Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 17
Dias difíceis.


Notas iniciais do capítulo

Vocês não podem imaginar a raiva que estou sentindo. Eu estava bem, digitando esse capítulo tranquilamente no Word quando no outro dia eu volto a abrir o arquivo e... Puf... Sumiu o capítulo inteiro. Ou seja, eu sou burra e esqueci de salvar. É realmente muito frustante ter que digitar tudo de novo. Ou fica melhor, ou fica pior. Nesse caso eu não gostei muito do resultado. Então, lá vai.



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Era o dia do aniversário de Alison. E no dia seguinte seria o do Dylan, o que era uma coincidência e tanto. Por isso, Margo teve ideia de comemorarem juntos, em um encontro de casais, jogando boliche.

Alison tinha tudo para estar feliz, pois conseguira um emprego novo e o relacionamento dela com Brad voltara aos seus dias de gloria já que haviam definitivamente decidido morarem separados - ela em seu apartamento e ele na casa nova. Mas não estava se sentindo muito bem e mal conseguia disfarçar a tristeza no olhar enquanto o namorado e os amigos tentavam se divertir naquela noite.

Alison sentia-se culpada. Culpada por ter ido muito além com David sem pensar nas consequências. Sentia-se diferente. Algo que ela não era, nunca foi e não pretendia ser: mentirosa, injusta, traidora e falsa. Por isso, doía tanto ter que olhar para Bradley tendo que esconder aquela terrível mentira dentro de si.

— Você não me parece nada bem. Desde que chegamos você está aqui sentada com essa carinha triste e mal jogou. – Brad aproximou-se, sentando-se ao seu lado preocupado. — E isso não é só de hoje.

— Brad – ela olhou dentro dos olhos dele. Por dentro sentia o peito doer como se tivesse levado um tiro. — eu preciso te contar uma coisa.

Ele olhou bem para ela, ainda mais preocupado e pegou sua mão.

— Tudo bem. Vamos sair daqui. Vou te levar até em casa.

Ao sentarem no sofá de seu apartamento, antes de qualquer coisa, pediu para que Brad a abraçasse por um tempo, enquanto ela criava coragem e forças.

— Não precisa ter medo. Seja lá o que for. Sei que vamos superar isso juntos. Você pode confiar em mim, Alison. Eu amo você.

Ela suspirou fundo, afastando-se dele para olha-lo.

— Sou eu. Quer dizer... Sou e o David. Nós tivemos algo enquanto você estava viajando. rapidamente seus olhos se encheram de lágrimas e suas mãos começaram a tremer compulsivamente.

Sensibilizado Brad a abraçou e Alison começou a chorar de vez.

— Eu não queria, Brad. Juro que não queria! Na verdade, sim, eu quis muito. Mas, eu me arrependo. Não me sinto eu mesma. Me sinto... Suja. E muito mal. – Alison chorava de maneira assustadora: o corpo tremendo, os olhos vermelhos e as mãos frias. — Não foi certo, eu sei. Mas por favor, me entenda. Me perdoe. Eu gosto de você. Gosto tanto de você! E eu fui tão cruel e insensível, acabei fazendo o que fiz e.... Eu prometo que nunca mais vou voltar a vê-lo. Isso nunca mais vai acontecer... Por favor, Brad, me perdoa. Por favor...

— Alison – ele novamente a abraçou, pasmo com tudo que ouvia. Mas ainda assim com muita aflição pelo estado dela. Nunca vira Alison tão por baixo, com tanto sofrimento nos olhos, com um comportamento que não era digno dela. — tudo bem. Já passou. Nós não estávamos bem e eu também já percebi, há muito tempo percebia, que vocês dois tinham um forte sentimento um pelo outro. Que nem eu ou ninguém seria capaz de intervir. Algo de vocês. Entre vocês. Mas não se martirize tanto. Foi um erro sim, mas eu confio em você querida, sei que isso nunca mais vai voltar a acontecer. Alison – ele segurou o rosto dela, beijando sus bochechas molhadas. — eu te amo. E nesse momento, tudo que importa pra mim é que você fique bem. Por favor, não chore mais. Eu ainda estou aqui, não estou? E tenho muito orgulho de você por ter sido leal e verdadeira comigo.

≈≈≈

Depois que fez as pazes com Bradley e contou-lhe toda a verdade, Alison estava começando a se sentir cada vez melhor. Mais leve de certa forma. O namoro dos dois estava indo às mil maravilhas, agora que ambos só se viam quando necessário, cada qual em sua respectiva casa, vivendo sua própria vida, ocupados com seus trabalhos e obrigações. Nada de brigas, discussões bobas e problemas.

