The Wind escrita por HikariBibii


Capítulo 10
O cravo brigou com a rosa


Notas iniciais do capítulo

Pessoaaaaas! Adivinha quem voltou? o/ A TRETA DO CAP PASSADO, WEE!
Vocês devem estar se mordendo tanto para saber o que aconteceu que aposto que nem vão ler essas notas iniciais asçldkasopkas mas please, leiam!! Tenho algumas coisas importantes a comentar!! Se vocês estão acompanhando a fic, ótimo, muito obrigada, mas por favor, coloquem ela na sua lista de "histórias que estou acompanhando"!! Essa opção aparecerá logo no final desse cap e você poderá clicar nela! Assim, sempre que eu atualizar a fic vocês serão avisados nas atualizações do seu feed do Nyah e eu não precisarei avisá-los por MP (que aliás eu deveria fazer isso). Então essa está sendo a última fez que o faço! Outro avisinho básico que quero dar é que as minhas aulas na facul vão voltar dia 12 (terça da semana que vem!) portanto, infelizmente a fic não terá mais atualizações semanais como teve durante o meu período de férias! Então não se assustem e nem pensem que eu desisti da fic caso eu suma um pouquinho! Eu devo atualizá-la duas vezes por mês (de quinze em quinze dias), pelo menos eu espero conseguir isso, mas podem ter certeza que pelo menos uma vez por mês terá atualização da fic! Bom, é isso! Espero que gostem do capítulo! E não esqueçam de clicar para acompanhar a fic lá embaixo, meus lindinhos! :3



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A loira estava paralisada, completamente pálida e com os seus globos verdes extremamente arregalados. Ela não desviava o seu olhar de nós por um segundo sequer, e seu corpo parecia estar meio trêmulo.

– Ch-cheren... e-eu... eu sinto mui...to. – ela começou, entre gaguejos, tremendo bastante – E-eu não queria... f-foi um b-beijo roubado... f-foi s-sem querer...

– SEM QUERER?! – exclamei ao me exaltar – Sério, Bianca?! Sério MESMO que isso foi sem querer?!

A loira soltou um suspiro pesado, ficando cabisbaixa, permitindo que pequenos cristais d’água começassem a escorrer pelo seu rosto.

– N-não adianta chorar agora! – comicamente, lágrimas também escorriam dos meus olhos – S-se isso tivesse realmente sido sem querer... você teria parado o beijo na hora! C-como... eu fiz aqui! – dei uma pequena pausa ao começar a sentir meu coração se autoesmagar – M-mas, ao invés disso... você ficou lá... beijando ele e permitindo que ele te beijasse!

– Você não faria o mesmo, Tou?! – Bianca se exaltou, chorando intensamente, as lágrimas não paravam de sair dos seus olhos – Se... se a pessoa que você ama, t-te beijasse! Você inibiria os seus próprios sentimentos para não magoar outra pessoa?! E-eu sei que isso soa muito egoísta, m-mas não me diga que você iria fazer diferente! N-nessas horas... os nossos sentimentos se tornam mais importante do que qualquer coisa! É-é c-como se o mundo parasse e-

– Não tente fazer com que eu sinta pena de você, Bianca! – cortei a loira com um tom de voz tão nervoso e trêmulo quanto o dela – Eu até poderia entender a sua situação, como estive fazendo até agora, se você não namorasse o Cheren! M-mas, Bianca... você TRAIU o Cheren!

Os olhos da loira se arregalaram ainda mais com o que acabava de ouvir. Sua pele embranqueceu, sua respiração ficou pesada, e ela mal conseguia ficar de pé de tão tremulas que estavam as suas pernas.

– Mas ele também me traiu... com você! – ela exclamou ao abraçar o próprio corpo trêmulo, como alguém que está com muito frio.

– Ele não te traiu! – exclamei – E-ele...

– Agora você entende, Bianca? – Cheren nos cortou, com a sua voz de choro – O que é ver a pessoa que você ama, beijando outra?

E-então foi por isso?! Foi por isso que ele me beijou?! Para provocar... ciúmes nela...? Por que eu tive que perder... o meu primeiro beijo... numa situação dessas?!

