As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 38
Capítulo 38 – O Velho, a Vaca e a Pulga. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hi, MINA!!! Primeiro vouo dizer que de agora em diante, só conseguirei postar de 15 em 15 dias para manter sempre uma rotina. Faculdade tem um ritmo bem diferente de escola e vou ter que me adaptar (principalmente no meu curso). Só posso pedir a compreensão de vocês e esperar que continuem seguindo e comentando sempre minha fic. Dela eu nunca vou desistir até chegar no final, então espero que também não desistam de mim até ele chegar =)
Quero mandar um agradecimento especial para as leitoras que comentaram no último capítulo: Thai Mendes; Michi Swan; Serenity; Danisse. Obrigada a todas vocês e a todas que sempre me apoiam comentando, favoritando ou recomendando.Nunca esperei tanto retorno quando comecei a fic e posso dizer com toda certeza que são vocês que movem a história para frente =D
Esse cap vai trazer algumas explicações, reencontros com personagens que vocês nunca vão esquecer e mais! kkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/499825/chapter/38

 

Sesshoumaru surpreendeu-se com a atitude da jovem no campo. Inicialmente, ele temeu estar fazendo algo tolo, que poderia trazer todas suas dúvidas de volta, mas depois de tudo, ficou feliz que levou Tsukiyo lá. Desde que pisara no campo, a jovem pareceu feliz e triste ao mesmo tempo, as mesmas emoções que ele sentia sempre que visitava Rin. Talvez seja mesmo a reencarnação dela...

            A jovem, além de prestar respeito, pedira-lhe para falar sobre Rin. Sesshoumaru se surpreendera, pois sempre imaginou que ela desejava desesperadamente se separar da memória de Rin. Quando pediu para conhecer mais o passado dela, ele ficou paralisado. Desejava contar e no fundo agradecia um confidente, mas não estava pronto. Aquelas memórias sempre lhe traziam muita dor e Sesshoumaru ainda não era capaz de falar delas sem desmoronar.

            Ambos passaram mais alguns minutos em silêncio, cada qual com seus próprios pensamentos e sentimentos que gostariam de transmitir àquela que jazia em sua frente. Sesshoumaru sentiu uma brisa soprar e soube que estava na hora de ir. Lançou uma última olhada à lápide e se despediu como sempre fez. Até logo, Rin.

            O Lorde seguiu até Ah-Hu. Olhou para trás, a jovem ainda encarava o túmulo.

            – Vamos indo. – sua voz mais parecia um sussurro.

            A jovem assentiu com a cabeça e antes de vir em sua direção, passou a mão sobre a lápide e pronunciou palavras que Sesshoumaru não ouviu. Em seguida, ela se virou e começou a caminhar em sua direção. Sua expressão era serena e pensativa, fazendo o youkai desejar saber o que se passava por sua cabeça. Sesshoumaru preferiu não perguntar. Sabia que se perguntasse, a pergunta se voltaria contra ele e não queria contar seus próprios pensamentos.

            – Sesshoumaru, obrigada por me trazer aqui. – falou a jovem, com um sorriso leve no rosto e grande sinceridade nas palavras.

            O youkai nada disse. Apenas se virou e levantou voo. A jovem montou novamente em Ah-Uh e o seguiu. À medida que alcançavam certa altura, a força do vento aumentava e a temperatura caía aos poucos. Sesshoumaru olhou para trás para saber se as condições não afetavam a jovem, mas logo que colocou os olhos nela surpreendeu-se.

            Tsukiyo havia soltado a rédea do animal e mantinha ambos os braços abertos. O rosto sustentava um sorriso e os olhos permaneciam fechados. O vento batia em seu rosto e jogava seus cabelos negros para trás, até suas orelhas de hanyou tremiam com a força do vento. Sesshoumaru, ao ver tal cena, não pôde conter um sorriso de canto, quase imperceptível. Ele balançou a cabeça em negativa, pensando: Parece uma criança.

Seu leve sorriso não desapareceu.

            A jovem abriu os olhos e ao se deparar com a expressão do youkai corou completamente e quase perdeu o equilíbrio agarrando-se no pescoço do animal. Sesshoumaru virou-se de costas novamente para esconder que achara ainda mais graça de sua reação.

