You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 7
The one with the stupid feelings


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeeente, me desculpe pela demora :v Mas eu avisei que poderia demorar um pouco, por causa das provas e tal. Boa notícia: elas acabaram hoje e eu vou poder ficar postando até as cinco da manhã se eu quiser :3
Enfim, esse capítulo tem narração da Clary e do Jace (sim, as duas no mesmo cap.), então aproveitem o/ Tá meio grandinho também, mas eu acho que vocês gostam, né?
Mais uma vez, me desculpem pela demora, pretendo garantir que não aconteça de novo ;)
Boa leitura!



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Clary Fray

Em Vermont, eu costumava ouvir Heavy Rock quando decidia que precisava dar um basta na rotina cansativa que se arrastava em uma velocidade similar à de uma lesma. Nos dias amenos de primavera eu costumava ir para o bosque perto de casa que servia como meu jardim particular, levando apenas meu caderno de desenho, lápis, borracha, lápis de cor e ipod na minha amada bolsa de tralhas. Eu me sentava em frente à cachoeira e observava a água seguir seu curso ruidoso contra as pedras, penetrando na floresta mais densa à frente. Tudo isso enquanto escutava AC/ DC, Guns N' Roses ou algo parecido, balançando os pés descalços em sincronia com o som da guitarra.

Já em Nova York, eu me peguei escutando blues para aliviar a tensão sobre os meus ombros. Era a tarde de uma sexta-feira, quase cinco horas. Eu estava sentada no chão do quarto, os fones de ouvido soando a música Two Fingers, do Jake Bugg, enquanto eu tentava desvendar o segredo místico da equação que me encarava do livro de Geometria. Não era bom quando as letras começavam a se misturar com os números. Eu já estava exausta de tanto tentar procurar o valor de x para aquelas figuras quando alguém, de repente, puxou um dos meus fones.

Levantei os olhos, assustada, para encarar Sebastian. Ele me olhava com a típica expressão calma que beirava o tédio. Ignorando a parte de mim que estava curiosa para saber o que ele queria, eu resmunguei:

— Acho que vou arrancar essa porta. Afinal, ninguém bate mesmo. Onde estão os respeitadores do simbolismo? E, além do mais, isso — apontei para os meus fones de ouvido — significa que eu não quero falar com ninguém.

Eram agradáveis os momentos em que eu brigava com Sebastian. Sentia que ele realmente era meu irmão, e não um estranho que havia aparecido rondando pela minha casa alguns anos atrás.

Ele revirou os olhos.

— Então eu vou dizer para os seus amigos lá embaixo que você quer ficar sozinha — declarou, começando a se virar.

Arregalei os olhos imediatamente. Amigos. Eu não tinha nenhum amigo além de Jordan e Maia (pelo menos, não amigos que me visitariam em uma tarde de nevasca como aquela), então, aquilo queria dizer que...

Me levantei em um pulo, largando tudo — ipod, livro, caderno, lápis, calculadora e etc — com um baque pelo chão. Empurrei Sebastian para o lado antes que ele chegasse a porta e corri para fora. As três escadarias que eu tinha que percorrer até o hall de entrada — quase sessenta degraus no total — pareciam infinitas enquanto eu me esforçava para não tropeçar sobre os meus próprios pés ao correr.

Como eu esperava, Jordan e Maia estavam parados no hall, ambos pálidos por causa do frio. Eles estavam envolvidos em uma conversa enquanto olhavam em volta no andar amplo, provavelmente se perguntando como minha mãe havia achado aquele buraco. Eu me fazia aquela pergunta havia três semanas.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntei, me lançando em um abraço sobre Maia, que retribuiu com uma risada sonora. — Pensei que só viriam amanhã!

Me desvencilhei dela e sorri para os dois. Não percebera, mas estivera morrendo de falta deles. Minha cabeça estava em outro tópico naqueles dias, um tópico muito mais encabulador e certamente muito mais loiro.

— Nós também pensamos — falou Jordan. — Mas a escola terminou as aulas na quarta, então viemos logo. Considere isso como uma surpresa.

— Ótimo — meu sorriso se alargou. — Vamos subir!

