Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 16
Tentando dar um basta.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é uma surpresa e tanto! Eu queria muito escrever esse momento, mas não sabia se deveria escreve-lo agora. Mesmo assim o escrevi. Acho que ficou muito bom. Espero que vocês gostem e por favor comentem pra eu saber a opinião de vocês também.



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Margo não conseguia tirar os olhos de Dylan Thompson. Não só porque ele certamente era o homem mais bonito com que ela já ficou com seus olhos azuis translucidas, a barba por fazer, o sorriso de galã de cinema, a sobrancelha cheia e os traços másculos. Mas também porque além de tudo isso, ele parecia o cara certo pra ela. Ela sentia isso bater muito forte dentro do seu peito. E a cada batida ela tinha ainda mais certeza.

Ele estava dormindo como um bebezinho ao lado dela depois da longa noite que tiveram juntos após o terceiro encontro. Os ombros largos expostos e o abdômen definido de fora. Margo quase não conseguia resistir ao desejo incontrolável de toca-lo novamente. Mas não queria assusta-lo e parecer muito desesperada. Apesar do seu corpo se contorcer de desejo por aquele homem.

Tudo bem que ele fosse areia demais para o seu caminhãozinho. Qualquer mulher duvidaria que um homem lindo como aquele vivesse tão sozinho e solitário. Mas essa era a grande verdade, o que mais chamava atenção nele. Dylan conversava abertamente com ela desde o primeiro encontro dos dois e colocara todas as cartas sobre a mesa para que Margo soubesse em que tipo de solo ela estava dizendo.

Desde pequeno Dylan foi uma criança extremamente linda, que chamava atenção por todos os lugares que passava. Com o tempo, conforme foi crescendo, as coisas só se agravaram ainda mais. É difícil ele entrar em um lugar sem ser notado. Mas ele, particularmente, nunca gostou disso. Nunca gostou de chamar atenção e ser o centro das atenções. Porque com isso as pessoas só se aproximavam dele por interessante próprio. Especialmente as mulheres mais espertas.

Dylan nunca teve um relacionamento que não resultasse em frustações. Não que ele fosse exigente demais, mas porque as pessoas sempre esperavam muito dele quando na verdade não tinha tanto a oferecer. Ele também sempre foi mais reservado, mais quieto, um pouco tímido demais e extremamente inseguro.

Margo ainda tenta entender como um homem como Dylan pode ser inseguro quando pode ter tudo que quiser. Mas esse é o ponto: Dylan não quer tudo, apenas o essencial. Houve um momento de sua vida que ele decidiu dar um basta em tudo. Parou de sair, parou de ficar com as mulheres e tirou uma espécie de folga. Dando um tempo a si mesmo, até que pudesse encontrar o que ele estava a procurando.

Uma mulher que pudesse gostar dele além das aparências.

Foi então que conheceu Margo em uma tarde sol, enquanto ela tomava sorvete sentada em um banco no Central Park de frente para o lago. Ele estava fazendo caminhada quando a viu de longe. Sozinha, os cabelos louros muito mais claros por causa do sol e os olhos azuis tão intensos quanto as águas do oceano. Foi difícil não se apaixonar à primeira vista.

A partir de então os dois começaram a conversar bastante, conhecendo melhor um ao outro, saiam para se divertirem, mas sempre sem qualquer tipo de envolvimento afetivo. Até que aconteceu, quando ela menos esperava. Ele a levou para conhecer sua casa e por ali mesmo ela ficou aquela noite, completamente envolvida naquele homem que mais parecia um anjo que havia caído do céu no momento certo.

— Não fique olhando assim pra mim. – ele resmungou, surpreendendo-a. Ainda sonolento. Abrindo os olhos devagar junto com um sorriso meigo. — Eu devo estar horrível.

— Isso é impossível. – ela riu, depositando um beijo doce em seus lábios rosado. — Nunca conheci alguém tão bonito quanto você. Tanto por dentro quanto por fora. Acho que estou...

Apaixonada? – agora ele tinha os olhos fixos nos dela, enquanto com os dedos brincava com o cabelo solto dela. — Você não sabe o quanto é bom ouvir isso, porque eu também acho que estou me apaixonando por você. Isso desde o primeiro momento em que te vi. É um sentimento que me consome todos os dias, chega a ser assustador.

