Acordei nervoso, o despertador quebrou e não desligava. Praticamente taquei ele da minha janela do quarto. Dormia no segundo andar da minha casa, e conseguia ouvir o despertador todo desafinado tocando lá em baixo. Como pode?

Era terça-feira, nesse dia ia sozinho de ônibus para a escola, pois minha mãe trabalhava esse horário. Acordar as cinco e meia da manhã e ir embora sozinho não é uma coisa muito agradável. E pela primeira vez, acordei, e não iria atrasar.

Para mim o ônibus é medonho, todos te olham de cima à baixo e para piorar lançam um olhar de desprezo , fico até assustado. O pior de tudo é o silêncio, ah, aquele silêncio constrangedor.

Chegando no ônibus, encontrei dois rostos conhecidos. Uma era Sarah, a outra, Samantha.

Samantha é muito bonita, loira de olhos claros, seu corpo parece uma escultura, só não gosto muito do seu sorriso, mas de resto, não tem defeitos. Já tentei ficar com ela várias vezes, na verdade, todos os meninos já tentaram. Depois desisti, ela virou arrogante demais, ‘’nervosinha’’ e irritante. Mas pra variar, só porque parei de tentar, ela não desgruda do meu pé. Uma vez na festa da turma, ela se agarrou em mim e começou a se esfregar, mas se esfregou pra valer.

Quando ela me viu, não deu outra. levantou em um pulo, fazendo seu cabelo loiro soltar do coque. Me deu um abraço, beeeeem demorado, e ficou bem agarradinha. Pude sentir o doce cheiro de seu perfume.

Quando me largou, ficou se segurando e meu braço e falou em um tom não muito alto:

– Oi bonitão, como está sua manhã? – mordeu o lábio, arrepiei-me

– Sem contar o fato que são seis da manhã, está ótima. – ela riu, e lançou um olhar provocante.

Enquanto conversávamos, ela ia descendo mais a mão e aproveitava para olhar minha ‘’calça’’ , conforme o ônibus balançava, ela ia se colando mais à mim e descendo ainda mais a mão. Aquilo estava passando dos limites, e eu estava gostando. O tempo não colaborou, chegamos a escola infelizmente, e a menina pervertida fez questão de ir na minha frente e se apertar nas pessoas para que ficasse colada a mim. Ela deve ter sentido (uma coisa que não era a minha calça), pois quando saiu abriu um grande sorriso. Samantha chamou Sarah, e foram pra farmácia que ficava bem em frente ao colégio.

Depois de já ter entrado na escola, notado que não tinha chegado quase ninguém para bater um papo, resolvi ir pegar as coisas no armário, o corredor estava totalmente vazio e em silencio. Quando ouvi o primeiro barulhinho até fiquei feliz, estava me sentindo solitário demais!

Ah, que boa notícia. O ‘’barulhinho’’ era a aluna nova, e eu havia feito uma promessa para mim mesmo que pelo menos me apresentaria. Foi o que fiz, quando ela passou por mim cheia de livros nas mãos, disse bem baixo:

– Oi Cindy...é Cindy não é? – Fraquejei

Ela me olhou surpresa, não entendi o motivo, mas sorriu, depois respondeu:

– Isso, Cindy. E você deve ser? Desculpa, não sei o seu nome! – Ela ficou totalmente sem graça

– Realmente não tem como saber quem eu sou. Bem, meu nome é Luke. Foi mal não dizer um ‘’alô’’ pra você ontem. É que tinha muita gente e não queria te atrapalhar.

–Tudo bem, não me importo!

Reparei que ela estava com expressão de dor, não entendi, até olhar para sua mão que segurava um monte de livros. Estava com uma tala, enrolada estava uma faixa bem desbotada.

– Como não reparei antes! Nossa, precisa de ajuda?

Nessa hora a menina soltou um sorriso tão lindo, tão encantador, que não via a tempos, fiquei até feliz. Não durou muito, ela fez novamente a expressão de dor. Antes que ela respondesse peguei seu material pesado. Cindy pareceu aliviada, e foi me agradecendo até chegar na classe. Fiquei extremamente feliz por ter ajudado.