Capítulo 16 – Estrelas Perdidas

–Onde foste? – indagou Kol, entrando no quarto de Liliana sem a sua permissão.

–Como se estivesses preocupado comigo – murmurou ela, olhando-o pelo espelho e tirando os brincos das orelhas.

O Original cerrou o maxilar.

–Onde foste? – voltou a perguntar.

–Sair. Dar uma volta. Estou farta de estar nesta casa o tempo todo.

–Onde foste, precisamente?

–Eu não tenho que te dar justificações! – Liliana virou-se, apontando-lhe o dedo acusadoramente. – Eu não te pergunto nada! Já deixei de fazer perguntas há muito tempo! Por que não fazes o mesmo?

–Por que estás a agir assim? Nós… nós beijámo-nos! – Kol semicerrou os olhos. – Pensei que tinha significado algo para ti.

–Bem… - a loira deu um passo para trás, hesitante. O seu estômago enrolou-se. – Eu… eu pelo desculpa por isso.

–Não estás a falar a sério.

–E-Estou sim. E agradecia que saísses do meu quarto. Agora.

–Isso não é a verdade – continuou a negar. – Estás a mentir-me e estás a mentir especialmente a ti mesma!

–E se não estiver a dizer a verdade? – retorquiu ela. – E se aquele beijo foi algo que eu pensei que fosse muito bom, mas quando aconteceu eu tive tanto medo e tanta culpa que não quero que volte a acontecer?

Kol perdeu imediatamente a sua postura arrogante.

–Foi isso que sentiste? Medo e culpa?

–Era como se fosse errado – Liliana baixou os olhos, envergonhada. – E não gostei disso.

–Foi por isso que saíste hoje? Para te afastares de mim?

Ela acenou.

–Eu tentei ir descobrir mais coisas sobre o meu passado.

–Como assim?

–Este medo e esta culpa foram algo tão fortes que quando eu tentei investigar melhor as suas causas, eu fui de encontro ao bloqueio que há na minha mente. Isto só pode ter a ver com o meu passado, e eu estou determinada a descobrir o que é que aconteceu.

–O que foste fazer hoje?

–Fui ver a minha casa – admitiu.

–Tu o quê?

–Eles não me viram, eu juro! – exclamou ela, com lágrimas nos olhos. – Eu até pensei em bater à porta e dizer-lhes que estava bem, mas… não ia resultar em nada. Eles estão de coração partido, se eu lhes aparecesse à frente eles pensariam que eu era uma impostora. E… - uma lágrima escorreu pelo seu rosto. – Eu não gostei do que vi, Kol. Eles… não são mais os mesmos: mal se falam, não se tocam, todas as conversas têm um tom de discussão e a minha mãe chora tanto… por mim!

–Lamento muito, Liliana – Kol deu um passo na sua direção e quando viu que ela não iria recuar, levou-a para os seus braços. – Não devias de ter ido sozinha.

–Eu precisava de ir sozinha. Eu preciso de investigar mais o que aconteceu.

–Claro que sim – concordou ele. – Eu posso ajudar-te nisso.

Liliana sorriu levemente.

–Obrigada.

©AnaTheresaC