. – repete o primeiro. – Está quente aqui.

- Uau. – diz o segundo com um sorriso.

- Então... Vocês já viram um fantasma antes ou...? – começa Dean.

- Uma vez. – responde o primeiro a ele. – Estávamos investigando uma casa velha e nós ouvimos uma voz saindo debaixo da mesa.

- Sozinha. – diz o segundo. – E algo assim... Muda você.

- Sim. – concorda Sam ironicamente.

- Acho que entendemos... Devíamos ir. – diz Dean nervoso a Jane e Sam. – Vamos deixá-los voltarem ao trabalho.

- Sim, vocês deveriam. – diz o primeiro ligando novamente sua câmera e a passando pelo quarto. Jane olha por um instante para os dois metidos a caçadores, mas se vira e sai da casa atrás de Sam e Dean.

Um tempo depois, os três vão até a biblioteca pública, onde Sam entra, deixando Jane e Dean encostados no porta-mala do Impala.

- Como o Sam disse, ficamos felizes por vc ter decidido nos ajudar. – diz Dean se virando para ela com um sorriso. Jane apenas o olha com uma expressão vazia, solitária.

- Você sabe, não é? – pergunta Jane. Dean a olha sem entender. – Não tem como tudo voltar a ser como era antes.

- Só porque você não quer. – diz Dean a olhando profundamente. Jane se aproxima dele.

- Eu fiz algo horrível. – diz Jane nervosa. – Será que você não percebe? Eu trai a sua confiança e a do Sam... Eu usei vocês.

- Se eu soubesse um meio de chegar até a pessoa que matou a minha mãe... Eu também não pensaria em outra coisa a não ser fazer de tudo para conseguir. Você estava desesperada... Com ódio Jane... Eu e o Sam entendemos... Só queremos que você entenda que ainda nos importamos e muito com você.

Jane se vira a biblioteca. Sam sai em seguida e vem até eles.

- Eu só não consigo acreditar que meu próprio pai me usou. – sussurra Jane. Dean lhe dá um olhar carinhoso, mas não diz nada. Sam abre a porta do carro e entra.

- O que conseguiu? – pergunta Dean a ele.

- Bem, não encontrei um Mordechai, mas encontrei um Martin Murdoch que viveu naquela casa  nos anos 30. – responde Sam. – Ele tinha filhos, mas dois e eram garotos. E não há registro que ele tenha matado ninguém.

- Os garotos não nos deram uma descrição clara daquela garota morta. – responde Dean. – Mas nós já fomos na delegacia, lembram? Nenhuma pessoa desaparecida bate com a descrição. É como se ela não existisse. Meu, fizemos nossa investigação, é tudo falso. Pelo que sabemos esse caras do ‘’Hell Hounds’’ inventaram tudo.

- Sim, tudo bem. – concorda Sam.

- Eu digo para encontrarmos um bar com cerveja e deixarmos a lenda para os locais. – diz Dean a eles abrindo o carro e entrando. Jane vai entrar, mas Sam a puxa pela mão e a segura. Jane se vira para ele sem entender, mas Sam não tira o olhar do carro e de Dean. Jane olha para onde ele está olhando também. Dean liga o carro e nesse exato momento o rádio liga no volume máximo o assustando. Ele xinga alto e desliga tudo olhando para os lados assustado. Sam olha para a expressão do irmão e dá risada.

Dean olha nervoso para Sam. Este passa seu dedo indicador na língua, sente o vento e em seguida aponta para si mesmo. – Isso é tudo o que você tem?

Sam lhe dá um sorriso.

- Essa foi fraca e de amador. – diz Dean ainda nervoso. Jane já sentada no banco de trás sem resisitir, abre um sorriso bem discreto.

...

À noite, na casa mal assombrada, três jovens se aproximam.

- É isso. – diz o único garoto para as duas garotas com ele, mas aponta sua lanterna para uma delas. – Um ponto sem retorno.

- Porque eu tenho que entrar lá? – pergunta uma garota de óculos.

- Porque Jo, você escolheu consequência ao invés de verdade. – diz a outra à amiga. – E isso significa que você deve pegar uma jarra no porão do Murdoch e trazê-la de volta, ou...

- Ou pode dar uns amassos comigo. – completa o garoto.

- Eu fico com o fantasma homicida. – diz Jo enojada.  Em seguida ela pega a lanterna da mão dele, se aproxima da porta da casa e entra.

- Você aceitaria essa consequência? – pergunta o rapaz à outra garota.

- Claro que não. – responde ela.

Jo ilumina tudo por onde passa, de repente ouve um barulho.

