As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 6
Capítulo 6 – Emboscada amigável. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, prometi o capítulo no fim de semana, mas não consegui tempo para postar...desculpa ae genteeeee.
Mas, deixando isso de lado, está aqui o próximo capítulo kk Espero que gostem da nova personagem, e quando digo espero que gostem, eu quero que vocês COMENTEM sobre rsrs Sim, vou mendigar, favoritações, mas principalmente reviews e recomendações... xD Quero agradecer as leitoras Hayu, Harumi Jin Kadan, Loohrana, daiane antunes e Lizapoison, minhas amadas leitoras que estão dando seu apoio desda já nos comentários. Muito obrigada LINDAS!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/499825/chapter/6

 

O sol se escondia atrás da montanha, levando consigo a luz do dia e permitindo o véu noturno cobrir a Terra. Tsukiyo já havia cruzado a floresta e estava diante de uma clareira. Há alguns metros à sua frente estava uma pequena cabana. Era feita de madeira, com uma pequena chaminé de pedra.

            O local estava completamente silencioso, deixando Tsukiyo apreensiva. Não havia a costumeira fumaça saindo da chaminé, muito menos os animais que constantemente rondavam a casa de sua amiga. Já era noite e não havia sequer uma luz no interior da cabana. O que será que aconteceu?

            Lentamente a jovem se aproximou da cabana. Devagar ela empurrou a porta destrancada, produzindo um ranger das dobradiças, contrastando com o silêncio local. O barulho parecia ampliado e ecoou por toda a clareira. O interior da cabana era um completo breu. Não parecia haver uma só alma viva por ali. As cadeiras estavam quebradas e caídas no chão, a mesa revirada, objetos jogados no chão por todo lugar. Frascos quebrados pendiam na prateleira manchada com líquidos antigos derramados.

            – Merioku? – chamou baixo.

            Não houve resposta.

Um temor se apoderou de Tsukiyo. Seu coração acelerou e uma gota de suor escorreu ao lado do rosto. Engolindo um seco, ela entrou devagar na cabana. Ao dar o segundo passo, no fundo da lareira, um brilho furtacor surgiu. Ela teve que cobrir os olhos com o braço para aparar o brilho.

            O brilho foi crescendo e criando um forte som agudo. Lentamente, a luz foi tomando a forma de uma esfera, passando a ficar cada vez mais concentrada. À medida que a esfera se condensava, o som aumentava. Tsukiyo percebeu tarde demais o que estava por vir. Tentou sacar a espada, mas não foi rápida o suficiente. A esfera foi arremessada em sua direção. Por reflexo, ela cruzou os braços em “x” à frente do corpo, absorvendo a maior parte do impacto. A força era tamanha, que Tsukiyo foi arremessada para fora da cabana, caindo desacordada no meio da clareira.

            Perdeu a consciência por alguns segundos, mas foi desperta por uma voz chamando seu nome. A voz parecia distante, como se estivesse a quilômetros de distancia. Lentamente abriu os olhos e a primeira coisa que notou foi um mar de cabelos verdes em cima de si.

            Devagar, apoiou-se nos cotovelos para sentar-se, mas uma tontura a abateu e quase a derrubou. Se não fosse pela pessoa a sua frente teria batido a cabeça no chão. Graças a sua ajuda, Tsukiyo pode se sentar. Imediatamente sentiu o tronco ser envolto por logos braços da recém chegada.

            – Tsukiyo! Não acredito que é você! – falou a mulher.

            – Meri-chan... – sentiu uma pontada na parte de trás da cabeça e no ombro recém curado. – Ahn, você está me sufocando... – falou para a amiga com dificuldade.

            Merioku deu um salto para trás se desculpando e, ajudando a amiga a se levantar, convidou-a a entrar.

            – Vamos Tsuki, vamos entrar.

            Apoiada na amiga, Tsukiyo foi caminhando até a cabana. Ao chegarem à porta, o interior parecia o mesmo que tinha visto: todo escuro e revirado. Entretanto, Merioku estalou os dedos e o interior mudou completamente. Num piscar de olhos, era como se nunca houvesse bagunça A mesa e cadeiras estavam no lugar, os objetos em cima da mesa, os livros em prateleiras e a lareira acesa, com a típica fumaça saindo pela chaminé. O velho caldeirão de ferro pendia acima do fogo da lareira, exalando um cheiro convidativo.