≈≈≈

— Eu me sinto sortudo, sabe? – Bradley olhava pela janela do apartamento dela. Distante e pensativo. — Eu tenho tudo. Mas falta algo. Algo muito importante.

— E o que seria? – Alison pergunta, curiosa. Ela está sentada no sofá fazendo carinho na grande cabeça de Gael sobre suas pernas.

— Eu não consigo encontrar uma casa da qual o aluguel esteja ao meu alcance. – ele resolveu olhar pra ela. Parecia chateado. — Tenho trabalhado muito ultimamente. Mas nunca parece o bastante.

— Eu sei bem como é se esforçar muito e sentir como se todo seu esforço não estivesse te levada a nada.

Brad foi até ela, sentando-se ao seu lado. Tocando seu rosto com ternura. Alison olhou pra ele por um momento, mas logo em seguida deitou com a cabeça no peito dele.

— Você é competente, Alison. E logo encontrará um emprego.

— Obrigada, Brad. Quanto ao seu problema: você pode morar aqui por uns tempos. O que você acha? Agora que somos namorados...

— Não quero ser um problema pra você. – ele a interrompeu, passando a mão em seu cabelo. — Pelo contrário, você quer muito um emprego e eu sei exatamente como se sente. Não seria nenhum pouc...

— Eu faço questão, por favor. Vai ser uma experiência e tanto para nós. Pense bem nisso. – ela sorria, voltando a olhar pra ele. — Sei que você mora aqui, logo em frente, com a Margo. Mas não é como se fosse a mesma coisa. Vamos tentar. Por favor?

— Não tem como resistir a essa proposta se você ficar me olhando com essa carinha fofa. – ele apertou o nariz dela. Alison riu. — Vamos tentar por uns tempos, tudo bem? E se não der certo...

— Eu sei que vai dar. Tem que dar certo.

≈≈≈

Margo havia preparado uma pequena reunião para apresentar ao irmão e a melhor amiga, sua única família, o novo namorado.

Ela pediu pizza, comprou cerveja e refrigerante, alugou alguns filmes e esperou todos chegarem.

Bradley estava no trabalho e viria correndo assim que saísse.

Alison estava em casa provavelmente terminado de se arrumar.

E Dylan já estava a caminho, como ele mesmo disse ao telefone.

Ela estava bastante ansiosa e empolgada. A tarde, depois de fazer suas pequenas compras, passou no salão de beleza para dar um jeito no cabelo e fazer as sobrancelhas. Nada de mais, disse a si mesma quando chegou em casa e olhou-se no espelho do quarto. Depois, deu uma organizada de leve na casa para dar uma boa impressão. Não que quisesse mentir ou parecer uma farsa, mas seria a primeira visita de Dylan ao seu apartamento. E quando percebeu que havia sobrado um tempo, deu banho em seus dois gatos que sempre adoraram banho, por mais estranho que isso possa parecer.

A primeira a chegar foi Alison usando um lindo vestido floral, sapatilhas simples e os cabelos enfeitados com uma tiara. Margo a abraçou e a convidou para entrar. As duas sentaram-se no sofá e foi quando Dylan avisou que já estava bem mais perto.

— Você parece nervosa. Fique calma. – Alison tocou seu braço, passando-lhe confiança. — Tudo dará certo.

— Eu sei que vai. Ele é mais que incrível, vocês vão ver. Eu só quero que isso dê muito certo, sabe? Eu nunca quis tanto!

A campainha tocou e elas se entreolharam.

— Eu estou bonita? – perguntou Margo baixinho.

— Você é bonita. – afirmou Alison, sorrindo.

Dylan a beijou rapidamente e entregou um buquê de rosas. Margo ficou ainda mais empolgada e mal conseguia parar de sorrir. Ela apresentou o namorado a melhor amiga, que para sua surpresa se deram bem instantaneamente. Na cozinha, enquanto Alison fazia companhia a Dylan, ela colocou as flores em um vaso e pegou o refrigerante e copos.

Bradley chegou as oito, cumprimentou a todos, parecia muito bem, mas foi logo tomar banho e trocar de roupa.