Um namoro estável. Mas não perfeito. Já que são pessoa diferentes e precisam aprender a lidar com isso dia após dia. Mas quando se tem sentimento, tudo fica mais fácil.

Corine está no apartamento de Alison naquele sábado à tarde, felicíssima por finalmente ter descoberto o sexo do bebê.

É uma menina. E se chamará Emily.

— Hum, o cheirinho parece ótimo! – observou Corine, levantando-se do sofá. — Acho que os nossos brownies já estão prontos.

Alison a acompanha até a cozinha. Corine tira a forma de brownies de dentro do formo com a luva e coloca sobre a mesa.

— Está uma delícia! – Corine é a primeira a experimentar, já que estava com tanto desejo e Alison fez questão de ir comprar pra ela para fazerem juntas. — Experimente!

Alison pega um brownies com o guardanapo e leva até a boca, mas antes de morder o bolo, ela sente o cheiro de chocolate amargo entrar pelas narinas, solta o brownie no chão e corre para o banheiro.

Está enjoada. Com vontade de vomitar.

Preocupada, Corine vai até Alison.

— Alison, querida, você está bem?

— Sim. Agora estou.

Ela sorri, lavando a boca enquanto olha para o próprio reflexo pálido no espelho do banheiro.

— Você está doente?

— Não. Foi só um mal... Estar.

— Isso tem acontecido com frequência?

As duas voltam para a sala e sentam-se juntas.

— Pra ser sincera: sim. Eu tenho me sentindo muito esquisita ultimamente. Eu realmente preciso procurar um médico.

— Sim. Você precisa. – Corine toca-lhe a testa para conferir sua temperatura. Mas parece estar tudo bem. — E rápido.

— Eu vou marcar uma consulta, assim que puder. Não se preocupe. Eu vou ficar bem. São só uns enjoos e....

— Alison, você está grávida?

Ouve-se um barulho na porta. É Adrienne. E mais atrás Tom. Os pais de Alison em um sábado à tarde para uma visita.

Nenhuma das duas esperava por aquilo.

— Foi isso mesmo que eu acabei de ouvir? – pergunta Adrienne adentrando pelo apartamento seguida por Tom. — Alison, filhinha, você está grávida? – Adrienne abre um largo sorriso.

≈≈≈

David está deitado no gramado do Central Park com o celular em mãos, refrescando-se de baixo da sombra de uma grande arvore após meia hora de caminhada. É o seu dia de folga. E ele quer aproveitar, mesmo sozinho. Pega sua garrafinha de água ao lado e alivia-se do calor que está fazendo naquela tarde de domingo ensolarado.

Em seu celular ele olha atentamente para as fotos em sua Galeria, fotos dele com Alison, que juntos tiraram ao longo do tempo desde que se conheceram em vários momentos especiais.

Faz mais de um mês que não se veem e que não sabem notícias um do outro. Mas David sente falta, dia após dia, dos cabelos ruivos de Alison em movimento, as sardas espalhadas pelo rosto de traços delicados, os olhos de um verde-escuro vivo como a grama e a pele clara sempre iluminada.

A mulher mais bonita que ele já conheceu.

Por mais vontade que ele tenha de estar com ela, sabe que é melhor assim, manter-se longe por um bom tempo. Um tempo indeterminado. Pois sabe que Alison tem razão: ele é o verdadeiro culpado por ela ter se tornado algo que não costumava ser antes de conhece-lo. Alison não era uma mulher mentirosa, traidora, com tantos problemas, confusa. Pelo contrário, ela era leal, verdadeira e determinada.

Ele não quer que ela se perda por causa das confusões de seus sentimentos por ele. David sabe que nunca poderá dar a ela o que ela realmente precisa para ser inteiramente feliz pelo resto de sua vida.

Bradley é o homem certo para ela, pensa David consigo mesmo. Mas para que os dois possam ser felizes ele precisa manter-se afastado o mais longe possível. Vivendo sua vidinha medíocre de sempre, sem esperar muito da vida e sem poder oferecer mais do que pode dar.

Agora que não há mais nada que o prenda aqui, David tem pensado bastante em passar um tempo com os pais. Tentar resgatar algo que antes de conhecer Alison ele acreditava estar perdido.

Mas antes de tomar essa grande decisão, ele precisava acertar algumas coisas. Assim, quem sabe, não precisaria nunca mais voltar para não ter que atrapalhar a vida de mais ninguém. Especialmente da pessoa que ele acredita mais amar em todo o mundo.

