O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 120
Encontros, despedidas e reencontros


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal!


Segue, antecipadamente, o capítulo desta quinzena. Bom... nem tão adiantado assim, levando em conta o horário da postagem.

Ao final, um aviso.

Boa leitura a todos o/



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Baseando-se nas conclusões de Shikamaru Nara — aquele que, em toda a Vila da Folha, mais havia se debruçado sobre o tema dos Yuurei e seu modus operandi — e nos relatórios da Divisão de Inteligência, Tsunade se pôs a explicar o motivo mais provável pelo qual o ataque ao País do Ferro ocorrera. Ao final da exposição, as reações dos ouvintes foram diversas.

— Tem certeza disso, Tsunade-sama? — perguntou Mujou com seu típico tom comedido.

A Hokage respondeu ao líder do País da Grama com um aceno resoluto de cabeça.

— Um novo Yuurei... — Ay cruzou os braços. — Só me faltava essa.

— Por outro lado, é algo que faz sentido — observou Gaara. — O inimigo já perdeu quatro de seus principais integrantes: Juha Terumi, Ryuumaru, Dairama Senju e, agora...

— Taka Kazekiri — completou Kurotsuchi, sentindo repulsa por apenas pronunciar o nome do último adversário do avô. O que mais doía no coração de Kurotsuchi era o fato de que, não fosse a interferência de outro Yuurei, Taka Kazekiri teria morrido junto com Oonoki naquela batalha. “Aquele cara nunca teria chance contra o Velhote no auge, e mesmo com o Vovô já debilitado, o maldito Yuurei teve muita sorte”, lamentou-se a Quarta Tsuchikage, que logo se virou para a líder do País da Chuva. — Você o torturou, não é mesmo? O Yuurei derrotado pelo Naruto.

Konan fez que sim.

— Então, me diga: ele sofreu... o suficiente?

Os olhos de Kurotsuchi reluziam amargura. Mas para Konan, que já sabia da morte do Terceiro Tsuchikage por meio de Naruto, aquela pergunta não soou nem um pouco inesperada.

— Taka Kazekiri não teve uma morte rápida — respondeu Konan —, nem bonita de se ver.

Ao ouvir aquilo, Kurotsuchi fechou os olhos e assentiu levemente com a cabeça. “Ótimo”, suspirou a Tsuchikage satisfeita, “pelo menos isso.”

— Por isso os Yuurei atentaram contra a Mizukage e contra o Terceiro Tsuchikage-sama — Tsunade explicou. — Primeiro, eles promoveram alguns de seus integrantes para, só então, recrutar novos membros. Ao que tudo indica, os Yuurei pretendem preencher as três vagas ainda em aberto. Para nos anteciparmos, precisamos eliminar todo Nukenin que possa despertar o interesse do inimigo.

— Fala de criminosos listados no Livro Bingo de cada vila, não é? — deduziu o Raikage. — Foragidos que foram classificados como sendo de Rank A e, principalmente, Rank S.

Tsunade assentiu.

— Esses são a prioridade, mas... — e se virou intencionalmente para Mujou — também devemos nos atentar aos criminosos que já capturamos. O Yuurei que foi recrutado do País do Ferro era, muito possivelmente, um prisioneiro de Mifune.

Percebendo o olhar sugestivo que Tsunade lhe dirigia, o governante do País da Grama se limitou a desviar o rosto.

— A senhora já conhece meu pensamento a respeito disso, Tsunade-sama — Mujou juntou as mãos sobre a mesa. — Eu não vou promover uma carnificina. Sinto muito.

— Ei, rapaz, você por um acaso é louco? — perguntou Shimo, que o olhava bem de frente. — Sabe o que vai acontecer se esses Yuurei invadirem o seu presídio?

Entretanto, Mujou não se deixou impressionar por aquela voz desesperada. Ao contrário, com paciência e elegância, serviu-se de uma dose de chá enquanto ignorava totalmente os berros do velho Senhor Feudal.

— Permita-me tranquilizá-lo quanto a isso, Shimo-sama — Mujou falava por entre uma bicada e outra na xícara. — Apesar de ser constrangedor, não vejo qualquer problema em os Yuurei invadirem a Prisão de Sangue.

— Do que está falando? — perguntou Shimo. — Como assim?

— A Prisão de Sangue é famosa por ser inescapável. Embora seja o maior complexo de segurança máxima do mundo e sua segurança quase intransponível, com muito esforço e inteligência, é possível que um intruso ainda consiga entrar — respondeu Mujou. — O problema é sair dela.

Tsunade estreitou os olhos.

— Eu garanto que, uma vez lá dentro, nenhum Yuurei, nem mesmo Mira Uzumaki, pode escapar da Prisão de Sangue — continuou Mujou. — Se tentarem, ficarão presos em um labirinto de rocha protegida por Kekkaijutsu (Técnicas de Barreira), cujos corredores mudam de posição aleatoriamente. Jutsus de espaço-tempo são bloqueados, então coisas como teletransporte e viagens dimensionais não funcionam. Além disso, todas as portas são protegidas por Fuuinjutsu, e as senhas, trocadas a cada quinze minutos todos os dias. E acredito que não precisarei mencionar em qual parte do castelo os prisioneiros mais perigosos são mantidos.

— Você fala com muita certeza no sistema de segurança da sua prisão — disse Mei. — Não acha que está subestimando o inimigo?

Mujou sorriu para a Mizukage.

— Não é isso, senhorita — respondeu Mujou gentilmente. — Eu apenas confio no meu trabalho. Ademais, a Prisão de Sangue não existe apenas para puni-los, mas também para protegê-los e reeducá-los — explicou Mujou. — A prisão-pena não pode ser apenas punitiva; também precisa ser ressocializadora — virou-se para Tsunade —, e é por isso, Tsunade-sama, que não executarei qualquer detento por medo dos Yuurei. Aqueles homens e mulheres também têm direito à proteção e, principalmente, uma segunda chance.

O Senhor Feudal do País da Geada torceu o nariz, desgostoso.

— Você é um tolo idealista — criticou Shimo.

— Talvez, Shimo-sama. Mas como eu disse à bela Mizukage — Mujou olhou novamente para Mei, fazendo-a desviar o olhar, envergonhada —, eu confio no meu trabalho.

Entrementes, Tsunade suspirou irritada. “Ele não percebe que está comprometendo a segurança internacional, caso haja alguém na Prisão de Sangue que interesse aos Yuurei?”, pensou a Hokage, que só poderia tentar persuadir os Chefe de Governo a aplicarem a pena de morte sobre criminosos com potencial de se tornarem Yuurei. No entanto, assim como haviam feito na votação, cada integrante daquela mesa teria seu próprio entendimento. A Vila da Folha, por si só, estava de mãos atadas.

Embora ainda fosse possível enviar um assassino — como Sai ou Sasuke Uchiha — para eliminar alguns alvos, seria um claro atentado à soberania das vilas e países aliados. Desrespeitar a política interna de outro Estado soberano causaria atrito, provocaria desconfiança e, em casos graves, poderia levá-los até mesmo à guerra. Além de ser um completo retrocesso diplomático, seria um caos para todos.

— Obrigado pela advertência, Hokage-sama — disse Gaara. — Eu reunirei o Conselho da Areia assim que retornar. Embora eu seja o Kazekage, não é uma decisão que eu possa tomar de ofício.

— Eu também — falou Ay. — Sem chance que vou deixar aqueles desgraçados recrutarem mais gente.

