As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg
Notas iniciais do capítulo
Eu sei, eu sei, prometi o capítulo no fim de semana, mas não consegui tempo para postar...desculpa ae genteeeee.
Mas, deixando isso de lado, está aqui o próximo capítulo kk Espero que gostem da nova personagem, e quando digo espero que gostem, eu quero que vocês COMENTEM sobre rsrs Sim, vou mendigar, favoritações, mas principalmente reviews e recomendações... xD Quero agradecer as leitoras Hayu, Harumi Jin Kadan, Loohrana, daiane antunes e Lizapoison, minhas amadas leitoras que estão dando seu apoio desda já nos comentários. Muito obrigada LINDAS!!!
O sol se escondia atrás da montanha, levando consigo a luz do dia e permitindo o véu noturno cobrir a Terra. Tsukiyo já havia cruzado a floresta e estava diante de uma clareira. Há alguns metros à sua frente estava uma pequena cabana. Era feita de madeira, com uma pequena chaminé de pedra.
O local estava completamente silencioso, deixando Tsukiyo apreensiva. Não havia a costumeira fumaça saindo da chaminé, muito menos os animais que constantemente rondavam a casa de sua amiga. Já era noite e não havia sequer uma luz no interior da cabana. O que será que aconteceu?
Lentamente a jovem se aproximou da cabana. Devagar ela empurrou a porta destrancada, produzindo um ranger das dobradiças, contrastando com o silêncio local. O barulho parecia ampliado e ecoou por toda a clareira. O interior da cabana era um completo breu. Não parecia haver uma só alma viva por ali. As cadeiras estavam quebradas e caídas no chão, a mesa revirada, objetos jogados no chão por todo lugar. Frascos quebrados pendiam na prateleira manchada com líquidos antigos derramados.
– Merioku? – chamou baixo.
Não houve resposta.
Um temor se apoderou de Tsukiyo. Seu coração acelerou e uma gota de suor escorreu ao lado do rosto. Engolindo um seco, ela entrou devagar na cabana. Ao dar o segundo passo, no fundo da lareira, um brilho furtacor surgiu. Ela teve que cobrir os olhos com o braço para aparar o brilho.
O brilho foi crescendo e criando um forte som agudo. Lentamente, a luz foi tomando a forma de uma esfera, passando a ficar cada vez mais concentrada. À medida que a esfera se condensava, o som aumentava. Tsukiyo percebeu tarde demais o que estava por vir. Tentou sacar a espada, mas não foi rápida o suficiente. A esfera foi arremessada em sua direção. Por reflexo, ela cruzou os braços em “x” à frente do corpo, absorvendo a maior parte do impacto. A força era tamanha, que Tsukiyo foi arremessada para fora da cabana, caindo desacordada no meio da clareira.
Perdeu a consciência por alguns segundos, mas foi desperta por uma voz chamando seu nome. A voz parecia distante, como se estivesse a quilômetros de distancia. Lentamente abriu os olhos e a primeira coisa que notou foi um mar de cabelos verdes em cima de si.
Devagar, apoiou-se nos cotovelos para sentar-se, mas uma tontura a abateu e quase a derrubou. Se não fosse pela pessoa a sua frente teria batido a cabeça no chão. Graças a sua ajuda, Tsukiyo pode se sentar. Imediatamente sentiu o tronco ser envolto por logos braços da recém chegada.
– Tsukiyo! Não acredito que é você! – falou a mulher.
– Meri-chan... – sentiu uma pontada na parte de trás da cabeça e no ombro recém curado. – Ahn, você está me sufocando... – falou para a amiga com dificuldade.
Merioku deu um salto para trás se desculpando e, ajudando a amiga a se levantar, convidou-a a entrar.
– Vamos Tsuki, vamos entrar.
Apoiada na amiga, Tsukiyo foi caminhando até a cabana. Ao chegarem à porta, o interior parecia o mesmo que tinha visto: todo escuro e revirado. Entretanto, Merioku estalou os dedos e o interior mudou completamente. Num piscar de olhos, era como se nunca houvesse bagunça A mesa e cadeiras estavam no lugar, os objetos em cima da mesa, os livros em prateleiras e a lareira acesa, com a típica fumaça saindo pela chaminé. O velho caldeirão de ferro pendia acima do fogo da lareira, exalando um cheiro convidativo.