- Olá? Tem alguém aí? – pergunta ela. Sem resposta. Jo continua andando, vai até a porta que dá para o porão, a destranca e desce as escadas. Lá encontra uma estante cheia de jarras com substâncias coloridas dentro. Ela ouve outro barulho, só que mais alto. Deixa a jarra cair e se quebrar no chão.

- Certo... Certo. – diz Jo olhando com medo para todos os lados com sua lanterna. Mas de repente ela sente uma respiração forte atrás de si, se vira e em seguida Murdoch a pega pelos braços, pega uma corda e passa pelo pescoço da garota, que não para de gritar de pavor. Murdoch puxa a corda e Jo é arremessada para cima. Esta vai perdendo o ar rapidamente, não consegiindo mais lutar contra. Um tempo depois sua respiração some totalmente, seus braços caem ao lado do corpo sem vida.

...

No dia seguinte, policias se encontram na frente da casa mal-assombrada. Enquanto o corpo é tirado da casa, Jane, Dean e Sam chegam.

- O que aconteceu? – pergunta Dean a um homem que estava falando com um dos policiais.

- Os policiais disseram que uma pobre garota se enforcou na casa. – responde o homem.

- Suicídio? – pergunta Sam a ele.

- Sim. – o homem responde. Jane revira os olhos. – Mas ela era uma aluna exemplar, com vaga garantida em uma das melhores faculdades daqui. Não faz sentido.

Em seguida ele se afasta.

- Não faz mesmo. – comenta Jane com os dois.

- O que vocês acham? – pergunta Dean. – Talvez nós perdemos algo.

- Talvez? – pergunta Jane a ele. – Precisamos entrar naquela casa de novo.

- Entraremos hoje à noite. – concorda Sam.

...

À noite, os três se escondem atrás de árvores para não serem vistos pelos policiais que ainda rodeiam a casa.

- Acho que os policiais não querem mais nenhum jovem andando por aí. – comenta Sam olhando vários policiais andando ao redor com lanternas.

- Temos que arranjar um jeito de entrar. – diz Dean. Em seguida Jane olha para a floresta atrás deles.

- Só pode ser brincadeira. – diz ela nervosa.

Dean e Sam seguem o olhar de Jane na floresta e em seguida Ed e Harry se aproximam da casa.

- O que eles estão fazendo aqui? – pergunta Jane com um olhar cortante para os dois.

- Tenho uma idéia. – diz Dean a eles.

Sam e Jane o olham.

- Quem nós vamos chamar? – grita Dean com uma voz mais grave. Os policiais se viram imediatamente e vêem Ed e Harry se aproximar da casa.

- Ei! Vocês! – gritam os policiais. Os dois dão meia volta e correm. - Parados!Voltem aqui!

- Corre! – grita Ed para Harry. Todos os policiais correm atrás deles deixando a passagem livre para os três, que entram na casa em seguida.

- Dean, você disse que já viu esse símbolo antes? – pergunta Sam iluminando o símbolo que seu irmão diz conhecer.

- Já e está me matando não poder lembrar de onde. – responde ele inconformado.

- Não temos muito tempo. – diz Jane olhando pela janela da casa na direção que os policiais correram. Em seguida eles descem para o porão, examinando tudo ao redor. Dean ilumina a estante com as jarras e pega uma delas. A mesma que Jo derrubou e quebrou, mas novinha em folha agora.

- Ei, Sam... Jane. – diz Dean. Eles o olham. – Eu desafio vocês a beberem isso.

- Porque diabos faríamos isso? – pergunta Sam revirando os olhos. Dean lhes dá um sorriso.

- Eu desafio vocês em dobro. – diz Dean olhando a jarra novamente. Em seguida eles ouvem um barulho, dentro de um dos armários dali. Sam e Dean se aproximam e apontam suas armas para ele. Sam põe sua mão na maçaneta...

- São só ratos. – diz Jane antes dele abrir. Sam a olha e abre o armário de onde saem dois ratos.

- Odeio ratos. – diz Dean com uma expreção de nojo.

- Você preferia que fosse um fantasma? – pergunta Sam com um sorriso a ele.

- Sim. – responde Dean.

- Como sabe essas coisas? – pergunta Sam à Jane. – Como sabia que tinha ratos ali?

- Eu só sei. – diz Jane olhando de cima a baixo o porão escuro.

- Claro. – diz Dean com um sorriso a ela. Jane vê o espírito de Murdoch atrás dos dois, aponta sua arma e atira, o fazendo desaparecer. Sam e Dean olham para trás.

- Que tipo de espírito é imune a sal grosso? – pergunta Sam.

- Eu não sei. – responde Dean. – Vamos, vamos, vamos.