≈≈≈

A possibilidade de estar gravida a deixava nervosa em muitos aspectos. Não poderia ser verdade. Não agora. Não ainda. Alison não queria aquilo. Não poderia estar esperando um bebê agora que finalmente havia conseguido um emprego. Ter um bebê tão jovem, ainda estando na faculdade, não estava em seus planos.

Se realmente estivesse gravida, todos seus planos para uma vida perfeita e ideal iriam por água a baixo. E ela não estava preparada para perder todos seus sonhos assim, por puro descuido.

Ela ainda não havia feito o teste, nem de sangue e nem o da farmácia. E nem saberia dizer se algum dia teria coragem, até as evidencias começassem a surgir. Estava com muito medo de dar positivo e por isso fez os pais e Corine prometerem a ela que não diriam nada daquilo a ninguém, até que ela tivesse certeza do que fazer.

Não diria nada nem mesmo a Bradley ou a Margo.

Isso seria um segredo seu, pelo menos por enquanto.

Alison chorava todas as noites sozinha em seu quarto, imaginando que tipo de garantia para o futuro ela poderia oferecer ao seu bebê, caso estivesse mesmo gravida. Não era assim que ela imaginava que seria, apesar de ter sido sempre louca pela ideia de ser mãe.

Para acabar com tal tormento ela poderia simplesmente fazer o teste e acabar logo com todas essas dúvidas, mas lhe faltava coragem. E também, o que Bradley pensaria de tudo isso? E se ele ficasse tão assustado com a ideia de ser pai com pouco menos de um mês de namoro que preferisse não assumir essa criança? E se ela perdesse o emprego ou a vaga na faculdade quando não pudesse fazer mais nada por causa do peso da barriga? E se com a falta de dinheiro ela perdesse o apartamento e tivesse que vender tudo, inclusive doar Gael? Ela não queria ter que ser uma mãe solteira, sem nada, vivendo na casa dos pais.

Tais ideias a assustavam e tudo que ela poderia fazer era chorar até pegar no sono.

Seu namoro com Bradley que estava indo muito bem, agora com esse pequeno segredo estava passando por dificuldades. Já que com medo que ele percebesse, ela preferia ficar distante.

E mesmo que não fizesse o teste, uma hora ou outra sua barriga iria começar a crescer e os sinais ficaram mais visíveis, além de todos os enjoos, como os de Corine, e ela teria que se preocupar de verdade com as coisas do bebê. Afinal, nem se passava por sua cabeça a ideia de tira-lo fora. Mata-lo. Isso nunca. Ela preferiria aguentar todas as consequências de seu descuido a ter que tirar essa criança.

Alison estava disposta a assumir a responsabilidade.

Os enjoos não eram tão frequentes, assim, em alguns dias mais que outros, ela conseguia viver sua vida normalmente sem parar para pensar muito nisso. E conseguia ser feliz.

Já em outros momentos, em dias mais difíceis, quando tudo parecia estar dando errado, ela se via chorando atoa por qualquer bobagem e por fim conseguia sorrir, animada com a ideia de ter um bebê seu. E pensava na possibilidade dos nomes, fazia infinitas pesquisas na internet, imaginava as roupinhas, a decoração do quarto etc.

Mas tentava não se iludir tanto, por mais improvável que fosse por ser sempre tão sonhadora. Afinal, podia dar negativo também

Aquela noite de terça-feira, Alison estava saindo do trabalho sem a companhia de Margo. Já que essa preferiu ir direto para a casa do namorado, o Dylan. Antes de ir até o carro estacionado do outro lado da rua, Alison resolveu passar em uma sorveteria. Fazia calor.

E encontrou-se com Lucy por acaso.

— Alison! Como vai você? – Lucy a abraçou antes que tivesse tempo de responder. A morena estava acompanhada por um rapaz alto. — É impressão minha ou você está mais cheinha?

Alison riu sem jeito. Era a última coisa que gostaria de ouvir.

— Antes que eu me esqueça: Alison este aqui é o Riley Being. – Lucy apresentou o homem de cachos ao seu lado. — Meu noivo.

Alison mal pode esconder a grande surpresa.

— É, o tempo voa. Faz quase dois meses que estamos juntos e felizes. – Lucy disse sorrindo ao perceber a expressão de espanto de Alison. — Eu e o David não estávamos mesmo dando certo. A gente se gostava, mas não era o suficiente. – ela virou-se para o tal de Riley, pegando sua mão. — Vamos querido?

— Vamos. – ele finalmente abriu a boca, sorrindo também enquanto segurava a mão dela de volta. Ele é bem bonito, pensou Alison consigo mesma. — Foi um prazer te conhecer, Alison.

— O prazer foi todo meu.

