Os dias passavam mais rápido que eu imaginava, não tinha nada para fazer além de deveres de casa e prestar atenção na aula. Nada além dessa minha rotina, tudo igual;

De manhã vou pra escola, minha mãe fala a mesma frase antes de sair do carro, que tinha que estudar, continuo não tendo notícias de meu pai, que na verdade não o vejo desde meus sete anos de idade, ele simplesmente sumiu, disse que voltaria, e que não me deixaria lá, que me visitaria quanto antes, como nos filmes sabe? Mas na verdade me deixou lá, com a minha mãe totalmente mal. Só me lembro que eles brigavam muito, e poucas vezes os vi se beijando, mas quando via ficava eufórico.

Enfim, a minha rotina é a mesma. O que mudou é que eu ando com a cabeça em outro mundo, em um mundo paralelo ao meu.

Amanhã é sexta-feira, estava animado para não fazer nada no meu fim de semana, como sempre. E foi aí que me lembrei que tinha a festa que Fill havia planejado nessa sexta. Bom, na realidade a intenção dessa festa seria levar a aluna nova pra cama, filmar e mostrar pro meio mundo. Talvez eu fosse o último romântico desse mundo.

Resolvi ir dormir, já eram 1:30 da manhã, desliguei o rádio que tocava umas musicas um pouco estranhas e apaguei a luz. Após alguns minutos, ouvi a porta se abrir, ao invés de levantar e pedir para minha mãe fechar a porta, decidi ficar deitado e ver o que ela fazia. Ouvi barulho de passos cada vez mais perto de mim até que o colchão balançou e afundou um pouco. Fingi estar dormindo, só para saber o que ela faria na minha cama. Minha mãe estava chorando, e passava a mão em meu rosto. Não posso ver minha mãe chorando, estava quase me levantando e dando um abraço nela, mas antes ela me deu um beijo na minha testa me cobriu e saiu do quarto, fechando a porta sem barulho.

Estava triste, não conseguia vê-la chorando, eu precisava ajudar, mas não sabia como.