You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 4
The one with the golden eyes


Notas iniciais do capítulo

Hello, Shadowhunters o/ Como vocês tão? Espero que bem. Não tenho muito a dizer aqui. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505204/chapter/4

Clary Fray

No quarto tempo, eu já estava completamente exausta. Aquele colégio exigia cada pedaço de felicidade do meu ser, exatamente como um Dementador, só que mais lenta e dolorosamente. O Sr. Helsing, professor de História Mundial, parecia ter um interesse especial em torturar novatos, porque me fez listar os principais acontecimentos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial em ordem cronológica. Esse foi meu terceiro tempo, apenas. O quarto era de Geometria, e a sala estava terrivelmente vazia, apenas umas sete carteiras ocupadas. Pelo jeito não era uma matéria muito famosa, mas era mais fácil do que Trigonometria, então eu resolvi entrar na classe.

Fiquei surpresa ao ver o cara em que eu havia esbarrado no corredor sentado na última fileira, mas não tinha certeza do por quê. Apenas por precaução, tentei lembrar o nome dele, mas, depois de tanta tortura o dia inteiro, tudo o que eu consegui pensar foi que começava com S.

Sentei-me numa das carteiras numerosas vazias e abri o livro de Matemática, tentando evitar o tal cara cujo nome começava com S, embora ele parecesse legal por trás daquele corte de cabelo nada favorável e os óculos. É, eu tentei.

— Hey, você de novo — ele falou, esticando-se para ficar mais próximo.

— Oi — sorri.

— Clary, não é mesmo?

Assenti, temendo o desvio daquela conversa. Não me faça dizer seu nome, eu imploro. Eu era péssima com nomes de qualquer modo, mas ele poderia ficar ofendido.

— Como vai o seu primeiro dia? — Ele prosseguiu.

Finalmente me virando para olhar para ele, percebi que seus olhos eram muito escuros por trás das lentes grossas dos óculos. Eram do tom de castanho mais escuro possível, mas se pareciam com preto. Não me lembrava de ter visto algum tipo de castanho tão bonito antes.

Percebendo que estava o encarando, balancei a cabeça e desviei o olhar.

— As aulas sugaram minha felicidade — resmunguei, no mesmo momento que a professora colocava um conjunto de ângulos no quadro. — Acho que os professores são Dementadores disfarçados.

— Eu não acho — levantou as sobrancelhas. — Tenho certeza.

Ri baixo, porque a professora havia começado a lançar olhares ameaçadores para nós. Ficamos quietos desde então. A aula era mais difícil do que eu pensava: ângulos congruentes, ângulos colaterais internos, ângulos colaterais externos... Só de pensar em decorar tudo aquilo, minha cabeça doía.

Quando o sinal do almoço tocou, eu quase gritei de felicidade, embora o refeitório daquela escola pudesse ser assustador. Segundo os filmes que giravam em torno da cidade de Nova York, havia mesas para cada grupo naquele colégio: líderes de torcida e atletas, dançarinos, nerds, atores. E eu não fazia parte de nenhum desses lugares. Eu teria que me sentar no chão?

Foi então que percebi que S — eu teria mesmo que perguntar o nome dele? — estava me acompanhando. Fiquei aliviada e assustada ao mesmo tempo. Não costumava ter a companhia de pessoas semi-desconhecidas.

— Você é vegetariana? — Ele perguntou, e eu balancei a cabeça negativamente. — Bom pra você, porque eu sou e tenho que comer a salada com gosto de papel desse lugar. Mas boa sorte na digestão, segunda-feira é dia do bolo de carne.

Fiz uma careta, mas não falei nada. Enquanto caminhávamos, peguei de vislumbre Sebastian nos encarando. Fiquei imaginando se aquilo era algo parecido com o caso de um irmão mais velho protegendo sua irmã, e fiquei surpresa.

— Ouvi dizer que você tem um irmão — o garoto capturou minha atenção novamente.

— É — respondi. — Sebastian Morgenstern.

— Sobrenome legal — comentou.

— É, ele tem sorte. Eu fiquei com o sobrenome de solteira da minha mãe, porque eu nasci quando meus pais já estavam separados. Sou Clary Fray.

— História interessante.

Não era uma história interessante, e sim esquisita, mas eu não insisti no assunto, porque havíamos chegado ao refeitório. O lugar era amplo e cheirava a fritura, o que me causou ânsias de vômito imediatamente. Eu caminhei ao lado do garoto alto e estranhamente bonito durante alguns segundos antes que alguém gritasse na nossa direção:

— Simon Lewis!

Ah, o nome dele é Simon. Agradeci mentalmente por qualquer que tivesse sido a pessoa que gritara aquilo e me virei ao mesmo tempo que ele para olhar. A origem do som era incrivelmente magnífica, com cabelos negros longos e um vestido cinza tão curto que deixava suas coxas praticamente inteiras de fora. Simon pareceu com medo ao vê-la, e fez uma careta.

— Você já terminou meu trabalho sobre a Guerra Civil? — Ela perguntou ao se aproximar.