Os três correm em direção à saída, mas Murdoch aparece novamente e lança seu machado contra eles, acertando a estante com jarros. Fora da casa... Ed e Harry se aproximam sem policiais atrás.

- Talvez devêssemos ir embora. – diz Harry.

- Não. – diz Ed a ele. – John Edward iria? Não. Nós despistamos os tiras. Vamos nos focar e completar o trabalho, certo?

- Certo. – concorda Harry aina com medo. Os dois vão entrar na casa, quando... Sam, Dean e Jane arrombam a porta e saem correndo de lá de dentro. Ed põe sua câmera bem perto de Dean.

- Tira essa droga da minha cara! – grita ele e sai correndo.

- Corram, corram! – grita Sam a eles enquanto sai correndo também, junto com Jane atrás. Em seguida, Murdoch aparece na porta da casa.

- Nosso Senhor dos Anéis. – diz Harry boquiaberto. Ed paralisa com a câmera na mão.  – Corre! Vai, vai, vai!

De repente os dois trombam com os policiais.

- Ali, ali! Ele está ali! – grita Harry para eles. Murdoch já não está mais na porta da casa.

- Para onde ele foi? – pergunta Ed confuso.

- Vamos. – diz um dos policiais, pegando Harry e o botando dentro da viatura, o outro policial pega Ed e faz o mesmo.

- Não, ele... – tenta se explicar Harry, mas os policiais fecham a porta antes que ele continue.

...

No motel, Dean desenha o símbolo da parede da casa com o qual ele está encucado. Sam pesquisa algo no laptop e Jane olha pela janela, o vento que chacoalha as árvores lá fora na calçada.

- Que diabos é esse símbolo? – diz Dean olhando para o próprio desenho. – Está me tirando do sério. Todo esse maldito trabalho, também... Pensei que a lenda dizia que Mordechai somente persegue garotas.

- E persegue. – diz Sam a ele.

- Certo... Bem, isso explica por que ele foi atrás de você e da Jane, mas porque eu? – pergunta Dean sério.

- Hilário... Muito engraçado. – diz Sam ironicamente. – A lenda também diz que ele se enforca, mas vocês viram aqueles pulsos cortados?

- Não tinha como não ver. – comenta Jane se virando para eles.

- Não mesmo. – concorda Dean.

- O que isso quer dizer? – pergunta Sam. – E o machado também. Fantasmas são geralmente muito restritos, certo? Quero dizer, seguem o mesmo padrão, repetidamente, mas a maneira desse continua mudando.

- Tem alguma coisa errada. – diz Jane.

Sam atualiza a página do site em que está pesquisando.

- Espera um pouco. – diz ele.

- O que foi? – pergunta Dean se aproximando dele.

- Alguém adicionou novos comentários no site Hell Hounds... Escutem isso. – comenta Sam. – Eles dizem que Mordechai Murdoch era realmente um Satanista, que matava suas vítimas com um machado e depois cortava seus próprios pulsos. Agora ele é um prisioneiro na sua casa pela eternidade. Onde diabos isso vai parar?

- Não sei, mas acho que talvez eu tenha descoberto como tudo isso começou. – comenta Dean abrindo um sorriso para eles.

- Craig. – diz Jane o olhando.

- Na mosca. – concorda Dean.

...

No dia seguinte de manhã os três vão até a loja de música de Craig novamente. Entram e vêem o garoto limpando alguns discos à toa.

- Craig, lembra da gente? – pergunta Dean a ele.

- Gente... Eu não estou com humor para responder qualquer tipo de pergunta, certo? – comenta o rapaz desanimado.

- Não se preocupe, só estamos aqui para comprar algum disco, só isso. – diz Dean a ele e pega um em uma das estantes. – Sabe, não pude descobrir o que esse símbolo significa... E então percebi que ele pode não significar nada. É o logotipo da banda ‘’Blue Oyster Cult’’. Diga-me, Graig... Você... Você gosta dessa banda?

- Ou só quer assustar as pessoas? – pergunta Jane olhando fixo para o rapaz. Craig pega o disco e vê o símbolo estampado na capa, é o mesmo pintado na parede da casa mal-assombrada. – Porque não conta para a gente sobre aquela casa?

- Sem mentir descaradamente dessa vez. – diz Dean. Craig vê que não tem outra saída e respira fundo.