            – O que foi?! – gritou ela defendendo-se. – Não é todo mundo que voa tá?! Deixe-me aproveitar o momento em paz!

            Ela fez bico e, numa atitude infantil, ficou emburrada. Sesshoumaru virou-se para ela, agora sem o sorriso, mas com um brilho provocante no olhar.

            – Só ia avisá-la que em mais alguns minutos chegaremos. – falou ele. – É no topo daquela montanha. – Ele apontou para uma única montanha solitária no horizonte.

            A aparente indiferença dele só a fez ficar mais nervosa. Ele se divertiu com a reação e virou-se de costas para ela novamente.

Logo chegariam a seu destino.

            Um pensamento cruzou a mente de Sesshoumaru. Depois que tivesse a espada concertada, o que a jovem faria? Agora já não era uma questão pessoal mantê-la por perto, mas uma estratégia de guerra. Como poderia convencê-la a permanecer ao seu lado ao invés de seguir seu caminho e procurar a suposta Tamashi no Kakera. Ela não negou quando ele deixou subentendido que ela voltaria ao shiro com ele.

            Mas também não concordou.

            Antes que pensamentos mais profundos o atingissem, Sesshoumaru sentiu algo esbarrar com força em seu ombro e um vulto passar veloz por si. A jovem havia impelido Ah-Uh para frente e o animal voava em grande velocidade. Ela se virou para Sesshoumaru que pouco a pouco ia sendo deixado para trás e sorriu travessa.

            – Quem chegar por último é um youkai lacraia! – ela mostrou a língua e balançou as rédeas para mandar Ah-Uh acelerar.

            Depois de passar a surpresa inicial, Sesshoumaru liberou mais yoki e acelerou. Ele negou com a cabeça e disse para si mesmo.

            – É realmente uma criança...

—_________________________XXXXX____________________________

            Os “minutos” que faltavam para chegar, logo diminuíram graças à corrida dos dois. Tsukiyo ria e impelia Ah-Uh a dar seu máximo, o animal parecia gostar de finalmente liberar seu potencial. Sesshoumaru aparentava seriedade, mas sempre tentava se manter à frente. Não aguenta perder, não é?, pensou ela, não sabendo exatamente a quem se referia, ela ou Sesshoumaru.

            Logo que se aproximaram da montanha, Tsukiyo percebeu que não era uma montanha qualquer, era uma espécie de vulcão. De suas bordas escorriam pequenos rios de lava. No centro havia uma espécie de estrutura revestida com um crânio de youkai gigante. Tsukiyo surpreendeu-se mais ainda quando Sesshoumaru começou a descer e ir em direção àquele local. Sério?! É ali que você vai me levar?!

            Com um suspiro, ela impeliu a montaria para baixo e seguiu o youkai. Eles desceram até terra firme e com calma Tsukiyo desmontou. O cheiro de enxofre e fumaça cobria qualquer outro odor.

            – Onde estamos? – perguntou a jovem, espantada e impressionada com o lugar.

            Sesshoumaru não se deu ao trabalho de responder, começou a caminhar em direção à estrutura. Agora, mais próxima, Tsukiyo viu que se tratava de uma espécie de caverna. Seu interior era escuro, mas sons ecoavam de dentro. Pareciam batidas rítmicas de... metal?

            Chegando na entrada, Sesshoumaru parou instantaneamente.

            Algo vinha em sua direção, saindo lentamente de dentro da caverna. A sombra de uma criatura avançava para fora da caverna. Era robusta, grande e tinha uma respiração forte. Tsukiyo engoliu um seco, pensando em quem estava a sua frente. É ele que vai forjar uma nova espada? Quem será...?

            Quebrando completamente suas expectativas, a criatura saiu da caverna. Quando iluminada pela luz alaranjada da lava, Tsukiyo viu tratar-se de uma...

Vaca?!

            – Mas o que...? – exclamou. – Isso é uma vaca?!

            O animal avançou normalmente para eles. Soltou um leve mugido e parou.

