Gaara

Quem disse que ser um dos milhares de filhos de Lúcifer é fácil? Tinha que conhecer á hierarquia dos demônios, que era mais longa que a constituição federal que qualquer país, tinha que conhecer a hierarquia celestial mesmo não sendo um anjo ou tendo qualquer misera ligação com eles e essa era a hierarquia mais complexas existente já que uma refletia na outra e entrelaçava de modo que, segundo suas suposições, nem mesmo um anjo seria capaz de recitar sem dar uma longa e espiada em algum pergaminho.

Fora ter que conhecer etimologia e psicologia envolvendo tanto humanos quando animais que modificava de criatura para criatura. E história, bilhões de anos de história que nem mesmo historiadores humanos eram capazes de imaginar. Coisas que não estava escrito em nenhum livro das relegiões humanas ou que não constava em nenhuma das lendas famosas ou desconhecidas pelas gerações e gerações de humanos que aplicadamente estudara em seus imortais anos de existência.

Ele fora enviado para uma peregrinação na África, gostava dos exílios que era forçado a fazer á cada dez anos ao menos ele podia escolher o país em que viveria sem auxilio de suas habilidades demoníacas, era como se fosse humano por um mês. Vivendo livre de regras e de observação constante de seu pai ou dos servos dele. O que Gaara ainda não entendia e estava ansioso para descobrir era o motivo de tê-lo mandado para seu exílio dois anos antes do tempo previsto. Estavam o mandando para longe para que não interferisse em algo disso ele tinha certeza.

Mas o que seria? O que seu pai tinha medo que ele descobrisse e para manda-lo para tão longe? Há anos ele fora punido ao desenterrar a vida de sua mãe que era uma humana que fora iludida por Lúcifer, naquela época Gaara estivera absorto entre as histórias humanos que acabou indo atrás de sua própria e acabou enfurecendo Lilith a mulher de seu pai, seu castigo pela impertinência de descobrir o sacrifício da mãe que o amava foi passar anos trancados na parte mais profunda do inferno, um lugar a qual os gregos deram nome de Tártaro.

Agora nada lhe vinha á cabeça. Seria pela Sakura? Não provavelmente não, ele se afastou dela para que não a usassem contra ele como faziam com tudo o que atraia compaixão ou interesse dos demônios. Sakura estava segura, mesmo que algo lhe insistisse em dizer que não estava ele se agarrava á pequena possibilidade do anjo da guarda dela ser forte suficiente para protegê-la de seja quem fosse que mandasse atrás dela ou ao menos que Hinata o convocasse em menor sinal de perigo. Então...

Em exílio mesmo que fosse convocado por outro demônio, o chamado não chegaria. Era isso, sabia que caso o chamasse ele não apareceria. Em exílio ele não sentiria o perigo em torno de Sakura nem mesmo se estivesse ao lado dela. O mandaram para seu isolamento para que ele estivesse longe o bastante de Sakura mesmo que soubesse o que estivesse por vir.

Gaara correu sem direção pela areia quente do Saara, precisava chegar em Konoha, precisava chegar até Sakura.

Sakura

Eu ainda estou presa, tenho sonhos recorrentes com varias pessoas. São sonhos confusos que me dão dor de cabeça. Tento ficar acordada, mas então volto a dormir. Não consigo manter meus olhos abertos. Nem sei quanto tempo estou aqui.

Sei que me chamo Sakura tenho 16 anos moro em Konoha e sou órfã, fiquei órfã por culpa de um ruivo a quem chamei de Gaara.

“Não essa não sou eu, essa e a garota de cabelos cor de rosa dos meus sonhos, é ela quem tem amigos e que teve família. Eu não existo”.

“Existo sim, só não sei quem sou”.

O ruivo de olhos verdes voltou ontem, não me lembro bem que ele é, mas me lembro dele me abraçando. Quando abri os olhos ele estava sentado ao meu lado, sorriu.

– Que bom que acordou, estive preocupado com você.

– Quem é você? Onde estou? – perguntei assustada

– Está segura, em nossa casa meu amor. Não se lembra ainda não é verdade?

– Me lembrar? De que?

– Estamos casados querida, amanhã faremos 12 anos de casados – eu não me lembro dele, ele segurou minha mão me olhando com ternura – os meninos estão preocupados com você.

– Meninos? Que meninos?

– Nossos filhos?

– Eu tenho filhos?

Ele sorriu alisando meu rosto com um toque tão delicado que mal senti.

– Durma um pouco mais querida, durma – disse beijando minha testa.

Abri os olhos e me deparo mais uma vez com a parede vermelho sangue, ouço vozes distantes, lamentos... ainda não sei onde estou, ainda estou presa, ninguém ainda veio me ver. E meus pesadelos estão cada vez mais confusos.

Não sei o que é verdade e o que é sonho, está tudo tão misturado. As imagens distorcidas em minha mente me deixa confusa, me lembro de pessoas muitas pessoas, mas não vejo seus rostos e nem ouço suas vozes, apenas me lembro que elas existem. O único de quem ainda me lembro vagamente é dele.

Um ruivo de olhos verdes...

Não me lembro mais seu nome, ah, ele nunca me disse seu nome é por isso que não me lembro. Também não me lembro de seu rosto, vejo uma imagem disforme quando fecho os olhos vermelho e verde, os olhos dele são verdes como esmeraldas.

“Não meus olhos são verdes, me lembro disso”

“Não, não são verdes esses são os olhos da garota de cabelos rosados de meu sonho”.

Eu não sei quem sou e nem onde estou, estou confusa e com medo. Estou sozinha em um dia claro perdida em um mundo que eu sequer conheço, esse mundo está em minha mente.

Pelas garras do gato

– Ela é mais forte que imaginávamos – disse a fúria Aleto, com um tom de surpresa – por que simplesmente não a possuem? Possessão é muito mais prático que isso.

Tísifone a mais velha das fúrias olhou para a segunda irmã pensativa antes de responder, evasiva.

– Lúcifer quer que a criança seja reprogramada antes de ser devidamente usada.

Megaira deu uma gargalhada cética e comentou rispidamente.

– Ele só quer torturar o filho adorado que foi resolver se apaixonar pela idiota ali – apontou á câmara de vidro onde Sakura dormia – é o que dá se envolver com mortais humanos, os filhos nascem todos desviados. Se ligar á uma reles humana – disse cuspindo enojada.

– Acho que tem mais por trás da insistência dele em querer essa menina humana para fazer seja lá o que for – insistiu Aleto ainda suspeitando de algo mais interessante por trás da lavagem cerebral que estavam fazendo em Sakura.

– Não importa Aleto – resmungou Megaira olhando de soláio para Tísifone, pressentia perigo quando a irmã mais velha guardava segredos para si – vamos brincar um pouco mais com a cabeça da criança humana e entrega-la á Temari antes que ela venha nos perturbar mais uma vez.