Após ouvir a fala de Cheren, a loira perdeu a força das suas pernas, que a mantinham em pé, começando a cair.

– Bianca!! – Black exclamou, aparecendo por de trás das árvores enquanto corria, aterrissando de joelhos no chão, ao segurar a loira.

– Você!! – comecei ainda mais furiosa, sem conseguir controlar a minha exaltação – E você... não poderia ter um pingo de respeito em não beijar alguém que já está comprometido?!

Black me encarou de modo sério. Podia sentir muita firmeza em seu olhar e no modo como suas mãos seguravam firmemente o corpo da Bianca.

– Respeito...? Em primeiro lugar, acho que eu deveria respeitar os meus próprios sentimentos. Eu vim de muito longe para Unova. Estudei que nem um desgraçado, dei tudo de mim para conseguir passar para uma das melhores escolas daqui. Tudo para poder encontrar a Bianca de novo, e poder mostrar para ela como eu me sinto. Eu cruzei o oceno, só por ela, e apenas por ela. Eu nem sequer imaginava que ela já estivesse com alguém. Mas agora que a encontrei, não iria desistir dela por causa de um cara, que não é nada comparado a tudo o que eu passei para chegar até aqui.

– Ora, seu...! – Cheren exclamou enfurecido, se levantando e correndo na direção de Black, com um punho já preparado em mãos.

– Aaaaaargh! – Black se levantou, na mesma velocidade que seu rival, com um punho igualmente preparado, largando a loira, que despertou ao tocar no chão.

– Espera, parem! – Bianca exclamou fortemente enquanto voltava a chorar, porém, sem resultados, apenas vendo os dois voando para direções opostas com o soco do outro.

E isso não foi o suficiente. Ambos se levantaram mais uma vez, correndo um na direção do outro, com mais um punho em mãos.

– Ela disse pra vocês pararem, porra!!! – berrei, sem conseguir me controlar, ou pensar duas vezes, me colocando no meio de seus caminhos, na tentativa de aparta-los.

– Aaaah! – gritei ao ter sido vítima de dois socos potentes e bem carregados.

Perdi o equilíbrio e fui parar de cara no chão, sem conseguir ter mais noção do que estava acontecendo. A única coisa que eu podia sentir era o meu rosto e o meu ombro ardendo e vibrando de dor.

– NÃO! – ouço o grito desesperado da Bianca acompanhado de seus passos que se aproximavam de mim – O quê vocês fizeram com a Tou?! – Tou! Tou! Você está bem? – ela indagava, extremamente preocupada ao me sacudir.

Levantei o meu rosto para fitar os seus belos globos verde-esmeralda. Conseguia sentir o sangue que escorria do meu nariz chegar até a minha boca, igualmente ferida pelo golpe. Ao ver o meu estado, Bianca começou a chorar mais e me abraçou repentinamente:

– Tou! Me desculpa, eu-

Interrompi as suas palavras ao me soltar do seu abraço. Eu estava realmente puta com aquilo tudo, por mais que a situação nem sequer me envolvesse, era eu quem iria sair dali com o nariz sangrando para casa. Me levantei, ficando de costas para a loira, que mesmo assim me fez ouvir o que ela estava tentando dizer:

– Me desculpa... eu não queria ter estragado o seu festival... Eu realmente não entendo como isso pode acontecer... eu só... peço desculpas. – ouvir a voz melancólica da Bianca só fazia o meu coração ficar mais e mais apertado.

Sinto um vento suave ir de encontro ao meu rosto, ardendo ainda mais os meus ferimentos. Rapidamente, olho para frente, e por de trás de uma árvore, vejo a silhueta de um homem alto e de cabelo cumprido se virando de costas e indo embora.

N!! O que ele faz ali?! Quer dizer... só poder ser ele...! Tem que ser ele...!

Saí correndo de onde eu estava, sem nem sequer olhar para trás. Sem nem pensar, era como se minhas pernas tivessem ganhado vida própria e não obedecessem mais aos comandos do meu cérebro, mas sim do meu coração, indo atrás, alucinadamente, da silhueta do homem de cabelos cumpridos.

