O primeiro a chegar foi Greg Sanders. Ele estava bastante ansioso, por isso resolveu não esperar muito. Tocou a campainha. Grissom atendeu e fê-lo entrar. Ele olhou admirado o interior da elegante casa. O apartamento em que morava era minúsculo e não podia se comparar com aquele lugar magnífico. Seu chefe tinha bom gosto. Tanto que se casara com Sara, a perita mais linda do Laboratório de Criminalística. O jovem perito ainda não havia se recuperado do que ele chamou de a maior traição do século.

O próximo a chegar foi Nick Stokes. Ele não queria ser o primeiro a chegar, mas a impaciência de esperar que todos chegassem antes dele, fê-lo precipitar-se. Bateu na porta e em pouco tempo se encontrava no interior da casa dos Grissom’s e assim como Greg, ficou admirado com a beleza do ambiente. Estava feliz porque não se lembrava de o grupo reunir-se uma única vez antes na casa de seu supervisor antes dele se casar, a não ser é claro, para a resolução de algum caso complicado. Tudo estava mudando. Esperava que para melhor.

Doutor Robbins e o capitão Jim Brass foram os próximos a chegar. Não que eles estivessem fazendo aposta para ver quem chegava primeiro, mas como perfeitos cavalheiros, não gostavam de fazerem-se esperar. Ao contrário dos outros, não demonstravam estupefação diante da residência de Grissom, pois já a conheciam muito bem. Talvez fora por isso que se sentiram tão magoados. Por seu amigo de longa data não ter confiado neles para compartilhar seu segredo.

Em seguida chegou Hodges. Sentia-se todo orgulhoso por seu chefe tê-lo convidado para a pequena reunião. Para ele era óbvio que Grissom o chamaria já que o supervisor era seu companheiro. O que ele não sabia era que Grissom e Sara se viram obrigados a convidá-lo, para que ele soubesse tudo o que queriam contar através deles. Porque o que o competente técnico de laboratório não conhecia, sua mente prodigiosa inventava. Também se admirou com o tamanho da casa de Grissom e sua decoração e sonhou com o dia em que teria uma exatamente igual para morar com sua querida mãezinha.

Os últimos a chegarem foram Catherine e Warrick. Chegaram juntos, no entanto foram em carros separados. Catherine planejava uma entrada triunfal e conseguiu. Sem bater na porta pois já conhecia a residência muito bem, entrou na casa acompanhada pelo seu belo colega de trabalho.

—Não precisam se preocupar, nem ficar tristes, pois eu cheguei – ela anunciou.

A família estava reunida o almoço iria começar.

— Fiquem à vontade como se estivessem em suas casas – Grissom pediu cortesmente. Todos se acomodaram no grande sofá da sala. Greg que não perdia um momento de descontração começou a deitar-se no sofá.

— Não tão à vontade assim – ralhou o dono da casa. Todos caíram na gargalhada enquanto Greg se endireitava totalmente constrangido.

— Estou ansioso para ouvir como foi o casamento de vocês – comentou Nick, sentando-se no outro canto do sofá.

— Tudo ao seu tempo, Nick. Tudo a seu tempo – advertiu Grissom, enquanto caminhava pela sala servindo seus amigos com refrigerante. Só não os serviu com cerveja bem gelada porque mais tarde todos iriam trabalhar e precisavam estar sóbrios.

Todos estavam bem a vontade. Uma música ambiente ecoava pela sala de estar transmitindo tranquilidade.

Sara observou aqueles que estavam presentes em sua casa. Riu do próprio pensamento. Era estranho chamar a casa de Grissom de sua casa, no entanto, durante aquele período do trato aquela seria sua casa. Estava feliz por tê-los ali consigo, entretanto era esquisito. Ela precisava respirar. Mesmo estando junto aos amigos se sentia sufocada. Estava vivendo uma mentira. De certo modo se sentia indigna daquela amizade que lhe devotavam. “Maldita noite em que me embebedei!”, pensou consigo. Todos julgavam que ela e Grissom estavam casados porque se amavam perdidamente e não conseguiam mais viver longe um do outro. Eles não sabiam o que tinha acontecido de verdade naquele dia em que decidiram sair para se divertir na boate. Eles, ela e Grissom, somente eles, eram os culpados por estarem naquela situação, por manterem essa farsa.