Elas entraram e Tsukiyo levou a mão na espada por precaução. Não estava disposta a ser pega de surpresa novamente. Vendo sua ação, Merioku a tranquilizou.
– Não se preocupe. Você foi atacada pela armadilha que deixei. Não vai acontecer novamente.
Tsukiyo se sentou numa das cadeiras e Merioku pôs-se a mexer o conteúdo de um caldeirão, que estava na fogueira, enquanto acrescentava alguns outros ingredientes. Tinha longos cabelos e olhos verdes, trajava um longo vestido preto, com as extremidades imitando as penas de pavões em tons de roxo. No ombro e pescoços, possuía assessórios e jóias, alternando em tons de dourado e pedras violetas.
– Você não mudou nada Meri-chan. – falou Tsukiyo com um sorriso.
– Nem você. Bem, em termos de aparência. – ela olhou fixamente para a amiga.
– O que quer dizer com isso?
– Simplesmente que sua expressão mudou. Não sei, seu espírito não parece o mesmo de antes. – disse meio melancólica.
– Pois é, muita coisa aconteceu desde a última vez que nos vimos. – deu um sorriso fraco. – Já fazem o que? Uns dois anos?
– Dois e meio. – corrigiu. – Bem, terá tempo de me contar tudo. – Merioku foi até uma das prateleiras e pegou duas tigelas, enchendo cada uma com um pouco do conteúdo do caldeirão e ofereceu à amiga, que aceitou de bom grado. – A sopa vai ajudar a passar o mal-estar do golpe que você levou.
– A propósito. – falava Tsukiyo entre uma colherada e outra. – Qual o motivo disso tudo? Levei um susto quando entrei e vi tudo revirado. Achei que tinha sido atacada.
– A guerra me obrigou a isso, Tsuki. Toda vez que saio, tenho que deixar um feitiço de ilusão para espantar qualquer suspeita. – explicava. – Muitos grupos do sul são enviados a essas terras para reconhecimento e acabam saqueando diversas vilas.
– Isso explica a armadilha. Aliás, bom golpe. – ironizou.
– Desculpe por isso. – falou com um sorriso sem graça. – Mas não é um golpe tão forte, é mais para afugentar curiosos. O que foi, Tsuki, está perdendo o jeito?
– Eu diria... Fora de forma. – retrucou à provocação da feiticeira. – Ultimamente prefiro fugir a lutar. – confessou em tom baixo.
– Entendo. – falou num tom compreensivo. – Confesso que nunca esperava te ver por aqui. Com o avanço inimigo, achei que estaria o mais longe possível. Imagine minha surpresa ao voltar para casa e ver você sendo arremessada pela porta. – levantou as mãos, destituindo-se de culpa.
– Realmente eu deveria ter avisado. Sinto muito. – reconheceu a inocência da amiga. – Mas você, mais do que ninguém, sabe porquê não posso me afastar.
– Ainda não desistiu dele não é? – falou triste, repentinamente criando um clima pesado no local.
– Nem pretendo. Devo tudo a ele e dessa vez eu que irei salvá-lo.
Merioku deu uma risada fraca e continuou.
– Realmente, é bem o seu feitio ser teimosa desse jeito. Sempre fazendo as coisas como bem entende... – dando um suspiro, ela olhou intensamente nos olhos de Tsukiyo. – Só espero que consiga.
Tsukiyo acenou com a cabeça.
– Eu também, mas ainda estou longe de achar aquele lugar. Só espero conseguir a tempo.
– Eu sei que vai. – incentivou Merioku. – Não posso ir com você ainda. Há famílias das vilas próximas que estão sofrendo com a guerra e precisam de mim. Além disso, preciso manter esse lugar. Um lar para o qual você sempre pode voltar.
A jovem de cabelos negros sorriu para a amiga. Sabia que tinha feito a escolha certa ao vir visitar Merioku. Ela era a única capaz de levantar seu astral novamente. Sorriu e concordou com a amiga.
– Bem, já que você não se afastou da guerra, saberia dizer como estão às coisas? – perguntou Merioku, buscando mudar de assunto. – Preciso saber se os grandes confrontos vão chegar até aqui e quando.
– Por quê? Perdeu a confiança na sua armadilha? – brincou Tsukiyo.
– Hahaha, isso é jeito de falar com: A Mestra das Poções? – mostrou a língua para a amiga. – Fique sabendo que a armadilha é ativada ao se tocar na porta. Nenhum youkai poderia colocar os pés dentro da cabana. Você só conseguiu passar pela porta porque não é uma youkai completa.