- Certo... – começa ele. – Minha prima Dana estava de férias da faculdade. Acho que estávamos apenas entediados, buscando algo para fazer. Então eu mostrei aos meus amigos a casa abandonada que eu tinha achado. Achávamos que seria engraçado se nós fizéssemos parecer que era assombrada. Então... Pintamos os símbolos nas paredes. Qualquer um de algum disco ou de algum livro de teologia da Dana. Então, descobrimos que esse cara Murdoch morava naquela casa. Então nós inventamos uma história para combinar com aquilo. Então... Eles disseram para as pessoas que disseram para outras pessoas. Aí, dois garotos, Ed e Harry se não me engano... Colocaram isso naquele estúpido site. Com isso... Tudo acabou criando vida própria.

- Criativo. – diz Dean com um sorriso irônico.

- Eu achava isso engraçado no começo... Mas... Agora, aquelas garotas estão mortas. – diz Craig. – Era apenas uma piada, entendem? Assim, nada daquilo era para ser real. Inventamos tudo. Eu juro.

- Certo. – diz Sam. Em seguida, os três se viram para a saída da loja.

- Se nada daquilo era real, como diabos ele explica o Mordechai? – sussurra Dean para os outros dois.

...

Um tempo depois, Dean entra no motel, vê que Sam está tomando banho e que Jane está deitada na cama pensativa como sempre.

- Voltei. – avisa ele entrando no quarto.

- Ei, onde você estava? – pergunta Sam do banheiro.

- Dei uma saída. – responde Dean. Jane o olha com reprovação. – O que foi?

- Vai mesmo fazer isso? – sussurra ela para ele. Dean nem pegou o pó de mico ainda.

- É só uma brincadeira. – diz ele com um sorriso a ela enquanto coloca o pó nas roupas do irmão.

- Ei, eu e a Jane estávamos pensando sobre o que pode estar acontecendo naquela casa. – comenta Sam ainda no banheiro.

- E o que vocês acham? – pergunta Dean contendo um riso.

- E se o Mordechai for uma Tulpa? – pergunta Sam.

- Tulpa? – pergunta Dean. Jane concorda com a cabeça.

- Sim, isso é uma técnica de meditação tibetana. – explica Sam saindo do banheiro só com uma toalha cobrindo a parte de baixo. Dean guarda o pó de mico rapidamente e olha para o irmão enquanto disfarça coçando a cabeça.

- Sim, eu sei o que uma tulpa é. – comenta ele. Jane olha para os lados, mas não consegue evitar olhar para aquele caminho abaixo do abdômen definido à mostra. – Sam, a Jane é uma garota, sabia? Você não pode sair assim do banheiro... Pode acabar matando-a do coração, ou... Ela pode acabar te agarrando.

- Engraçado... Quase me fez rir. – diz Jane e joga uma almofada na cabeça dele. Dean dá risada.

- É dessa Jane que eu to com saudade. – diz Dean com um sorriso a ela. Jane revira os olhos e ele se vira para Sam em seguida. – Porque você não se veste e a gente compra algo para comer?

- Tá. – concorda Sam.

- Vamos Jane. – diz Dean saindo do quarto com ela atrás.

...

Em uma lanchonete, Dean, Jane e Sam se sentam em uma mesa para comerem seus lanches. Sam começa a se coçar.

- Cara, o que você tem? – pergunta Dean a ele.

- Nada, estou bem. – responde. Jane apenas olha para Dean.

- Certeza? – pergunta Dean.

- Sim. – responde Sam.

- Certo, então continua com o que você estava falando. – diz Dean. – O que tem os Tulpas?

- Houve um incidente no Tibet em 1915. – comenta Sam. – Um grupo de monges visualizaram um golem em suas mentes. Eles meditaram tão intensamente, que eles trouxera-no à vida.

- E então...? – pergunta Dean sem entender.

- Eram vinte monges. – responde Sam. – Imagine o que 10.000 internautas poderiam fazer? – diz Sam a eles. – Craig começou essa história sobre o Mordechai, que se espalhou pela internet. Agora todas essas milhares de pessoas que visitam o site Hell Hounds acreditam no cretino do Mordechai.

- Certo, está tentando nos dizer que apenas porque as pessoas acreditam no Mordechai, ele tornou-se real? – pergunta Dean sem acreditar em uma palavra do irmão, que não para de se coçar com uma expreção nada confortável.

- Ele está certo. – diz Jane a Dean. – Tudo se encaixa agora.

- Mas não temos certeza, é só uma teoria. – diz Sam.

- Pessoas acreditam no Papai Noel. – diz Dean. – Então porque eu não sou presenteado todo natal?

- Porque você é mau, por isso. – responde Jane a ele. Sam dá risada e vira o laptop na mesa para eles.