Silenciosa e sorrateiramente seguiu para o pequeno jardim dos fundos da casa. Sentou-se no banco e pôs-se a vagar com seus pensamentos. Nem mesmo ouviu os latidos de Hank que estava preso em sua casinha. Como amava aquele lugar! Era seu espaço preferido em toda a casa. Ali se sentia livre.

Foi tirada de seu devaneio ao ouvir passos se aproximarem e ouvir aquela voz tão conhecida e amada:

— Posso sentar-me com você, senhora Grissom? – ele perguntou, sentando ao seu lado sem esperar que ela o consentisse. Como ela era linda!

Sara não se opôs. Grissom viu quando ela saiu para o jardim e seguiu-a discretamente.

— O que faz aqui Sara? – ele indagou curioso – Porque está aqui afastada de nossos convidados?

— Eu precisava pensar – ela respondeu tranquilamente.

Ela ergueu-se com um suspiro. Ficou surpresa ao perceber que preferia mil vezes estar ali com ele do que voltar para a sua recepção, para junto de seus amigos.

— É melhor eu voltar lá para dentro. Você vem?

— Não ainda – Grissom segurou-a pela mão e com um puxão ágil, girou-a ao redor até fazê-la cair sentada em seu colo.

— Griss! – Com um sorriso surpreso, Sara empalmou a mão em seu tórax e o empurrou – O que está fazendo? – seus esforços não foram muito consistentes, embora a mão dele estivessem firmes em sua cintura.

— Ainda não lhe dei um beijo de boa tarde.

Ao pressentir o perigo – um segundo beijo no mesmo dia seria demais para ela e difícil de resistir – a risada morreu em seus lábios. Empurrou-o depressa, mas ele a envolveu pelo pescoço. Sara ainda administrou um assustado “não!”, antes de os lábios dele se fecharem sobre os seus. Sabia que estava perdida!

O beijo começou leve e provocante. Na verdade, podia sentir a curva de um sorriso nos lábios que tocavam os seus. Talvez se tivesse lutado, se o protesto tivesse continuado, talvez aquilo não tivesse passado de um roçar de lábios. Mas quando suas bocas se encontraram, ela congelou. Parecia que o coração havia parado de bombear, os pulmões parado de respirar, o pulso deixado de bater e o sangue estacionado nas veias. Então com uma súbita fúria selvagem, voltara a fluir novamente.

Quem tomou a iniciativa de aprofundar o beijo, Sara não sabia dizer. Parecia que os dois tomaram ao mesmo tempo. Quentes e famintas, suas bocas se apossaram uma da outra, num beijo úmido e envolvente. O gemido de prazer que cortou o ar podia ter vindo de qualquer um dos dois ou de ambos. Seus seios macios pressionavam suavemente o tórax dele, enquanto ela usava a língua, dentes e lábios para que o beijo ganhasse ainda mais intensidade. Grissom por sua vez, desvendava-lhe todos os pontos íntimos da boca, fazendo-a deliciar-se com seu sabor, cheiro e o contato da pele masculina tocando a sua.

Numa carícia lenta, deslizou a mão pelos contornos das costas dela, até alcançar a cintura e repousar sobre seu quadril e coxa. O tecido fino do vestido era pouco mais que ar entre eles. Estimulada pela carícia, Sara atraiu-o para mais perto de si, mordiscando-lhe os lábios para provocar mais calor. Grissom esmagou-lhe a boca de modo selvagem, desesperado, até fazer seus sentidos se emaranharem numa confusão estática com um gemido abafado de prazer; ela quase gemeu e quase desfaleceu nos braços que a envolviam. Seus lábios se afastaram por um instante ao mesmo tempo que ele a afastou.

— Agora podemos voltar – ele anunciou com ar vitorioso.