Tsunade estudou os rostos ao redor. Assim como o Kazekage e o Raikage, Mei e Kurotsuchi também pareciam compartilhar daquele pensamento. E não somente os Cinco Kages, como também os dois Senhores Feudais e Shibuki. No entanto, além de Mujou, Tsukino e Koyuki pareciam desconfortáveis com a ideia de aplicarem a pena de morte apenas por precaução. “Koyuki é uma rainha jovem de um país bem pequeno”, refletiu Tsunade. “Já Tsukino, embora seja uma Kunoichi, cresceu como uma princesa; e o País da Lua não é muito maior que o País da Primavera. Não é de admirar que ambas pensem parecido. Mas, diferentemente de Mujou, elas não têm algo como a Prisão de Sangue.”

A Hokage se virou para o lado direito. A líder do País da Chuva parecia indiferente àquilo tudo. Tinha o mesmo silêncio estoico nos lábios, e olhos que transmitiam, ao mesmo tempo, serenidade e firmeza, como se não temessem nada nem ninguém. Em certo sentido, as semelhanças entre os comportamentos de Konan e de sua aluna, Mira, eram notáveis.

“Provavelmente, ela já se livrou dos principais criminosos do País da Chuva antes de viajar”, concluiu Tsunade, e consultou a pauta que tinha sobre a mesa. Apenas um assunto ainda precisava ser tratado: o mais importante, e pelo qual Tsunade havia convocado todos para estarem ali.

— Antes de terminarmos, gostaria de propor uma forma de nos ajudarmos contra os Yuurei e contra qualquer inimigo futuro — disse Tsunade. — Como já é de conhecimento de todos, as Cinco Grandes Nações formularam a Aliança Shinobi a fim de lutarem juntas na Quarta Grande Guerra Ninja. Contudo, uma vez que a guerra terminou, a Aliança Shinobi perdeu seu propósito de ser. Nós continuamos em paz, e nos consideramos aliados pelas leis internacionais pós-guerra e pela camaradagem de termos lutado e vencido juntos.

Àquela altura, Tsunade tinha a atenção de todos para si; e mesmo os mais reservados, como Konan e Mujou, também demonstravam curiosidade.

— O que proponho, senhores, é a criação de uma organização intergovernamental com o propósito de promover a cooperação internacional entre os países aliados — continuou Tsunade —, não apenas as Cinco Grandes Nações, mas também abarcando os Países Menores. Por meio dela, será possível...

— Eu sabia! — Shimo vociferou. — Pretende nos coagir a participar de uma guerra contra os Yuurei, não é mesmo? Você não está interessada em cooperação internacional, Tsunade. Nunca esteve! O que quer mesmo é dinheiro, suprimentos e soldados.

Visto que mais ninguém havia se manifestado, Tsunade olhou firme para o Senhor Feudal do País da Geada e respondeu:

— Você está certo, Shimo-sama, quando diz que meu desejo é que compartilhemos recursos, caso declaremos guerra contra os Yuurei — disse Tsunade —, mas está errado quando diz que quero coagi-los a lutarem. E muito mais errado quando diz que não estou interessada em cooperação internacional.

— Onde está querendo chegar, Tsunade-sama? — perguntou Koyuki.

— Em um meio de tornarmos este mundo ninja mais estável e participativo para outros países além das Cinco Grandes Nações — respondeu Tsunade. — Como eu falei no convite, as decisões dos Cinco Kages têm protagonizado os eventos de repercussão internacional. Já tivemos quatro Grandes Guerras, um sem número de outros conflitos; e ao final de todos eles, fazíamos tratados de paz entre nós enquanto outros países sofriam as consequências das nossas lutas...

Konan ainda prestava atenção com os ouvidos, mas seu olhar se tornou distante, reflexivo.

— Por isso — Tsunade prosseguiu —, afirmei que é tempo de reformularmos o Sistema Ninja atual, e a melhor maneira de tornar isso possível é nos unirmos. Mas não falo de uma aliança provisória, quando estivermos diante de um inimigo em comum, como foi a Akatsuki e, hoje, são os Yuurei. Eu falo de uma aliança sólida e definitiva, mais participativa aos chamados Países Menores, e não apenas para fins militares — explicou —, como também econômicos, sociais, ambientais e humanitários. Isso é muito mais do que a Aliança Shinobi foi um dia...

E voltou o rosto na direção de Shimo Kunizaro.

—... e é este, senhores, o meu verdadeiro interesse — concluiu Tsunade.

A rainha Koyuki Kazahana se inclinou para frente sobre a mesa, e sorriu grata para a Quinta Hokage.

— Posso ver que diz a verdade, Tsunade-sama — falou a jovem rainha do País da Primavera —, mas como uma organização assim iria funcionar?

Tsunade bebeu um pouco de água antes de responder.

— Ao contrário da Aliança Shinobi, que era composta apenas pelas Cinco Grandes Nações e pelo País do Ferro, esta segunda coalizão será integrada por qualquer vila ninja e país que deseje se afiliar, após a aprovação dos Estados-membros — explicou Tsunade. — Para garantir o equilíbrio, providenciar oportunidades iguais para todas as vilas ninjas e prevenir futuros conflitos, a organização aceitará missões dos clientes e seu Conselho, que será composto pelos líderes de cada vila e país afiliado, formará as equipes mais adequadas para cada missão.

O Raikage franziu a testa.

— Você está sugerindo que façamos times mistos, Tsunade?

— É uma possibilidade — a Hokage respondeu. — Assim como os times poderão ser formados por ninjas da mesma vila, também será possível, a depender da missão, que os integrantes devam ser selecionados de vilas e países diferentes. Nesse caso, poderíamos ter uma equipe composta por um ninja da Folha, um da Nuvem, um da Chuva e um da Cachoeira, por exemplo.

— Mas e quanto aos países que não possuem uma vila ninja, como o meu e o do Shimo-sama? — perguntou Koyuki.

— No caso do País da Primavera e do País da Geada, a contribuição será exclusivamente financeira — explicou Tsunade. — Cada Estado-membro será responsável por financiar a organização, pagando taxas anuais que sejam proporcionais às capacidades econômicas de cada afiliado. Após o Conselho aprovar o orçamento anual, os valores a serem pagos serão determinados com base na renda per capita de cada participante.

— Entendo. Nesse caso, vocês, das Cinco Grandes Nações, arcariam com as maiores despesas, além de deixarem seus ninjas a disposição — observou Hiroshi. — É um projeto justo.

Tsunade deu um sorriso astuto.

— É claro, Hiroshi-sama — dirigiu-se ao Senhor Feudal do País dos Vales —, que países integrantes do Sistema Feudal têm plenas capacidades de contribuir quase tão bem quanto as vilas ninjas pertencentes às Cinco Grandes Nações — Tsunade se aprumou sobre o assento. — Eu sei disso porque o País do Fogo também é governado por um Senhor Feudal.

Hiroshi Shirokuzo abafou uma risada por baixo do bigode.

— Você é uma mulher observadora, Tsunade Senju.

Mei Terumi ergueu o braço para perguntar.

— Não acha que algo assim comprometeria as nossas economias, Tsunade-sama? — pontuou a Mizukage. — A arrecadação e o financiamento de uma vila ninja se dão, em boa parte, pelas missões realizadas. Se as compartilharmos com terceiros, as vilas maiores perderão um percentual considerável de seus respectivos orçamentos; e, consequentemente, não poderão arcar com algumas despesas.