– Autch! – fingiu estar ofendida. Ambas riram, descontraídas. – Estou apenas implicando, sei que se todo o exército de youkais viesse, nem sua armadilha daria conta de todos.
– Além disso, você sabe que detesto conflito, tento viver o mais pacificamente possível.
– Se no passado você também pensasse assim, acho que nunca teríamos nos conhecido. – riu Tsukiyo, acompanhada em seguida por Merioku.
– Verdade. Nós arrumávamos muitas confusões quando jovens, não?
– Pois é. – antes que memórias dolorosas viessem à mente, buscou logo mudar de assunto. – Mas infelizmente não tenho notícias sobre a guerra. Retornei às Terras do Oeste há pouco tempo e não me aproximei muito do sul.
– Entendo. – falou Merioku. – Dizem por aí que o Lorde Sesshoumaru e seus generais – a menção do nome fez Tsukiyo gelar. – estão tendo problemas para deter os inimigos. Não é para menos, as Terras do Oeste são as únicas que não foram tomadas ou se juntaram ao inimigo.
Tsukiyo nada disse. Mal tinha ouvido o restante da frase de Merioku. Depois de ouvir o nome do Lorde, acabou desligando-se. Flashes do dia anterior voltaram a sua cabeça. Algum tempo depois, notou que a amiga estava a encarando.
– O que foi Tsuki? Você parece meio pálida... – indagou Merioku.
– Não é nada. – tranquilizou a amiga – Sabe, falando nele, algo muito estranho aconteceu ontem. Eu estava...
Contou tudo o que acontecera par a amiga. Sempre fora sua confidente e nunca escondera segredo algum dela. Falou desde o aparecimento dos youkais trolls até a estranha despedida que tivera com o Lorde. Divertida, via a expressão da amiga mudar de preocupação para surpresa e, por fim, descrença.
– Está me dizendo que o Dai-youkai, Lorde destas terras, a salvou de dois youkais trolls, te ajudou e depois foi embora sem mais nem menos?
– Pois é, estou tão surpresa quanto você. – confessou.
– Tem certeza que ele não suspeita de nada? Porque parece a única explicação para ele ajudar. – indagou Merioku.
– Ele não pareceu saber de nada. Até se referiu a mim como hanyou. Foi até meio grosso nesse ponto, aliás. Então acho que realmente não sabe de nada.
– Hm... Tem certeza de que foi mesmo o poderoso Sesshoumaru: Senhor das Terras do Oeste, o Dai-youkai impiedoso, tão frio como gelo que te salvou? Pode ser algum outro youkai e você se confundiu. – a descrença era óbvia em sua voz.
– Estou dizendo. Era mesmo Sesshoumaru, Lorde destas Terras. – falou irritada. – Tinha a pele no ombro, marca de ser um Dai-youkai, uma lua minguante gravada na testa e carregava consigo as famosas espadas: Bakusaiga e Tenseiga. – explicou. – Quando me chamou de hanyou dava para sentir o desprezo em sua voz. Além disso, ele manteve a expressão impassível durante toda a conversa e emanava uma aura assassina. E era bem frio...
— Bem, aparentemente não tão frio assim, afinal, ele te salvou não foi? Às vezes a fama que ganhou não é merecida. – ponderou, Merioku. – Youkais poderosos costumam ter fama de cruéis, provavelmente por causarem medo nas pessoas.
– Não acho que seja o caso. Acho que a fama é bem verdadeira. – descartou a possibilidade, lembrando-se da expressão que ele tinha no rosto.
– Então por que ele te ajudou?
– Bem, eu... não sei dizer. – revelou. – Fiquei me perguntando o motivo o dia todo, mas não descobri.
– Nada sobre o comportamento dele poderia dar uma pista? – pensou.
– Acho difícil. Ele não demonstrou emoção nenhuma, a não ser... – deixou a frase pairando no ar, enquanto refletia melhor.
– A não ser...? – indagou impaciente Merioku.
– Quando eu agradeci, ele se virou uma última vez, mas... – ela, intrigada, levantou os olhos para encarar a amiga.
– “Mas” o que?
— Não sei explicar. – ela franziu a testa tentando buscar palavras que descrevessem a situação. – Ele não olhava para mim, é como se estivesse vendo algo mais... Fiquei até com medo de ter voltado à outra forma, mas as orelhas e as marcas ainda estavam lá.
