The Wind escrita por HikariBibii


Capítulo 9
Festival de Outono


Notas iniciais do capítulo

E aí pessooooaaaaas!!! :3
Eu sei, confesso e admito que demorei um pouquinho pra postar para uma pessoa que ainda está de férias, maaaaaas eu tenho umas boas desculpas para isso! (é sério, são boas mesmo!!) Primeiro, que eu tive uns probleminhas pessoais no final da semana passada (pra ser mais exata na quinta feira) que abalaram com o meu emocional para escrever um capítulo tão importante nessa fic. E depois porque eu tive bloqueio criativo e eu resolvi não forçar a barra, pois um capítulo importante tem que ser bem feito. Outro motivo da minha demora foi que esse capítulo ficou grande (o maior até agora para ser mais exata) e eu tenho total certeza que cabeças vão rolar nos comentários (pra ser mais exata, a minha) e ENFIM, ENFIM, ENFIM, leiam e tirem suas próprias conclusões! 8D
Espero que gostem do capítulo, btw~ Foi o mais difícil de escrever até agora, logo, logo vocês entenderão porque ;3



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Sexta-feira, 21 de Setembro.

O céu me despertou com um bom dia agradável. Azul e completamente limpo. Ao olhar pela janela, dava para perceber a pequena coloração alaranjada que começava a se formar na vegetação, e algumas folhas já repousando em terra firme.

Para melhorar a minha situação, hoje é o dia do Festival de boas vindas do Outono, logo, não haverá aula. Ao invés disso, Bianca, Mei e eu vamos até a Madonna, a loja de costura e indumentária da avó da B, para alugar os nossos kimonos da noite. E por falar nisso, Mei já deveria estar me esperando lá embaixo.

Levantei da cama por impulso, fitei a roupa que havia separado na noite passada, pendurada em um cabide, na maçaneta da porta do armário. Assim, direcionei-me para o espelho do quarto a fim de me arrumar. Resolvi vestir algo bem básico para um quase início de outono: calça jeans azul escura, acompanhada de botas de cano alto pretas. Além disso, eu também vestiria uma camisa branca básica, sem estampa, com uma jaqueta preta e desabotoada por cima. O meu cabelo? Resolvi deixá-lo amarrado, como de costume, em uma mecha única que saía por de trás da minha cabeça.

Saí do quarto e desci as escadas rapidamente, já podia ouvir a doce voz de Mei conversando com a mamãe.

– Bom dia, dorminhoca! – ela sorria ao me ver – Vejo que está bem animada para o festival, já que conseguiu acordar cedo.

– Você sabe que eu sempre fico animada em dias de festivais. – comentei ao me sentar na mesa de café da manhã, retirando uma fatia de pão do pacote.

– Bom, isso é verdade, mas esse ano não deixa de ser excepcional, já que é o seu último Festival de Outono como aluna da USS. – Mei acrescentou, me chamando para a realidade.

Era verdade. Era verdade mesmo. Eu sempre me esquecia de que esse é o meu último ano como uma aluna colegial. Ano que vem, tudo muito provavelmente irá mudar, e esse era mais um motivo para eu aproveitar ao máximo um dos anos mais especiais da minha vida. Um ano que logo de início já estava bem agitado para mim. Tantas coisas já estavam acontecendo...

– E é por isso que hoje a noite será uma das melhores. – afirmei, sentindo o brilho em meus próprios olhos – Afinal, é como dizem, a primeira e a última vez, são as que ficam em nossa memória para sempre.

– É melhor aproveitar hoje mesmo – a voz de mamãe nos interrompeu – Já que na maior parte dos outros dias deverá passar estudando. – ela comentou de modo seco, enquanto enxugava um prato de porcelana com a toalha da cozinha.

Mamãe e seus comentários. Comentários que sempre me abalam de algum modo. Eu estava tão feliz! Ela não precisava me lembrar de estudos numa hora dessas! Rapidamente, fitei Mei nos olhos, enquanto dava mais uma mordida em meu sanduíche de mortadela, convidando-a para conversarmos do lado de fora. Assim, pelo menos, não precisaríamos ser incomodadas pela mamãe. A morena, que logo percebeu o meu convite, sorriu levemente com as bochechas cheias de leite, demonstrando a sua simpatia pela ideia.