- Isso é um símbolo espírita Tibetano na parede da casa. – comenta ele. Dean e Jane vêem uma pesquisa sobre um dos símbolos que Sam memorizou da casa. – Craig disse que eles picharam os símbolos do livro de teologia da prima dele, mas aposto com você que eles picharam sem nem saber o que era. Agora, esse símbolo foi usado por séculos, concentrando pensamentos de meditação como uma lente de aumento. Então as pessoas que visitam o site Hell Hounds, começando pelo símbolo, pensando em Mordechai... Eu não sei, mas isso pode ser o suficiente para trazer uma Tulpa a vida.

- Isso explicaria porque a história continua mudando? – pergunta Dean.

- As lendas mudam, pessoas pensam coisas diferentes. – diz Jane. Dean olha para o irmão que não para de se coçar. – Então o próprio Mordechai mudou. Isso também explicaria porque o sal grosso não funciona  nele.

- Certo, então porque não vamos apenas... – começa Dean. - Tirar esses símbolos do espírito da parede e do site?

- Não é tão simples. – diz Jane. – Uma vez que as Tulpas são criadas, elas adquirem vida própria.

- Ótimo, certo... Então, se ele é realmente uma técnica de meditação Tibetana... Como  diabos deveremos matá-lo? – pergunta Dean a ela.

- Com certeza não será fácil com Ed e Harry nos atrapalhando. – comenta Sam. – Olhem só a Home Page deles. Desde que eles postaram esse vídeo, de quando saímos da casa com Mordechai atrás da gente... O número de downloads quadruplicou nos últimos dias sozinho.

- Tive uma idéia. – diz Dean a eles.

- Eu também tenho uma. – diz Jane com um olhar irônico.

- Não vamos matá-los. – diz Sam com um sorriso a ela.

- Nossa, o que eu penso é tão óbvio assim? – pergunta Jane.

- Enfim... Precisamos achar um centro de cópias. – responde Dean se levantando. Jane e Sam se levantam em seguida.

- Cara, eu acho que eu sou alérgico a esse sabonete do motel ou algo do tipo. – comenta Sam irritado com a coçação. Dean não aguenta e dá risada enquanto se aproxima da sáida da lanchonete. Sam o olha nervoso. – Foi você?

Dean ri novamente.

- Você é um tremendo idiota. – diz Sam a ele.

- Com certeza... – diz Dean saindo da lanchonete, ainda dando risada. Sam olha para Jane.

- O que foi? Não olha para mim. – diz ela e sai da lanchonete com Sam atrás.

...

Em um estacionamento de trailers.

- Não, não, não. Esqueça isso. Eu não vou voltar naquele lugar de novo. – diz Harry a Ed.

- Harry , olhe para mim, bem aqui, certo? – diz Ed apontando para seus próprios olhos. Harry o olha. – Você é um caça-fantasma, certo?

- Eu sei Ed, mas na verdade eu nunca havia visto um fantasma de verdade antes. – diz Harry.

- Essa belezinha aqui... – diz Ed apontando o video no site deles no computador. -... É o nosso bilhete para o grande momento de fama. Dinheiro, sexo... Com garotas, certo? Seja corajoso, ok? O-Q-B-F. O que a Buffy, faria? Hein?

- O que a Buffy faria... Eu sei Ed, mas... Ela é mais forte do que eu. – diz Harry. Ed o olha com reprovação. De repente eles ouvem batidas na porta. – Quem é?

- Venham até aqui garotos... Sabemos que estão aí. – diz Dean do lado de fora com Sam e Jane ao lado.

- São eles. – diz Ed nervoso. Ele e Harry saem ao encontro dos três.

- Vejam só, personalidades em ação... Em seu pacote original... Que comovente. – diz Dean debochando.

- Pessoal... Precisamos conversar. – diz Sam aos dois.

- Desculpem garotos, mas estamos ocupados no momento. – diz Ed a eles. Jane se aproxima bem de Ed, menos de um palmo de distância com um olhar nervoso.

- Certo, tentaremos ser breve. – diz ela com um sorriso irônico. – Vocês tem que fechar aquele site... Hell Hounds.

- Vocês fizeram a gente ser presos na noite passada. – diz Ed olhando nos olhos dela, também nervoso. – Tivemos que pasar a noite em uma cela.

- Tivemos que mijar na frente de outras pessoas. – comenta Harry. Jane, Dean e Sam o olham com nojo.

- É... Porque deveríamos confiar em vocês? – pergunta Ed a eles. Jane volta seu olhar para ele.

- Olhem só pessoal, todos sabemos o que vimos noite passada... Todos sabemos o que tem naquela casa. – diz Sam.

- Mas agora... Graças ao site de vocês... Milhares de pessoas estão ouvindo sobre Mordechai. – diz Jane. – O que significa que pessoas continuarão aparecendo na ‘’Casa do Inferno’’.

