Sai de casa desesperadamente, nunca choro, da maneira que chorei. Limpei as lagrimas e corri para fora tentando ver se aparecia algum taxi por aí, não dava para ir em um ponto de taxi ou algo do tipo, o mais próximo era á praticamente a 4 Km daqui, não passaria quase 20 minutos andando essa hora da madrugada. Então me sentei no jardim e chorei, como um bebê, não entendo exatamente o motivo, se era o fato de meu pai ter voltado para atrapalhar minha a vida e da minha mãe, ou o medo de acontecer algo com a minha mãe.

Ouvi movimento dentro da casa visinha, mas não me preocupei e continuei a chorar, com a cabeça baixa apoiada em meus joelhos, e a carta jogada no gramado. Novamente ouvi um barulho, dessa vez de um cachorro, e de chaves, mas realmente não estava nem um pouco interessado.

Me interessei quando ouvi uma voz baixa vindo atrás de mim:

– Ei, você está bem? – Era Cindy

Continuei intacto, mas ela veio atrás de mim perguntando novamente:

– Você está bem?

– Acho que não... – Levantei minha cabeça me virando para ela.

– Meu D’us, Luke! O que você está fazendo aqui? – Pareceu surpresa.

– Eu moro aqui... – Ela ficou confusa.

– O que posso fazer para te ajudar? O que aconteceu? – Se sentou no chão junto a mim.

Comecei a chorar novamente, tentando me conter para não parecer patético, mas não aguentei.

Para minha surpresa, ela me abraçou, e eu, encostei minha cabeça em seu ombro, ainda chorando. Ela passou sua mão em minhas costas, falando bem baixo que estava tudo bem, e que tudo iria passar. Ela não sabia o que estava havendo, mas percebi que queria ajudar.

Depois que eu (o patético parecia uma criança) parei de chorar, ela pediu explicações, se eu não tivesse problemas com isso. Passei a contar tudo pra ela, e ela ouvia com atenção cada detalhe. Não entendi como me abri tão fácil com uma menina que mal conversei, mas foi muito bom.

Quando acabei, ela sorriu novamente e me olhou fixamente. Um pouco sem graça perguntei:

– Está rindo pois eu estava chorando não é? Sou tão idiota!

– Não...Estou rindo porque você é diferente dos outros...

– Espera...como?

– Esquece. Bom, eu sei dirigir, não tenho idade, e se for multada minha irmã me mata! Vou deixar meu cachorro dentro de casa e te levo no endereço.

– Não precisa, eu acho que vou para casa mesmo. Amanhã quem sabe eu pegue um ônibus.

– Tem certeza, Luke?

– Absoluta...

– Então vou indo.Passa bem viu? Boa madrugada, vê se descansa!

– Boa madrugada para você também, valeu pela preocupação...

Fiquei ainda parado, olhando ela entrar em sua casa e seu cachorro bem grande acompanha-la. Quando abriu a porta, parou. Me olhou e disse:

– Obrigada...

– Por que?

– Por confiar em mim... – Sorriu e entrou.

Estava amanhecendo, resolvi me levantar e entrar.