C A P Í T U L O 2 - O P R I N C I P E E A S A P A II

Eu e Chad sentamos num banco de madeira no Central Park.

– A noite está tão linda.- Comentei. Tá, não quero ser clichê e pensar que ele vai falar como o brilho das estrelas parece com o dos meus olhos e nos beijaríamos sob o luar, mas não é má idéia.

– Pois é.

Estava tudo perfeito. Tinha conhecido um garoto incrível. A noite estava incrível. Mas algo me atormentava.

– O livro! – Me repreendi, só que, sem querer, foi em voz alta.

– Livro? Que livro?

– “O que é Jornalismo”. – Suspirei. Á essa hora, tudo devia estar fechado.

– Eu tenho esse livro em casa. Aliás, meu pai tem um monte desses livros sobre jornalismo. Se quiser, eu posso te emprestar...

– Não, não, eu já roubei seu casaco... Inclusive, toma aqui. – Tirei o casaco e tentei entregar, mas ele recusou.

– Está frio. Você vai pegar um resfriado. Pode vestir. – Ele sorriu e eu obedeci – E o livro não vai fazer falta. Vou ficar triste se você não aceitar, hein, rum! – Ele falou como minha mãe, eu ri – Principalmente por que seria um motivo convincente pra você me dar seu número.

Corei.

– Era só pedir. – Arqueei uma sobrancelha e tirei um bloquinho da bolsa. Anotei o número e entreguei pra ele.

– Você vai querer o livro? Pois, daí, a gente vai ter que marcar um lugar pra se encontrar e tal... – Ele riu, um pouco atrapalhado e tímido.

– Vou sim. – Sorri. – Já que você está oferecendo.

– Que tal aqui mesmo, no Central Park?

– Está ótimo. – Sorri – Amanhã, ás 14:00?

– Certo! Você quer uma carona até...

– Não, já chega de favores por hoje. Seu limite expirou, tente ser um pouco menos bondoso e piedoso.

– Eu só sou assim com garotas bonitas.

Ri e balancei a cabeça.

– Saiba que amanhã meus favores renovam, então prepare-se para ser mimada novamente, Srta. Hayley. – Chad disse.

– Pode deixar, Sr. Chad! – Levantei a mão acima da cabeça e fiz um gesto de cumprimento como um soldado – Boa noite.

– Boa noite. – Ele sorriu.

Fui andando até a minha casa. Seria exagero se eu falasse que ele sabia como deixar uma garota completamente caidinha por ele? Ok, Hay, não se precipite.

Não quero que tudo acabe como acabou com o Aaron.

. . .

Acordei no dia seguinte com um sorriso bobo na cara, sorriso de apaixonadinha. Se Tiff me visse agora soltaria uma frase do momento, mas dependeria de como o relacionamento dela estivesse agora. Quer dizer, se estivesse bom, ela diria que o amor é lindo e que você tem que se jogar de cara. Se estivesse ruim, ela diria que o amor é uma flor roxa que só nasce no coração de trouxas.

Mas eu não estava ligando pra nada. Eu só queria encontrar com ele.

A aula acabou e eu comemorei em pensamento. Lembrei da dica da minha mãe “Não botar nada acima dos estudos”. Mas aposto que se ela conhecesse o Chad, talvez falasse o contrário. E afinal, nós só somos amigos.

Fui pra casa e coloquei uma roupa comum. Em cima, um agasalho, em baixo, um short jeans. Não estava tão frio, então optei por me agasalhar apenas na parte de cima.

Fui para o Central Park. Verifiquei no relógio, 13:57. Havia chegado cedo demais. Isso daria a entender que eu estava “desesperada”?

Todas as idéias voaram assim que avistei Chad com um buquê de margaridas nas mãos. Sorri e fui até ele.

– Oi, cheguei tarde? – Falei sorrindo.

– Não, eu que cheguei muito cedo. – Chad falou e me entregou o buquê – São pra você.

– Obrigada. – Sorri. Por fora, só um obrigada. Por dentro, estava toda derretida. Oh, céus, de onde veio esse garoto?

– Eu trouxe o livro. – Ele estava com sua “bolsa” (ainda não sei o nome disso) e tirou o livro de lá. Me entregou.

– Obrigada. – Eu só digo isso. Argh, eu não sei puxar assunto.

– Bem, estive pensando e... E se a gente fosse para um restaurante? Não sei se você já almoçou, mas...

– Seria perfeito. – O cortei antes que pudesse falar mais alguma coisa e ele sorriu em resposta.

Ele falou que o nome do restaurante é Crown. Me levou de carro até lá, não demorou muito. Quando sai do carro, quase tive um treco.

– Olha o tamanho disso! – Falei admirada – Eu estou me sentindo mal vestida.

– Você está ótima. Vamos logo. – Ele pegou a minha mão e entramos. Era fácil pra ele falar, sempre estava bem vestido.

Adentrei ao restaurante ao lado de Chad. Por dentro, o restaurante é mais chique ainda. Lustres em cima das mesas, chão, cadeiras e mesas de madeiras, dando um toque retro, vintage ao lugar.

Nós nos sentamos e Chad pediu lagosta para ele. Avisei que era alérgica a frutos do mar, e pra mim ele pediu um tal de Medalhões de Filé Mignon a Madeira – sabe-se lá o que é isso -.

A comida chegou e eu comemorei em pensamento. A minha barriga já roncava.

Experimentei e gostei. Não tanto quanto gosto de uma boa macarronada ou carne assada, mas gostei. A carne estava macia.

Depois que comemos, passeamos um pouco.

– Um dia desses, vou cozinhar pra você. Na minha casa. Que tal? – Ele sugeriu.

– Seria ótimo. – Concordei.

Ele me deu boa noite depois de insistir para me levar pra o campus e eu negar, claro.

Cheguei no campus morta de sono. Se eu já tinha sono apenas com as aulas, imagina dois dias de encontro seguidos. Quer dizer, não que eu estivesse reclamando, certo?

Apesar de preguiçosa, gostava de acordar antes dos primeiros raios de sol baterem na janela do meu quarto.

Depois das aulas, resolvi dar uma volta antes de começar a estudar. Andei e, de repente, no meio daquele monte de gente, vi uma senhora, aparentava nitidamente estar na terceira idade. Ela tinha acabado de tropeçar. Carregava muitas sacolas de compras. E o que mais me indignou é que, no meio de tanta gente, nenhum parou para ajudá-la.

Cheguei perto dela e puxei seu braço. A senhora se recompôs e eu me senti feliz por ajudá-la.

– Obrigada, mocinha. – Ela sorriu, pegando suas compras.