- Alguém pode se machucar. – comenta Dean com eles.

- Ed, talvez eles tenham razão. – diz Harry.

- Não... Não, não. – discorda o outro nervoso e se afastando de Jane. – Temos uma obrigação com os fãs e com a verdade.

- É? – pergunta ela nervosa. – E eu tenho a obrigação de acabar com vocês dois agora.

Jane se aproxima dos dois com raiva. Sam a segura pela mão.

- Jane... Jane, ei, ei... Esqueçe isso, ok? – diz ele a ela. – Esse caras... Você com certeza poderia acabar com eles... E eu poderia muito bem falar aquilo sobre o Mordechai para eles... Mas mesmo assim eles não poderiam nos ajudar.

- Esperem um pouco... – diz Harry curioso.

- É...Vamos embora. – diz Dean. Jane concorda com a cabeça e os três começam a se afastar.

- Não, não... Esperem. – pedem Harry e Ed a eles. Os três param na mesma hora, se olham discretamente com um sorriso de vitória e se viram para os dois novamente.

- Que coisa é essa sobre o Mordechai? – pergunta Ed interessado.

- Não diga a eles, Sam. – diz Dean.

- Mas, e se eles concordarem em fechar o site, Dean? – pergunta Sam.

- Eles não vão fechar, você mesmo disse. – diz Jane a ele. Os três se viram novamente e vão em direção ao carro. Ed e Harry exitam por alguns segundos.

- Esperem, esperem... – diz Harry desesperado. – Não escutem o Ed, certo? Fecharemos o site.

- Isso é um segredo, Sam. – diz Dean a ele.

- Vejam, isso é grande coisa, certo? – comenta Sam com Ed e Harry. Dean e Jane fingem estarem bravos com Sam por ele aceitar em contar. – Não foi fácil descobrir isso. Só contarei a vocês... Se prometerem apagar tudo daquele site.

- Totalmente. – concorda Ed cada vez mais curioso.

- Certo. – diz Jane nervosa. – Conte a eles, Sam. Não tem mais como esconder mesmo.

- Isso é um certificado de óbito dos anos 30. Pegamos na biblioteca. – diz Sam a eles, pegando um papel em sua mochila. – Agora... Segundo a autopsia, a causa da morte foi um ferimento provocado por um tiro disparado por ele mesmo.

- Isso mesmo. – concorda Dean. – Mordechai não se enforcou.

- Ele deu um tiro em si mesmo? – pergunta Harry surpreso.

- Sim, com uma 45. – completa Jane. – Até os dias de hoje, dizem que ele morre de medo dessas armas.

- É... Dizem que se você atirar com uma 45... Com uma dessas especiais balas forjadas... Você consegue matar o desgraçado.

Harry e Ed olham um para o outro com um sorriso enorme. Harry sai correndo e entra no trailer às pressas.

- Harry vai com calma... Não deixa eles saberem que você está interessado. – grita Ed para ele. Jane revira os olhos enquanto Sam e Dean os olham com um sorriso.

...

Em um bar, Dean fica puxando a cordinha de um bonequinho pendurado na parede, que não pára de dar uma risada irritante.

- Se você puxar isso mais uma vez, eu acabo com você. – diz Sam sem paciência a ele, segurando a cordinha. Mas, quando Sam solta, Dean a puxa novamente. Sam segura de novo a cordinha com raiva e Dean dá risada. Sam bebe sua cerveja aos nervos. Jane olha para os dois incrédula, ma continua bebendo sua cerveja também.

- Qual é, Sam. – diz Dean. – Você precisa de mais diversão na sua vida. Você anda muito tenso.

- Não enche. – pede Sam ainda nervoso. Dean revira os olhos.

- Eles postaram. – diz Jane olhando o laptop virado para Sam. Este olha o computador e vira para os dois. – ‘’Soubemos por uma fonte confiável que Mordechai Murdoch tem um grande medo de armas de fogo’’.

- Ótimo, quanto tempo esperamos? – pergunta Dean satisfeito.

- O tempo suficiente para a nova história funcionar. – responde Sam fechando o laptop. – E a lenda mudar. Acho que pela noite, as balas forjadas irão funcionar no desgraçado.

Sam pega sua garrafa e a levanta para brindar com Jane e Dean. Os três brindam com um sorriso.

- Tim tim. – diz Dean e bebe sua cerveja. Jane vê que Sam fica olhando a garrafa do irmão ao invés de beber. Este dá um longo gole, quando vai colocar a garrafa na mesa, ela não solta de sua mão. Sam dá risada.

