Espelho Quebrado escrita por Zenner


Capítulo 8
Sorte a sua




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Podia dizer que eu estava bem, mas meu nariz e minha testa doíam. Fico um pouco tonta quando levanto e caminho até a porta. Abro com a mão livre, já que massageava o nariz com a outra e nem vejo quem é.

Tiro a mão do rosto fungando um pouco e dou de cara Taylor. Extremamente corada. Ela tentava não olhar para baixo. Seu rosto estava corado e ela tentava não sorrir.

–O que faz aqui? - pergunto ainda sentindo um incômodo no nariz. Acho que está sangrando.

–Vim falar com você - ela me encara e seu semblante tímido se tornou assustado- Paula, seu nariz ta sangrando.

Quando menos espero sua mão está na minha testa fazendo com que eu olhe para cima. Entramos em meio ao tropeços pela casa naquela posição e ela me leva até o sofá. Deito com a cabeça pra fora para o sangue não suja as almofadas da minha mãe.

–Onde tem algodão? – pergunta de pé. Ela ainda era bonita de cabeça pra baixo.

–No banheiro lá em cima...

Ela corre antes que eu diga a porta que deveria procurar. Ficar naquela posição era desconfortável. Coloco as pernas para cima, apoiada no encosto do sofá. Só então lembro que estava apenas de calcinha. Volto a sentar e procuro a minha calça. Onde será que coloquei?

Um pingo de sangue escorre e suja minha coxa. Esfrego a parte de cima da mão abaixo do nariz e sujo ainda mais o rosto.

–Para com isso. Poe o rosto para cima - a morena aparece de repente e já se posiciona ao meu lado limpando meu rosto com um algodão molhado.

Suas mãos macias e ágeis tocam o meu rosto. Estávamos tão próximas. Seus olhos não encararam os meus em nenhum instante, mas isso era bom, por que eu poderia lhe observar sem ser pega no flagra. Ela tinha as bochechas levemente coradas. Os olhos pequenos tinham grandes cílios escuros. Seus lábios carnudos e fofos tinham uma coloração vermelho claro. A franja caia sobre sua testa e lhe dava um ar de menininha levada, o que eu não duvidava ser verdade.

Ela dar um sorriso satisfeita quando limpa tudo e para o sangramento.

–Você é muito linda - falo sem pensar.

Ela cora. Esperava que fizesse isso.

Vejo-a se levantar e faço o mesmo.

–Obrigada pelo elogio – põe as detrás do corpo e olha para baixo.

–Obrigada por cuidar de mim.

Recolho os pedaços de algodão que estavam sobre a mesinha.

–Preciso falar algo serio com você - diz ela.

O que será que aconteceu? Encaro-lhe por uns segundos tentando entender, mas dou de ombros.

–Vamos até a cozinha, te sirvo algo pra beber.

Com a mão livre carrego o pote de sorvete que estava comendo ainda há pouco.

Jogo o algodão sujo no lixo e ponho o sorvete sobre o balcão da cozinha.

–Então, Taylor, como descobriu onde moro?

Eu não me lembro de ter dado o meu endereço a ela. Sirvo-lhe um copo de suco de laranja sem perguntar se ela gosta, até porque todo mundo ama suco de laranja. Ela pega o copo com as duas mãos e toma um pouco antes de responder.

–O Sr. Jairo me disse - se refere ao diretor da escola.

–A que devo a honra da sua visita então? - sento no banco de um lado no balcão e peço pra que ela senta á minha frente.

–Você não quer vestir sua calça primeiro? - pergunta corada.

Olho para baixo e vejo a minhas pernas brancas e calcinha branca com desenhos de patinhas de cachorro cor-de-rosa. Que broxante. Olho-a novamente e dou um sorriso nervoso antes de correr até a escada. Escuto a sua leve risada na metade dos degraus, quase caiu de novo.

Alcanço o primeiro short jeans do guarda-roupa e troco a blusa do uniforme por uma camiseta azul com pequenos detalhes metálicos. Desço as escadas agora com calma e entro na cozinha.

Taylor estava parada em frente a geladeira, olhava as fotos penduradas. Minha mãe tocava todos os meses. “Renovando as lembranças” como ela mesma dizia. Havia apenas três fotos dessa vez: Eu e Chris nas féria de fim de ano na praia, papai e mamãe em seu aniversário de casamento há três meses, eu com meus pais no natal do ano passado.

–Admirando a minha beleza? - brinco lhe chamando atenção.

Ela vira para mim e percebo algo diferente em seus olhos, só não sei o que.

–Sua família é linda. Tem sorte em tê-los por perto.

–Tenho sim - sorriu pra ela - vem, vamos conversar na sala que é mais confortável.

Seguro sua mão e lhe levo dali. Aquele ato já estava se tornando cada vez mais comum, segurar sua mão nos dava um pouco mais de intimidade. Eu adorava aquilo.

Sento-me no sofá e ela faz o mesmo. Espero que comece a falar.

–Paula, me desculpa vim sem avisar. Eu devia ter deixado pra falar com você amanha - ela dizia sem me olhar, suas mãos brincavam uma com a outra nervosa.

–Pode falar, não se desculpe por isso. Adorei lhe receber aqui.

Só assim ela olha para mim e sorrir aliviada.

–Eu falei com o diretor e ele disse que estou dentro da viagem da próxima semana, você também está. Como eu não conheço ninguém e os quartos serão divididos entre três pessoas, eu queria saber se tudo bem eu ficar com você e Chris.

Taylor me olha apreensiva. Eu estava feliz por está dentro da viagem e Chris também, mas eu me senti ainda mais animada por saber que ela estaria com a gente... E no mesmo quarto

–Claro que sim - pulo nos seus braços e lhe envolvo nos meus. Mesmo surpresa retribui o abraço – eu vou adora passar mais tempo com você – solto-a, eu tinha exagerado? – a Chris também vai adorar.

–Ainda bem – fala, ela ainda estava corada - seria você ou a ruiva do B.

–Beatrice? - pergunto.

–Ela mesma.

–Sorte a sua então.

Forcei um sorriso que não quis sair.

Então ela também iria... Talvez a viagem não fosse tão animada assim.


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Notas finais do capítulo

Desculpa os tempão sem postar



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