Quanto mais eu me aproximava, mais eu tinha certeza de que era ele. Até que consegui enxergar sua cor, cabelos verdes, que foram o suficiente para me fazer gritar:

– N!!! - meu chamado em meio de lágrimas foi respondido com um virar de rosto, que correspondeu a mais uma das minhas expectativas: cabelos verdes presos em um rabo de cavalo e olhos da mesma cor. Sim, era ele. Definitivamente, era ele.

Voei na sua direção como se fosse um foguete, e antes que eu pudesse sequer envolvê-lo nos meus braços, uma de suas mãos consegue ser mais rápida, levando o meu corpo ao encontro do dele, repousando o meu rosto sobre o seu extenso peito, permitindo-me escutar claramente as batidas de seu coração e sentir as majestosas curvas de seus músculos.

– Me desculpe... – ele começou – Me desculpe por ter gritado com você ontem... – o meu coração acelerava com cada uma de suas palavras. Espera aí, ele estava se desculpando...?!

– ...N? – murmurei o seu nome, ainda sem entender direito o que estava acontecendo.

– Me desculpe também, por ver você apanhando... sem poder fazer nada... Sabe... seria estranho se eles me vissem, não é? – ao finalizar a sua fala, pude sentir uma pequena gota d’água cair sobre a minha cabeça. Ele estava... chorando? Será que isso tudo era efeito do álcool ou...?

Meus pensamentos foram interrompidos ao ser envolvida por seus braços musculosos em um caloroso abraço. Um abraço do qual, diferentemente do de antes, eu não iria querer me livrar. Pelo menos não tão facilmente.

– Touko... – meu rosto esquentava ao ouvir sua voz angelical ecoar o meu nome – Eu não sou o tipo de cara perdoa aqueles que gritam com uma mulher, então... você não precisa me desculpar se quiser...

As batidas do meu próprio coração conseguiam se misturar as do dele, e aos estouros de fogos de artifício que começavam a surgir naquele momento. Eu estava confusa. Estava confusa demais. Isso... é um sonho... ou... é mesmo real? E... como ele adivinhou... que eu estava realmente precisando de um abraço?

Por mais que eu não quisesse, eu tive que me soltar daquele abraço. Eu queria poder ver o seu rosto. Queria poder ver os fogos de artifício com ele. Pelo menos para essa noite ter valido um pouco a pena.

– Os fogos estão lindos! Não acha? – perguntei, lançando o sorriso mais sereno e aconchegante que pude, que, como eu já podia esperar, foi recebido com um sorriso tão sereno e tão aconchegante quanto.

Ficamos por alguns minutos lado a lado, em silêncio, assistindo ao grande espetáculo de fogos de artifício que davam boas vidas ao outono desse ano. Fogos de artifício tão lindos, belos e graciosos que conseguiam tocar o meu coração de forma tão intensa, que era como se todos os meus problemas se resumissem a um mísero grão de areia e parassem de existir. Pelo menos enquanto eu era presenteada com esse visual.

– Eu acho que eu gritei com você porque... – o príncipe de olhos verdes ao meu lado quebrava o silêncio entre nós – porque... eu percebi que tem algo que eu quero proteger.

O meu rosto esquentou violentamente, e eu podia sentir os meus olhos brilharem intensamente ao olhar para a imagem do homem ao meu lado que brilhava tanto quanto os fogos de artifício e as estrelas do céu.

O festival do outono acabou, junto com aquela noite, que apesar de todas as incertezas e confusões que deixou, deixou também uma única certeza, de que eu estava loucamente apaixonada pelo N, o meu professor de biologia. Já estava na hora de eu admitir isso.

x-x-x

Sábado, 22 de Setembro.

Os ponteiros do relógio sobre o criado mudo marcavam exatamente uma hora da tarde. A brisa que vinha diretamente da janela de encontro ao meu rosto e a barriga cheia após o almoço, só contribuíam mais para o meu estado de preguiça eterna deitada na cama.

A segunda semana de provas do ano começaria na segunda feira e eu ainda não tinha tocado em um livro sequer. A minha vontade de estudar era nula, para variar, ainda mais depois dos acontecimentos da noite passada.