            Reparando melhor, era uma criatura estranha. Tinha pelo amarronzado, dois chifres e três olhos distribuídos em formato triangular pela cara. Na lateral do corpo havia um papel pregado. Tsukiyo se aproximou e leu.

            “Estou de férias. Vão embora!”

            A jovem ficou confusa, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Sesshoumaru se aproximou mais da caverna e gritou:

            – Totosai!

            A vaca ou touro, a jovem não tinha certeza, se assustou com o grito e correu de volta para a caverna. Do interior do lugar outra figura surgiu. Um velho vestido com um quimono verde listrado levemente aberto no peito, segurando uma vara de metal... Não, segurando um martelo. Era quase careca, com alguns tufos de cabelos brancos nas laterais da cabeça. Seus olhos eram enormes, parecendo desproporcionais ao restante do rosto. Com aquele olhar e a roupa desarrumada, Tsukiyo pensou estar olhando para um velho maluco.

Distraído o velho reclamava.

            – Ah, já falei que estou de férias! Vão embora seus... – finalmente seus olhos pousaram nos visitantes e sua expressão mudou. – Sesshoumaru!

            – Sesshoumaru-sama, há quanto tempo. – falou uma voz masculina de sabe se lá onde.

            Tsukiyo procurou mais um instante, tentando identificar o dono da voz. Será que foi a vaca?!, se perguntou confusa.

            – Myouga... Não esperava encontrá-lo aqui. – falou Sesshoumaru impassível.

            Então Tsukiyo sentiu algo em seu ombro. Ao olhar viu que se tratava de um pequeno youkai pulga. Ah, ele é o dono da segunda voz!, concluiu.

            – Óh, quem é a bela dama que trás consigo? – falou a pulga. Myouga se inclinou e Tsukiyo sentiu uma leve beliscada. – Hm, seu sangue é tão doce.

            Sesshoumaru se aproximou e deu um forte peteleco na pulga, que saiu voando pelos ares. Então, o youkai se virou para o velho com o martelo de longa haste.

            – Totosai, quero que forje uma espada. – ordenou Sesshoumaru sem rodeios.

            – Ora, achei que já estava satisfeito com sua Bakusaiga, Sesshoumaru. Para que precisa de uma espada mais poderosa? – perguntou com sua voz rouca e arrastada.

            – Não é para mim. – cortou severo.

Com um aceno da cabeça, Sesshoumaru mandou que Tsukiyo se aproximasse. Relutante, ela chegou próxima à Totosai e cumprimentou-o com uma respeitável reverência.

            – Meu nome é Tsukiyo, senhor. – falou. – Preciso de uma nova arma.

            – Hm, nova? – refletiu o velho. – O que aconteceu com a antiga?

            Com certa tristeza, ela abriu a bolsa que levava e mostrou os fragmentos da espada. O velho pegou a empunhadura da arma quebrada e analisou atentamente.

            – Alguma chance de usá-la? – perguntou ela humilde. – Ela tem... um grande significado para mim.

            – Hmm... Posso remontá-la, mas terei que reforjá-la. Ela se partiu porque um poder a sobrecarregou. – falou Totosai. – Acho que Rihan não imaginou que você se tornaria tão forte.

            A menção do nome a fez congelar no lugar. Não era possível!

            – V-você conheceu meu pai?!

Sentiu a respiração começar a acelerar. Isso sempre ocorria quando a memória dos pais voltava à mente. Percebendo sua mudança, Sesshoumaru se aproximou, sem, no entanto, tocá-la ou confortá-la. Apenas saber que ele estava ali, deixou Tsukiyo mais calma.

O velho parou para analisa por um instante, percebendo a reação da garota.

— Eu me lembro de cada espada que fiz e para quem lhes foi dada. Cada lâmina é especial e tem sua própria identidade. – falou Totosai enquanto caminhava de volta ao centro de sua caverna.

— Incrível! – exclamou Tsukiyo, que o estava seguindo sem perceber.

— Hm. – falou ele enquanto analisava mais uma vez a arma. Então, ele sorriu e se voltou para ela. – Como vejo que cuidou bem dela todos esses anos, verei o que posso fazer.