Logo, nos levantamos e saímos de casa. A temperatura do lado de fora realmente estava das melhores, estava levemente frio, na medida certa, exatamente do jeito que eu gosto. O brilho da luz do sol sobre Mei, chamou a minha atenção, fazendo-me perceber o como ela estava feminina e charmosa para um simples passeio matinal. A morena usava um vestido de mangas cumpridas estampado com várias flores que o coloriam intensamente. A sua saia era rodada e ia até os joelhos, cobrindo toda a extensão da coxa, que estava coberta, assim como o resto das pernas, pelo tecido fino de uma meia calça preta. Nos pés, ela usava um par de sapatilhas brancas.

Começamos andando lado a lado sobre a calçada branquinha da região, admirando todas as belas casas e jardins da vizinhança, sendo presenteadas com a brisa fresca da manhã que ia de encontro aos nossos rostos. O dia está realmente perfeito, e tudo isso só me deixa mais feliz!

Antes que chegássemos ao encontro de Bianca, resolvi tocar em um assunto particular:

– Ontem foi bem divertido assistir ao seu ensaio com o pessoal da UST, todos parecem ser bem legais e simpáticos – menos aquele Hibiki pervertido, claro – Tenho certeza de que vocês vão arrasar hoje. Ah, e eu gostei muito de conhecer o Hyuu. – finalizei sorrindo de modo agradável, percebendo que ela já apresentava pequenos rubores em suas bochechas, só por eu ter falado o nome dele.

– Aah, você acha mesmo? Que bom, Tou, isso me deixa bem mais confiante. – ela admitia ao sorrir serenamente, na tentativa de disfarçar os seus rubores.

Decidi ser cruel e provocá-la um pouco. Afinal, isso era necessário, já que só eu sabia o que existia entre aqueles dois:

– Por quê você não chama ele pra sair?

Mei congelou no ato. Os rubores em seu rosto intensificaram-se ainda mais e ela ficou por alguns segundos parada, olhando para frente.

– Não estou brincando. – continuei – Eu realmente acho que você deveria chamá-lo para sair. Sabe, eu definitivamente senti uma química entre vocês ontem e-

– E por quê você acha que tem que ser EU?! – Mei indagou, ainda mais vermelha, ao se virar bruscamente.

Não pude evitar de rir um pouco com a pergunta dela.

– E você acha que ele realmente tomaria alguma iniciativa quanto amor? Ele pode ser bem sério quando o assunto é basquete mas-

– E você acha que EU seria capaz de tomar alguma iniciativa? – Mei me cortou, apontando para o próprio nariz com o indicador, avermelhando-se cada vez mais.

– Mei, você já deu o primeiro passo. O primeiro de muitos. – comentei – Deu um jeito de se aproximar dele se tornando líder de torcida, colocou o seu coração e alma nisso tudo. Depois de alguns dias já estão muito próximos. Por quê não dar o segundo passo?

– Eu acho que isso tudo está indo rápido demais. Começamos a treinar juntos na terça dessa semana... eu não posso simplesmente do nada chamá-lo para sair... – Mei comentava cabisbaixa.

– Para mim isso não começou essa semana. Para mim começou desde o segundo semestre do ano passado. Não foi?

Mei arregalou seus belos globos azuis e continuou fitando o chão por alguns segundos.

– Começou para mim. Mas até parece que começou para ele também. – ela comentou em um tom chateado ao desviar os olhos para a rua asfaltada.

Ao contrário do que Mei pensa, eu achava justamente o contrário. Ela pode não entender ainda, já que não viu a reação dele perante ela ontem, mas para ele já estar, no mínimo, corando quando ela está por perto em apenas uns três dias de treino, é porque algo começou bem antes disso.

Nossa conversa foi interrompida ao avistarmos um belo jardim de rosas brancas. E imersa nele, havia uma loira muito querida que sorria ao caminhar na nossa direção:

– Tou! Mei! Que bom que chegaram!