Já no apartamento, eles, com toda a familiaridade dos meus melhores e únicos amigos, jogaram as duas malas que carregavam no centro da sala e pularam sobre o sofá. Pareciam exaustos, mas não o suficiente para me deixarem sem perguntas. Quem começou foi Maia, o rosto apoiado sobre o punho enquanto ela debruçava-se no sofá:

— Como é viver na cidade que nunca dorme?

— Bem, eu não sei — respondi, dando de ombros. — A escola não me deixou viver ainda. Tudo no que eu consigo pensar é nos estudos — e nele, acrescentei mentalmente.

Jordan bufou.

— Mas com certeza tem alguma coisa de diferente — refletiu. — O que é?

Pensei um pouco. Havia preparado uma lista do que era diferente entre a Nova Inglaterra e a cidade de Nova York, mas os tópicos haviam fugido de mim naquele momento.

— Eu tenho que fechar a janela do quarto, porque senão a fumaça da fábrica na esquina me mata sufocada enquanto durmo — contei, e era verdade. — Os táxis só param se você parecer ameaçador o suficiente ou ter alguma arma de fogo aparecendo. Você precisa brigar com as pessoas por uma vaga na lavanderia, e isso envolve tapas e socos também. Ah, e ninguém tem educação.

Houve silêncio durante um momento e, três segundos depois, nós três gargalhamos. Aquilo tudo era verdade, mas nós poderíamos rir porque não éramos realmente de Nova York.

Eles me lançaram mais perguntas que, felizmente, eram apenas sobre Nova York e não sobre a minha situação ali. Foi assim até que a porta do apartamento se abriu e minha mãe, com os olhos brilhando de felicidade, entrou. Ela segurava uma caixa de papelão que tinha telas e aquarelas coloridas dentro. Quando viu Maia e Jordan, abriu um pequeno sorrisinho.

— Chegaram mais cedo, crianças — comentou num tom anormalmente casual. — Como vão?

Franzi a testa. Imaginei que minha mãe ficaria brava ao ver que as visitas haviam chegado mais cedo, já que ela odeia visitas e tudo o mais. Mas Jocelyn parecia feliz. Ignorei a parte de mim que estranhava aquelas atitudes, porque naquele momento uma ideia surgiu na minha mente.

— Mãe, você parece tão feliz — comentei, num tom cheio de intenções. — O que acha de nos deixar passear por Nova York?

Ela deu de ombros ao colocar a caixa que carregava num canto da sala, ainda sorrindo.

— Por que não? — Virou-se para mim, seu olhar completamente distraído. — Contanto que não volte grávida, drogada, bêbada, fugindo das autoridades e que esteja em casa antes das oito, você pode ir.

Jace Herondale

— Eu estou indo para o Java Jones! — Gritei enquanto colocava a jaqueta sobre os ombros. — Volto bem depois das dez.

Will apareceu ao meu lado de repente, como sempre fazia: num segundo ele não estava lá, já no outro sim. Me olhou com uma expressão desconfiada, o queixo apontando para cima em total descrença.

— E o que realmente me garante que eu te encontrarei lá se caso estiver te procurando? — Perguntou, levantando uma sobrancelhas escura. — Sabe, apenas por curiosidade.

Fingi pensar por um instante inteiro, evitando sorrir, e depois dei de ombros. Abri o sorriso inevitável e ergui as sobrancelhas.

— Nada — respondi com um tom meio sincero e meio sarcástico.

Sua expressão de autoridade se desmanchou em algo que parecia derrota ou impaciência. Imaginei se ele estava tão cansado de lidar comigo quanto aparentava ou se sequer ligava para onde eu estava. Eu não poderia culpá-lo. Will muito mal havia abandonado seu espírito infantil. Ambos estaríamos perdidos se não fosse por Tessa para botar ordem naquela baderna que chamávamos de casa.

— Bem, que seja — ele gesticulou com as mãos. — Contanto que não cometa nenhum crime grave, acho que está tudo bem.

— Concordo plenamente, mas não posso garantir nada — balancei a cabeça e estiquei o braço para pegar as chaves pretas penduradas num chaveiro ao lado da porta da frente. — E eu vou com o seu carro.