Simon balançou a cabeça mecanicamente, indicando que não.

— Você sabe que é para amanhã, certo? — A garota estreitou os olhos escuros.

— Isabelle, eu... — Simon gaguejou. — Prometo que te entrego amanhã antes do primeiro tempo.

A garota, parecendo satisfeita, sorriu.

— Ótimo — ela se aproximou mais dele. — Sabe o que vai acontecer com o seu lindo pescocinho se você não fizer essa merda de trabalho, certo, Lewis?

Até mesmo eu fiquei com medo. Simon assentiu rapidamente e, em menos de cinco segundos, a garota já havia ido embora. Percebi que ela estava sentada na mesma mesa do meu companheiro da aula de Inglês, o garoto loiro que parecia um anjo de tão perfeito. Uma parte idiota de mim ficou aborrecida ao perceber que eles deveriam ser namorados, mas eu desviei logo o olhar para Simon, que caminhava na direção de uma mesa cheia de garotos.

Tentei não fazer uma careta. Sério, tentei mesmo. Mas, de todos ali, Simon era o único que não tinha a aparência... Bem, ele era o único que não despertava algum tipo de repugnância no meu estômago.

— Clary, esses são meus amigos — ele apresentou. — Pessoal, essa é a Clary.

Acenei, mas eles pareciam surpresos demais para mover um músculo. Quando um deles finalmente falou — um garoto loiro e quase tão alto quanto eu era —, eu já estava cansada de tanto ser encarada:

— Você trouxe uma garota — ele se dirigiu a Simon. — Tipo, uma garota de verdade.

— Cale a boca, Eric — Simon resmungou. — Coma o seu bolo de carne, carnívoro idiota.

— Vou pegar alguma coisa pra comer — falei, ansiosa para sair de perto daqueles outros caras.

Levantei-me com pressa na direção da fila, que estava um pouco longa. Tentei ignorar o fato de que aquele bolo de carne parecia vômito marrom, até que, ao olhar para o lado, minha atenção se desviou disso. Atrás de mim na fila, estava o garoto da aula de Inglês, que parecia não ligar muito para o que estava acontecendo ao seu redor. Mordi o lábio e voltei a olhar apenas para a minha bandeja, no mesmo momento em que a fila andava. A servente colocou três colheres cheias da gororoba no meu prato e me entregou uma garrafa com um líquido roxo que quase cheirava como suco de uva.

— Eu não comeria isso se fosse você.

Pisquei ao ouvir a voz conhecida e me virei para olhar o garoto loiro. Ele me encarava com uma expressão séria. A servente estava colocando carne e seu prato.

— Mas você vai comer — apontei para o prato.

— Não, não vou — ele saiu da fila e caminhou para o lado leste do refeitório. Não sei por que, mas o segui.

— Então por que pegou?

Ele sorriu de lado.

— Os alunos daqui são obrigados a pegarem ao menos um prato por dia — explicou, no mesmo tempo que abria uma das lixeiras e despejava todo o conteúdo de seu prato lá dentro. — É uma campanha contra a desidratação, embora eu acredite que ninguém aqui está perto o suficiente da desidratação para ser obrigado a comer. Qual é, pagamos escolas particulares, não falta comida em casa. Além do mais, essa droga de comida vem de Boston. Já deve estar mais do que azedo.

Levantei as sobrancelhas, considerando as opções. Dei de ombros.

— Nesse caso — falei, jogando meu bolo de carne na lixeira também. — Acho que posso sobreviver sem almoço. Obrigada... Pelo aviso.

— De nada — falou, se virando para ir embora como se nunca houvéssemos nos falado.

Suspirei, segurando minha bandeja quase vazia enquanto o observava voltar para a mesa da tal garota, Isabelle. Senti algo murchar dentro de mim, mas ignorei isso e voltei para onde estivera antes, a mesa com Simon e os amigos estranhos dele.

— Onde está sua comida? — Ele perguntou, quando viu que meu prato estava vazio.

— Ela acabou de entrar numa aventura incrível para a trituradora de lixo do colégio — falei, antes de beber um gole do suco.

Eles continuaram uma conversa animada sobre Star Trek, mas eu não conseguia prestar atenção. Por algum motivo, me pagava olhando para a mesa do garoto loiro, cujo nome eu sequer sabia. Tentei não pensar naquilo, mas minha mente parecia muito disposta a lembrar de como ele tinha feições bonitas e angelicais, como os olhos dele eram maravilhosamente dourados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Clace dando seus primeiros indícios... *u*
Então, pessoal, vocês devem estar se perguntando há um tempo por que eu coloco o nome da Clary nos inícios dos capítulos :v Vou responder: É porque terão capítulos que serão narrados por outras personagens, e não por ela :3 Tipo o próximo capítulo, onde o Jace dará o ar da graça com seu P.O.V. magnífico ~ le dancinha idiota porque sim ~

Mandem reviews com a opinião de vocês, ok? Beijinhos, queridos!