Homewrecker escrita por Rize


Capítulo 5
When the Winter is in Full Swing


Notas iniciais do capítulo

GENTE ESSE CAPÍTULO TA ENORME EU SEI É QUE EU ENGATEI ESCREVENDO E NÃO CONSEGUI PARAR DESCULPA EU FAÇO O PRÓXIMO MENOR PROMETO OMG



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Depois da longa entrevista para o estágio, Miku saiu da faculdade, confiante. Sabia que tinha ido muito bem, mas ainda assim sentia aquela pontada de dúvida sobre se seria aceita ou não.

Chegou em casa não passava de três e quarenta, e foi tomar um banho. Tinha marcado com Mikuo para que trouxesse o vestido quatro horas, dava tempo começar a se arrumar logo. Tomou uma ducha rápida, e vestiu um roupão.

Começou a se aprontar, começando pelo cabelo e depois pela maquiagem. Quando estava quase no final do processo, Mikuo chegou carregando uma sacola marrom com duas alças que eram na verdade duas fitas pretas.

– Como você não quis me dizer qual era o tamanho do vestido, eu tive que ir na base do olho mesmo – ele colocou a sacola sobre a cama e se espreguiçou. – então não me culpe se ficar pequeno ou grande.

– É pelo menos bonito?

– Eu achei bonito. Mas você que sabe. Enfim, eu tenho que sair agora, marquei um compromisso com alguns amigos. Até mais tarde. – e saiu, antes que Miku pudesse ver o vestido.

Ela foi até a sacola e a abriu. Puxou o vestido e o olhou. Pela primeira vez, Mikuo havia acertado. Era longo, de praxe, justo no tronco e que começava a descer solto a partir dos quadris. Branco, de mangas longas e decote em V. Com ele vinha uma capa vinho escuro, grossa e quente, por causa da previsão de neve. Quando terminou os preparativos faciais, vestiu o vestido com a capa. Ficou lindo. Porém, Miku viu o quão justo havia ficado. Olhou o número da etiqueta. Droga. Mikuo havia comprado um vestido dois números abaixo do seu. O vestido marcava tudo com mais intensidade, seios, cintura e costas. Mesmo que não fosse a intenção, até que tinha ficado bom assim.

Deu uma boa olhada no espelho. Seu cabelo seguia extremamente liso pelas costas até chegar nas pontas, onde ela havia feito cachos. Sua maquiagem puxava para os olhos agudos e afiados, e os lábios se pintaram com um róseo avermelhado. O vestido justo destacava o que tinha que ser visto, e a capa dava cor a sua roupa. Usava botas quentes com um salto médio e um pouco grosso, para que conseguisse andar sobre as pedras que forjavam o chão da feira. Espirrou um pouco de Gaultier em seus pulsos e pescoço, de forma que o doce do perfume não enjoasse ninguém.

Terminou não passava muito das seis, e pegou algum dinheiro e colocou no bolso interno que tinha na capa.

Ficou assistindo TV até que seu telefone tocasse, uma mensagem com o número de Kaito.

Pode descer. Era tudo o que dizia. Ela desligou tudo, ligou o alarme, e desceu pelo elevador. Se sentia ansiosa, aquecida com um calor agradável, que não vinha só da capa. Vinha de dentro, e ela não se sentia assim a mais tempo do que podia lembrar.

A porta metálica do elevador se abriu e ela estava com tanta ansiedade que seus dedos tremiam. Ela os escondeu na manga do vestido, e respirou fundo. Não tinha motivos pra estar assim.

Foi até a porta, onde Kaito estava conversando com o porteiro. Usava um tipo de armadura de couro, com uma calça escura e botas. A pele de algum animal peludo cobria suas costas fazendo a função de uma capa aquecedora. Estava extremamente atraente.

Miku chegou mais perto, mas ele parecia profundamente entretido na conversa com o velho. Ela pigarreou alto.

Kaito se virou na direção dela. Travou por dois segundos e soltou um assobio de aprovação, arqueando as sobrancelhas.