Os quatro ficaram conversando por um longo momento, criando afinidades. Brad gostou de Dylan de primeira, havia algo nele que lhe passava segurança. Alison também não ficou por menos, além de lindo, achou Dylan muito fofo com Margo. Eles eram lindos juntos.

— Ah, então você está procurando um emprego também? – Dylan perguntou, olhando para Alison. — A Margo comentou comigo. Eu tenho um amigo que trabalha nessa área. Eu até conversei com a Margo sobre isso. Se vocês duas quisesse eu posso falar com ele e tentar arrumar algo pra vocês. Quem sabe até podem trabalhar juntas.

Margo e Alison se entreolharam animadas.

— Eu aluguei uns filmes pra gente assistir. – Margo levantou-se, indo até a tevê quando percebeu que eles praticamente já haviam conversado sobre tudo. — Qual vocês preferem: “ Homem de Ferro 3”, “Invocação do Mal” ou “Os Smurfs 2”?

≈≈≈

Agora que Margo, sua irmã, estava namorando sério com alguém que parecia valer a pena, Bradley sentiu que precisava dar espaço aos pombinhos. Por isso, mudou-se de vez para o apartamento da frente, o de Alison, levando tudo que podia.

Os dois precisaram de alguns dias para colocar tudo em ordem. Alison precisou ceder partes do seu guarda-roupa pra ele. Mas isso não foi um problema, já que a ideia de morarem juntos como um casal era bastante empolgante. Mas isso não durou muito.

Eles logo tiveram problemas e as primeiras brigas.

Ao contrário do que ela imaginava, Gael não aceitou muito bem a mudança de Bradley. O cão parecia estar com ciúmes. E por isso, chegou a virar a cara pra ela muitas vezes. Birrento. Algo que nunca havia acontecido antes. Alison começou a se perguntar se aquilo era normal para um cachorro.

Bradley no início fazia mais o tipo daqueles maridos que recebem suas esposas com flores, carinhos e jantarem surpresas depois de um longo dia de exaustão. A grande verdade é que tudo é mais fácil no início, até que ambas as partes consigam se adaptar.

Pouco a pouco ele foi se descuidado, não só nesse aspecto, como também foi irritando Alison com a sua bagunça. Logo ele que era o mais organizado, mais certinho, mais cuidadoso foi deixando toalha molhada sobre a cama, a louça sem lavar, o chão da cozinha gorduroso, sapatos espalhados pelo chão do quarto, roupa suja na cadeira e a tampa do vazo sanitário em pé. Algo que particularmente irritava muito Alison que sempre gostou das coisas do jeitinho dela.

Ela brigava com ele e ele até que, mesmo irritado, saia arrumando todo o rastro da bagunça que deixava. Algumas vezes, Bradley se dizia cansado por ter que ouvi-la se queixar todo o tempo, quando o que ele mais queria era descansar após um longo dia de trabalho. E quando ela dava uma de chata, ele ficava dias sem nem falar com ela. Parecia um garotinho imaturo e mimado.

Mas isso não era tudo, além da falta de privacidade que Alison sentia quando estavam os dois em casa sem nada para fazer. Ela de um lado tentando ler e ele de outro fazendo barulho com o teclado de seu Notebook. Ela sentia-se sufocada, como se tivesse perdido o próprio espaço. Olhava de um lado para o outro e vias as coisas de Bradley misturando-se com as suas e pensava que estava perdendo um pouco de sua identidade e do seu eu. Aquilo não parecia certo. Ela tentava se convencer de que se fosse para dar certo algum dia, ela precisaria começar a aceitar aquelas coisas. Por mais difícil que fosse.

Bradley havia mergulhado de cabeça em sua vida.

Seus sentimentos por ele não mudaram, mas agora ela só estava ainda mais convencida de que não fora uma boa ideia convida-lo para morar ali. Já que nem eram marido e mulher e agiam como tal. Os dois também já nem eram como antes, um casal intensamente apaixonado, que saiam, brincavam, se divertiam e namoravam sem parar. A convivência ao invés de uni-los ainda mais, os separou.

