Harry e...plantas escrita por HamsterC


Capítulo 11
Eu te amo




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Harry conseguia ver as várias viaturas paradas em frente a casa da garota morta. Alguns policiais conversavam entre si, enquanto Lucas observava o corpo de Taila ser levado para dentro da ambulância. Havia um garoto ao seu lado, cabelos escuros e olhos pretos, forte, e no momento falava com Lucas, seus musculosos braços segurando as mãos do garoto. Harry desacelerou seu passo, não queria chegar naquele momento desconfortável. Quem era aquele?

Ele passou por dois policiais que continuavam conversando, pôde ouvir um pouco o que eles falavam. “Ela foi estrupada e estraçalhada logo após” falou um deles. Harry olhou assustado e continuou a andar, Lucas havia o visto, e no mesmo momento pediu ao garoto ao seu lado para que fizesse algo, o garoto olhou para Harry, sorriu, e se despediu de Lucas, deixando-o sozinho ali. Harry aproximou-se, estava procurando algo em sua cabeça, algo para falar.

— O que houve? – perguntou o garoto.

— Apenas – Lucas levou seu olhar para tudo ao seu redor. — Isso – falou ele, estava prendendo suas lágrimas. — E-Eu, sinceramente, não sei mais o que dizer. Eu e ela, nós, nós havíamos saído ainda hoje… – Lucas olhou tristemente para Harry.

— Tá tudo bem – Harry olhou o seu redor, não queria conversar com ele ali, em meio a polícias e seus carros com as sirenes ligadas. — Hey! – chamou ele, um dos policiais andou até ele.

— O que quer, garoto?

— Ele está liberado? – perguntou Harry, referindo-se a Lucas.

— Ah, sim, sim, já confirmaram que ele não tem nada a ver com o acontecido, podem ir – o policial sorriu e retirou-se.

— Vamos voltar para a sua casa, tudo bem? – Harry segurou a cabeça de Lucas com as duas mãos, aproximando o rosto do garoto do seu, o maior não parava de chorar, Harry fechou seus olhos e encostou sua testa na de Lucas. — Eu quero conversar com você.

—-----------o-----------

— Me diga, Madeleine, o que Tássio fez com você? – perguntou Vívia, a mulher estava nervosa, percebia que não estava sozinha com a mulher naquela casa.

— Nada, Vívia, ele não fez nada.

— Eu sei que aconteceu algo, por isso você se mudou para cá. Eu sei que ele fez algo.

— Você fez algo Vívia! Ele me disse. Ele me disse que você é uma assassina, matou o próprio marido e ainda o colocou no meio da rua, apenas para ter o dinheiro dele! Apenas para ficar com Harry – o tom de Madeleine era de raiva e tristeza ao mesmo tempo, Tássio havia lhe contado mentiras.

— Não, não foi isso – Vívia limpou uma lágrima que insistiu em sair e segurou as outras. — Eu conto a verdade para você se você me contar o por que de ter vindo para cá. Tudo bem? – a mulher concordou e começou a escutar a história de Vívia. — Eu e Tássio nos conhecemos do nada em um supermercado enquanto comprava com meu marido. No dia seguinte acabei encontrando-o em frente a minha casa, sua bicicleta havia quebrado e eu acabei levando-o para dentro. Foi aí que tudo começou. Comecei a frequentar a casa dele enquanto meu marido estava fora. Ficar grávida de Johnny foi o maior erro de minha vida, e eu percebi isso. Tentei me separar de Tássio, mas ele começou a pedir por dinheiro e mais dinheiro. Tudo estava piorando, mas tudo desabou quando Rafael descobriu sobre Tássio e Johnny. Levar Johnny para Tássio foi a primeira coisa a ser feita, depois fora o divórcio. Tentei impedir com que ele continuasse com a ideia de nos divorciamos, mas não serviu de nada. Harry ficaria com ele e todo o seu dinheiro.

Vívia começara a chorar.

— Tássio disse que mataria Rafael para que Harry ficasse comigo, assim nós dois teríamos todo o dinheiro de meu marido, estaríamos ricos, mas eu não queria que ele morresse, afinal, e-eu o amava. Tássio estava bêbado quando entrou na minha casa sem mais nem menos, procurava por Rafael, que estava no quarto arrumando as malas, assustada eu peguei uma faca em minha cozinha e corri para impedir a tragédia, quando cheguei, ele, ele…

A mulher desabou e quase não conseguira continuar.