            Elas entraram e Tsukiyo levou a mão na espada por precaução. Não estava disposta a ser pega de surpresa novamente. Vendo sua ação, Merioku a tranquilizou.

            – Não se preocupe. Você foi atacada pela armadilha que deixei. Não vai acontecer novamente.

            Tsukiyo se sentou numa das cadeiras e Merioku pôs-se a mexer o conteúdo de um caldeirão, que estava na fogueira, enquanto acrescentava alguns outros ingredientes. Tinha longos cabelos e olhos verdes, trajava um longo vestido preto, com as extremidades imitando as penas de pavões em tons de roxo. No ombro e pescoços, possuía assessórios e jóias, alternando em tons de dourado e pedras violetas.

            – Você não mudou nada Meri-chan. – falou Tsukiyo com um sorriso.

            – Nem você. Bem, em termos de aparência. – ela olhou fixamente para a amiga.

            – O que quer dizer com isso?

            – Simplesmente que sua expressão mudou. Não sei, seu espírito não parece o mesmo de antes. – disse meio melancólica.

            – Pois é, muita coisa aconteceu desde a última vez que nos vimos. – deu um sorriso fraco. – Já fazem o que? Uns dois anos?

            – Dois e meio. – corrigiu. – Bem, terá tempo de me contar tudo. – Merioku foi até uma das prateleiras e pegou duas tigelas, enchendo cada uma com um pouco do conteúdo do caldeirão e ofereceu à amiga, que aceitou de bom grado. – A sopa vai ajudar a passar o mal-estar do golpe que você levou.

            – A propósito. – falava Tsukiyo entre uma colherada e outra. – Qual o motivo disso tudo? Levei um susto quando entrei e vi tudo revirado. Achei que tinha sido atacada.

            – A guerra me obrigou a isso, Tsuki. Toda vez que saio, tenho que deixar um feitiço de ilusão para espantar qualquer suspeita. – explicava. – Muitos grupos do sul são enviados a essas terras para reconhecimento e acabam saqueando diversas vilas.

            – Isso explica a armadilha. Aliás, bom golpe. – ironizou.

            – Desculpe por isso. – falou com um sorriso sem graça. – Mas não é um golpe tão forte, é mais para afugentar curiosos. O que foi, Tsuki, está perdendo o jeito?

            – Eu diria... Fora de forma. – retrucou à provocação da feiticeira. – Ultimamente prefiro fugir a lutar. – confessou em tom baixo.

            – Entendo. – falou num tom compreensivo. – Confesso que nunca esperava te ver por aqui. Com o avanço inimigo, achei que estaria o mais longe possível. Imagine minha surpresa ao voltar para casa e ver você sendo arremessada pela porta. – levantou as mãos, destituindo-se de culpa.

            – Realmente eu deveria ter avisado. Sinto muito. – reconheceu a inocência da amiga. – Mas você, mais do que ninguém, sabe porquê não posso me afastar.

            – Ainda não desistiu dele não é? – falou triste, repentinamente criando um clima pesado no local.

            – Nem pretendo. Devo tudo a ele e dessa vez eu que irei salvá-lo.

            Merioku deu uma risada fraca e continuou.

            – Realmente, é bem o seu feitio ser teimosa desse jeito. Sempre fazendo as coisas como bem entende... – dando um suspiro, ela olhou intensamente nos olhos de Tsukiyo. – Só espero que consiga.

            Tsukiyo acenou com a cabeça.

            – Eu também, mas ainda estou longe de achar aquele lugar.  Só espero conseguir a tempo.

            – Eu sei que vai. – incentivou Merioku. – Não posso ir com você ainda. Há famílias das vilas próximas que estão sofrendo com a guerra e precisam de mim. Além disso, preciso manter esse lugar. Um lar para o qual você sempre pode voltar.

            A jovem de cabelos negros sorriu para a amiga. Sabia que tinha feito a escolha certa ao vir visitar Merioku. Ela era a única capaz de levantar seu astral novamente. Sorriu e concordou com a amiga.

            – Bem, já que você não se afastou da guerra, saberia dizer como estão às coisas? – perguntou Merioku, buscando mudar de assunto. – Preciso saber se os grandes confrontos vão chegar até aqui e quando.

            – Por quê? Perdeu a confiança na sua armadilha? – brincou Tsukiyo.

            – Hahaha, isso é jeito de falar com: A Mestra das Poções? – mostrou a língua para a amiga. – Fique sabendo que a armadilha é ativada ao se tocar na porta. Nenhum youkai poderia colocar os pés dentro da cabana. Você só conseguiu passar pela porta porque não é uma youkai completa.