E nos últimos três dias, Bradley a tratava como se ela fosse uma espécie de empregada pra ele, pedindo favores absurdos, como pegar um copo de água pra ele, até os mais graves, como ordenar que ela preparasse o jantar para ele. Mesmo que não soubesse muito bem cozinha. E ele irritava-se se ela não o obedecesse. E a desculpa dele era que ela era a desempregada entre eles, a única que não tinha tanta coisa para fazer. Já que ele estava sempre muito ocupado com o trabalho.

Com David tudo parecia mais fácil. Não só porque eram apenas amigos e não namorados. Mas porque David entendia bem que ela tinha suas coisas, seu espaço, seu tempo, suas necessidades, suas restrições, seus defeitos e suas carências. Ele entendia que ela não era uma escrava ou muito menos uma empregada. Ele entendia que a casa era dela e não dele. Ele entedia que todo mundo, de vez em quando, precisa respirar ar puro. E principalmente, ele entendia que tanto ele quanto ela deveriam se respeitarem ao máximo para que as coisas dessem certo.

Quando Brad saia todas as manhãs para ir trabalhar, antes mesmo dela ir a faculdade, Alison suspirava profundamente de alivio. E tentava aproveitar ao máximo o tempo sozinha enquanto ele não chegava do trabalho com o cair da noite. Até aquele momento ela permanecera paciente e suportara tudo calada. Mas sabia que estava prestes a explodir a qualquer momento e mandar Brad para o espaço.

Ela havia acabado de chegar em casa quando sentiu seu celular tocar no bolso. Era o Dylan. Eles haviam se tornado bons amigos ultimamente. Como Margo mesma repetia incansavelmente: Dylan era muito melhor do que aparentava ser. E acima de tudo a fazia feliz.

— Eu falei com aquele meu amigo. – ele foi logo dizendo. Estava muito ocupado no trabalho e precisava ser breve. — Ele quer ver vocês amanhã. Espero que vocês consigam. E desejo muita sorte.

E finalmente Alison estava tendo uma boa notícia.

≈≈≈

Ela havia conseguido. Ela e Margo haviam conseguido um emprego na organização do espaço interno das construções. Na parte de definição dos materiais para o acabamento e a distribuição dos moveis dentro de um cômodo. Ela estava tão feliz que não pensava em outra coisa além de querer comemorar.

Ela seria eternamente grata a Dylan.

Margo estava ocupada demais comemorando com o Dylan em Manhattan. Bradley e ela haviam brigado feio aquela manhã, quando Alison finalmente havia criado coragem para soltar um longo desabafo sobre o último mês. Agora ele a culpada por ela ter o expulsado de sua casa por estar cansada de tudo, inclusive dele. Ela só queria alguns dias para respirar. E isso seria possível já que ele passaria quatro dias em viajem de trabalho para uma reportagem para a revista.

Alison estava sentindo-se solitária aquela noite quando o que mais queria era ficar feliz pelo novo emprego. Sentada no banco alto em frente ao balcão do bar em um pub perto de casa.

E pior, estava chovendo lá fora.

Desde que chegara ali para comemorar sua mais nova vitória, alguns homens se aproximaram para paquerá-la e até se dispuseram a pegar-lhe uma bebida. Mas ela não deu bola para nenhum deles enquanto tomava sua Coca-Cola com gelo. Sua mente estava distante. No único lugar que ela gostaria de poder estar naquele momento.

Sabia que não era certo, mas estava decidida. Correu até o carro de baixo da chuva fraca e dirigiu rumo ao Queens, até o loft de David.

Há quase um mês nenhum deles tinham notícias um do outro. Só porque havia se beijado mais uma vez quando na verdade havia prometido que isso não voltaria acontecer. Mas qual era o problema? Ele havia pedido um tempo a Lucy e ela nem se quer estava namorando Bradley. Ninguém, nunca ficaria sabendo. Era algo entre eles.

Ela queria fazer as pazes, não suportava ficar longe dele por muito tempo. No fundo, ela sentia que ele era o único que poderia entende-la naquele momento. E também, ele precisava saber que agora ela havia conseguido um emprego. Queria alguém que pudesse ouvi-la.

Chegando lá, ela bateu sem parar na porta dele. Mas não obteve resultados. Ou ele estava lá dentro fingindo não escuta-la, ainda de mal com ela. Ou ele não estava em casa, sendo mais feliz por aí com Lucy.