Bianca, assim como Mei, também estava bem charmosa e feminina para um simples passeio matinal. Eu estava até me sentindo uma tomboy perto das duas! O corpo da loira estava coberto por uma camisa de mangas cumpridas laranja, com pequenos botões em formato de coração em um tom alaranjado mais escuro na frente, uma saia de cetim branca até os joelhos, com um laço da mesma cor que envolvia a região da cintura, e botas de cano alto marrons. Droga! Justo quando eu resolvo não me arrumar bem, as duas decidem que vão me humilhar, é isso?Bom, não importa! Desde que não encontremos com nenhum cara no caminho... tudo vai ficar bem!

x-x-x

Após vinte minutos de uma caminhada agradável, com as garotas mais agradáveis do mundo, do outro lado da rua já podíamos ver o enorme letreiro sinalizando “M A D O N N A” e os belos vestidos de festa que estavam sendo expostos na vitrine.

– Parece que a coleção de outono já chegou. – comentou a loira ao atravessar a rua, com brilhos legítimos nos olhos.

Conforme íamos chegando cada vez mais perto do estabelecimento, o meu coração acelerava. A loja da avó da Bianca é realmente um mundo de perfeição para jovens da nossa idade. Lá, é possível encontrar roupas dos mais variados estilos, para todas as estações do ano, e para todas as ocasiões. Além disso, a avó da B, como a ótima costureira que é, ainda ganha uma grana extra, remendando e ajeitando roupas problemáticas da sua clientela.

Ao entrarmos na loja, um pequeno sino fixado a porta badalou com a nossa chegada, chamando a atenção da senhora Madonna.

– Boooom dia, vovó! – Bianca exclamava indo em direção a sua avó, dando-lhe um abraço gentil.

– Ah, bom dia querida! Que surpresa agradável pela manhã! – a senhora sorria com as bochechas avermelhadas ao olhar para a sua neta – E essas são suas amigas? – perguntou ao sorrir para nós.

– Sim! Essas são Mei, e Touko. Se lembra delas do último festival? – a loira perguntava a sua avó, enquanto apontava para nós.

– Claro que lembro. E por já saber que vocês viriam aqui hoje, separei no quarto dos fundos algumas peças de kimonos da coleção de outono que acho que vão cair bem em vocês. – a senhora sorriu, transparecendo todo o seu amor pelo trabalho que faz.

A avó da Bianca era realmente uma senhora muito gentil. Em todos os festivais ela sempre nos deixa alugar os mais belos kimonos da coleção por um preço bem em conta! Como ela também tem um ótimo bom gosto, sempre deixava reservado para nós as melhores peças, antes de disponibilizá-las para o público. Por isso, que também, sempre íamos bem cedinho lá nesses dias especiais! Além disso, ela sempre estava do mesmo jeito em seu ambiente de trabalho, usando um vestido cinza que ia até os pés, com seus óculos arredondados pretos, e os cabelos brancos presos em um coque na parte de trás superior da cabeça.

Seguimos a senhora Madonna até o quarto dos fundos, que ao ser aberto, encheu os nossos corações de felicidade. Haviam três cabideiros em cantos diferentes do cômodo, e em cada um deles, haviam kimonos de cores específicas, revelando para nós, que a avó da Bianca já havia os separado em relação às nossas cores favoritas. O canto com kimonos verdes e laranjas, definitivamente era o da Bianca, o com peças rosas e azuis, deveria ser o da Mei, e o meu, por eliminação, era o que havia branco com vermelho.

– Divirtam-se meninas! Quando decidirem o que vão levar, me chamem no balcão da frente. Deixarei a porta encostada para que vocês possam os experimentar. – a avó da Bianca se despedia de nós com um sorriso.

Começamos a rir que nem doidas de felicidade, nos despimos ali mesmo, ficando de roupa íntima, é claro, e começamos a experimentar todos os kimonos possíveis. Decidir qual levar se tornava um desafio maior à medida que íamos experimentando mais peças. Devo admitir também, que ver o corpo seminu das duas incomodava bastante a minha autoestima, mas não era nada que fosse destruir a minha felicidade do momento!