Ele estava prestes a dizer alguma coisa, mas eu não escutei. Abri a porta, saí e fechei-a atrás de mim antes que Will sequer pudesse produzir algum som. Me apressei para a garagem, tentando não ligar para a neve que queimava meu rosto onde os flocos caíam. Enxuguei a água gelada com a manga da jaqueta antes de entrar no carro e dar partida.

Estava frio demais. Liguei o aquecedor do carro no máximo enquanto percorria calmamente as ruas semicongeladas, passando pela Quinta Avenida com tanta facilidade que eu até me assustei. Geralmente, numa época do ano como aquela, as pistas estariam lotadas. Mas não estavam, felizmente.

Cheguei ao Java Jones quinze minutos depois. O lugar era baseado num prédio de apenas um andar longo, com uma entrada para um beco ao lado. As portas duplas, quando abertas, esbanjavam para a rua um cheiro agradável de café preto açucarado, misturado com o barulho de pessoas conversando calmamente e música amadora. Era tão familiar para mim que eu quase não reparava na complexidade do lugar.

Depois de estacionar o carro, corri para dentro, tentando evitar a neve que caía como em uma avalanche. Eu realmente precisava me distrair. Havia uma coisa preenchendo meus pensamentos nos últimos dias, e eu não conseguia simplesmente admitir que estava me rendendo tão facilmente àquilo que havia jurado repugnar. Nas últimas três semanas, eu havia passado horas a fio na biblioteca sem sequer tocar um livro, apenas sentado na poltrona, encarando o nada e imaginando os mesmos os olhos verdes, as mesmas sardas...

Balancei a cabeça. Eu não poderia pensar naquilo. Havia ido ali para me distrair, certo?

Fui na direção de uma das mesas e me sentei pesadamente. Pedi um copo de café a um garçom e esperei. Passaram-se três minutos antes que eu finalmente o estivesse bebendo. Fiquei em silêncio durante um tempo, apenas tentando manter os pensamentos longe da minha mente, até que ouvi o barulho de pessoas entrando. Ergui os olhos por pura curiosidade e quase não pude acreditar no meu próprio azar.

Conversando com dois outros adolescentes, estava ela. Clary Fray, havia dito. Pisquei os olhos e suspirei, inclinando-me para frente a fim de evitar que ela me visse enquanto se sentava numa das mesas ao longe com seus amigos. Não que eu quisesse realmente me esconder dela. Eu estava mais interessado em me esconder do que achava que sentia.

Mas foi inútil. Apenas alguns segundos depois, seu olhar curioso parou sobre mim. Fiquei sem ação por um momento, imaginando o que fazer numa situação daquelas, quando ela abriu um pequeno sorriso adorável e acenou. Pisquei várias vezes antes de me dar conta de que ela esperava que eu retribuísse e sorri também, balançando a cabeça em um aceno rápido.

Desviei o olhar o mais rápido que pude e, bebendo rapidamente meu café, larguei alguns dólares sobre a mesa, deixando uma generosa gorjeta para o garçom. Me levantei, tentando ser o mais sutil possível, mas podia sentir o olhar confuso dela sobre mim. Ignorei isso e saí, praguejando comigo mesmo. Eu era um idiota. Um terrível idiota. Idiota. Sempre que eu me virava tentando esquecer, lá estava ela, mesmo que não em sua presença física: Clary Fray estava em todos os meus pensamentos, e eu odiava isso.


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Notas finais do capítulo

Java Jones :3 Sei lá por que, mas eu amo esse lugar. Encaixa sempre tão perfeitamente nas minhas fanfics sobre TMI.
Me desculpem se estiver meio sem-graça, mas é que eu dediquei um capítulo inteiro pra Clary dizer que estava com uma paixonite aguda pelo Jace, que eu tive que fazer o mesmo por ele c; Mas acho que ficou legal, né? Espero que sim.
Mandem reviews! Prometo que posto o próximo capítulo amanhã lá pelo meio-dia se vocês colaborarem :3 Beijos, lindos, e até mais!