O rosto de Tsukiyo se iluminou e imediatamente seguiu o velho para o interior da caverna. Sesshoumaru estava parado na entrada, olhando para longe. Tsukiyo estava prestes a chamá-lo quando Totosai se adiantou.

— Sesshoumaru, antes de sair, deixe suas katanas. Já faz algum tempo que não as vejo e quero analisar como estão. – antes que o Lorde pudesse rejeitar, ele completou. – Seria melhor levá-las intactas para a guerra, não?

Indiferente, Sesshoumaru retirou as espadas da bainha e entregou-as a Tsukiyo.

— Voltarei logo. – falou ele. – Cuide para que não vá a lugar algum.

O olhar do Lorde era profundo e fez Tsukiyo se perguntar se ele estaria falando com o velho ou com ela. Envergonhada, ela se virou e caminhou para perto do ferreiro, que já começara a cuspir fogo nos fragmentos de sua katana. Mesmo sem olhar, ela escutou Sesshoumaru se afastar e se perguntou onde ele estava indo.

Quando voltou sua atenção para Totosai, o velho estava a poucos centímetros de distância. A jovem se assustou e pulou para trás.

— O que está...?! – sua fala foi interrompida quando o velho se aproximou e puxou com força uma das presas. Indignada, a jovem fez uma careta e tampou a mão com a boca. – Era só pedir!

O ferreiro pareceu ignorá-la e continuou seu trabalho de aquecer a lâmina e martelá-la de tempos em tempos. A jovem permaneceu em silêncio até que Totosai se voltou para ela.

— Minha jovem, antes de continuar tenho algo para dizer. – o velho parou um instante e a encarou. – Quando seu pai encomendou a lâmina e entregou sua presa, ele ligou a espada à sua parte humana, para tentar sempre mantê-la forte para que você controlasse sua parte youkai. Mas... no momento em que a lâmina partiu, a parte humana ligada a ela foi destruída também.

— O que quer dizer? – perguntou preocupada.

— Quer dizer que sua parte humana diminuiu. – completou ele. – Ainda posso refazer sua espada, mas para ser efetiva, terei que ligar o restante de sua humanidade nela. Entretanto, se essa nova lâmina quebrar, não terá mais sua humanidade consigo e nenhuma katana com o objetivo de conter seu lado youkai poderá ser forjada.

Tsukiyo engoliu um seco. A ideia de se tornar o monstro que devastou a vila e nunca mais conseguir se controlar a aterrorizou. Ela encarou Totosai sem conseguir dizer uma palavra.

O velho a olhava com ternura e lançou sua pergunta final.

— Está ciente das consequências?

A jovem respirou fundo e concordou com a cabeça. Não havia nada que pudesse fazer agora. O velho, por sua vez, tornou sua atenção à espada e voltou a trabalhar na lâmina. Aos poucos, os pedaços foram se tonando um, e a katana foi ganhando vida novamente. Tsukiyo olhou para a espada com carinho. Mesmo depois de todo o tempo, ela ainda era o último presente de seu pai e o mais importante de todos.

A jovem estava feliz por saber que ela voltaria para a bainha em sua cintura.

Totosai ergueu a lâmina quente e analisou com cautela. Feitos os reparos, ele mergulhou a lâmina na água para esfriar, levantando vapor. Em seguida, o velho se aproximou e pegou as lâminas de Sesshoumaru. Ele ergueu de leve uma delas e analisou-a minuciosamente.

 – Hm? Veja só... ao que parece a Tenseiga gostou de você. – falou ele com um sorriso. – Sabe, sempre me preocupei com a ideia de uma espada desse tipo pertencer a alguém como Sesshoumaru, mas pelo que parece a lâmina passou a gostar do dono. Ela nunca esteve tão viva.

Tsukiyo sentiu-se corar e olhou para a lâmina. Como se a respondesse, um brilho azulado passou rapidamente por Tenseiga.

— Como já disse, cada lâmina possuí vontade própria de certa forma. – continuou o velho. – Nunca pensei que Tenseiga fosse aceitar Sesshoumaru, mas ao que parece, Inu no Taishou estava certo em deixar para o filho mais velho. – ele a olhou profundamente. – Assim como seu pai estava certo em deixar-lhe essa katana. Você cuida bem dela. Rihan fiaria orgulhoso.