Após mais ou menos uma hora (pelo menos eu acho que é o tempo que passamos ali), nós finalmente decidimos quais kimonos alugar! Bianca, como sempre, decidiu misturar as suas duas cores favoritas, pegou um kimono laranja, estampado com várias folhas de outono em branco. A faixa que envolvia a sua cintura era verde, assim como o grande laço borboleta amarrado em seu cabelo, destacando-se no topo da cabeça. Mei, manteria o seu penteado tradicional, mas dessa vez, amarrado por fitas azuis claras, assim como a cor de seu kimono, estampado com vários contornos de corações brancos, e envolvido na região da cintura por uma faixa azul escura. Já eu, escolhi um kimono vermelho estampado por diferentes silhuetas de flores brancas, com uma faixa preta para a região da cintura, assim como o laço que envolveria os meus cabelos soltos, assemelhando-se um pouco com orelhas de coelho no topo da cabeça. Nos pés, todas nós usaremos sandálias de madeira, tal como na tradição.

Assim, ao retirarmos as peças escolhidas, as carregamos nos braços para fora daquela sala, pela qual estávamos por tanto tempo.

– Vovó, nós vamos levar essas aqui! – afirmou Bianca com um sorriso animado no rosto – Ah! E que surpresa! Olá, professor N! – sua última fala fez o meu cérebro estalar.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo, olhos da mesma cor. Por mais que tenha sido grosso comigo, continuava esbanjando beleza e sedução por onde quer que fosse. Como nesse exato momento.

– Bom dia meninas! Também vieram alugar kimonos para o festival? – ele perguntou com seu sorriso angelical irresistível – E quem diria que essa doce senhorinha seria a avó de uma das minhas melhores alunas!

Isso! Isso! Continua elogiando ela! Já que de mim não tem mesmo o que falar... Principalmente por eu estar tão masculina com essa roupa perto delas, droga!

– Ah, e olá, Touko. – ele se virou para mim com mais um de seus sorrisos sedutores.

– Olá. – respondi secamente e com os olhos fechados – Eu não sei quanto a vocês, meninas, mas acho que vou tomar um ar lá fora – comentei ao colocar o meu kimono no balcão – Ah, e N, não sabia que gostava de festivais. – mencionei, saindo da loja.

“Você não deveria estar preocupada em ajudar com os preparativos do festival enquanto as provas começam segunda-feira! Quem ficou de recuperação deveria estar em casa estudando!”

Como assim ele vai ao festival?! Do jeito que ele agiu ontem comigo nem parecia que ele ligava para festivais! E agora... ele estava alugando um kimono! E se ele está indo ao festival... será que vai estar acompanhando? E p-porquê eu estou me importando com isso?! Ele deve ficar lindo de kimono... mas isso não vem ao caso! Arght! Por quê ele tinha que ser tão lindo?! Tudo poderia ser tão mais fácil...!

Poucos minutos depois, Bianca e Mei saem da loja com três sacolas.

– Aqui está o seu kimono, Tou! – disse Bianca, ao estender para mim, uma das sacolas que carregava – E o que foi isso de agora pouco? Isso lá é jeito de se falar com um professor? E ainda por cima chamá-lo pelo nome!

– Ué? Sério que eu fui grossa com ele? – perguntei me fazendo de desentendida – Eu nem reparei! Na verdade, lá dentro estava tão abafado que eu estava doida pra vir aqui pra fora respirar um pouco, hehehe! – comentei em meio de uma risada nervosa ao sacudir uma das mãos, abanando o meu próprio rosto.

– Bom... deixando isso de lado... – Mei nos interrompeu – É melhor voltarmos para casa para descansar e nos arrumar para o festival! Ainda tenho que almoçar, tomar banho, ajeitar o cabelo e a maquiagem! – mencionou, ao contar nos dedos todas as coisas que ela ainda pretendia fazer.

E assim nós fizemos.

x-x-x

A lua cheia do lado de fora da janela me deu um olá, convidando-me para sair. O sol já havia adormecido completamente, e era exatamente nesse momento, no despertar da lua, que o festival começava.