- Você fez isso? – pergunta Dean a ele. Sam continua dando risada, mas pega algo no bolso da camisa.

- Sim, eu fiz. – responde ele com cola super bonder na mão. Em seguida puxa a cordinha do boneco que da risada na parede e ri mais. Jane revira os olhos com um sorriso.

- Finalmente. – diz Sam a olhando. – Um sorriso verdadeiro.

- Cala a boca. – diz Jane olhando para os lados. Sam lhe dá um sorriso encantador.

...

À noite, na suposta Casa do Inferno, dois policiais a rodeiam.

- Estou te falando, ouvi algo vindo de lá. – diz um policial para o outro. Os dois se aproximam de uma moita com suas lanternas. De repente eles ouvem uma risada. – Viu? Ouviu? É isso de novo.

- O que é isso? – pergunta o outro. Os dois encontram um boneco pendurado dando risadas irritantes em uma das moitas. Na casa, entram Jane, Dean e Sam, enquanto os policiais se distraem com o boneco do bar. Os três apontam suas armas para todos os lados, com lanternas empunhadas em cima.

- Eu mal tenho alguma pele na minha mão. – comenta Dean nervoso. Sam dá um riso discreto. – Eu não vou tocar nessas linhas de jeito nenhum.

Os três se encostam na porta de um dos cômodos da casa. Dean a chuta e eles entram.

- Vocês acham que o velho Mordechai está em casa? – pergunta Dean a eles.

- Não sei. – responde Sam.

- Nem eu. – concorda Dean.

- Ed e Harry, o que fazem aqui? – pergunta Jane nervosa sem ao menos olhar para o pé da escada que é onde eles se encontram. Dean e Sam se viram surpresos e apontam suas armas para os dois. – O que diabos estão fazendo aqui? Tentando se matar?

- Estamos tentando seguir as regras e rodar um filme, certo? – responde Ed a ela. Eles ouvem um barulho atrás de si que vem da porta que dá para o porão. Ed e Harry se assustam. – Merda.

- Pessoal, vocês querem ir abrir aquela porta para a gente? – pergunta Dean a Ed e Harry.

- Porque vocês não abrem? – opina Harry com medo. Mas de repente a porta se abre sozinha e de lá sai o espírito de Mordechai. Jane, Dean e Sam atiram várias vezes juntos. Mordechai vira poeira no ar.

- Esperem um pouco... Ele morreu? Ele está morto? – pergunta Ed apavorado, mas Janeos três nem dão ouvidos, olham para os lados para ver se ele reaparece ou se acabou mesmo. – Você viu isso?

- Sim, eu vi. – responde Harry impressionado. – Você filmou? Filmou ele na câmera?

- Eu, eu... – começa Ed.

- Deixe-me ver. – diz Harry pegando a câmera de suas mãos, mas de repente Mordechai reaparece, destrói a câmera com seu machado e desaparece novamente.

Sam, Dean e Jane se viram sem entender para os dois.

-  Ei, vocês não postaram aquela história que demos para vocês? – pergunta Dean nervoso aos dois.

- Claro que postamos. – responde Ed.

- Mas depois o nosso servidor caiu. – completa Harry. Sam olha para os lados decepcionado e irritado.

- Então... Não funcionou. – diz Dean. – Então... Essas armas não servem para nada.

- É. – respondem Harry e Ed.

- Ótimo... Sam? Jane? Alguma idéia? – pergunta Dean a eles.

- Temos que sair daqui... Vamos Ed. – diz Harry puxando o amigo. Em um dos corredores eles dão de cara com Mordechai. – Corre, corre! Abre essa porta!

Mas eles não conseguem abrir. Mordechai se aproxima cada vez mais os encurralando. Não tem para onde fugir.

- O poder de Cristo te expulsa. O poder de Cristo te expulsa. – dizem Harry e Ed a Mordechai. Harry fecha os olhos de medo. De repente Jane aparece atrás do espírito.

- Ei! Vem aqui me pegar, seu desgraçado. – debocha ela. Mordechai se vira para ela e ataca com seu machado. Jane se abaixa e ele acerta a parede. Mordechai ataca de novo, mas Jane consegue detê-lo, segurando o machado com força, ela está prestes a jogá-lo para longe, mas ela não pode mostrar seus poderes a Harry e Ed, amanhã já estaria no site deles. Mordechai prende Jane na parede. – Vão embora, agora!

- Vamos! – diz Harry para Ed e eles saem correndo. Mordechai aperta cada vez mais a madeira do machado no pescoço de Jane, que não consegue revidar. – Sam! Dean! Rápido!

Em seguida, os dois aparecem. Dean taca um spray que sai fogo em Mordechai e ele solta Jane.