Tsukiyo sentiu os olhos marejarem, mas conseguiu se controlar. Quando falou, a voz saiu ligeiramente tremida.

— Assim espero...Obrigada, Totosai.

Ambos sorriram e Tsukiyo permaneceu ali, esperando pelo reparo das lâminas de Sesshoumaru ao mesmo tempo em que se perguntava onde estaria o youkai.

—_________________________XXXXX____________________________

Sesshoumaru observou Tsukiyo entrar com Totosai para a caverna e assim que os viu desaparecer, o youkai avançou para o lado em que havia arremessado a velha pulga.

Quando julgou estar perto do local da queda, ele chamou:

— Myouga. – não houve resposta. – Sei que está aí. Se sabe o que é melhor para você, é melhor aparecer. – a voz do Lorde era firme.

Alguns segundos depois, a pequena pulga saiu pulando de seu esconderijo até uma rocha que estava na frente de Sesshoumaru. Mesmo sendo muito maior que o velho, Sesshoumaru podia perceber claramente o medo da pulga. Ele suava frio e seus movimentos eram inquietos. Covarde como sempre, Myouga.

A pequena pulga fez uma rápida mesura e falou:

— Sesshoumaru-sama, não estava me escondendo só...

— Poupe-me de suas desculpas. – cortou frio. – O chamei porque preciso de uma informação.

— I-informação?!

            – Estou procurando algo e acredito que você sabe onde encontro. – ao ver a dúvida na expressão de Myouga, ele continuou. – Se tem alguém que sabia da existência desse objeto, caso ele realmente exista, foi meu pai. Como servo fiel e amigo dele, imagino que ele lhe contou sobre isso.

            – Hm. Outra buscar por poder? – perguntou desconfiada e ligeiramente decepcionada. – Do que estamos falando exatamente, Sesshoumaru-sama?

            – Conhece algo sobre a Tamashi no Kakera?

            A pulga se surpreendeu. Ele franziu o cenho, perguntando:

            – Por que estaria atrás da...?

            – Você sabe onde está? – cortou novamente, não desejando explicar porque a procurava.

            – Hm... Seu pai falou algo sobre isso, mas sempre acreditei ser uma lenda. – comentou Myouga. – Dizem que a Tamashi no Kakera é uma pedra capaz de purificar qualquer coisa, a ponto da famosa miko, Midoriko, tentar recriar essa lenda. Foi assim que surgiu a Shikon no Tama. – ele parou e pensou alguns momentos antes de responder. – Se não engano, ela pode ser encontrada num vale chamado Saigo no Kotoba.

            – Saigo no...Kotoba? – assimilou Sesshoumaru.

            – Hm... – a pulga cruzou os braços e franziu a testa. – Mas ninguém sabe onde fica esse lugar. A lenda conta que quem entrar no vale poderá ver os espíritos das pessoas que já se foram. Naquele vale, os mortos têm o direito de dizer suas últimas para as pessoas que deixaram para trás. Como diz o nome, Saigo no Kotoba (Últimas Palavras), é a única chance que espíritos têm de dizer palavras que nunca conseguiram. Eles ficam lá, aguardando a chance de fazê-lo. São eles os guardiões da pedra.

O velho soltou um longo suspiro e continuou:

— Entretanto, acho que ninguém nunca achou tal lugar, e se achou, nunca falou como é. Acho que tudo não passa de uma lenda, mas... se for para pensar em alguém que já possa ter ido lá, esse alguém seria seu pai, Sesshoumaru-sama. Inu no Taishou conhecia muito sobre o mundo espiritual graças a Tenseiga. Mas ele nunca falou sobre esse lugar comigo.

            Sesshoumaru ficou em silêncio absorvendo tudo. Já imaginava que o pai poderia saber sobre isso, mas o que realmente o incomodava era o lugar em si. Um lugar onde os mortos podem dizer seu último pensamento... A imagem de Rin veio a sua mente e isso o aterrorizou. Será?

Ignorando a sensação por hora, ele se voltou para a pulga, aparentando a típica indiferença.

            – Quem mais poderia saber onde fica além de meu pai?