Confesso que eu já estava pronta desde depois do almoço, e passei umas boas quatro horas sentada em frente à janela da sala, esperando pelo pôr do sol. É agora. O primeiro dos últimos quatro festivais da minha vida escolar está prestes a começar!

– Vamos? – ouço a doce voz de Mei me chamando por trás.

– Sim! E puxa, como você está linda, Mei! – comentei, lançando-a um de meus melhores sorrisos - Só vê se não esquece de trocar de roupa na hora da sua apresentação! – relembrei-a em um tom brincalhão.

– Claro que eu não vou me esquecer, Tou! E eu quem diga que você está linda! Soltou até os cabelos! – a morena comentou devolvendo-me um sorriso.

– Ah, mas você sabe, Mei! Eu só solto o meu cabelo em ocasiões especiais! – retruquei envergonhada pelo elogio, de braços cruzados, tentando disfarçar os rubores estavam em minhas bochechas.

Mei apenas lançou-me mais um de seus sorrisos e permaneceu em silêncio. Até que decidiu me puxar pelos braços:

– Vamos logo, Tou! Bianca já deve estar esperando por você, assim como o pessoal da UST deve estar por mim! – a morena comentou ao me guiar para fora de casa.

O céu azul da noite tomou conta da minha atenção durante todo o percurso até a escola. Ele estava limpo, e completamente colorido pelas estrelas dos mais diversos brilhos e intensidades. A região de Unova estava realmente sendo contemplada nessa noite tão especial de transição de estações.

Chegando perto da porta da USS já dava para avistar Bianca em seu lindo kimono de mais cedo. Ela estava acompanhada de Cheren, que também se arrumou bem para noite, apesar de não estar usando um kimono, usava um casaco com estampa quadriculada em vários tons de azul e uma calça jeans preta.

– Tou! Mei! Estão lindas! – a loira comentou ao sorrir para nós.

– Ahah, obrigada, mas você é quem está linda, B! – comentei, um pouco sem graça.

Ao olhar para Cheren, percebo que o moreno lançava-me uma piscadela um pouco forçada com o olho esquerdo. E eu bem sabia o que essa piscadela queria dizer. “Fique de olho no Black”, isso estava praticamente estampado na cara dele.

Logo, Mei e eu nos despedimos, para que ela pudesse procurar por seus amigos do time de basquete, e assim, eu, Bianca e Cheren seguimos festival à dentro.

O festival mal tinha começado e já estava bem animado! Pessoas estavam sorrindo por todas as partes, as barraquinhas estavam lotadas e já havia música tocando no palco! Eu estava tão feliz que nada, absolutamente nada, poderia estragar esse momento.

– Black! – exceto ele.

Black caminhava em nossa direção carregando vários espetinhos de camarão e frango. Não podia deixar de reparar que, mesmo não gostando dele, até que ele estava elegante com o seu kimono roxo escuro, com uma faixa preta na cintura.

– Eaí, B! Que bom que eu te encontrei! Será que eu poderia passar o festival com vocês? – ele perguntou com um sorriso que ia da ponta de uma orelha a outra.

– Claro que pode! – a loira respondeu transparecendo a sua felicidade.

Ao olhar para Cheren, dava para perceber que ele não estava nem um pouco animado. Ele parecia estar um pouco pra baixo com a presença do moreno de olhos castanhos. Mas não era para menos, por mais que já fosse meio óbvio que o encontraríamos por aqui. A minha vontade? Era de berrar ali mesmo algo como “Espera aí, pode deixar que eu seguro vela pra eles dois sozinha! Não preciso da sua ajuda!” Mas obviamente que eu não iria fazer isso, caso o contrário, eu arrumaria uma briga com a loira.

– Querem um pouco? – o moreno de olhos castanhos perguntou, estendendo os espetinhos para nós.

– Ah, claro! – respondi ao pegar um dos espetinhos de camarão.

Nossa... até que ele estava sendo... uh... legal? Por mais que ele soubesse (ou se não percebeu é muito tapado) que eu não vou com a cara dele. Cheren também aceitou um, por fome, muito provavelmente. E Bianca aceitou, por simpatia.