– Você está... – ele fez uma pausa, a analisando com mais peripécia – deslumbrante.

A garota sorriu.

– Obrigada. – chegou mais perto e olhou para a rua. – Onde está seu carro?

Ele sorriu com arrogância.

– Quem disse que a gente vai de carro?

Miku fez o máximo para que seu queixo não caísse.

– Está me dizendo que vamos andando para uma feira que é do outro lado da cidade?

Ele riu.

– Também não disse isso. Porque não me segue e vê com seus olhos? – ele deu a deixa para que ela o seguisse. E ela mais uma vez não hesitou em ir.

Kaito estava a uns cinco metros de distância, já na rua. Ele assobiou alto e Miku parou de andar, quando ouviu um som. Som de cascos no asfalto e rodas de madeira girando em suas engrenagens.

Não me diga que ele fez isso.

Ela apressou o passo até onde ele estava, quando uma carruagem de madeira medieval apareceu bem na sua frente. Seu queixo estava no chão dessa vez. A carroça era marrom e quadrada, com duas portas em seus lados. Era puxada por dois cavalos negros e robustos, extremamente bem cuidados. Toda a madeira era adornada com traços prateados extremamente finos e bem talhados. O cocheiro também estava a caráter medieval.

– Então? – Kaito tinha um sorriso orgulhoso e a olhava com expectativa.

Você perdeu a cabeça?! – ela percebeu que sua reação só fez com que ele só adorasse ainda mais a situação. – Alugar uma carruagem? Pra um evento de uma noite? Perdeu o juízo? Quanto isso custou?

– Ah, eu sabia que você ia adorar, amor. – ele foi até a portinha da carruagem e a abriu dramaticamente, fazendo o gesto para que ela entrasse. – Milady.

Seu queixo ainda estava no chão, quando ela se deu conta. Retomou a compostura e entrou na carruagem. Por dentro, ela tinha dois bancos estofados extremamente confortáveis vermelhos-sangue. Quando estavam na metade do caminho, a ficha caiu. Como chegaria naquela feira despercebida assim? Se Rin estivesse lá a veria antes que Miku sequer descesse da carruagem.

Sua expressão ao perceber isso não deve ter sido das melhores, porque até Kaito percebeu.

– Tudo bem? – sua expressão era controladamente preocupada, assim como sua voz. Miku piscou duas vezes até perceber que ele estava falando com ela.

– Ah, sim. Tudo ótimo. Só estava pensando no que deveríamos fazer primeiro.

– Eu devo ter uma ideia do que fazer. – ele sorriu e escorou os cotovelos sobre os joelhos.

Miku achou melhor não perguntar.

A carruagem parou quando chegaram ao seu destino. O cocheiro abriu a porta da carruagem como se fosse um mordomo. Kaito saiu primeiro, para que ajudasse Miku a descer o degrau. Quando ele a pôs no chão, Miku viu quantas pessoas os olhavam. Só pôde rezar para que Rin não estivesse no meio. Pegou Kaito pelo braço e o mais disfarçadamente que pôde o puxou para o meio da multidão.

– Então, qual a sua ideia do que fazer? – ela falou, tendo certeza de que Rin não estava por lá.

Ele sorriu.

– Quer fazer mesmo?

Miku o olhou, suspeitosa.

– Por que? – perguntou com cautela. – Desde que não envolva matar um homem, acho que pode ser.

Kaito a puxou para uma tenda enorme, provavelmente a maior de todas. Era a mais bonita, e com bastante pessoas lá. Grande parte casais. No fundo, em um altar, havia dois tronos exuberantes com uma coroa repousada sobre cada acento. No canto esquerdo, havia uma fila de casais assinando uma folha. Ele a levou até a fila.

– O que é isso? – Miku perguntou, quando a fila começou a andar.

– É uma competição – ele explicou – para rei e rainha da feira. Todos os anos têm esse concurso. É bem fácil, na verdade. Quem se inscrever tem que participar do máximo de jogos que conseguir. Cada jogo tem sua pontuação máxima e mínima, e dependendo do rendimento, ela vai te dar os pontos. Quantos mais pontos você tem, mais perto você fica de ganhar.