Bianca e eu não nos falamos desde então, e eu não tive mais nenhuma notícia a respeito daqueles três. E pensar que, exatamente a duas semanas atrás, eu, Bianca e Cheren, tivemos uma ótima tarde de estudos, nos divertindo e rindo bastante juntos. Quem me dera que hoje pudesse acontecer o mesmo... mas parece que essa seria a última coisa que poderia acontecer.

Além disso, a minha mente estava dispersa demais para me concentrar em estudos. Eu não conseguia parar de pensar na Bianca, no que deve estar se passando na mente dela desde então, e também...

“Eu acho que eu gritei com você porque... porque... eu percebi que tem algo que eu quero proteger.”

Meu corpo virou impulsivamente para o lado, fazendo-me ficar cara a cara com a parede do quarto. Algo que ele quer proteger...? O que será que ele quis dizer com isso? Ele é tão misterioso... e estava tão lindo... brilhando tanto quanto os fogos de artifício... Podia sentir o meu rosto começar a esquentar paulatinamente à medida que ia intensificando os meus pensamentos. Será que... esse algo que ele quer proteger... poderia ser alguém? E se fosse alguém... será que poderia ser... eu......? Balancei a cabeça para os lados violentamente. Não, não, não! Isso não poderia acontecer. Ele é um cara bem mais velho, um professor, e eu sou apenas uma aluna, uma mísera garotinha pra ele... mesmo ele tendo me chamado de... mulher.

“Eu não sou o tipo de cara perdoa aqueles que gritam com uma mulher, então... você não precisa me desculpar se quiser...”

Meu coração começava a bater cada vez mais forte. Era como se as imagens de ontem à noite estivessem sendo reproduzidas como num filme pela extensão branquinha da parede que eu encarava. Até que-

“If our love is tragedy why are you my remedy?
If our love's insanity why are you my clarity?”

– Aaah! – eu acabava rolar para fora da cama ao levar um susto com a música do celular tocando.

Me levantei rapidamente, indo em direção ao criado mudo para ver quem estava ligando. Ao fitar a tela do celular, meus olhos arregalam instantaneamente e sinto minha respiração ficar mais pesada, assim como as batidas do meu coração. Ch-cheren?! Por quê ele está me ligando?! Bom, não havia outro jeito de descobrir se não atender...

– A...lô? Cheren? – atendi com um tom de voz um pouco preocupado.

– Ah, olá Touko, como vai? – ele perguntou com uma voz extremamente normal, como se nada tivesse acontecido.

– Vou bem... eu... acho? Bom... o que foi? – indaguei ainda agindo de modo estranho.

– Eu soube que suas provas começam depois de amanhã, e queria saber se não quer a minha ajuda para estudar. – arregalei os olhos com seu convite repentino.

– M-mas Cheren e a Bianca? – perguntei sentindo um frio na barriga.

– Ué ela não vai. Nós meio que terminamos depois do que ela fez, sabe? Ontem, quando você foi embora, ela falou que queria um tempo para pensar sobre os seus sentimentos, pois estava muito confusa, e logo depois, foi pra casa.

– Entendo mas... Cheren... você ainda gosta dela, não é? – interroguei um pouco hesitante.

Um silêncio tomou conta da ligação por alguns segundos. Comecei a me questionar se ter perguntado sobre a Bianca tinha sido realmente uma boa ideia. Se eu quisesse saber sobre ela eu deveria ter a procurado e não perguntado pra ele, e-

– ... Eu estou apenas seguindo em frente. Se é o que ela vai fazer, é o que eu vou fazer também. – ele respondeu, com um tom de voz mais sério – E além do mais, me oferecer para te ajudar a estudar é o mínimo que eu posso fazer pelo o que você fez por mim ontem, sabe, foi a única que veio me consolar quando eu mais precisava.

– Certo... acho que vou aceitar o convite então. Mas... não acho que seria uma boa ideia você vir aqui em casa... sabe... se mamãe ou Mei te virem comigo, podem achar estranho... principalmente sem a B por perto e-

– Eu entendo. Mas nem estava pensando em ir aí. Você pode vir estudar aqui em casa, se quiser.

– Mas... Cheren... e os seus pais? Não podem achar isso estranho também? – perguntei um pouco tímida.

– Eles estão viajando. Não tem problema você vir aqui. Aliás, se você quiser já pode vir. Quanto mais cedo começar os seus estudos melhor, não acha?