Frustrada Alison desistiu após inúmeras tentativas. Logo chamariam a polícia para conte-la. Era melhor tentar outra vez. Outro dia. Quem sabe em outra década.

De baixo de chuva ela correu até o carro, praticamente ensopada e deu uma última olhada para trás, na direção da janela fechada dele, e deu um longo suspiro antes de virar-se na direção do carro. Frustrada.

Alison soltou um grito de susto quando deparou-se com David parado a sua frente, evidentemente surpreso. Ele estava ainda mais bonito de bermuda jeans preta, a camisa com um aspecto jeans com uma lavagem mais clara, os braços tatuados a mostra e o topete molhado caído na testa, a barba pingando e o rosto encharcado.

Muito mais sexy do que normalmente é.

O que fez com que ela voltasse no tempo, lembrando-se daquela noite em que se viram pela primeira vez, quando seus caminhos foram cruzados. Quando também estava chovendo. Ela estava bastante assustada e solitária, com seu vestido longo de festa. Toda molhada. Com medo de que aquele grupo de homens no bar fizessem alguma sacanagem com ela. Mas bastou David se aproximar, na maior cara de pau, puxar conversa e mostrar sutilezas como se a conhecesse há anos, para que ela perdesse complemente o foco.

E mais uma vez, como naquela noite, algo gritava dentro dela desesperadamente, mesmo quando ela tentava não dar muita importância a isso. Pedindo, aos gritos, ela não perdesse aquela oportunidade, para que não corresse o risco de perde-lo para sempre, porque aquilo era última coisa que queria na vida.

Desesperadamente, agindo mais por impulso do que por qualquer outra coisa, Alison olhou intensamente para David com seus olhos verdes-escuros em chamas. Pedindo, clamando, que pelo amor de Deus, ele fizesse algo. Algo que ela não tinha coragem de fazer.

E como quem lê seus pensamentos, David puxa seu corpo molhado pela cintura. Apertando forte sua pele mesmo através da camada de roupa. Ela podia sentir os dedos dele arderem de desejo, o mesmo desejo que ela sentia por ele. A vontade de tê-los nos braços.

David a beijou cheio de vontade, as mãos escorrendo pelas costas dela, puxando-a cada vez mais para junto dele. Alison fechou os olhos, respirando forte, jogando os braços em volta do pescoço dele, querendo que ele a tomasse para si. David mordeu forte o lábio dela, Alison sorriu provocativa. Os dois foram andando, aos beijos, de baixo daquela chuva que só havia aumentado. David tinha um plano. E Alison faria qualquer coisa, desde que ele estivesse com ela.

Os dois, colados, colidiram primeiro em um poste no meio da rua e riram, sem desgrudarem. Depois bateram no muro. Era difícil enxergar ou ter ideia de alguma coisa quando não paravam de se beijar. Mas com paciência, os dois chegaram lá. E subiram as escadas entrelaçados, o máximo que puderam. As mãos dele percorrendo o corpo molhado dela, completamente excitado. E Alison correspondendo as provações como podia. Desejando arrancar a camisa dele.

Logo chegaram ao loft dele, que David abriu com a chave e depois empurrou a porta com o pé, fechando-a da mesma forma.

Assim que pôde, Alison foi abrindo todos os botões da camisa dele, enquanto David prestava atenção em cada movimento gracioso dela. Quando finalmente estava sem camisa, ela beijou seu peito, sua barriga e contornou suas tatuagens com a ponta dos dedos. Ele fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás, recoberto de prazer.

Sentia-se em êxtase.

Quando já não aguentava mais esperar, David pegou Alison no colo, levando até o seu colchão, enquanto a beijava. Com uma das mãos livres, antes de deita-la, ele atirou longe as almofadas. E cuidadosamente depositou o corpo dela sobre o colchão, beijando seu pescoço.

— Eu me odeio por te amar tanto. – disse ela em um sussurro.

David parou tudo que estava fazendo, quase sem folego e olhou para ela com compaixão, acariciando-lhe as bochechas frias pela chuva e rosadas dela com os polegares.