Ela poderia dizer também que viu, mesmo que por um segundo, surpresa na face dele. Entretanto, essa parte não revelaria à amiga. Acreditava que Merioku acharia que estava ficando louca. Afinal, a própria Tsukiyo já estava achando.
– Que estranho... Talvez não esteja acostumado a ser agradecido. – propôs a youkai de cabelos verdes.
– É. Talvez. – falou Tsukiyo colocando um ponto final nesse assunto.
– Mas diga: como ele era? – indagou Merioku, curiosa.
– Ah, ele tinha cabelos longos prateados, usava um quimono branco com detalhes vermelhos e armadura por cima. Sua expressão foi irritantemente impassível o tempo todo. Ah, e seus olhos eram num tom âmbar muito bonito, se quer saber. – descreveu.
– Ó, quem diria. Parece-me um belo youkai. – riu de si mesma. – Acho que imaginei que seria algo mais horrendo, que inspirasse terror.
Tsukiyo não pôde deixar de rir também.
– Mas se eu pensar direito, apesar de não ter uma aparência monstruosa, ele emanava poder e uma energia assassina. A mera presença dele parecia causar uma pressão no ambiente. Não há como explicar. Apenas digo que nunca gostaria de ser sua inimiga. Acho que até como aliado ele parecia perigoso.
– Sendo assim, espero nunca cruzar o seu caminho.
– Digo o mesmo. – concordou. – Principalmente depois de ver suas armas.
Quando Tsukiyo tocou no assunto, Merioku suspirou e apoiou a cabeça numa das mãos, em uma típica postura sonhadora.
— Ai, ai. Isso inspira inveja... – revelou Merioku.
– Hã? Como assim? – perguntou Tsukiyo desentendida. – Achei que não quisesse poder para lutar, já que não gosta de conflitos.
– Não pela Bakusaiga, mas tenho inveja pela Tenseiga. Dizem que é capaz de trazer os mortos de volta a vida. Eu não precisaria mais pensar em novas poções para curar doenças, com ela eu protegeria a todos. – falou sonhadora.
– Não sei se é tão simples assim...
– Bem, mesmo que não seja, nunca ouvi falar em ninguém que tenha sido salvo por ele. – lamentou. – Você é a primeira, mas ele não usou a Tenseiga. Tanto poder nas mãos para não usar...
– Pois é... – concordou.
– Uma espada capaz de alcançar as almas... Em minha opinião, ela vale muito mais que a destruição causada pela Bakusaiga.
– É. – falou distraída, enquanto brincava com a colher, depois de ter terminado a sopa. – Bem, se eu soubesse, teria tentado roubá-la para você. – brincou.
– Claro. – ironizou. – Se tivesse feito isso, nunca mais nos veríamos. No fim, o poder da Bakusaiga serio o único e último que veria.
– Acho que sim. – riu. Como já estava cansada de falar sobre o dia anterior, buscou mudar de assunto. – Mas vamos Meri-chan, sei que deve ter novidades para mim também, já faz quase três que não nos vemos. Finalmente achou o cara certo?
– Nem, desisti de procurar. Achar o youkai certo está difícil hoje em dia. – gargalhou junto a Tsukiyo, entendendo que a morena queria mudar de assunto. – Mas muito pouco ocorreu nesse tempo. Com a guerra, tudo ficou mais sombrio e muitos fugiram dessa fronteira do sul. Se bem que teve uma vez...
A partir daí, passaram horas conversando sobre coisas banais. Tsukiyo sentia falta desses momentos, onde os problemas estavam longe dela, quando, na verdade, estavam mais perto e complicados do que nunca. Falaram até o sono as alcançar. Merioku deitou-se em sua cama e Tsukiyo em um futon guardado especialmente para ela.
Pretendia sair logo de manhã, pois temia que sua presença fosse atrair problemas para a amiga e por isso nunca ficava muito tempo ali. Mas no momento não importava. Queria apenas aproveitar essas raras noites tranquilas de sono. Estava viva. Estava com sua grande amiga. E revê-la reascendeu o desejo de continuar em frente. Ela ainda tinha um objetivo à cumprir. Fechou os olhos e dormiu com esperanças de um dia melhor.
Merioku, mestra das poções.
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E aí, o que acharam? Não deixem de dizer. (se tiver algum erro, por favor, me avise. Não consegui revisar o texto antes de postar, então...)