– Tudo bem... Eu já estou indo então... – comentei, procurando uma brecha para terminar a ligação enquanto começava a sentir um grande frio percorrer o meu corpo.

– Certo, até mais.

– Té.

Joguei o telefone sobre a cama, e me lancei sobre a mesma. Podia sentir o meu coração batendo bem forte e eu não conseguia entender o motivo muito bem. A única coisa que eu sabia era que desde que o Cheren roubou o meu primeiro beijo, pensar sobre ele ou qualquer outra coisa relacionada a ele me deixa nervosa e com os batimentos acelerados. E por mais que eu precise de ajuda para estudar, motivo pelo o qual não pude recusar o seu convite, ir a casa dele e ficarmos a sós me assusta um pouco.

Bom, era melhor eu ir logo. Abri a primeira gaveta do armário, e assim como tal, peguei as primeiras roupas que vi pela frente. Vesti minha calça jeans preta, minhas botas de cano baixo marrons, uma camisa branca de mangas cumpridas, aberta de um ombro até o outro e o cabelo preso em um rabo de cavalo alto, como sempre. Peguei a minha mochila, e entupi-a com os meus livros e o restante do meu material, até não caber mais. E assim, saí de casa.

x-x-x

O número 46 de uma das maiores casas da rua Nuvema me paralisou por completa. Eu já devia estar há alguns segundos, parada, em frente a casa de Cheren, hesitante em tocar a campainha, sem saber, se isso realmente era uma atitude certa da minha parte.

Vocês só vão estudar. Ele apenas vai me ajudar a estudar porque sou uma péssima aluna. Não há nada de errado com isso, certo? Não estou traindo a minha melhor amiga por fazer isso, não é mesmo? Aliás... ela nem precisa saber que eu estive aqui, né?

– Touko, o que está fazendo? – ouço uma voz familiar vindo do meu lado direito. Quando percebo, era Cheren, falando pela janela de casa. – Se você já está aí, porque não tocou a campainha?

– Aaaah....ahahahahah! Eu estava apenas... ehh... admirada! Sim, admirada! Em como a sua casa é gigante! Ehehehe. – exclamei entre risadas como se fosse a maior idiota do mundo ao colocar as mãos por de trás da cabeça, deixando escapar uma gota.

– Ah, se está tão admirada assim, por quê não entra logo? Espere aí, que eu vou destravar a porta. – disse o moreno ao sair da janela.

Míseros segundos depois, ouço o barulho do destrave de uma tranca automática, e assim a porta é aberta, me dando a visão do moreno de olhos azuis.

– Tire os sapatos antes de entrar. – ele comentou.

– A-ah, claro! – assenti, começando a abrir o zíper da minha bota.

Drogaaa, por quê eu estou tão nervosa?! Por quê sempre que vejo ele a imagem daquele beijo roubado vem na minha mente?!

Mas, deixando isso de lado, a casa do Cheren é realmente bem grande. Fazia um tempo desde que eu vim aqui da última vez e parece até que ela está ainda maior! O que não é de se espantar, vindo da casa de um estudante de medicina que é filho de um casal de médicos. Além disso, mesmo estando em casa, Cheren continuava casual e elegante, usando um suéter de lã azul marinho e uma calça do mesmo material, cinza.

Subimos as escadas do primeiro para o segundo andar, onde estaria o seu quarto. Quando Cheren abriu a porta fiquei impressionada em o quão grande, limpo e organizado era o seu quarto, bem diferente do meu. Assim, o moreno fez um sinal com as mãos para que eu me sentasse ao redor da mesa redonda de centro, e assim eu o fiz, seguida por ele, que se aconchegou ao meu lado.

– Então, pelo o que quer começar? – ele perguntou, enquanto eu abria a minha mochila e encarava tudo com desprezo.

– Ah não sei, na verdade eu não gostaria de começar por nada, ahaha, mas como sei que preciso disso, por quê você não escolhe, já que vai me ensinar? – sugeri enquanto colocava todo o meu material em cima da mesa.

Cheren puxou a apostila de química e a abriu sobre a mesa. Merda! Ele foi escolher logo a segunda matéria que eu mais odeio!