– E o que você ganha no final?

– Uma coroa. – Kaito riu. – Não é pelo prêmio. É pela experiência.

Quando chegou sua vez na fila, cada um assinou seu nome numa ficha e recebeu um broche pequeno, na forma de uma pequena coroa, que mostrava que eles estavam concorrendo.

– Por onde começamos? – Miku perguntou, arrumando seu broche na capa.

– Que tal aquele jogo onde pegamos as maçãs com a boca em um tonel?

Miku arqueou as sobrancelhas mas assentiu em aprovação.

– Quer mesmo colocar seu rosto em um tonel com água nesse frio por duas coroas?

Kaito pigarreou.

– É pela experiência.

– Certo! – ela jogou os ombros pra cima, se dando por vencida.

Na tenda das maçãs, havia apenas os casais mais corajosos para enfrentar aquele frio com água gelada. Uma senhora com seus cinquenta anos com cara de que só estava ali porque não tinha nada melhor pra fazer explicou as regras. Bem simples. Havia no total quatro baldes de madeira para cada dupla – casal – com maçãs vermelhas e verdes. As vermelhas eram para as mulheres e as verdes para os homens. Se uma mulher pegasse uma verde ou um homem uma vermelha, era um ponto a menos para a equipe.

Kaito e Miku ficaram no terceiro balde. Suas mãos foram amarradas nas costas, e na contagem de três, a mulher ia soar um apito e todos iriam mergulhar o rosto em seus baldes e apanhar quantas maçãs conseguissem.

Quando o tempo acabou, todos contaram as maçãs. Kaito e Miku conseguiram nove verdes e sete vermelhas. Mais do que os outros.

Conseguiram a pontuação máxima naquele jogo assim como em todos os outros.

Jogaram arco e flecha, onde Miku mostrou agilidade e precisão. Jogaram braço-de-ferro, onde Kaito mostrou até onde sua força conseguia ir. Jogaram pescaria, dardos e muitos outros jogos da feira, até que resolveram parar para comer.

Miku se sentia transbordando em felicidade. Há tempos não se divertia assim. E não sabia bem o porque de ter parado.

Eles pararam em uma pequena tenda com muitas mesas entre árvores que fazia rolinhos primavera. Kaito e Miku se sentaram numa mesa mais afastada.

– Acha que ganhamos? – Miku perguntou, animada. Depois de todos os jogos, ela tinha um certo desejo em ter aquela coroa.

– Espero. Não acho que ninguém tenha superado a gente.

Ela sorriu. Tinha esquecido o quão bom era ficar perto de Kaito, da pessoa que ele era com ela, e apenas com ela. Gostava do calor que ele a fazia sentir mesmo nas noites mais frias, e de como era bom fazer qualquer coisa perto dele.

Não dê brechas. Não dê aberturas. Você vai acabar quebrada se der. A voz soou em sua cabeça, e ela se forçou a conter um pouco da felicidade que tinha.

Um garçom, dois ou três anos mais novo que eles veio trazer os rolinhos. Eles comeram com paciência, até que Miku ouviu uma música. Tinha tambores, alaúdes e flautas, uma voz masculina grave cantava em algum idioma que ela não conhecia. Uma clássica música nórdica.

Por alguma razão, Miku sempre fora apaixonada por músicas nórdicas. Eram dançantes de uma maneira diferente, e faziam com que todos rissem, com muitas palmas e participações do público. Ela engoliu seu último rolinho e arrastou Kaito pelo braço até onde a música vinha.

– O que foi? – ele perguntou, confuso.

– A música! – ela falou alto, tentando sobressair as vozes das pessoas e a próprias música, que se tornava mais alta.