— E-Ele estava deitado, na cama. Todo, todo aquele sangue – ela enxugava as lágrimas, mas mais vinham. — Eu ataquei Tássio ao ver que ele estava tirando o corpo de Rafael dali, puxando-o pelas pernas, consegui entregá-lo uma cicatriz em suas costas, mas eu desmaiei e quando vi estava tudo limpo, colcha, travesseiro, o chão, a faca, o corpo, haviam todos desaparecidos. Não consegui dormir, e, na manhã do dia seguinte, os policiais chegaram em minha casa dizendo terem encontrado Rafael no meio do asfalto há 70 km de minha casa, seu corpo havia sido atropelado e sua garganta estava cortada.

— Isso é mentira – o indivíduo que sentiu que estava ali enfim aparecera, era Johnny, seu filho.

— Isso é a verdade Johnny.

— Não, isso não é a verdade! Você matou ele! Você matou meu pai! – falou ele, apesar de saber que Tássio era seu pai, ele não o considerava um, havia se apegado a Rafael quando criança.

— Não, Johnny, eu nunca – a mulher respirou. — eu nunca mataria Rafael.

— Mas e as histórias, tudo aquilo que ele contou para mim, ele disse, ele disse… ele disse que você me abominava! Que você havia matado meu pai para conseguir o dinheiro dele! Que nunca quis o coitado do Harry, e que permanecia com ele só por causa da herança, era, era tudo…

— Mentira – disse Vívia, ainda chorando.

— Ok, ok, todos já podem ir embora, certo? Não queremos, eu pelo menos, confusões – Madeleine intrometeu-se.

Vívia secou suas lágrimas e olhou para seu filho, Johnny, que estava sentado no chão, em cima do tapete, chorando, sem acreditar que sua vida inteira, tudo o que lhe motivou fora mentira. Tudo mentiras contadas por seu pai, Tássio.

— O que você está fazendo aqui, filho? – perguntou Vívia, queria entender o por que do garoto estar na casa de Madeleine.

— Bem… – Madeleine intrometeu-se novamente. — Tássio está procurando por ele, atrás de dinheiro, como nós brigamos, e eu vim para cá, Johnny aproveitou que Tássio não sabia onde eu estava morando e veio para minha nova casa.

— Gastar com o que? – perguntou Vívia, mas Johnny ainda estava no tapete, fungando, tentando parar as lágrimas.

— Ele queria ir a um prostíbulo, me levar junto…

— Eu vou ao banheiro, Madeleine – Vívia levantou, ela acabou passando por seu filho, que a ignorou, ainda estava tentando processar e encaixar tudo.

—-----------o-----------

Harry estava no quarto de Lucas. Nunca mais havia entrado naquele lugar. Estava tudo bagunçado, cuecas jogadas para um lado, o guarda-roupa aberto e com roupas caídas no chão, o mouse do computador estava pendurado, havia restos de comida em cima da escrivania, os quadros que ficavam pendurados na parede também estavam no chão. Se perguntou o que houve ali. O que houve com Lucas desde do dia em que fora embora de sua casa com raiva do que sua mãe dissera?

Lucas sentou-se na cama, e Harry, depois de observar o estado do amigo, fechou a porta do quarto, e andou até ele, desviando dos objetos que estavam no chão. Harry sentou-se e se viu em uma situação um pouco constrangedora. O que ele diria? Os dois haviam “brigado” por motivos que eles sabiam quais eram. O apego que um tinha pelo outro. Não falou nada. E ainda tinha de resolver, depois de Lucas, o que ocorrera com Clara, e o caso da garota louca que disse que consertaria tudo. As plantas. Cassie e John. Tentou se esquecer e focar no momento, focar no que diria, no que ele faria. E ele decidiu começar normalmente.

— O que aconteceu aqui?

— Eu transei, transei loucamente – disse Lucas, ainda aparentando estar bêbado.

— Tá bêbado, Lucas? O que houve? Por que você tá assim? - Harry não recebeu resposta, simplesmente ficou no vácuo.

Escutou o silêncio e o choro de Lucas por um momento, mas decidiu com continuar.

— Hei – Harry segurou a cabeça de Lucas, sentindo o cabelo molhado de suor e loiro do garoto em suas mãos. — Você pode me dizer, o que houve?

— E-Eu fodi um cara – disse ele com um sorriso no rosto, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas. — Eu fodi um cara, e, e foi muito bom, e minha amiga. Minha amiga morreu… ela, ela não merecia morrer daquele jeito, não, não merecia – Lucas derramava ainda mais lágrimas, o sorriso de Taila ainda lhe vinha a cabeça.

Harry escutou tudo muito bem, mas por um momento queria não ter escutado. Não queria ter descoberto aquilo. Ele sabia que Lucas chorava pela amiga morta, mas parecia também estar chorando por algo a mais. O algo que ele dissera ter feito. Mas não via motivos para ele lhe contar, e nem chorar por isso. E Harry não gostava de vê-lo chorando, não gostava de ver o amigo alegre e cheio de energia, chorando.