— Eu entendo a preocupação, Mei — respondeu Tsunade —, mas quando disse que a organização aceitaria missões das vilas ninjas, referia-me a uma porcentagem, e não ao número total de missões recebidas por cada vila integrante. No caso, o percentual de missões designadas à coligação será diretamente proporcional ao tanto de missões que cada vila oculta recebe. Assim, também não prejudicaremos a arrecadação nem a independência financeira de cada vila ninja — explicou.

Mei assentiu com a cabeça, compreendendo.

— Por outro lado, isso também nos permitirá explorar outras formas de desenvolver nossas economias — acrescentou Tsunade. — Países que não possuem vilas ninjas se valem da agricultura, da produção industrial e do comércio. Talvez, seja chegado o momento em que, como líderes, precisemos olhar além do patrocínio feito por nossos Senhores Feudais, da realização de missões e da tributação dos clãs residentes em nossas vilas.

— Devo reconhecer, você está sendo bastante audaciosa, Hokage — disse Kurotsuchi. — Mas termos uma coalizão ajudará a reduzir os custos militares de cada vila, caso declaremos guerra contra os Yuurei. Como pretende chamá-la?

Tsunade olhou no fundo dos olhos da neta de Oonoki e sorriu gentilmente.

— Pensei em União Shinobi — respondeu Tsunade —, em honra ao sonho do Terceiro Tsuchikage-sama.

A garota arregalou os olhos em um primeiro momento para, logo em seguida, assentir com um aceno de cabeça.

— Obrigada — disse Kurotsuchi. — É um nome adequado.

— Eu concordo — pontuou Gaara. — Faz jus à memória de Tsuchikage-sama.

Kira Ay esmurrou a mesa, fazendo o som reverberar pelas paredes do salão.

— Se todos estão de acordo, o que estamos esperando? — questionou o Raikage. — Vamos votar e assinar logo o tratado!

 

 

 

 

O Tratado dos Países Aliados, que estabelecia a criação da União Shinobi, foi aprovado por unanimidade e assinado por todos os participantes da assembleia. Por meio dele, foram estipulados a aliança contínua e cooperação mútua entre os Estados-membros, a instituição do Conselho da União Shinobi — que seria composto por cada Chefe de Governo dentre os afiliados —, os critérios para ingresso de futuros membros, os meios e o regramento para que a União Shinobi fosse financiada sem que ensejasse em prejuízo para qualquer um de seus integrantes.

No mesmo tratado, foi criado o Tribunal Penal Internacional Shinobi, órgão pertencente à União, que seria responsável por julgar os crimes internacionais e eventuais crimes de guerra. O Tribunal seria dividido em duas instâncias: a primeira, chamada de Seção Especial, seria composta pelos Cinco Kages; e a última instância, denominada Tribunal Pleno, por todos os membros do Conselho da União.

Por fim, ficou estipulado que, na hipótese de qualquer Estado-membro sofrer algum ataque, esta agressão deveria ser interpretada como um ataque a toda União Shinobi; e a resposta armada estaria autorizada. E uma vez que a União declarasse guerra, todos os Estados-membros, submetidos ao tratado, deveriam colaborar com o financiamento das campanhas enviando tropas, fornecendo dinheiro, armas, provisões e remédios.

— Com isso — anunciou Tsunade, colocando-se de pé e dando sinais de que a reunião logo se encerraria —, os Países Menores afiliados estarão sob garantia em caso de uma agressão Yuurei. O mesmo vale para qualquer um dos demais integrantes.

— Um ataque a um Estado-membro da União significa um ataque a toda União Shinobi — repetiu Hiroshi, satisfeito.

— E à medida que a União Shinobi for se estabelecendo — acrescentou Mujou —, as chances de outros países e vilas ninjas também desejarem se juntar a nós é alta. Pelo menos, o panorama é bastante positivo em relação a isso.

Tsunade sabia que Mujou estava certo. Considerando as circunstâncias atuais, qualquer vila oculta ou país Shinobi que enfrentasse os Yuurei por conta própria estaria se condenando à ruína. Se uma potência bélica como o País do Ferro não pudera dar conta, o que poderia ser dito a respeito de vilas e países mais fracos militarmente?

A melhor chance que teriam seria se unirem à uma coalização capaz de fazer frente ao inimigo; e a União Shinobi, que reunia o poderio das Cinco Grandes Nações e de países emergentes como a Cachoeira, Chuva e a Grama, além de contar com a força econômica e a influência política de membros do Sistema Feudal, cumpria esse papel.

Ainda era cedo para afirmar de maneira categórica, mas, diante do que estava acontecendo ali naquele salão, Tsunade não pôde deixar de se questionar se os métodos terroristas dos Yuurei, finalmente, começavam a demonstrar debilidades; e Iori Kuroshini logo colheria resultados tão imprevisíveis quanto indesejados.

Mas claro, Tsunade era madura o suficiente para ajustar as próprias expectativas. Primeiro, a União Shinobi deveria se provar uma coalização estável e segura para todos.

Ao mesmo tempo, Konan se levantou ao lado de Tsunade.

— Antes de encerrarmos, quero dar um aviso — disse a líder do País da Chuva. — Embora eu considere improvável, ainda é possível que exista um traidor entre nós.

 O Raikage se pôs em pé num pulo.

— Do que está falando? Como assim um traidor?

— Alguém que já seja partidário dos Yuurei — explicou Konan, analisando meticulosamente cada rosto que a encarava com surpresa e desconfiança —, tenha sido coagido por eles a reportar tudo o que foi dito aqui... ou até mesmo alguém que considere mudar de lado quando for oportuno.

Shimo Kunizaro fuzilou Konan com o olhar.

— Isso é um ultraje! — criticou. — Você é a única pessoa aqui cujo caráter é duvidoso, ex-Akatsuki.

Konan fixou os olhos no Senhor Feudal, que estremeceu diante da frieza assassina no rosto do Anjo.

— Saibam que trair a União Shinobi significa trair Naruto Uzumaki, os ideais pelo qual ele está lutando, e nos quais eu acredito — disse Konan, mantenho o olhar sobre Shimo Kunizaro. — Portanto, se alguém aqui trair o Naruto, ainda que esteja sendo obrigado a isso, eu vou matar essa pessoa.

Shimo engoliu em seco.

— Quero avisá-los de antemão para que não pensem que estou rompendo o tratado — concluiu Konan. — Mas acho que eu estaria fazendo um favor aos aliados.

— E se você for essa traidora? — perguntou o Raikage, incomodado.

— Nesse caso — Konan desviou o rosto para as galerias —, Sasuke Uchiha pode me matar.

 

 

                                                                            ***

 

 

Depois que o primeiro Encontro das Nações Ninja terminou, a ampla maioria dos participantes decidiu viajar de volta aos seus respectivos países ainda naquele dia. Algumas comitivas, como a da Vila Oculta da Nuvem e as dos países da Grama e da Cachoeira, já haviam partido. Por sua vez, Gaara e sua comitiva sairiam em breve; e assim também fariam as da Chuva, da Pedra e da Névoa. Já as comitivas dos países da Geada, dos Vales e da Primavera partiriam apenas na manhã do dia seguinte. Somente a comitiva do País da Lua permaneceria na Vila Oculta da Folha até o retorno de Naruto Uzumaki.

— Olha, eu tenho que admitir: você foi brilhante, Shikamaru! — elogiou Kankuro, enquanto a comitiva da Areia, junto de seu acompanhante, se dirigia aos portões da vila. — Como esperado do maior estrategista da Folha.