Chegaram numa tenda absurdamente grande, com uma roda de pessoas. Miku e Kaito se espremeram por eles para que conseguissem ver. Muitas pessoas dançavam com sincronia e ao fundo estavam aqueles que faziam a música. Todos batiam palmas ao ritmo e os dançarinos de última hora pareciam se divertir, dançando de acordo com o que o instrutor mandava. Sem aviso prévio, Miku agarrou seu acompanhante e antes que ele pudesse relutar, já faziam parte da dança também. A coreografia era fácil, alternando as duplas e muitas pausas para as palmas. Miku e outras dançarinas gargalhavam se divertindo, e ela viu que Kaito segurava o sorriso pra dar uma de durão. A música devia estar na metade, quando um alto-falante em todas as tendas berrou em uma voz metálica.

“Atenção participantes para rei e rainha da feira, os resultados sairão em cinco minutos. Por favor, dirijam-se para a tenda de rei e rainha.”

A mensagem foi repetida três vezes. Miku e Kaito se entreolharam, abandonando a dança e seguindo para a tenda. Iam junto a um fluxo enorme de pessoas, todas parecendo extremamente interessadas no resultado final.

Quando chegaram, todos que usavam o broche foram para a frente dos tronos, encarando a multidão. Era tanta gente que grande parte tinha que ficar do lado de fora, esperando ver alguma coisa. No final, não havia tantos casais concorrendo assim. Dez à doze no máximo. Um homem com seus trinta anos que estava vestido de bobo-da-corte segurava na mão esquerda um envelope de carta branco, fechado com um selo real, e na outra um microfone, para anunciar os resultados.

– Hoje, na nossa décima sexta feira renascentista, vamos coroar o rei e a rainha da corte anual. Esses que tiveram seu trabalho duro em coletar pontos nos jogos para receberem suas coroas, agora estão aqui, para desvendarem qual deles trabalhou mais duro, e qual merece mais seu lugar no trono, por direito! – todos que estavam dentro e fora da tenda, menos os participantes, aplaudiram, urraram e assobiaram, quando o homem terminou sua fala – mas, no entanto, não estamos aqui para ouvir discursos intermináveis. Estamos aqui para homenagear nosso louvado rei e amada rainha, que nos guiarão, para nossa décima sétima feira anual! – outra salva de aplausos, berros e assobios. – E por fim, teremos os resultados. Tambores, por favor.

Três homens com tambores bateram em ritmo acelerado de suspense, enquanto a plateia suspirava para saber os resultados.

– E nosso rei e rainha desse ano são... – o homem fez uma pausa dramática, olhando vagarosamente para o rosto de cada participante. – K. Shion e M. Hatsune!

Dois canhões de confetes estouraram ao final de sua fala com um estrondo, e todos gritaram. Miku e Kaito também se surpreenderam. Institivamente, Miku se jogou nos braços dele, e como se fizesse isso todos os dias, Kaito a ergueu e a girou, rindo.

Uma moça com seus vinte e sete anos com cabelos tingidos de ruivo colocou em cada um sua coroa, e os guiou para que sentassem em seus tronos. Foi só uma formalidade para que um fotógrafo tirasse a foto para coloca-la ao lado dos reis e rainhas anteriores, que estavam pendurados atrás deles. Quando todos começaram a ir embora, Kaito e Miku não viram o porque de estarem mais lá. Saíram exibindo suas coroas, entre gargalhadas.

– Você tinha que ter visto a sua cara! – Kaito falou, rindo. Miku riu também.

– A minha? Eu achei que você fosse desmaiar ali! – e o socou no ombro, brincando.

– Eu? Desmaiar? Você que tava tremendo. Pois é. Eu vi.

Ela fez uma cara de surpresa e indignação mas acabou por rir de novo. Arrumou sua coroa prateada sobre a cabeça, e fez uma cara esnobe.

– Com licença! Eu sou rainha.

Kaito riu, e a puxou pelo braço, a abraçando com força, imobilizando-a.

– Não, você é minha rainha.

Antes que Miku pudesse dizer qualquer coisa, outra voz irrompeu, fazendo com que seu corpo travasse.

– Miku? O que está fazendo com ele?

Ela se soltou a ponto de ver a cabeleira loura.

– Rin?


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Notas finais do capítulo

treeeetaaasss
O que será que vai dar?



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