You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 21
The one with the provocations


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505204/chapter/21

Clary

— Não é como se eu já não soubesse disso.

E essa foi a reação da minha melhor amiga quando recebeu a notícia de que, pela primeira vez na vida, eu realmente amava um cara. Eu precisava de amigos novos.

— Sério, Maia? — Suspirei, mas não estava verdadeiramente irritada. Às vezes eu simplesmente suspiro. — Você gosta mesmo de atrapalhar momentos, né?

Maia riu. Eu conseguia ouvir o barulho de música ao fundo, e sabia que ela estava na apresentação anual de música vitoriana na escola. A Nova Inglaterra tinha algum tipo de fixação por coisas vitorianas. Imagine viver num Queens sem cores em tons pastéis.

— Eu só disse a verdade — ela replicou. — Não foi você que precisou escutar toda aquela conversa fiada de "Oh, meu Deus, ele é tãããããão lindo.".

— Se me permite, eu escutei um ano de ladainha sua sobre o Jordan — reclamei, mas sorria. Maia tinha aquele dom de me fazer sorrir enquanto reclamava. — E ele nem é tão bonito assim...

— É do meu namorado que você está falando, Fray!

— Eu só disse a verdade, Roberts — imitei-a, girando na cama para ficar de bruços. Minha mãe assistia o noticiário na sala, Sebastian preparava seus famosos omeletes na cozinha. Provavelmente, a única coisa que aquele filhote de cruz-credo fazia direito e com a quantidade certa de tempero. — Olha, acho melhor eu ir agora. Tenho lição de Geometria. Aproveite o seu festival.

— Vai se danar — ela falou alegremente, antes de simplesmente desligar na minha cara.

Abri meu livro de Matemática e rabisquei o nome de Jace na contracapa, só para complementar aquele cenário de garota apaixonada. Quando o jantar ficou pronto, nós nos sentamos à mesa e comemos em silêncio por alguns minutos.

— Como vai a escola, Clary? — Perguntou minha mãe. Sebastian olhou para mim, uma sobrancelha levantada.

— Bem — respondi automaticamente. Não se pode dar mais informações até que o boletim chegue.

— Isso é muito vago — observou Sebastian. Ele estava falando no jantar... Aquilo nunca significava coisa boa. — Não tem uma aula preferida? — Idiota. — Não fez amigos? — Babaca. — Você nunca fala sobre a escola, Clary.

Pude perceber que Jocelyn também encarava Sebastian, surpresa. Mas ela estava com uma expressão de surpresa feliz, o tipo que ela sentia ao ver Sebastian se dirigir abertamente a uma de nós sem uma cara feia ou olhos baixos, como se, secretamente, nos odiasse.

Quanta inocência da parte dela.

— Eu tenho uma aula preferida — sorri do modo menos assassino que eu consegui. Olhei para o garfo que eu segurava. Seria possível matar alguém com ele? — Inglês. — A sobrancelha de Sebastian desceu um pouco. Na verdade, se você tirasse Jace, Inglês não era realmente a melhor das aulas (obviamente, era Artes). Mas foi ótimo ver a expressão de Sebastian. — E eu tenho amigos, certo? Isabelle e Simon, por exemplo. Já você...

Ele abriu e fechou a boca.

— Fez muitos amigos, Sebastian? — Continuou Jocelyn. Ela estava bancando a mão preocupada. Aquilo cheirava anormalmente.

Ele sabia que uma resposta negativa seria questionada. Levou um tempo para bolar uma resposta e, por um momento, pensei ter visto seu rosto corar.

— Tem uns caras da aula de esgrima — ele deu de ombros. — Eles são legais, mas idiotas.

Comemos em silêncio desde então. Eu e Sebastian ficamos para lavar os pratos. Decidi juntar dinheiro para comprar uma lavadora de louças se isso significasse menos tempo perto do meu irmão sanguinário.

— Gostei de ver, Fray — ele murmurou enquanto enxaguava um prato. Não olhava para mim. — Está melhorando nas mentiras.

— Não eram mentiras — eu o encarei. Seus olhos verdes eram a única característica que compartilhávamos. — Eu não ligo para o que você pensa que sabe, Morgenstern.

Aparentemente, era o dia Internacional de Chamar as Pessoas pelo Sobrenome.

— Tem certeza?

Na verdade, eu não tinha. Sebastian era mesmo meio encapetado.

— Ora, dane-se você — resmunguei. — Aprenda a se meter na sua própria vida.