Temari olhou para o namorado e deu um sorriso discreto, orgulhosa.

— Foi tudo o que deu para fazer com as informações disponíveis — Shikamaru deu de ombros. — Ainda tenho muito no que trabalhar e pensar nisso já é um saco.

— Nem me fale — murmurou Kankuro. — Eu achei que ficaríamos aqui pelo menos por mais um dia — virou-se para frente. — Ei, Gaara, por que não viajamos amanhã de manhã?

O Kazekage, no entanto, não respondeu. Dentre os quatro que caminhavam rumo ao portão, Gaara era o mais adiantado. Seguindo em uma passada constante, mantinha-se a distância de pelo menos dois metros à frente dos irmãos e de Shikamaru.

— Gaara quer voltar logo para a vila e reunir o Conselho o quanto antes — comentou Temari, com os olhos no irmão caçula. — Saber que os Yuurei estão recrutando o deixou temeroso.

— É, eu sei — disse Kankuro. — Pelo visto, só vou ter férias quando o último dos inimigos cair — olhou para Shikamaru —, mas agora que sabemos onde eles se escondem, isso não vai demorar para acontecer.

Shikamaru assentiu em silêncio.

Caminharam mais alguns metros até que, finalmente, chegaram aos portões de madeira, onde Gaara já os estava esperando. O sol poente derramava seu brilho alaranjado sobre os muros da Vila Oculta da Folha, despedindo-se no horizonte e anunciando a noite que estava por vir.

À medida que se aproximavam da entrada da Folha, mais os corações de Shikamaru e Temari palpitavam ansiosos. Era o momento de despedida e nenhum dos dois era muito bom nisso.

Sem avisar, Shikamaru esticou os dedos e tateou o ar até encontrar a mão de Temari. O toque simples e discreto pegou-a de surpresa e Temari logo se virou para o lado. Shikamaru, por sua vez, a fim de esconder a expressão embaraçada, desviou o rosto.

Abafando uma risada, Temari entrelaçou os dedos nos de Shikamaru e se achegou ao braço dele.

“Mudei de ideia”, Kankuro murmurou consigo, “é melhor partir logo do que passar mais um dia segurando vela para esses dois.”

— Obrigado por seus serviços, Shikamaru — disse Gaara, no instante em que o trio o alcançou —, e, principalmente, por sua companhia. Foi um prazer revê-lo.

— O prazer foi todo meu e... — Shikamaru pigarreou —, bom, Gaara, há uma coisa que eu...

— Eu sei — o Kazekage olhou para as mãos dadas e, novamente, para o rosto do ninja da Folha —, mas você não precisa da minha aprovação. Eu sou apenas o irmão caçula.

Kankuro quase caiu para trás.

— Espere aí! — ergueu as mãos, pedindo tempo. — Não me diga que vocês dois vão... quero dizer, já pensam em...

Ignorando as reações de Kankuro, Shikamaru endireitou-se e virou totalmente para Temari, que arqueou a sobrancelha numa expressão de curiosidade. O líder do clã Nara encheu os pulmões de ar e o semblante de coragem. “Seria mais fácil fazer isso sem plateia”, queixou-se Shikamaru. “Bom, fazer o quê?”

Pigarreou outra vez.

— Eu não preparei nenhum discurso... — começou Shikamaru.

—... eu sei — interrompeu-o Temari. — Você é preguiçoso demais para isso.

— Me deixa continuar.

— Vá em frente, Bebê Chorão.

Shikamaru suspirou. Aquilo não estava indo conforme o planejado, o que de certa forma era irônico, pois ele já esperava que tudo fosse sair diferente. Estava lidando com a Problemática, afinal de contas. Então, no fim, tudo estava indo muito bem.

Com a mão livre, Shikamaru tirou do bolso da calça uma caixinha vermelha menor do que uma maçã. Ainda que já esperasse algo assim, Temari estremeceu quando viu o pequeno objeto — e por estar de mão dada com Shikamaru, sua reação não passou desapercebida por ele. Ao mesmo tempo, Temari sentia as bochechas esquentarem.

— Hã, e-então... — Shikamaru gaguejou — você quer ca...

— Sim! — a voz saiu mais alto do que Temari gostaria. — Digo... — recompôs-se. — E-eu aceito me casar com você, Shikamaru — falou baixinho.

No fim das contas, aquilo não foi tão complicado quanto Shikamaru pensara que seria. O coração ainda palpitava ansioso, mas o frio na barriga já tinha ido embora. E apesar de já estar acostumado com Temari, naquele momento singular, Shikamaru Nara sentiu como se tudo fosse uma grande novidade — e, de fato, era. Shikamaru e Temari haviam concluído, juntos, uma parte de sua história para, a partir daquele instante, começarem outra bem diferente.

Meio desajeitado, Shikamaru pôs o anel na mão direita de Temari, sua noiva. Assim que o fez, soltou a mão dela, que ensaiou alguns movimentos com os dedos, como se ainda estivesse se acostumando com a joia no anelar direito.

— É bonito — disse Temari com ar de aprovação; e logo mirou a mão de Shikamaru. — Agora trate de pôr o seu também.

Ele obedeceu sem questionar; já estava costumado com Temari.

— Pronto.

— Ainda não — Temari estreitou os olhos —, falta uma coisa.

Shikamaru olhou de soslaio para a direita. Gaara os observava sem quase nunca piscar.

— Aqui? Você tem certeza? — perguntou Shikamaru, olhando novamente para o Quinto Kazekage.

Em resposta, Temari enlaçou os dedos da mão direita na nuca de Shikamaru e, de súbito, puxou o rosto dele para si.

— Ponha isso nessa sua cabeça genial, Shikamaru — disse Temari quando as bocas se afastaram —, eu sou a irmã mais velha desses dois.

E trouxe o rosto do noivo para si novamente. Desta vez, Shikamaru já esperava pelo beijo.

 

 

                                                                            ***

 

 

Antes que pudessem partir, Mei Terumi, Konan e Kurotsuchi foram convidadas pela Quinta Hokage para um encontro de mulheres no Shushuya — o restaurante e bar preferido de Tsunade, o qual servia comida assada no fogo de carvão e vendia sua própria marca de saquê.

O Shushuya era um estabelecimento famoso e bastante prestigiado na Vila Oculta da Folha. O salão enorme era todo forrado em madeira escura, e o teto elevado, sustentado por quatro pilares. Dentro do salão havia várias cabines, com mesas e assentos de madeira, e lâmpadas penduradas nos tetos; elementos que davam ao Shushuya um ar bastante rústico e agradável de se estar.

Embora não tenha sido oficialmente convidada, Shizune também estava presente. Afinal, fora designada para acompanhar a Mizukage enquanto Mei estivesse na Folha. Além disso, Shizune se oferecera para ir porque já era tardinha e Tsunade tivera dias seguidos de trabalho fatigante; e essa combinação sempre ensejava no risco de sua senhora, a excelentíssima Hokage, beber um tanto além da conta.

Portanto, Shizune se colocou bem ao lado de Tsunade, enquanto Kurotsuchi, Mei e Konan estavam no assente à frente delas, do outro lado da mesa.

Depois se beber outro copo de saquê, Mei Terumi sorriu com cortesia.

— Obrigada por atender ao meu pedido, Tsunade-sama — estendeu o braço sobre a mesa e tomou o pergaminho que a Hokage lhe oferecia —, mas lamento que sejam sob essas circunstâncias.