            – Autch! – fingiu estar ofendida. Ambas riram, descontraídas. – Estou apenas implicando, sei que se todo o exército de youkais viesse, nem sua armadilha daria conta de todos.

            – Além disso, você sabe que detesto conflito, tento viver o mais pacificamente possível.

            – Se no passado você também pensasse assim, acho que nunca teríamos nos conhecido. – riu Tsukiyo, acompanhada em seguida por Merioku.

            – Verdade. Nós arrumávamos muitas confusões quando jovens, não?

            – Pois é. – antes que memórias dolorosas viessem à mente, buscou logo mudar de assunto. – Mas infelizmente não tenho notícias sobre a guerra. Retornei às Terras do Oeste há pouco tempo e não me aproximei muito do sul.

            – Entendo. – falou Merioku. – Dizem por aí que o Lorde Sesshoumaru e seus generais – a menção do nome fez Tsukiyo gelar. – estão tendo problemas para deter os inimigos. Não é para menos, as Terras do Oeste são as únicas que não foram tomadas ou se juntaram ao inimigo.

            Tsukiyo nada disse. Mal tinha ouvido o restante da frase de Merioku. Depois de ouvir o nome do Lorde, acabou desligando-se. Flashes do dia anterior voltaram a sua cabeça. Algum tempo depois, notou que a amiga estava a encarando.

            – O que foi Tsuki? Você parece meio pálida... – indagou Merioku.

            – Não é nada. – tranquilizou a amiga – Sabe, falando nele, algo muito estranho aconteceu ontem. Eu estava...

            Contou tudo o que acontecera par a amiga. Sempre fora sua confidente e nunca escondera segredo algum dela. Falou desde o aparecimento dos youkais trolls até a estranha despedida que tivera com o Lorde. Divertida, via a expressão da amiga mudar de preocupação para surpresa e, por fim, descrença.

            – Está me dizendo que o Dai-youkai, Lorde destas terras, a salvou de dois youkais trolls, te ajudou e depois foi embora sem mais nem menos?

            – Pois é, estou tão surpresa quanto você. – confessou.

            – Tem certeza que ele não suspeita de nada? Porque parece a única explicação para ele ajudar. – indagou Merioku.

            – Ele não pareceu saber de nada. Até se referiu a mim como hanyou. Foi até meio grosso nesse ponto, aliás. Então acho que realmente não sabe de nada.

            – Hm... Tem certeza de que foi mesmo o poderoso Sesshoumaru: Senhor das Terras do Oeste, o Dai-youkai impiedoso, tão frio como gelo que te salvou? Pode ser algum outro youkai e você se confundiu. – a descrença era óbvia em sua voz.

            – Estou dizendo. Era mesmo Sesshoumaru, Lorde destas Terras. – falou irritada. – Tinha a pele no ombro, marca de ser um Dai-youkai, uma lua minguante gravada na testa e carregava consigo as famosas espadas: Bakusaiga e Tenseiga. – explicou. – Quando me chamou de hanyou dava para sentir o desprezo em sua voz. Além disso, ele manteve a expressão impassível durante toda a conversa e emanava uma aura assassina. E era bem frio...

— Bem, aparentemente não tão frio assim, afinal, ele te salvou não foi? Às vezes a fama que ganhou não é merecida. – ponderou, Merioku. – Youkais poderosos costumam ter fama de cruéis, provavelmente por causarem medo nas pessoas.

            – Não acho que seja o caso. Acho que a fama é bem verdadeira. – descartou a possibilidade, lembrando-se da expressão que ele tinha no rosto.

            – Então por que ele te ajudou?

            – Bem, eu... não sei dizer. – revelou. – Fiquei me perguntando o motivo o dia todo, mas não descobri.

            – Nada sobre o comportamento dele poderia dar uma pista? – pensou.

            – Acho difícil. Ele não demonstrou emoção nenhuma, a não ser... – deixou a frase pairando no ar, enquanto refletia melhor.

            – A não ser...? – indagou impaciente Merioku.

            – Quando eu agradeci, ele se virou uma última vez, mas... – ela, intrigada, levantou os olhos para encarar a amiga.

            – “Mas” o que?

— Não sei explicar. – ela franziu a testa tentando buscar palavras que descrevessem a situação. – Ele não olhava para mim, é como se estivesse vendo algo mais... Fiquei até com medo de ter voltado à outra forma, mas as orelhas e as marcas ainda estavam lá.