– Estequiometria, é essa a matéria que estão dando agora, não é? – ele indagou ao apontar com a ponta da sua lapiseira para o título do capítulo.

Apenas assenti com a cabeça, eu estava muito nervosa para falar alguma coisa. Cheren estava muito perto de mim, nossos braços se encostavam um no outro, e isso me perturbava bastante. Durante toda a sua explicação da teoria, ele estava um tanto grudento, parecia até que eu era um imã para ele. Ele falava tão próximo de mim que eu conseguia até mesmo sentir a sua respiração.

Ao começar a fazer os exercícios, qualquer dúvida que eu tinha era motivo para ele se aproximar ainda mais, para que pudesse fazer algumas anotações. Eu não estava me sentindo muito bem perto dele e decidi armar uma fuga, mesmo que fosse provisória:

– Ah, com licença, onde fica mesmo o banheiro? – perguntei ao me virar para ele com o dedo indicador levantado.

– Segunda porta a direita. – ele respondeu, se afastando um pouco, me dando espaço para levantar.

– C-certo! Então eu volto log-

CABUM!

Prensei os meus olhos com força. Parecia que tinha sido um tombo e tanto. Como sou desastrada! Não basta o meu nervosismo, eu ainda tive que escorregar usando meias nesse chão lisinho!

– Touko, você está bem? – ouço a voz de Cheren bem próxima de mim, e ao abrir os olhos, percebo que eu havia caído bem no colo dele, e ele, agora, me segurava com os braços, envolvendo o meu corpo.

– A-aaah! N-não!! – exclamei, ao sentir o meu rosto esquentar, enquanto escapava dos braços do moreno.

– Ai! Isso doeu! Você está bem estranha Touko... – ele comentou seriamente, ao cair um pouco para trás com os meus movimentos de fuga.

– A-ah, e-estou...? – perguntei sem jeito ao coçar o canto do rosto com o indicador.

O moreno, que não é bobo, percebeu rapidamente o que estava acontecendo e foi logo ao ponto:

– Você por acaso... está com medo de que eu te beije de novo?

Meu coração explodia ao ouvir a fala do moreno, assim como o meu rosto, que estava em chamas. É-é-é-é! A-acho que sim, não é?! Digo... deve ser normal agir assim perto de alguém que te rouba um beijo e... ainda mais o seu primeiro!! N-não é?!

– Então... foi mesmo o seu primeiro beijo? – ele perguntou, me fazendo sentir uma flechada no coração.

– Uaah! D-desculpa se eu sou tão transparente assim! – exclamei fitando o chão, com as mãos sobre o meu rosto tão quente quanto o de alguém febril.

– Eu que peço desculpas – ele começou – Se eu soubesse, nunca teria feito aquilo. Desculpa ter te roubado uma experiência tão importante, apenas para provocar ciúmes na B.

Ele... realmente se lamenta por isso? E... mais importante... ele quis provocar ciúmes nela? Então... realmente foi por isso que ele me beijou!

– Então... eu estava certa mais cedo, não é, Cheren? Quero dizer... você ainda gosta da B, mesmo depois do que aconteceu... né?

Ao terminar a minha fala pude perceber os belos olhos azuis do moreno se encherem de lágrimas. É, eu definitivamente havia tocado num assunto delicado... Touko, sua idiota!

– A-ah, m-me d-desculpa!! Eu não devia ter perguntado, eu- !

– Eu não só ainda gosto dela, como eu a amo. – ele comentou em meio de lágrimas, ao me cortar – Por mais que ela tenha me traído, se ela voltasse para mim, eu a perdoaria. Por mais que ela fizesse isso de novo mais tantas vezes, eu ainda a perdoaria. Pode me chamar de corno, estúpido, do que você quiser, mas por mais que eu tenha tentado desde ontem esquecê-la, os sentimentos que eu tenho por ela são maiores do que tudo. Ela é simplesmente... a garota perfeita pra mim. – ele finalizou, ao morder o lábio inferior, um pouco trêmulo.