– Agora que as crianças estão alimentadas que tal jogarmos um pouco? – Black perguntou rindo bastante, com as mãos na cintura.

Cri...an...ças? Se isso foi uma piada, não teve gra-

Antes que pudesse finalizar o meu pensamento, Black acelera, puxando Bianca pelo braço, que puxa Cheren, que me puxa, como numa cadeia.

– Ua-aah! E-esperem a-aí! – exclamo quase tropeçando pelo caminho. Percebo que estávamos indo em direção à barraca de tiro ao alvo.

– Dois tickets, por favor! – Black exclama ao colocar algumas moedas sobre o balcão da barraca.

Enquanto estava me preparando para assistir a performance do moreno, sou provocada por um vento leve que atinge às minhas costas, bagunçando um pouco o laço da faixa preta do meu kimono.

Ah! Droga! – murmuro para mim mesma, ao me virar o máximo possível pra trás a fim de ver a situação do meu laço.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo. Olhos da mesma cor. N estava a umas três barracas de distância da nossa, acompanhado de dois amigos, cujas belezas nem chegavam aos pés da sua, segurava uma garrafa de bebida alcoólica com uma das mãos, e usava um belo kimono preto com uma faixa branca na cintura. Como ele está lindo... de kimono...

– Hyahah! Consegui de primeira! – minha atenção havia sido tomada pelo grito de Black que acabava de conseguir acertar o centro vermelho do alvo que indicava 80 pontos em apenas uma tentativa – Pra você, Bianca. – ele finalizou, entregando um urso de pelúcia para a loira, que estava com brilhos nos olhos e rubores nas bochechas de tanta felicidade.

– Ch-cheren! Acho que você deveria tentar também! – exclamei de modo nervoso, voltando a atenção dos três pra mim.

O moreno de olhos azuis logo percebeu o porquê do que falei, colocou algumas moedas no balcão e iniciou a sua performance. Primeira tentativa: passou longe, nem sequer acertou uma região do alvo. Segunda tentativa: acertou a divisão de 20 para 30 pontos.

C-como alguém que consegue passar para a melhor faculdade de medicina, não consegue acertar um alvo?!

– O que eu ganhei?! – Cheren pergunta ansioso para o dono da barraca.

– Errr... bom, teoricamente nada, mas... pode ficar com um prêmio de consolação. – o senhor respondeu, colocando uma pedra na mão de Cheren.

– P-pra você, Bianca! – ele exclamou sem jeito, ao presentear a loira.

– O...bri...gada? – a loira agradeceu um pouco sem graça, ao pegar a pedra.

Em questão de segundos os dois morenos já saíram correndo para a barraca de jogos mais próxima, no caso, a de pescaria, deixando eu e a Bianca para trás, que logo fomos atrás deles. Enquanto corria, aproveitei para dar mais uma espiada no N. Mas o quê?! Ele já está com outra garrafa?! Hunf! Não sabia que ele era desse tipo que bebe...

Assim, na barraca de pescaria aconteceu o contrário, Cheren quem conseguiu presentear a loira com um saquinho de peixinho dourado. Contudo, isso só serviu para acirrar ainda mais a rivalidade entre os dois, que começaram a ir, simplesmente, em todas as barracas de jogos do festival, deixando a loira dos globos verdes com os braços recheados de prêmios.

– Já chega! – exclamei, quando chegamos na sei lá qualésima barraca, de tão saturada que eu já estava daquilo tudo – Deixem que EU mostro como se faz!

– Não, Tou... não precisa tentar conseguir um prêmio pra mim, sério... – a loira me cortou com um sorriso um pouco nervoso acompanhado de uma gota – Eu nem sei como vou continuar carregando tantas coisas e-

– Deixa que eu carrego! – os morenos exclamaram em coro ao arrancarem os prêmios da loira, ficando cada um, com mais ou menos metade deles, e logo depois, se encararam de modo furioso. Dava até mesmo para ver as faíscas que saltavam de seus olhos.

– Acho que vou beber alguma coisa, estou com sede. – a loira comentou ao começar a andar.