            Myouga pareceu pensar alguns instantes e se virou para Sesshoumaru.

            – Não sei se mais alguém poderia saber, mas conheço uma pessoa para quem Inu no Taishou possa ter contado a localização.

Percebendo a expressão relutante de Myouga, Sesshoumaru adivinhou a resposta. O Lorde franziu o cenho em desagrado.

Vendo sua reação a pulga confirmou:

— Sim, Sesshoumaru-sama. Acredito que apenas ela saiba.

            Sesshoumaru serrou os dentes e deu as costas para a velha pulga. O Dai-youkai começou a caminhar para longe, deixando Myouga sozinho com seus próprios pensamentos.

Ao longe ainda escutou a voz da pulga dizer:

            – Boa sorte!

Sesshoumaru apenas continuou sem nada dizer. O Lorde caminhava em direção à caverna de Totosai para buscar suas espadas e a jovem. Agora sabia para onde deveria ir, mas não gostava muito da ideia. Ele fechou as mãos em punho de frustração.

            – Tsc. – exclamou para ninguém em particular.

            Não tinha jeito, teria que recorrer a ela novamente. Era a única que poderia saber onde fica Saigo no Kotoba. O Dai-youkai parou um instante e olhou para o céu encoberto pela à fumaça que subia dos rios de lava. Qual será seu último pensamento? Sesshoumaru sentiu uma pontada no coração.

Será que realmente queria saber?

            Ele avançou sem demora e entrou na caverna. Chegou a tempo de ver seu par de espadas serem entregue nas mãos da jovem, que já tinha sua própria katana presa à bainha na cintura.

Ao avistá-lo, Tsukiyo sorriu e entregou Tenseiga e Bakusaiga.

            – Aqui está, Sesshoumaru.

            O youkai pegou as lâminas e as desembainhou para conferir o trabalho. Como sempre, estavam impecáveis.

Totosai o olhou e disse:

            – Está cuidando bem de suas espadas como sempre, Sesshoumaru. Espero que continue assim. – falou o velho.

            O youkai, sem mudar sua expressão, apenas acenou com a cabeça e se virou para a jovem.

            – Vamos.

            Antes que Tsukiyo pudesse responder, ele já estava andando para fora da caverna. Com o canto dos olhos, ele viu a jovem fazer uma reverência para o ferreiro e dizer:

            – Obrigada por tudo, Totosai. – o velho lhe sorriu de volta.

            – Fiquei feliz em conhecer alguém que seja tão carinhosa com sua katana. Significa que tem boa índole, menina. – ela sorriu e correu atrás do Lorde. Antes que os dois saíssem, eles escutaram a voz do velho. – Boa sorte! E, minha jovem, lembre-se do que lhe falei!

            Por um instante, a expressão da jovem tornou-se séria e o corpo tenso. Então, ela balançou a cabeça e logo colocou um sorriso no rosto outra vez. Sesshoumaru estranhou o gesto, mas preferiu não comentar ou perguntar. Logo que saíram da caverna, a jovem se voltou para ele.

            – Bem, obrigada por tudo, Sesshoumaru. – era possível identificar uma ligeira melancolia em sua voz. – Acho que... vou deixá-lo em paz agora...

            – Conheço alguém que pode sabe onde podemos encontrar a Tamashi no Kakera. – falou ele, arrancando uma expressão surpresa da jovem.

            – V-você... Conhece...? Que dizer que vai me ajudar? – a expressão dela era um misto de incredulidade e gratidão.

            – Você é alguém que atrai problemas. Seria um incômodo se suas confusões trouxessem mais conflitos para minhas Terras em tempos como este. – provocou, não querendo revelar que ela era alvo de Nisshoku.

No fundo, ele sabia que não era o único motivo para mantê-la por perto.

            – Hunpf. – viu ela exclamar entre a irritação e a alegria. – Eu daria uma boa resposta, mas desta vez vou deixar passar. Ainda estou em dívida com tudo o que fez. Bem, onde vamos agora?

            O Lorde suspirou e respondeu entre dentes. Seu tom era mais amargo do que desejara.

            – Vamos visitar minha mãe.

Totosai e Myouga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não deixem de apoiar! =)