— Hei, hei, está tudo bem, não precisa chorar, não precisa – Harry dessa vez apertava os fios de cabelo que segurava, queria que Lucas escutasse o que dizia, e ele o escutou, de olhos fechados e ainda chorando, mas escutou. Ele se recostou no ombro do amigo, e continuou.

Tudo ficara novamente em silêncio. Até que percebeu que o garoto estava parando de chorar. Lucas segurou a mão de Harry, que ainda estava em sua cabeça, e a apertou. Ele levantou seu rosto, e sem mais, nem menos, beijou o garoto. Beijou Harry, que apesar de entender o garoto, entender o seu amigo, não queria que aquilo estivesse ocorrendo. Ele deixou, deixou que seu amigo continuasse o beijando, deixou que ele segurasse seus cabelos e o deitasse na cama. Lucas tirou a blusa de Harry e a jogou no chão. Harry tampou seus olhos com os braços enquanto Lucas beijava cada parte de sua barriga, de seu peito, de seu pescoço. Lucas agora abaixara as calças de Harry, colocando o volume da cueca em sua boca.

Harry começara a chorar. Ele queria aquilo, queria gostar daquilo, mas ele não conseguia. Lucas tirou a samba-canção de seu amigo, e colocou o membro flácido do garoto em sua boca. Continuou a fazer movimentos de vai e vem, esperando que Harry ficasse excitado. Mas o garoto se colocou sentado, fazendo com que Lucas parasse.

— Não – disse Harry, ainda chorando. — Eu, eu não quero isso – Harry aproximou seu rosto do de Lucas, e novamente beijou o garoto. — Eu te amo, mas eu não quero isso, tudo bem?

Lucas apenas concordou, derramando lágrimas junto do amigo, que dessa vez o abraçava.

— Eu, eu tenho que ir – falou ele, com o rosto apoiado nas costas de Lucas. — Tenho que resolver algumas coisas.

Harry se levantou, primeiramente pegou sua blusa, e logo após pegara sua cueca e calça jogada no chão. Ele vestiu-se e abriu a porta.

— Harry – chamou Lucas.

— O que?

— Eu sou gay. E eu te amo.

Harry sorriu.

— Eu sei.

—-----------o-----------

Vívia voltara do banheiro. Havia lavado seu rosto. Tudo o que ocorrera, fora tudo diferente. Ia até a nova casa de Madeleine, pensando que Tássio estivesse lá, por isso levara a arma, com o intuito de se proteger do homem, mas o homem nem mesmo sabia onde era a nova casa da mulher, e acabara encontrando Johnny, falando a verdade para Madeleine, e para seu Johnny, que nunca soubera do que realmente aconteceu.

Ela voltou a sala, e percebeu que Madeleine parecia um pouco atordoada.

— Vívia! – disse ela, aliviada.

— O-O que houve?

— É Johnny, ele pegou uma arma da sua bolsa, ele pegou ela e saiu no meu carro. Disse que mataria Tássio.

— E-Ele saiu faz muito tempo? - perguntou a mulher, desesperada.

— Não, não muito, ele saiu poucos segundos depois de você ter entrado no banheiro.

— Ok, e-eu, eu estou indo atrás dele.

Vívia pegou sua bolsa, e andou até o carro. Seus passos acelerados, seus pensamentos descontrolados, queria impedir mais outra tragédia. A mulher abriu a porta do carro, pegou as chaves, e ligou o veículo.

—-----------o-----------

Leno segurava o cetro de Susan, o cetro de sua falecida mulher. Quase toda a população de seu reino estava ali, à beira do lago fosforescente. Diferente do que todos pensavam, Leno decidira lutar, impedir que sua população, e que todos os outros reinos vizinhos, fossem destruídos pelas ações estúpidas de um velho idiota, e de raças inferiores de seu mundo.

— Eu estou pronto para ir enfrentar aqueles monstros, e consertar tudo.

O homem começara a andar, a água o cobrindo a cada passo dado. Algumas pequenas plantas cresciam em sua pele, o poder da água estava surtindo efeito. Controlara seus poderes, e continuara a andar. Estava quase lá, estava quase na luz. Parou. A partir dali, não conseguiria mais andar. Leno prendeu o cetro em suas costas com algumas raízes, e mergulhou no lago. Nadou ao infinito, e sentiu estar mais e mais perto. Quando percebeu, já não estava nadando para o fundo, estava nadando para a superfície. Quando abriu seus olhos, estava em um mundo completamente diferente. Sem plantas e árvores em todos os lugares, sem pessoas vestidas adequadamente com folhas e flores, além das raízes, que geralmente cobriam todas as casas de seu reino.

Estava do outro lado do espelho.


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