Antes de comprar seu sorvete, Alison se despediu do casal. Já em casa acarinhando os pelos do Gael, ela fez alguns cálculos mentalmente e chegou a uma única conclusão: quando ela e David ficaram juntos, ele a Lucy já não estavam mais namorando. O que era um bom sinal, já que ele foi totalmente leal, diferentemente dela.

Pensando em David, Alison lembrou-se também que esteve com ele aquela noite. Quase se esquecera disso. Um pouco mais de um mês. O que para seu total desespero poderia significar que David também poderia ser o pai do seu filho.

Isso se ela estivesse mesmo gravida.

Mas que não deixa de ser uma ideia terrivelmente assustadora.

≈≈≈

Alison fazia de tudo para manter os olhos abertos durante a aula de Teoria do Urbanismo aquela manhã na faculdade. Mas seus olhos insistiam em se fechar... Tudo muito lentamente... Alison se deu por vencida, soltando um longo bocejo, ela colocou os braços sobre a mesa, apoiou a cabeça e.... Se rendeu ao sono. Dormiu durante toda a aula.

Acabou acordando apenas quando o professor a cutucou, muito sem jeito Alison se desculpou diversas vezes, embaraçada pegou suas coisas no chão e saiu da sala de aula às pressas, recoberta de vergonha.

Ela mal podia se reconhecer.

No intervalo sentou-se com Margo na cantina, enquanto tomava café e escutava a amiga tagarelava sobre seus planos para o final de semana ao lado de Dylan. Por um instante, Alison não conseguiu ouvir mais nada do que Margo dizia, estava suando frio e abaixou a cabeça fechando os olhos. Estava com muito enjoo. Enjoo daquele terrível cheiro de hambúrguer por todos os lados.

Alison correu até o banheiro mais próximo com a mão na boca.

Margo, muito assustada, correu atrás.

No banheiro, Alison colocou tudo pra fora.

— Alison, você não está nada bem amiga. – Margo parece indignada, segurando os cabelos da ruiva para que ela possa lavar melhor o rosto. — Você está estranha ultimamente. Já foi ao médico?

— O que eu preciso agora é ir pra casa. – Alison apoia a cabeça nas mãos. Os sinais de uma possível gravides estão tão... Óbvios. — Me leva pra casa, Margo? Por favor. Não estou bem.

Em seu apartamento, Margo ajuda Alison a deitar, fecha a cortina da janela e vai até a cozinha prepara-lhe um chá.

Quando volta ao quarto de Alison com uma xícara quente, fita a amiga com preocupação enquanto segura firme a sua mão.

— Eu preciso te contar uma coisa. – Alison finalmente diz alguma coisa, com o rosto muito pálido e a boca seca. — Mas por favor, não conte isso ao Bradley ainda. É um segredo nosso, está bem?

— Claro. Claro! – Margo tira a xícara vazia de suas mãos e coloca ao lado sobre o criado-mudo. — Fala logo! Estou ficando preocupada.

— Margo... – Alison desvia o olhar, apreensiva. Já não aguenta mais ter que esconder esse segredo da melhor amiga. — acho que eu estou gravida! Tudo indica que sim. Mas eu ainda não tenho certeza...

— Gravida? – Margo arregala os olhos, assustada. Mas não demora muito para um sorriso aparecer. Um sorriso largo e cativante. — Meu Deus, Alison, porque você não disse isso antes? Eu vou ser tia!

Alison tentou explicar as coisas, em parte, para Margo. Depois sua amiga foi embora, para que ela pudesse descansar melhor. Alison nunca vira Margo tão animada e empolgada. Quase saltitante. E isso era um bom sinal. Um ótimo sinal. Sorrindo ela adormeceu.

Adormeceu pelo resto do dia.

Alison só acordou com alguém batendo a porta. Ela calçou os chinelos, acendeu as luzes da casa e foi ver quem era. Quando abriu a porta deparou-se com a última pessoa que esperava ver.

— Eu posso entrar? – ele perguntou sorrindo levemente. David parecia um estranho. Na verdade, os dois agiam como dois estranhos.

Nada mais era como antes.

Alison o convidou para entrar e os dois sentaram-se no sofá.

— Olha, não se preocupa. Vou ser muito breve. – ele suspira, olhando fixamente para ela de uma maneira encantadora. — Eu sei que você pediu para que eu sumisse da sua vida depois daquela noite e que desejou nunca mais ver. Eu sei. Eu errei muito com você, Ali. Mas eu precisava vir até aqui me despedir de você antes de partir.