Tsunade fez um gesto simples com a mão.

— Era o certo a se fazer — disse a Hokage. — A Kubikiribouchou (Lâmina do Executor) é uma relíquia da Névoa; e com a morte de Suigetsu Hozuki, ninguém mais na Folha tem o direito de empunhar esta espada.

Mei guardou o pergaminho na bolsa cuidadosamente.

— Agora só resta achar a outra.

— A Vila da Nuvem não recuperou a posse da Samehada? — perguntou Tsunade.

 A Mizukage balançou a cabeça em negação.

— O Raikage-sama foi bastante categórico ao nos despedirmos — respondeu Mei, bebendo outro copo. — Primeiro, disse que a espada pertenceu ao Bee-sama e que, portanto, era propriedade da Nuvem. Depois que o convenci, Raikage-sama falou que a Samehada não foi encontrada com os Yuurei naquela missão.

Mei encheu o copo pela quarta vez.

— Não estava com o jashinista — prosseguiu a Mizukage, contrariada — nem com o criminoso do meu falecido irmão, nas palavras do Raikage-sama — bebeu a quarta dose de saquê.

Tsunade meneou a cabeça, compreendendo.

— Por isso, pensou que a Samehada pudesse estar conosco — disse a Hokage, servindo-se de mais saquê —, já que a Folha e a Nuvem participaram juntas da tentativa de resgatar Killer Bee.

Mei assentiu em silêncio, servindo-se de mais saquê.

— Então, a espada ainda está em posse dos Yuurei — comentou Shizune. — Mas é estranho que a Samehada não estivesse com Juha Terumi. Até onde sabemos, ele é o único Yuurei que veio da Vila Oculta da Névoa; e foi justamente um dos responsáveis por raptar o Bee-sama.

— É provável que esteja com outro Yuurei — deduziu Tsunade.

— Sim — disse Kurotsuchi. — Devem tê-la reservado para a pessoa que eles recrutaram no País do Ferro. Sabe, não é muito difícil encontrar um espadachim em um país de samurais.

Konan, no entanto, negou aquela possibilidade.

— Samurais são bastante orgulhosos quanto à própria honra. Duvido que o novo recruta aceitaria uma espada a qual não conquistou — disse o Anjo. — De qualquer forma, não acho que Iori Kuroshini seria tão generoso ao ponto de dar uma arma daquelas a um novato. A Samehada, além de ser uma das sete espadas da Névoa Oculta, já esteve em posse da Akatsuki.

— Faz sentido que um membro do alto escalão inimigo a esteja guardando, porém nenhum deles parece ser espadachim — observou Shizune, receosa. — O que mais se aproxima é Kan, o jashinista.

Tsunade concordou em um silêncio pensativo. Com a morte de Ryuumaru, o Caçador de Dragões — que empunhava uma espada gigante —, não parecia haver um candidato óbvio nos Yuurei remanescentes que pudesse portar a Samehada. Nem mesmo o misterioso recruta vindo do País do Ferro se encaixava no perfil; e era improvável que os Yuurei tivessem simplesmente descartado a espada.

Mei deu de ombros.

— Acho que, cedo ou tarde, saberemos o destino que a Samehada levou — virou-se para a Hokage. — De qualquer forma, eu agradeço por me devolver a Kubikiribouchou, Tsunade-sama. Há alguém na minha vila que vai ficar muito satisfeito. Inclusive, ele é do clã Hoshigaki — Mei olhou de relance para a esquerda —, o mesmo clã do qual veio o seu subordinado, Kisame.

Konan olhou para a direita e viu a Mizukage lhe dar um sorriso amigável. No entanto, a cofundadora da Akatsuki apenas desviou os olhos e, tranquilamente, voltou a atenção para sua xícara de chá.

— Então, foi essa unidade que você reinaugurou, Mizukage-sama? — relembrou Shizune, enquanto Mei bebia mais saquê. — Aquela comandada pelo Choujurou-kun.

Mei assentiu com um sorriso orgulhoso e as bochechas ligeiramente avermelhadas. Ela já havia perdido a conta de quantos copos de saquê ingerira. E por mais surpreendente fosse o fato de Mei Terumi ainda se encontrar sóbria, era inegável que a Mizukage estava mais alegre e desembaraçada do que o habitual. Tsunade observava Mei sorrindo no outro lado da mesa e não podia deixar de sentir certa dose de inveja.

“Deixei Shizune com ela justamente por isso”, murmurou a Hokage. “Por que, então, Shizune só presta atenção em quantas doses eu estou bebendo?”

— Isso mesmo! — Mei esvaziou outro copo. — Choujurou é o capitão dos Sete Espadachins da Névoa.

Kurotsuchi franziu a testa, surpresa.

“Ele progrediu tão depressa assim?”, pensou a Tsuchikage com um sorriso vago. A reação de Kurotsuchi, entretanto, não passou desapercebida por Mei Terumi, que enlaçou o pescoço da garota com um dos braços e sorriu marota.

— Eu vi como o Choujurou veio te salvar durante a reunião, Kurotsuchi-chan — Mei aproximou o rosto do da Tsuchikage —, e como vocês dois ficaram se olhando...

— I-isso é ridículo, Mizukage! — Kurotsuchi desviou o rosto envergonhado. — Você está bêbada.

Mei balançou a cabeça negando.

— Tenho uma tolerância bem alta para o álcool, Kurotsuchi-chan. Consigo beber dois barris cheios de saquê e continuar sóbria — Mei manteve o sorriso provocador. — É você quem está fugindo do assunto... — cantarolou.

Shizune deu uma risadinha, mas enrijeceu o corpo no instante em que percebeu o olhar fulminante que Tsunade lhe dirigia.

Entrementes, Mei olhou bem no fundo dos olhos de Kurotsuchi, ignorando qualquer limite de distância entre elas no assento; e após averiguar bastante, virou-se para cima e soltou um suspiro desanimado.

— Eu não entendo... — murmurou. — Eu só queria um cara bacana para casar; e aí está você, Kurotsuchi-chan, que tem o Choujurou à disposição, mas continua bancando a difícil... — Mei virou para o outro lado. — E você, Konan? Já arrumou alguém?

Konan bebericava o chá em silêncio.

— Hmm... não quer nos contar, hein? — provocou Mei. — Quem é? É o Naruto?

— Hã, Mizukage-sama... — sob o olhar crítico de Tsunade, Shizune puxou a garrafa de saquê para longe de Mei. — Talvez não seja uma boa ideia...

— Ele se tornou um belo homem, não é mesmo? — comentou a Mizukage, sonhadora. — Naruto é mais jovem do que nós, é verdade, mas acho que a idade não é um problema à essa altura... ainda mais agora, em que ele é um homem cheio de vigor — com o cotovelo, Mei cutucava o braço de Konan enquanto lhe dirigia um sorriso malicioso. — Sua sortuda.

Konan suspirou devagar.

— Naruto é como um irmão mais novo para mim — disse.

— Bom... — Mei encolheu os ombros — Juha era meu irmão mais velho, mas sempre o vi como o tipo de cara com quem eu queria me casar.

“Deve ser por isso que ela está solteira até hoje”, Kurotsuchi revirou os olhos.

Mei se achegou a Konan.

— Então, se não é o Naruto — olhou-a provocativa —, quem é? Aquele seu guarda-costas bonitão, talvez?