— Clary, eu já disse que eu me...

— Você se importa comigo? — Completou, apoiando as mãos nos quadris. — Sebastian, não estrague a minha vida só porque a sua é uma merda.

Depois de praticamente jogar o último prato no armário, eu girei e saí da cozinha, o queixo tão levantado e a postura tão reta que chegava a ser ridículo. Imaginei que, se fosse um episódio de Power Rangers, aquela saída seria digna de ter uma explosão às minhas costas.

Sebastian

Na sexta-feira, eu saí cedo o bastante para que não precisasse ver Clary ou Jocelyn. Ainda estava parcialmente escuro, com o céu nublado e os pássaros começando a cantar. A primavera começaria dali alguns dias, e a neve derretida molhando as ruas já evidenciava isso.

Foquei minha atenção em caminhar, só para não precisar desviar os pensamentos em outras coisas. Havia tanta gente agindo como verdadeiros babacas ao meu redor que era difícil ficar perto deles. Eu gostaria de ter um barco só para mim, viajar para o Atlântico, ilhas desertas e tudo mais. Talvez lá eu tivesse algum sossego, só para variar.

Sempre que eu tentava ajeitar as coisas, as pessoas iam contra aquilo. Tentei alertar Clary para ficar longe do Herondale, porque, realmente, pelo o que as pessoas falavam, eu não queria a minha irmã mais nova perto de um cara como aquele. Mas o que ela fez? Me ignorou. E eu, que por algum motivo me importei (talvez a idiotice fosse contagiosa), tive que forçar a barra. Mas, aparentemente isso não adiantou.

E não era só isso. Tinha a garota da aula de esgrima. Eu realmente precisava me livrar dela rapidamente.

Pensei nisso durante a aula de Trigonometria, e na de História da Arte — certo, talvez eu gostasse um pouquinho de artes, mas isso não tem nada a ver com Jocelyn —, até que a esgrima finalmente chegou. Mas, na verdade, eu não pensei em nada eficaz para resolver o meu problema. Ignorando meu instintos de me esconder no banheiro masculino (ela não poderia me achar lá), fui para o ginásio.

Ela já estava lá. Estava com o capacete, mas era impossível não notar que se tratava dela: tão alta quanto os garotos, mas infinitamente mais magra e — não leve isso para o lado pessoal da coisa — graciosa. Ela também segurava a espada de um jeito diferente, com o braço totalmente esticado ao lado do corpo, como se estivesse sempre pronta para lutar.

Depois de colocar o uniforme, me sentei na arquibancada, fingindo não notar a presença dela. Mas, infelizmente, ela me notou.

— Veja se não é o meu albino favorito — ela levantou o capacete e estreitou os olhos.

— Eu não sou albino — permaneci olhando para o chão. — E, se eu fosse, isso não seria da sua conta.

Alguém caiu da cama hoje...

Na verdade, eu havia mesmo caído da cama nessa madrugada. Foi por conta de um daqueles sonhos em que você está caindo e, um milésimo de segundo antes da queda, você acorda assustado. Mas ninguém precisava saber disso, muito menos ela.

— Às vezes eu acho que sou um ímã para idiotas — comentei, chutando o chão como se fosse algo importante. — Você não concorda?

Finalmente levantei o olhar. Seelie tinha uma sobrancelha ruiva levantada. Alguns cachos vermelhos vazavam sob o capacete, e ela havia passado delineador ao redor dos olhos azuis.

— Concordo — ela sorriu. — O magnetismo entre nós é mesmo inegável, Sebby — ela se levantou, ainda sorrindo, e começou a se afastar para o seu lugar isolado, enquanto o treinador explicava um novo golpe. Não consegui evitar segui-la com o olhar, e tinha total consciência de que ela sabia disso.

Rangi os dentes. Eu precisava bolar provocações novas. As velhas já estavam ficando inúteis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram do POV do Sebastian? Confesso que eu improvisei essa :3 E a Rainha Seelie? Aquela diva o Apesar de eu ter odiado essa vadia em CoHF, vamos fingir que ela não é uma babaca total.
Não sei se vocês repararam que os olhos do Sebastian são verdes. Quem leu CoHF vai entender :3 [SPOOOILER A SEGUIR] Já que o Sebastian da fic não tem sangue de demônio (pelo menos não muito, porque pelo amor de Raziel, o homem endiabrado esse e.e), ele não tem olhos escuros o Morou? Hahae

Mandem reviews, marujos do meu core. Beijos :*