— Eu sempre amei cada milímetro do seu rosto. – disse ele, beijando-a perto do nariz. — Desde seus olhos extremamente verdes até cada pontinho laranja em suas bochechas.

Os dois voltaram a se beijar calorosamente. David se livrou da blusa molhada dela e jogou longe também. Beijando seu rosto, seu pescoço e descendo até os seios. Alison agarrava a pele das costas dele com força, arranhando-o, puxando-o para mais perto.

Todas as vezes que David sussurra em seu ouvido as coisas que mais amava nela, Alison sentia-se satisfeita, excitada, a mulher mais sortuda do mundo. E não queria solta-lo mais.

Quando os dois tiraram complemente as roupas, David olhou para ela de maneira apaixonada por um momento, nunca havia visto uma mulher tão perfeita quanto Alison. Ela, por sua vez, ficou envergonhada, mas não deixou-se levar por esse sentimento tolo.

Literalmente: ela é linda de todas as maneiras. Ele pensou.

David se moveu sobre ela, que correspondeu de imediato, o corpo arqueado para trás. Os dois agarram-se sobre o colchão, movendo-se juntos, em perfeita harmonia até que atingiram o clímax juntos e ficarem sem se mover por um tempo, calados. O único som que ouviam era da chuva forte caindo lá fora.

Em poucos segundos, ela se levantou sobre um cotovelo fitou-o com intensidade e um meio sorriso nos lábios. Nunca sentira nada igual ao que tiveram agora. Nenhum antes conseguiu seduzi-la de tal forma fazendo com que ela sentisse saciada de todas as formas possível. David foi amoroso, carinhoso e cuidadoso.

Exatamente tudo que ela precisava em um homem, coisas que só poderia encontrar nele.

Enquanto ainda olhava pra ele, lembrou-se de algo muito importante. Algo importuno. Mas que não poderia deixar passar. E sua expressão de contentamento logo mudou para algo mais sério.

Ao perceber isso, David estranhou. Afinal, acabaram de ter algo inesquecível, muito além de qualquer outra coisa. Ela deveria estar feliz. E através da sombra negra que os olhos claros dela ganharam, ele logo percebeu o que ela estava prestes a fazer: dar-lhe um tapa na cara. Mas ele foi mais rápido, segurando seu punho com força e o abaixando.

— Você não pode fazer isso comigo. Me beijar sempre que tiver vontade e se afastar de mim sempre que as coisas estiverem difíceis.

Ela parecia muito brava, com lágrimas nos olhos.

— Alison, não me culpe por te amar tanto. Nada disso aconteceria se você também não quisesse.

— Não é certo. – ela o ignorou, livrando-se dele. — Eu ainda namoro o Bradley. E você a Lucy.

Ela levantou-se depressa, recolhendo as roupas espalhadas no chão mesmo ainda molhadas e vestiu-se rapidamente.

David estava estático, sem entender.

De repente tudo perdera o encanto.

— Não ouse a chegar perto de mim novamente. Não quero te ver nunca mais, David! – ela gritou, apontando o dedo para ele furiosamente. Lagrimas escorriam de seus olhos. Alison estava surtando. — Você não me faz bem. Você me faz perder toda a razão. Eu não era assim. Eu não sou assim. – ela olhou para as mãos como se estivessem sujas. — Eu odeio você, David Marshall. E quero que você suma da minha vida!

A àquela altura, David já estava com lágrimas nos olhos também.

Alison saiu de loft, batendo forte a porta e descendo as escadas furiosamente, pulando de um em um degrau. Na chuva ela saiu correndo até o carro. Já dentro dele, dirigiu as pressas até em casa. As lagrimas dificultando a visão da pista molhada a sua frente.

David estava confuso, mas acima de tudo estava com medo que acontecesse o pior com ela. Alison não estava nada bem. Mas nada ele poderia fazer, além de lamentar ter a perdido de vez.


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Notas finais do capítulo

Sei que parece bem confuso. Parece que eles nunca ficam juntos completamente e sempre acaba acontecendo alguma coisa pra atrapalhar. Acredito eu que essa seja a verdadeira magia: a superação. Depois de escrever esse capítulo eu tive umas ideias bem assustadoras que eu realmente espero que funcione para o desfecho dessa história. Acompanhem!