Konan se virou para o lado. O rosto de Mei Terumi estava mais próximo do que ela gostaria. O hálito impregnado de álcool misturava-se ao perfume e ao cheiro de cabelo lavado da Mizukage, invadindo as narinas de Konan com um aroma agridoce.

— Em toda a minha vida — respondeu Konan —, eu só amei apenas um homem desse jeito...

— Que lindo!

—... aí ele cometeu suicídio na minha frente para me salvar — completou. — Desde aquele dia, eu fechei o meu coração para o romance.

— Ah... — Mei desviou o rosto e rapidamente afastou-se, envergonhada por causar aquela situação inoportuna. — Me desculpe.

No entanto, ao contrário do que Mei esperava, a governante do País da Chuva apenas sorriu com simpatia. Imediatamente, Konan abriu a palma da mão e, usando seu Shikigami no Mai, criou uma flor de camélia branca e pendurou-a nos cabelos macios da Mizukage, que corou, surpreendida.

— Não se apresse — disse Konan com brandura para Mei. — Do contrário, poderá se machucar da pior maneira; e não há remédio que cure um coração partido, senão o tempo. Não procure despertar o amor enquanto ele não estiver pronto.

Tsunade sorriu vagamente do outro lado da mesa.

— Obrigada — Mei ajeitou o presente entre o penteado. — Eu só... bom, eu só não quero me tornar uma solteirona frustrada pelo resto dos meus dias — apontou para frente. — Tipo a Shizune.

— Quê? — Shizune arregalou os olhos. — E-eu não sou frustrada, Mizukage-sama! Eu... eu...

Tsunade foi a primeira a gargalhar. Depois foi a vez de Mei; e, por fim, todas elas, inclusive a própria Shizune, estavam rindo como boas e velhas amigas.

 

 

                                                                                       ***

 

 

— Obrigada por tudo mais uma vez, Konan — disse Tsunade à líder do País da Chuva. — Tem certeza de que não quer ficar? Pelo menos, até a volta do Naruto.

Konan olhou para o céu estrelado. A noite havia as pegado de surpresa; mal viram o tempo passar. As comitivas da Névoa e da Pedra já haviam deixado a Vila Oculta da Folha, cujos portões agora se abriam para despedir a líder do País da Chuva.

— Agradeço a hospitalidade, Tsunade-sama — e Tsunade percebeu que, agora, não era simplesmente chamada de Hokage pela outra —, mas já me ausentei por tempo demais. Preciso voltar para casa.

— Eu entendo. Parece que tomamos a decisão certa, afinal — Tsunade olhou de relance para os dois irmãos Tsukiaru, que flanqueavam Konan. — A Vila e o País da Chuva não poderiam estar em melhores mãos.

Konan agradeceu com um gesto de cabeça. Ao redor delas, as luzes já estavam acesas e o movimento começava a diminuir. Alguns estabelecimentos, inclusive, já haviam fechado. E o vento noturno soprava frio.

— Você já sabe, não é? — Tsunade inquietou-se. — A notícia do seu retorno logo vai se espalhar, se é que isso já não aconteceu. Como acha que os Yuurei reagirão, sabendo que há uma Akatsuki viva?

“A Hokage-sama tem razão, Konan-sama”, sinalizou Momo. “Talvez, viajar à noite seja perigoso. Mais perigoso.”

A mão de Konan afagou os cabelos da garota, tranquilizando-a enquanto um sorriso gentil se formava em seus lábios. Em seguida, Konan virou o rosto para Tsunade. A expressão da Quinta Hokage era de incerteza e preocupação. Em nada se assemelhava com aquela feição severa e o olhar desconfiado que Tsunade lhe dirigira horas atrás, no momento em que Konan se apresentou para participar do Encontro das Nações Ninja.

— Aquele bar ao qual nos levou... havia algo de familiar nele — comentou Konan.

Tsunade notou que Konan estava desconversando quanto à periculosidade de uma viagem noturna. Contudo, entendeu que tentar persuadi-la a ficar seria inútil. À sua própria maneira, aquela mulher poderia ser alguém tão teimosa quanto seu discípulo-irmão. Ainda que Naruto Uzumaki fosse explosivo e barulhento, e Konan, calma e moderada, ambos também tinham muito em comum: eram obstinados, persistentes e difíceis de convencer.

Portanto, ciente que a outra estava disposta a voltar à Chuva tão breve quanto possível e que a ameaça dos Yuurei não a faria mudar de ideia, Tsunade não tocou mais no assunto e apenas respondeu:

— Jiraiya costumava me levar para beber no Shushuya — Tsunade coçou a cabeça, desconcertada. — Digo, só uma vez ou outra.

— Entendo — assentiu Konan. — Bom, isso me fez lembrar de algo.

Após estender o braço para frente, Konan conjurou algumas folhas de papel, fazendo-as escorregarem da manga de seu manto negro para a palma da mão. Em questão de segundos, Konan havia terminado sua obra: um belíssimo buquê de hortênsias.

— A hortênsia representa beleza, coragem e determinação — explicou Konan, enquanto presenteava Tsunade. — Mas também pode significar frieza e indiferença. Em todo caso, é uma flor que está ligada aos sentimentos mais profundos.

Tsunade pegou o buquê e o segurou cuidadosamente.

— Sempre foram as minhas favoritas — disse Tsunade. — Como você...?

— Há muito tempo — contou Konan —, Jiraiya-sensei me falou que, quando retornasse, gostaria de presentear a única mulher que ele amava de verdade. Porém, ele não tinha ideia de como preparar algo especial e me pediu ajuda — um sorriso nostálgico despontou em seus lábios. — Foi quando sugeri ao sensei que a presenteasse com seu tipo preferido de flores.

Instintivamente, Tsunade apertou o buquê contra o peito.

— Ele nunca fez isso — confessou Tsunade. — Aquele idiota... ele nunca soube ser do tipo cavalheiro. O Jiraiya... estragava as coisas tentando parecer legal — olhou novamente para as flores e, então, para Konan. — Muito obrigada.

Konan não falou nada a princípio. Apenas deu as costas para a Hokage e caminhou rumo aos portões da Vila da Folha. Hadame e Momo a seguiram.

— Adeus — disse Konan sem se virar, já a uma boa distância.

E para Tsunade, que via a discípula de Jiraiya se afastar daquele jeito, aquela despedida pareceu terrivelmente familiar.

 

 

                                                                                       ***

 

 

O trajeto entre a Vila Oculta da Folha e a Vila Oculta da Areia exigia, em média, três dias de viagem. Porém havia se passado cerca de um dia e meio desde que o trio deixara a Vila da Folha e já estavam próximos da zona de fronteira, o que significa dizer que estavam algumas horas adiantados. Assim que saíssem do País do Fogo, teriam que atravessar uma pequena porção do território do País dos Rios e, então, finalmente, estariam no País do Vento. Mas cruzar o Grande Deserto da Solidão exigiria deles paciência, mais algumas horas e, claro, a sorte de não se depararem com nenhuma tempestade de areia no meio do caminho.

Kankuro e Temari faziam o possível para acompanharem os passos apressados do irmão caçula. Gaara tinha pressa, muita pressa. O Quinto Kazekage planejava reunir o Conselho da Areia tão logo retornasse para casa; e sequer pensava em descansar. Não fossem os protestos dos dois irmãos, Gaara, que já estava bem habituado a passar várias noites sem dormir, provavelmente teria estabelecido um tempo recorde para a conclusão daquele trajeto.