– DEIXA QUE EU PAGO!! – os dois exclamaram em coro, mais uma vez, com uma troca de faíscas. E assim, saíram correndo para alguma direção aleatória, puxando a B pelas mãos e carregando os prêmios dela.

– E-esperem aí! – exclamei, numa tentativa falha de alcançá-los, acabando por perdê-los de vista.

Merda! Eles sumiram! Por quê eles estão tão exaltados?! Eu sei que estamos em um festival super legal, mas também não é pra tanto!

– Boa noite para o público maravilhoso desse Festival de Outono da Unova Special School! Nós somos as líderes de torcida do time de basquete da escola, o Unova Special Team! E nós vamos fazer uma apresentação de boa sorte para os nossos meninos em seus treinos antes do próximo campeonato!

Uah! Parece que a apresentação da Mei vai começar! Preciso arranjar um lugar para conseguir ver!

– Com licença! Com licença! – eu pedia repetitivamente durante o meu caminho até o local mais próximo do palco do evento.

N?!

Enquanto passava pelas pessoas tive certeza de que vi o N. E o seu rosto estava bem surpreso ao me ver. Tenho total certeza de que nos cruzamos por uma fração de segundo que seja! Por quê ele estava tão surpreso? Dei uma pequena pausa e olhei de relance para trás. Lá estava ele, acompanhado de seus dois amigos e a maldita garrafa de álcool. O que aqueles dois imbecis estão tentando fazer?! Aparentemente os dois amigos do N estavam apresentando ele para uma mulher, e ela era até bem bonita... Tinha cabelos ruivos até os ombros, e seios fartos que quase pulavam para fora do enorme decote do seu kimono cor-de-rosa. M-mas que oferecida!! E esses dois... estão tentando embebedar o N para passar a noite com essa aí, por acaso?! E por quê... E POR QUÊ RAIOS EU ESTOU ME IMPORTANDO TANTO COM ISSO?!

Era como se a apresentação da minha irmã bem na minha frente não fizesse sentido algum. Meus sentidos estavam completamente desligados. A única coisa que eu conseguia ouvir eram os meus pensamentos. O mundo lá fora, emudecera-se, por completo. Até que o silêncio fosse rompido:

– Nossa, que gostosas! Já viu o tamanho da saia delas? – ouço a voz de um garoto próximo a mim.

– Que bundas! E... que peitos! – outro comenta, ao lado do anterior.

O quê?! O QUÊ?! O quê esses garotos pensam que estão falando sobre a apresentação da minha irmã?! Isso é um trabalho sério, resultado de muito suor que está sendo apresentado e é só isso que vocês conseguem perceber?! Sobre... o corpo delas?!

Desviei os meus globos azuis, que estavam sendo infestados pelas lágrimas, de volta aonde o N estava. E lá estava ele, conversando, agora a sós, com aquela mulher. A vontade de chorar, só aumentava cada vez mais, e algumas lágrimas acabaram saindo do meu controle, e escorrendo como uma cachoeira em atividade. Então é assim...? A maioria dos homens só consegue reparar mesmo em o quão esbelto é o corpo de uma mulher? E as que são como eu...? Nunca poderão ter sequer uma chance... de saber o que é amor?!

Saí dali na mesma hora, procurando pela parte mais funda do pátio, onde eu pudesse ficar um pouco sozinha, longe da maioria das pessoas. E eu pensando que nada poderia estragar esse dia... Que idiota... Se eu ao menos pudesse entender por quê estou me sentindo desse jeito... Os pensamentos não saíam da minha cabeça, e quanto mais eu pensava, mais a minha mão prensava com força sobre o meu coração.

B-BIANCA?!!?!

A cena na minha frente, logo no local mais isolado e fundo do pátio, foi o suficiente para levar para longe todos os meus pensamentos de antes.

Bianca e Black estavam unidos um ao outro pelos seus lábios que se tocavam intensamente, sendo iluminados pelo intensivo brilho do luar completamente cheio. Seus corpos estavam prensados um contra o outro, e as mãos do moreno passeavam pelo corpo da loira em movimento ritmados, que se estendiam desde seus fios dourados, por toda a região das costas, até a sua fina cintura. A loira, repousava as suas delicadas mãos no rosto do moreno, que se mexiam um pouco, devido aos prováveis movimentos que as suas línguas faziam entre suas bocas, ao dançarem juntas.