— Partir? – ela estava evidentemente desconcertada. Sim, naquela noite falou muitas coisas da qual se arrepende nesse momento. Mas eles sempre se desentediam, mas também, sempre davam um jeito depois e concertavam tudo. — David, você não pode ir embora.

— Nada do que você me diga agora vai mudar a minha decisão. – ele procurou pela mão dela. Alison tinha lágrimas nos olhos. — Eu não posso continuar aqui te machucando tanto sem conseguir evitar isso. Você estava certa... Eu transformei você em uma pessoa da qual não deveria se orgulhar. Você não era assim: mentirosa, injusta, desonesta... E tudo isso é tudo culpa minha! Eu não sei o que há comigo, mas tudo que eu toco, absolutamente tudo, se danifica.

— David...

— Alison – ele não permitiu que ela interrompe-se. Ele havia ensaiando tais palavras por dias. — não torne isso ainda mais difícil. Nós dois sabemos que será o melhor para nós dois, me manter distante por muito, muito, tempo. Eu quero que você seja feliz com o Brad ou um homem que te mereça. Eu não quero ser um empecilho entre vocês. Uma pedra no seu caminho. Eu só quero que você seja feliz.

— David, você não pode decidir isso por nós dois....

— Eu estou indo embora. – ele levantou-se, pronto. — Estou indo embora de vez. Não pretendo mais voltar. Por favor, entenda. – ele segura a mão dela para que ela possa levantar também. — Te conhecer foi a melhor coisa que já me aconteceu, disso eu não tenho duvida. É difícil partir assim, mas eu não suporto mais ficar aqui estragando tudo que vem pela frente. – emocionado, David ainda consegue sorrir. — Vem cá, me dê um último abraço.

Alison chora, apertando seu corpo ao dele.

Já morrendo de saudade.

— Alison! – Margo entra em disparada, interrompendo aquele precioso momento. Os dois se afastam rapidamente. — A insuportável da Corine acaba de me ligar. Ela também está preocupada com você! E nós concordamos em pelos uma coisa: você precisa fazer o teste para saber se...

Margo recupera o fôlego, por ter falado tão rapidamente. Então ela se dá conta de que Alison não está sozinha. E que ela falou mais do que deveria sem nem pensar antes. Acaba de cometer um grande erro.

— Ah. Oi, Dave. – ela tenta sorrir, envergonhada.

— Teste? Que teste?

David a ignora, voltando-se para Alison.

Ele parece... Nervoso.

— Eu vou indo. Vocês precisam conversar.

Eles nem escutam ela indo embora.

Alison desaba, voltando a se sentar no sofá.

— Alison, você ainda não respondeu a minha pergunta. – David olha para ela fixamente, ainda de pé. Os olhos escuros recobertos por fúria. — Que teste é esse? Eu posso saber?

— David, vai embora. – Alison não consegue olhar para ele de volta. Ela tenta conter as lágrimas agora não só de tristeza, mas também de raiva. — Isso não é da sua conta. Vai embora. Agora!

— Não. Você não pode estar falando sério! – ele ri sem humor, balançando a cabeça negativamente. Inconformado. David começa a andar um lado para o outro no meio da sala. — Alison, não pode ser o que eu estou pensando. Eu não sou burro, cacete! – ele grita com ela, passando a mão no rosto nervosamente. — Que teste é esse?

— Eu estou grávida! – grita ela de volta, pausadamente. É como um tiro no coração dele. Alison já está chorando para valer agora.

Imóvel David olha pra ela por um momento. Não consegue reconhecer essa mulher já em pé, parada, em sua frente.

— Quer saber? Pra mim chega. Definitivamente acabou. – essas são últimas palavras. David tenta segurar as lágrimas, com a mandíbula travada. Suas mãos tremem. — Antes eu até poderia cogitar a possibilidade de ficar, para tentarmos outra vez, de outro jeito. Mas agora não. Agora eu já não tenho mais motivos para ficar aqui. Você está grávida, Alison! – ele praticamente cospe as palavras no rosto dela. Alison sente-se pequena. — Você grávida de um homem que não sou eu.

Ele chega bem próximo dela, a raiva percorrendo as veias do corpo. Os dois respiram o mesmo ar pesado. Com o rosto a poucos centímetros do dela, Alison consegue sentir seu hálito fresco dizer:

Adeus, Alison.


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Notas finais do capítulo

Eu estava meio sem ideias ultimamente. Mas então, de repente, na minha cabeça veio isso. Eu achei uma ideia interessante. Apesar de maluca e meio assustadora. Sei que vocês vão pensar o mesmo. Mas é bom que seja assim... Algo inusitado. Então, comentem. Por favor.