Mas Gaara tinha seus motivos para querer estar de volta à vila o mais breve possível. Àquela altura, já era mais que evidente que as Cinco Grandes Nações não dispunham da mesma graça que os Países Menores haviam encontrado com Mira Uzumaki; e a Vila Oculta da Areia era a única que, até então, não havia sofrido qualquer ataque, ou mesmo uma simples perda, por parte dos Yuurei — o que a tornava o próximo grande alvo em potencial. Sendo o Quinto Kazekage, Gaara era a principal linha de defesa de seu povo.

Mas não era apenas a apreensão de um ataque iminente que preocupava Gaara. Também havia o aviso da Hokage de que os Yuurei estavam recrutando, razão pela qual reunir o Conselho da Areia era tão urgente. Afinal de contas, existia, sim, alguém na Vila Oculta da Areia que poderia interessar ao inimigo. Um jovem Chuunin prodigioso que fora preso cerca de dois anos atrás, sob as acusações de envolvimento com tráfico e exploração de garotas, experimentos ilegais em humanos e até mesmo de planejar o assassinato do Quinto Kazekage.

Por último, Gaara também queria voltar logo para revê-la também, mas seus próprios interesses estavam longe de ser prioridade naquele momento.

— Até que enfim, chegamos! — Kankuro parou sobre um galho de árvore e recobrou fôlego. — A fronteira do País do Fogo.

Temari parou próxima a Kankuro a fim de descansar. Seus pulmões reclamavam por ar dentro do peito; e no momento em que parou a passada, sentiu os pés latejarem por estar tanto tempo usando botas.

— Acho que estamos ficando velhos, você não acha? — brincou Temari, tentando puxar assunto com o irmão. Mas Kankuro não havia trocado muitas palavras com ela desde que haviam deixado a Vila da Folha, o que a incomodava. Apesar de estar feliz por Shikamaru, finalmente, tê-la pedido em casamento, Temari sentia-se culpada por não ter dito nada ao irmão; Kankuro fora pego totalmente de surpresa.

— Vamos andando — o irmão limitou-se a dizer. — Gaara e eu precisamos reunir o Conselho.

E levantou-se imediatamente para, com um salto, deixar a irmã mais velha para trás.

— Sim — disse Temari, solitária. — Você tem toda a razão.

Gaara estava parado em terreno plano, a cerca de dois metros do posto de fronteira. O Kazekage se aproximava com cautela e estranheza. Afinal, àquela hora da manhã, deveria haver certo movimento. Mas tudo o que se ouvia era o som do vento rumorejando entre as árvores.

— O que houve? Cadê a patrulha de fronteira? — perguntou Temari.

— Os guardas não estão aqui — respondeu Gaara, inspecionando a cabine do posto pelo vidro da janela, do lado de fora. — O lugar está vazio.

Kankuro e Temari trocaram olhares receosos. A última vez em que estiveram em um local totalmente deserto, como se fosse abandonado, foi o pequeno vilarejo na ilha Misuto.

— Droga... — Kankuro murmurou baixinho, cerrando os punhos.

— Devemos avisar à Hokage imediatamente, Gaara — sugeriu Temari. — Os Yuurei invadiram o País do Fogo.

— Mas isso não faz o menor sentido — observou Kankuro, contrariado. — Se as informações da Chuva estão corretas, os Yuurei têm um esconderijo no País do Fogo, o que significa que eles não precisavam passar pela fronteira.

Ao mesmo tempo, Gaara se agachou sobre a grama, tocou o chão com a palma aberta e fechou os olhos, concentrando-se ao máximo. Ainda que os Yuurei fossem como fantasmas indetectáveis, era quase impossível que pudessem apagar totalmente seu rastro, ainda mais se houvesse ocorrido uma batalha ali. A terra poderia lhe revelar alguma coisa.

— Sinto sangue coagulado misturado ao solo — disse Gaara depois de um tempo. — Seja lá o que tenha acontecido aqui, foi durante o tempo em que estávamos na Vila da Folha.

— Consegue determinar para onde foi o inimigo? — perguntou Kankuro.

Gaara fez que sim.

— O rastro segue naquela direção — apontou para a divisa com o País dos Rios —, exatamente a mesma que a nossa.

— Entendo — Temari estreitou os olhos. — A única comitiva que iria passar por aqui seria a da Areia. Os Yuurei já deviam saber que uma das técnicas do Gaara envolve a manipulação dos minerais no solo, e, portanto, que ele seria capaz de identificar os vestígios de sangue coagulado. O ataque aos guardas de fronteira não foi apenas para eliminar a patrulha local; é uma mensagem para nós, ou então... — ergueu o rosto para além da fronteira — um convite.

Convite? — Kankuro questionou. — Está na cara que é uma armadilha.

Temari olhou de relance para as costas do irmão caçula.

— Eu sei — disse, e havia preocupação em sua voz.

Ao redor deles, a brisa matinal se transformou, repentinamente, em um sopro de vento frio e seco, forte o suficiente para arrancar o chapéu do Kazekage que estava preso à cabaça, e lançá-lo vários metros para trás.

O chapéu voou até, finalmente, cair de costas para o chão; e foi nesse exato momento que o vento parou de soprar.

Gaara não acreditava em sinais e presságios. Mas, por alguma razão que não soube explicar a si mesmo, sentiu um calafrio subir pela espinha. Em suas mãos, o chapéu do Kazekage, com o símbolo do País do Vento manchado de pó.

Com zelo, Gaara sacudiu toda a terra do chapéu e o pôs na cabeça. Depois, o Kazekage virou-se resoluto para os irmãos.

— Vocês sabem o que pode acontecer daqui para frente.

— Sabemos, sim — disse Kankuro, ajeitando as alças da mochila sobre os ombros, onde carregava os pergaminhos com suas principais coleções de bonecos. — Isso não me agrada nem um pouco. Quero dizer, se encontrarmos um Yuurei à nossa frente e for, de fato, a Suki — deu de ombros. — Mas pelo menos vamos saber a verdade.

Gaara imediatamente olhou para a irmã.

— E você, Temari? — o Kazekage perguntou suavemente. Sabia da forte ligação professora-aluna que Temari, quando criança, compartilhara com Suki.

A resposta de Temari foi simplesmente se dirigir até a fronteira.

— Vamos — disse ela, de costas. — Vocês dois fazem parte do Conselho.

 

 

 

 

Chegaram ao País do Vento por volta do meio-dia, com o sol escaldante queimando sobre suas cabeças e, logo adiante, o Grande Deserto da Solidão se estendia por quilômetros e quilômetros para recepcioná-los na volta para casa. Por sorte, não havia sinal de qualquer tempestade de areia.

Por meio da mesma técnica utilizada para quebrar minerais do solo e formar mais areia, Gaara havia seguido os vestígios quase imperceptíveis de sangue coagulado até ali; e mesmo debaixo de muitas camadas de areia, ainda podia sentir o rastro. Aliás, era muito mais simples para Gaara identificá-lo em terreno arenoso. A trilha de sangue continuava na direção exata da Vila Oculta da Areia, o que só confirmou a hipótese levantada por Temari: os Yuurei miravam precisamente a comitiva de Gaara.

 A brisa logo tornou a bafejar sobre eles. O ar quente vinha do Leste, da entrada do deserto, e soprava contra as costas dos três irmãos, convidando-os a penetrar ainda mais fundo no deserto. Temari respirou profundamente, procurando manter a cabeça no lugar, mesmo sabendo que o vento quente deveria vir do meio do deserto, logo à frente — e não da entrada atrás deles, a qual costumava soprar o ar frio vindo da fronteira.