– Você não sabe como... eu esperei por esse momento. – comentou o moreno de olhos castanhos, ao fitar os belos globos verdes da loira, após o seu intenso beijo.

Em meio a toda confusão que se passava na minha mente e a cena bem diante dos meus olhos, vejo um vulto correr por mim, deixando algumas coisas caírem para trás. Fito o chão, e vejo alguns dos prêmios que foram entregues à Bianca.

CHEREN!!

Começo a correr o mais rápido que posso, seguindo a trilha mista de prêmios com lágrimas que iam sendo deixados para trás pelo moreno dos olhos azuis.

Após correr alguns metros, na região mais funda do pátio, no extremo oposto da qual eu estava antes, encontro Cheren ajoelhado e com o rosto enfiado no chão de terra, rodeado por cristais d´água. Sem hesitar, ou pensar duas vezes, me aproximo dele, que tanto deveria estar precisando de ajuda agora.

– Cheren! Cheren! Sou eu... a Touko! – exclamo nervosa, ao acariciar tremulamente os cabelos escuros do moreno.

Cheren levanta o rosto do chão violentamente, abraçando-me com força, e repousando o seu rosto completamente encharcado sobre o meu peito. Apenas continuo acariciando sua cabeça, sem conseguir pensar em mais nada que eu pudesse fazer. Afinal, aquilo havia sido um choque para mim também, que ainda não conseguira ter sido processado completamente.

– Você... já sabia disso... não é? – a voz chorosa do moreno ecoa pelos meus ouvidos, e percebo que ele levantara seu rosto completamente inchado e molhado na minha direção – Você sabia que ela estava apaixonada por ele também... não é?!

– Cheren... eu... – minha voz havia sido calada pelo frio na minha garganta e pelas lágrimas que voltavam a escorrer pelo meu rosto.

Eu definitivamente não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Como aconteceu. E por quê aconteceu. Eu fui perdê-los de vista e pooof era como se o mundo tivesse mudado bem diante dos meus olhos, sem eu poder fazer nada para impedir isso.

– Eu sabia disso, sim! Eu... não podia te contar... eu não queria que você sofresse e-

De repente, sou calada por uma sensação quente que toma conta dos meus lábios. Arregalo os meus olhos com o susto. Meu coração acelera em uma fração de segundos, e sinto o meu rosto esquentar. Até que eu finalmente percebi o que estava acontecendo:

– VOCÊ FICOU MALUCO?! – exclamo com raiva e tristeza ao mesmo tempo, ao empurrar Cheren com força para longe de mim.

Coloco a minha mão sobre o meu lábio, após a minha ação repentina. Isso foi... um beijo? Não! Não pode ter sido! Não com o Cheren! Não! Não, não, não, não, não! Meu primeiro beijo... foi algo tão sujo assim?!

Ao desviar meu olhar para a terra, vejo uma sombra familiar, que arregala os meus olhos, e me faz virar para trás bruscamente.

Bianca!

Continua...


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Notas finais do capítulo

E eeeeeeeentãããão meus quiridiiinhos? O que vocês acharam do primeiro beijo da fic? (ou melhor, dos dois primeiros, cof, cof). Aposto que ninguém esperava por essa! Pois é, eu também não, fiquei até com dó enquanto escrevia o capítulo e ciente de que muitos de vocês devem estar querendo descobrir onde eu moro para me assassinar neste instante. Mas fiquem sabendo vocês (se isso servir de consolo) que se vocês me matarem não terá final da fic, hehe. Enfim, espero ansiosamente pelos comentários loucos de vocês e que esse final tenha sido o suficiente para tirar os leitores fantasma do armário! 8D

Se você leu o capítulo até aqui, muito obrigada! E por favor, não se esqueça de comentar, a sua opinião é muito importante pra mim! ♥
P.S: Continuem acompanhando a fic, não vão se arrepender!! ♥ ♥ ♥