Meu coração estava completamente apertado. Ver o Cheren chorando mais uma vez, na minha frente era algo completamente surreal. Ele sempre fora um cara tão maduro, sério e gentil. Ontem e hoje haviam sido as únicas vezes que eu o vi assim, completamente arrasado. E por mais que eu estivesse me sentindo envergonhada perto dele, depois do que aconteceu, eu não aguentava ver alguém chorando sem fazer nada. Comicamente, a história desses dois, agora, assemelhava-se um pouco com a do cravo e a rosa. E parece que os espinhos de uma rosa branca machucam mais do que aparentam...

Lentamente, fui me aproximando do moreno e envolvendo-o com os meus braços. Pude perceber que ele se assustou um pouco com a minha atitude repentina, mas logo se aconchegou no abraço, começando a chorar mais, até conseguir colocar tudo para fora. De certa forma, acho que eu estava realmente ficando boa em consolar pessoas. Devo ter aprendido com a Mei.

– Sabe... – comecei – Dizem que para curar uma ferida do coração, é necessário procurar por um novo amor. Mas... parece que quando a ferida é causada pela pessoa certa, é mesmo complicado...

– Obrigado... por me consolar de novo – ele murmurou, ao me abraçar mais forte.

Merda! Coração, controle-se! E cérebro, pare de ficar se lembrando desse beijo idiota! Mas que catástrofe um simples beijo pode causar a alguém! E-eu nem sequer tenho... sentimentos por ele!

– Desculpa... – ele sussurrou – Você deve estar superapertada para ir ao banheiro e eu fiquei aqui te prendendo... Vai lá, depois vamos deixar isso de lado e continuar a estudar. – ele finalizou ao me soltar – Ah, só mais uma coisa: se eu realmente tiver que esquecê-la, pode ter certeza de que eu vou achar um novo amor.

– Certo... – assenti, ao sair do quarto, mesmo ainda estando preocupada com o seu estado.

Quando retornei ao aposento, Cheren parecia outra pessoa. Nem parecia que ele era o garoto com o rosto completamente molhado de poucos minutos atrás. Assim, com seu ânimo restaurado, conseguimos dar conta do estudo, não completamente, claro, mas pelo menos das matérias que eu tenho mais dificuldade. O Cheren até conseguia me lembrar um pouco o jeito que o N explicava as coisas, de um jeito muito centrado. Continuo achando que ele deveria se tornar professor, mas o mundo não é perfeito.

– Muito obrigada por ter me ajudado hoje, Cheren! Mas agora já vou indo. – agradeci, ao me levantar, carregando a minha mochila.

– Ah, mas, aproveitando que já está na hora do jantar, não gostaria de comer aqui? Sabe, eu posso cozinhar alguma coisa. Pelo menos para me redimir com você, por ter me consolado mais uma vez, hoje.

– Ah, não precisa, Cheren! É melhor eu jantar em casa mesmo, eu já explorei muito da sua boa vontade! – comentei, sem jeito, ao sacudir as mãos em frente ao corpo.

– Bom, eu ia dizer que eu insisto, mas, tudo bem, você quem sabe. – ele finalizou ao se levantar, indo em direção a porta do quarto.

Descemos as escadas, e fomos até a porta principal daquela gigantesca residência, na qual o agradeci mais uma vez por ter me ajudado e parti. Já estava escuro, devia passar das sete da noite e eu estava esperando uma brecha para atravessar a rua.

Em meio a toda vermelhidão das luzes de faróis dos carros, vejo um tom dourado parado do outro lado da rua. Assim, quando o movimento dos veículos cessa, posso enxergar os cabelos dourados com mais precisão. Tal como os belos globos verdes, extremamente arregalados, que olhavam diretamente para mim. Segundos depois, a loira dos olhos verde- esmeralda começa a correr para longe. Logo, o meu cérebro estala, fazendo-me perceber tudo:

– B-Bianca!! – exclamo, correndo com tudo o que posso, para alcança-la.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se você leu o capítulo até aqui, muito obrigada! E por favor, não se esqueça de comentar, a sua opinião é muito importante pra mim! ♥
P.S: Continuem acompanhando a fic, não vão se arrepender!! ♥ ♥ ♥

Apenas lembrando vocês, mais uma vez *apanha*, pra clicarem nesse negócinho aí em cima da caixa de comentário para acompanhar a fic!! Obrigada!! :3