Seguiram em frente.

Depois de quase uma hora de caminhada, chegaram a um dos locais que servia de ponto de referência para todos aqueles que estavam habituados a viajar pelo Grande Deserto da Solidão. Tratava-se de uma rocha solitária com quase vinte metros de altura plantada no meio do deserto. Não havia outra rocha como aquela, nem qualquer outra coisa por quilômetros.

Foi ali que encontraram os guardas de fronteira do País do Fogo, ou o que havia sobrado da patrulha.

— Mas que... — Kankuro torceu o nariz enquanto sentia o estômago embrulhar-se. A visão era realmente grotesca. Partes humanas haviam sido acumuladas umas sobre as outras numa espécie de pilha de carne já em estado decomposto enquanto que a parte frontal da pedra estava tingida de sangue seco. Os abutres, sentindo o cheiro dos cadáveres, até tentavam se aproximar, mas eram logo enxotados pelas correntes de vento que dançavam alguns metros acima da rocha, formando um tipo de muro invisível.

Mas não era somente isso. Também havia a pessoa de manto negro que parecia aguardá-los assentada no topo daquela pedra. O rosto estava escondido debaixo de um capuz, mas os três irmãos logo perceberam que se tratava de uma mulher pelas pernas cruzadas. Ela parecia carregar algum tipo de arma estranha nas costas. No entanto, Temari foi a primeira a reconhecer a segunda arma — um assustador leque de guerra —, que a mulher tinha deitado sobre as coxas em posição transversal.

— Corpos começam a feder depois de um tempo — disse a Yuurei suavemente. — É por isso que não costumamos deixá-los por aí, mas decidi abrir uma exceção por causa de vocês.

Temari sentiu as próprias pernas bambolearem. “Essa voz...”

— Desculpem-me por essa recepção macabra, crianças. Eu não costumo ser tão excêntrica assim — disse ainda a Yuurei, colocando-se de pé e abrindo o leque de guerra. — Bom, permitam-me limpar essa sujeira.

 Em um movimento acrobático, a Yuurei saltou de ponta cabeça e, manejando o leque gigantesco apenas com a mão direita, conjurou uma massa pesada de vácuo e arremessou-a contra a pilha de corpos. No momento do impacto, as correntes de ar reverberaram por todas as direções, lançando areia e mau cheiro por todo lado.

No instante seguinte, a Yuurei estava parada em pé, exatamente no mesmo ponto no topo da grande rocha. Os cadáveres haviam desaparecido, de modo que, não fosse a mancha de sangue na pedra, não haveria qualquer sinal de que um dia estiveram ali. Também os abutres no céu já não existiam mais.

Calmamente, a Yuurei abriu o leque ao máximo. Maior do que o Leque das Três Estrelas de Temari, a arma daquela mulher consistia em um leque de ferro negro dobrável, com uma lâmina na forma de um espigão, que por sua vez dividia-se em dois todas as vezes em que o leque era aberto. Quando esticado ao máximo, o leque revelava quatro círculos distintos em sequência — vermelho, verde, amarelo e azul —, que representavam, respectivamente, os Quatro Ventos: Sul, Leste, Oeste e Norte. Ao contrário do Leque das Três Estrelas, os ataques feitos com o Leque dos Quatro Ventos não aumentavam em força à medida mais círculos apareciam; apenas indicavam qual tipo de vento seria utilizado.

Ver aquele leque novamente foi para Temari como voltar alguns anos no tempo, quando ainda tinha seus sete anos e era a aluna particular da famosa heroína da Vila Oculta da Areia, Suki, mas conhecida como “a morte do Céu”. O título resultava da guerra entre a Vila Oculta da Areia e o País do Céu, no extremo sul, onde Suki havia se destacado como a principal líder de assalto e fora capaz de tomar e destruir a capital do país, a Vila Oculta do Céu, ainda nas primeiras semanas de ataque.

Chiyo, a antiga líder da Brigada de Marionetes e avó de Sasori, sempre fora uma Kunoichi lendária. Já Pakura, também conhecida como Pakura do Estilo Calor, por seus méritos e por seu sacrifício, recebera a alcunha póstuma de “Heroína da Areia Oculta”. Mas para a pequena Temari, no entanto, sua professora, Suki, havia sido a merecedora das maiores honras.

Com o leque aberto, a Yuurei usou-o para manipular as correntes de vento. Em seguida, utilizou o leque de guerra como um planador para voar até, finalmente, aterrissar tranquila a uma distância de cinco metros atrás dos três irmãos.

— Olhem só para vocês... estão tão crescidos! — após a aterrissagem, a Yuurei logo se levantou e usou a mão livre para remover o capuz. — Gaara-kun, você não parece nem um pouco com o fedelho amaldiçoado do qual as pessoas fugiam. E você, Temari-chan... tornou-se uma linda mulher, como eu sempre soube que seria um dia.

Em seu íntimo, Temari ainda estava torcendo para que tudo não tivesse passado de um enorme equívoco. De um acúmulo de coincidências. Porque deveria ser impossível que sua querida professora, a mulher que mais havia admirado durante a infância — mais até do que a falecida mãe, Karura —, estivesse bem ali depois de ter sido morta cumprindo o dever como uma genuína Jounin de elite da Vila Oculta da Areia — e pior, fosse um membro dos malditos Yuurei.

Mas todas as esperanças de Temari desapareceram quando ela pôs os olhos naquele rosto tão nostálgico e significativo para ela. Não havia erro. Aquela mulher era, realmente, sua antiga mestra.

— Suki... — Temari engoliu em seco — sensei...


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Notas finais do capítulo

Algumas considerações...

A União Shinobi é uma organização canônica que sucedeu a Aliança Shinobi, e foi intrudozida no canon por meio da novel "Shikamaru Hiden: A Nuvem que paira no silêncio da escuridão", e mais tarde, no episódio 489 de Naruto Shippuden. Ainda que não tenha sido apresentada no mangá (não sei se foi em Boruto; cês sabem que eu não leio aquilo), pelo fato de as novels terem a participação do Kishimoto, também é considerado material canônico.

No caso da União Shinobi dentro da fic, eu me baseei no material canônico, bem como na ONU (Organização das Nações Unidas), na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e, também, no TPI (Tribunal Penal Internacional).

***

AVISO IMPORTANTE:

Pessoal, "O Herói do Mundo Ninja" fará uma pausa nas próximas semanas. Entrarei de férias e irei viajar para outro estado, onde não terei como escrever nem postar. Aos leitores mais fiéis, não se preocupem; não vou sumir por outros dois anos, haha.

Mas, realmente, preciso descansar a cabeça para o que virá. Esses dois últimos capítulos exigiram bastante energia porque, praticamente, tive que reescrevê-los do zero (e editá-los de novo e de novo). Felizmente, os próximos capítulos já estão esboçados e, por se tratar de combates, não há muito o que mudar neles.

Quanto à data de retorno, eu vou ser bem conservador e projetá-la para a segunda semana de agosto (disso não passa). Mas é muito mais provável que eu volte antes.


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Próximo capítulo: Os Três Irmãos da Areia vs. A Assassina de Kages

Data [provável]: 11/08/2022


***

Obrigado por acompanharem até aqui!

Até o próximo capítulo o/