            Ela poderia dizer também que viu, mesmo que por um segundo, surpresa na face dele. Entretanto, essa parte não revelaria à amiga. Acreditava que Merioku acharia que estava ficando louca. Afinal, a própria Tsukiyo já estava achando.

            – Que estranho... Talvez não esteja acostumado a ser agradecido. – propôs a youkai de cabelos verdes.

            – É. Talvez. – falou Tsukiyo colocando um ponto final nesse assunto.

            – Mas diga: como ele era? – indagou Merioku, curiosa.

            – Ah, ele tinha cabelos longos prateados, usava um quimono branco com detalhes vermelhos e armadura por cima. Sua expressão foi irritantemente impassível o tempo todo. Ah, e seus olhos eram num tom âmbar muito bonito, se quer saber. – descreveu.

            – Ó, quem diria. Parece-me um belo youkai. – riu de si mesma. – Acho que imaginei que seria algo mais horrendo, que inspirasse terror.

            Tsukiyo não pôde deixar de rir também.

            – Mas se eu pensar direito, apesar de não ter uma aparência monstruosa, ele emanava poder e uma energia assassina. A mera presença dele parecia causar uma pressão no ambiente. Não há como explicar. Apenas digo que nunca gostaria de ser sua inimiga. Acho que até como aliado ele parecia perigoso.

            – Sendo assim, espero nunca cruzar o seu caminho.

            – Digo o mesmo. – concordou. – Principalmente depois de ver suas armas.

            Quando Tsukiyo tocou no assunto, Merioku suspirou e apoiou a cabeça numa das mãos, em uma típica postura sonhadora.

— Ai, ai. Isso inspira inveja... – revelou Merioku.

            – Hã? Como assim? – perguntou Tsukiyo desentendida. – Achei que não quisesse poder para lutar, já que não gosta de conflitos.

            – Não pela Bakusaiga, mas tenho inveja pela Tenseiga. Dizem que é capaz de trazer os mortos de volta a vida. Eu não precisaria mais pensar em novas poções para curar doenças, com ela eu protegeria a todos. – falou sonhadora.

            – Não sei se é tão simples assim...

            – Bem, mesmo que não seja, nunca ouvi falar em ninguém que tenha sido salvo por ele. – lamentou. – Você é a primeira, mas ele não usou a Tenseiga. Tanto poder nas mãos para não usar...

            – Pois é... – concordou.

            – Uma espada capaz de alcançar as almas... Em minha opinião, ela vale muito mais que a destruição causada pela Bakusaiga.

            – É. – falou distraída, enquanto brincava com a colher, depois de ter terminado a sopa. – Bem, se eu soubesse, teria tentado roubá-la para você. – brincou.

            – Claro. – ironizou. – Se tivesse feito isso, nunca mais nos veríamos. No fim, o poder da Bakusaiga serio o único e último que veria.

            – Acho que sim. – riu. Como já estava cansada de falar sobre o dia anterior, buscou mudar de assunto. – Mas vamos Meri-chan, sei que deve ter novidades para mim também, já faz quase três que não nos vemos. Finalmente achou o cara certo?

            – Nem, desisti de procurar. Achar o youkai certo está difícil hoje em dia. – gargalhou junto a Tsukiyo, entendendo que a morena queria mudar de assunto. – Mas muito pouco ocorreu nesse tempo. Com a guerra, tudo ficou mais sombrio e muitos fugiram dessa fronteira do sul. Se bem que teve uma vez...

             A partir daí, passaram horas conversando sobre coisas banais. Tsukiyo sentia falta desses momentos, onde os problemas estavam longe dela, quando, na verdade, estavam mais perto e complicados do que nunca. Falaram até o sono as alcançar. Merioku deitou-se em sua cama e Tsukiyo em um futon guardado especialmente para ela.

            Pretendia sair logo de manhã, pois temia que sua presença fosse atrair problemas para a amiga e por isso nunca ficava muito tempo ali. Mas no momento não importava. Queria apenas aproveitar essas raras noites tranquilas de sono. Estava viva. Estava com sua grande amiga. E revê-la reascendeu o desejo de continuar em frente. Ela ainda tinha um objetivo à cumprir. Fechou os olhos e dormiu com esperanças de um dia melhor.

Merioku, mestra das poções.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não deixem de dizer. (se tiver algum erro, por favor, me avise. Não consegui revisar o texto antes de postar, então...)