- Vem! Vem! – grita Dean para ela. Jane corre na direção deles e Mordechai some. – Se Mordechai não pode sair da casa e nós não podemos matá-lo, vamos improvisar.

 Dean pega um isqueiro no bolso e taca no chão, com isso a casa começa a queimar.

- Vocês botaram gasolina e álcool em toda a casa? – pergunta Jane surpresa. Dean a olha com um sorriso e dá uma piscada. Em seguida os três saem da casa às pressas e se enfiam na mata. – Essa é a solução? Queimar todo o lugar?

- Bem, assim ninguém irá a lugar nenhum. – diz Dean a ela. – Pensa comigo... Mordechai não pode assombrar a casa, se não houver casa para assombrar. É rápido e asqueroso... Mas, funciona.

- E se a lenda mudar de novo? E se Mordechai continuar vivendo na casa? – pergunta Jane a ele.

- Bem... Então teremos que voltar. – responde Dean. Sam o olha nervoso também.

- Meio que faz você pensar... Que essas coisas que caçamos, só existem porque as pessoas acreditam nelas. – comenta Sam com eles. Os três se olham e olham para a casa novamente, pensativos.

...

No dia seguinte à noite no estacionameto de trailers.

- Eu acho que Mordechai apenas teria um super poder high-tec. – comenta Harry a Ed enquanto os dois chegam do super-mercado.

- Eu só quero comer e beber de tudo agora. – diz Ed. Em seguida eles vêem Jane, Dean e Sam. – Cavalheiros... E... Dama.

Jane dá um sorriso irônico para ele.

- Ei, Pessoal. – diz Sam a eles.

- Devemos contar para eles? – pergunta Harry a Ed enquanto se dirigem ao carro cheio de tralhas.

- Talvez devêssemos. Mais cedo ou mais tarde eles vão acabar sabendo sobre o negócio. – responde Ed todo convencido.

- Então... Essa manhã recebemos um telefonema de uma grande produção de Hollywood. – comenta Harry com eles, todo orgulhoso.

- Sei, foi engano? – pergunta Dean com um sorriso.

- Não, espertinho. – diz Ed revirando os olhos. – Ele leu sobre a Casa do Inferno no nosso site... E quer nos propor uma opção de direitos autorais. Talvez ele queira escrever sobre nós.

- E criar um RPG. – completa Harry.

- Um o que? – pergunta Dean.

- Jogo de interpretação de personagens. – explica Jane entediada.

- É isso aí. – concorda Ed com ela. – Da para ver que você entende alguma coisa.

- Claro. – diz Jane se contendo.

- Emfim... Com licença, estamos partindo para a nossa cidade. – diz Harry a eles.

- Bem, parabéns pessoal, parece ser realmente ótimo. – diz Sam sem entender ainda.

- Sim, é impressionante... Boa sorte para vocês. – diz Dean.

- Sorte? Isso não tem nada a ver com sorte. – diz Ed entrando no carro e abrindo a janela. Harry entra em seguida. – É puro talento, entendem? Um completo descarado talento. Até mais.

- A gente se vê por aí. – diz Harry e eles partem. Os três se olham e dão risada.

- O que foi tudo isso? – pergunta Sam.

- É... Como assim? Produção de Hollywood? – diz Dean. EleOs três se aproximam do Impala.

- Tenho que confessar uma coisa. – diz Jane a eles.

- O que? – perguntam os dois.

- Fui eu que liguei para eles e disse que era esse ‘’produtor de Hollywood’’. - responde Jane. – Na verdade eles falaram com a secretária do produtor. Como eles me deram nos nervos, eu tinha que me divertir de alguma forma... E foi essa que eu achei.

Dean e Sam olham novamente por onde o carro de Ed e Harry foi e dão gargalhadas.

- Bem, isso completa a nossa brincadeira, Sam. – diz Dean ao irmão. Jane os olha.

- Nós colocamos um peixe morto no banco de trás do carro deles. – diz Sam a ela. Os três dão risada. Sam olha para Dean. – Estamos quites?

- Sim, estamos. – concorda ele. – Até as próximas cem milhas.

Sam revira os olhos com um sorriso e Dean entra no carro. Jane vai atrás, mas Sam a puxa.

- Essa é a Jane que eu conheço. – diz ele com um sorriso carinhoso a ela e lhe abraça forte. – E quero para sempre.

Jane surpresa não move um centímetro do corpo. Em seguida, depois de Dean buzinar duas vezes, Sam e Jane entram no carro e eles partem.

...

Fim do Décimo Sétimo Capítulo.


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Notas finais do capítulo

Reviews???? Beijos...



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