Born to Die escrita por AnaTheresaC


Capítulo 16
Capítulo 15 - Família


Notas iniciais do capítulo

Hello, darlings! Eu sei que tenho 22 leitores fantasma.Gostaria que se pronunciassem, por favor!

Boa leitura!



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Capítulo 15 – Família

Quando ninguém notou, de tão focados que estavam em Klaus, Liliana saiu de casa. Ela recordava-se vagamente das aulas de condução que teve, era tudo um borrão na sua cabeça, tal como todas as outras memórias humanas. As chaves estavam no chaveiro da garagem, como era de se esperar. Pegou numa chave ao acaso e com o controlo remoto, destrancou as portas. O jipe preto de Klaus foi o que deu o sinal. Liliana engoliu em seco. Já era mais do que tempo aceitar o que tinha acontecido, e aquele jipe trazia-lhe as memórias confusas daquela noite. Ela estava assustada, perdida, destroçada.

Cerrou o maxilar e ergueu a cabeça, caminhando determinada para o jipe. Entrou e pegou no comando da garagem, que estava sempre no porta-luvas de todos os carros. Liliana ainda não tinha andado em todos os carros que ali estavam, muitos deles pertenciam aos híbridos de Klaus, mas Liliana sabia que os Originais gostavam de manter as coisas no sítio e eram metódicos.

A porta da garagem abriu-se lentamente e Liliana arrancou com o carro. Quando notassem a sua ausência, ela já estaria bem longe dali. E quando regressasse, se regressasse, ela não tinha que dar justificações a ninguém, afinal, o motivo para ela se sentir assim tão confusa eram eles. Elijah. Rebekah. Klaus. Kol.

No início, não sabia para onde devia de ir, mas inconscientemente foi guiando o carro em direção á sua casa. Aquela era a casa dos sonhos da sua família. Uma vivenda recatada, com uma pequena piscina no jardim de trás, onde ela e as suas amigas gostavam de passar o verão, com um jarro de limonada há beira da piscina. Sorriu vagamente. Afinal nem todas as memórias eram tristes. O facto de estar a viver em casa de três vampiros milenares, cada um com o coração amargurado, estava a torná-la menos humana. Se estivesse com eles, quanto tempo demoraria aquela memória subir-lhe á mente? Talvez nunca, porque aquela casa não era um lar feliz.

Parou o carro do lado oposto há casa e ficou a observá-la, ainda vazia. Em breve, o pai e a mãe chegariam. Como era a vida deles sem ela, a sua filha única? Um peso abateu-se no seu coração. Ela recordou-se do quanto devastada a mãe de Teresa tinha estado no seu funeral. Ela também se tinha sentido devastada, como se uma parte de si tivesse morrido com ela. Mas Teresa não estava morta, e muito menos ela. Será que não havia uma maneira de lhes passar uma mensagem de que, onde quer que ela estivesse, ela estava bem? Eles até podiam pensar que ela estava no Céu, ou em qualquer outra parte do Universo, mas essa mensagem não seria reconfortante para eles?

Os faróis de um carro apareceram no fim da rua, e apesar de os vidros serem esfumados, Liliana enterrou-se no assento do carro, espreitando o que acontecia pela janela. Era o carro da sua mãe. Claro que era, ela chegava sempre a horas a casa. Não havia nada neste mundo que a impedisse de passar tempo com a família.

–Mãe - sussurrou Liliana, vendo-a sair do carro. O seu rosto estava mais severo: os olhos não tinham expressão alguma, os lábios estavam cerrados numa linha fina e as olheiras eram tão profundas que Liliana se perguntou há quantos dias é que ela não dormia quando a luz do candeeiro de rua a iluminou.

Entrou em casa e Liliana foi vendo as luzes a acenderem-se há medida que ela ia passeando de uma divisão para a outra. Ficou surpreendida quando o seu quarto se iluminou e apurou a audição, tentando perceber o motivo para a mãe ir visitar o seu quarto.

Os batimentos cardíacos eram irregulares, e quando um soluço cheio de dor chegou aos seus ouvidos, Liliana percebeu o quanto estava a magoá-la. Instintivamente, saiu do carro e atravessou a rua. Ela não queria pensar nas consequências do que iria acontecer, lidaria com elas mais tarde, ela só queria transmitir o quanto ela também estava magoada e o quanto culpada se sentia por a magoar. Ela estava bem; estava viva. Não estava em caixão algum e não tinha morrido. Pelo menos, não permanentemente. Esticou a mão para tocar à campainha, mas logo outro carro apareceu e correu vampiricamente para a segurança do carro. Desta vez, era o pai que chegava a casa. Ele nunca chegava a casa tão cedo, gostava sempre de fazer uma ou duas horas extra no trabalho, e justificava sempre que só fazia isso porque adorava abrir a porta de casa e sentir o cheiro dos cozinhados da esposa e a família toda em casa.

Não.

Liliana não aguentaria ver o seu pai sofrer. Ele, que se esforçara tanto para lhe dar tudo o que podia, que se assegurara que ela teria fundos suficientes para ir para a faculdade.

Mas ficou a assistir, como uma espectadora, ao desenrolar do sofrimento de ambos. Ele não a foi cumprimentar logo, como acontecia quando Liliana estava lá. Em vez disso, foi para o seu quarto e logo de seguida foi tomar um duche. A mãe permaneceu no seu quarto, arrumando o seu roupeiro. Quando ele saiu do chuveiro, foi para a sala assistir TV, mas rapidamente ficou aborrecido e foi então que foi ter com a sua esposa.

–O que estás a fazer aqui?

–Estou a arrumar algumas coisas. Ela tinha muita roupa e as irmãs perguntaram se eu gostaria de doar algumas peças. Eu disse que sim - a sua voz era tão melancólica como monocromática. Sem vida alguma.

–Não era uma decisão apenas tua.

–Verdade. Mas já que não posso ajudar mais a minha filha, ao menos ainda posso ajudar os filhos dos outros.

Os batimentos cardíacos do pai aceleraram-se. Ele não tinha apreciado o argumento.

–Ao menos vamos perguntar às suas amigas se elas gostariam de ter alguma coisa.

Ela suspirou. Cansada, enfadada, como se a sugestão do marido fosse apenas atrasar as coisas.

–Sim. Faz isso amanhã.

–Pois podes crer que vou - saiu do quarto com passos largos.

Liliana ligou o carro e arrancou brutamente, fazendo os pneus chiarem no asfalto. Ela não queria saber mais nada. A dor que tinha causado em ambos era tão grande que ela não sabia como se redimir.

©AnaTheresaC


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Comentem, por favor!
Próxima segunda há mais!
XOXO



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