As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 37
Capítulo 37 – De Volta ao Campo dos Sonhos. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hi, mina!! Primeiramente tenho que me desculpar por semana passada não ter postado. Eu estou, de verdade, correndo de um canto a outro para resolver coisas da faculdade: procurando apartamento, pesquisando preço de mobília... no fim de semana passado eu foi à Lavras para fechar o contrato do apê, então não consegui escrever nada... -.- Espero que me perdoem, mas não posso garantir que vá postar TODO fim de semana durante esse mês. Desculpe... =/
Bem, sem maiores delongas, vou postar o capítulo desta semana. Ele contém uma novidade: teremos um pouco de história sobre a perspectiva de alguém diferente de nosso casal principal. Vamos ver se vocês gostam =)



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Hiryu despertou cedo, algo bem incomum para ele, sentindo certa enxaqueca pela quantidade de saquê que havia tomado na noite anterior. Tentou dormir de novo, mas logo percebeu que estava ficando agitado com seus próprios pensamentos. Sobretudo com as preocupações que tinha por Sesshoumaru e aquela jovem, Tsukiyo. Ele levantou e se vestiu com seu quimono vermelho com detalhes pretos, uma faixa laranja na cintura e mantendo pés descalços.

            O youkai dragão abriu a porta do quarto e foi em direção ao salão de refeições para tomar café da manhã, porém, no meio do caminho desistiu. Se chegasse ao salão, logo encontraria Suiryu e Sesshoumaru, o que resultaria na convocação para uma última reunião antes da viagem de seu amigo e da garota.

A última coisa que Hiryu gostaria era mais uma reunião entediante.

O ruivo deu meia volta e foi em direção contrária ao salão de reuniões. Se a reunião fosse realmente muito importante ele seria informado, do contrário, dificilmente os outros iriam procurá-lo.

            Virando a curva Hiryu se deparou com Tsukiyo.

A jovem estava de costas para ele, no pátio de treinamento. Usava uma roupa típica de miko, a mesma com que havia chegado ao shiro. Presente da mulher de Inuyasha, eu suponho., pensou ao se lembrar do diálogo a sós que tivera com Sesshoumaru em que o Lorde havia citado Inuyasha. Juntando as peças, Hiryu lembrou sobre o amigo falar, na reunião, que levou Tsukiyo num lugar para que se curasse. Não foi difícil deduzir onde havia ido. Hiryu só havia visto Inuyasha uma vez e nunca conheceu sua mulher, mas tinha conhecimento que era uma miko poderosa que lutou ao lado de Sesshoumaru contra Naraku, no passado.

            A jovem tinha uma espada de madeira nas mãos e realizava uma série de movimentos de investidas contra o nada. Treinando tão cedo na manhã? O ruivo admirou a determinação dela. Desde noite passada, com a pequena confraternização, o ruivo passou a gostar da garota. Ela era uma pessoa gentil, mas com personalidade forte.

Ficou feliz por conhecê-la, mas sempre que se lembrava do motivo de Sesshoumaru estar com ela, sentia-se triste por Tsukiyo. Ele sabia que não precisava se preocupar com ela tirando vantagem do amigo. Não conseguia vê-la explorando a grande, e talvez única, fraqueza de Sesshoumaru. Não, a garota tem boa índole, não acredito que faria algo assim, refletiu. Mas estava preocupado do Lorde não perceber que a estava apenas usando para reviver um passado impossível de trazer de volta. E depois de ver alguns olhares que ela lançava ao amigo, Hiryu se preocupou.

Não era justo com ela.

            Hiryu suspirou e andou em direção a ela.

             – O que faz aqui tão cedo?

            Tsukiyo deu um salto de surpresa. Só agora havia percebido a aproximação de Hiryu.

O youkai sorriu com a reação dela.

            – Hiryu?! – o fato de tê-lo chamado apenas pelo nome, sem sufixo, já o deixara feliz. Significava que ela estava sentindo-se mais confortável em sua presença. Ou que ele a assustara pra valer – O q...Você não tinha uma reunião agora cedo?

            Fingindo desânimo, ele se aproximou até ficar de frente para ela.

            – Ah, sabe como é. Não sou fã delas e minha cota de reuniões da semana já se esgotou. – sorriu sem graça. – Estou aqui fugindo de compromissos, mas e você?

            – Eu... err. – ela indicou tímida a espada. – Estava treinando um pouco. Não utilizo uma espada há dias, e tinha que ter certeza que os ferimentos não atrapalhariam na viagem. – ela colocou a mão sobre o abdômen. – Não quero ser um estorvo para Sesshoumaru.

            Hiryu se admirou pela determinação da jovem, mais uma vez, e se forçou, novamente, a afastar ideia dela ser uma mulher indefesa. Animado, ele pegou uma espada de madeira para si.

            – Bem, já que estamos aqui, vamos fazer algo útil. – ele rodou a espada na mão com destreza e se colocou em posição de defesa.

            – Tem certeza? – perguntou ela incerta.

            – Vamos. – encorajou. – Ouvi que era muito habilidosa, quero ver isso com meus próprios olhos. Além disso, ontem eu disse que daria umas dicas a você, não é?

            – Não sabia que se lembrava de alguma coisa de ontem. Pelo tanto que bebeu... – ele riu.

            – Vai rindo. Aposto que não consegue me fazer um arranhão. – provocou ele, feliz por vê-la descontraída.

            O tom de desafio pareceu chamar a atenção dela. Pelo visto gosta de uma competição. É igual a alguém que conheço... Mal sabia ele a ironia de suas palavras. Ela sorriu desafiante e se colocou em posição de defesa, com a espada erguida a sua frente.

            – Sabe, a última pessoa que me disse isso, ficou bem surpresa. – falou ela.

            – Vamos ver do que é capaz. – incitou-a.

            A jovem avançou numa velocidade espantosa, pegando o ruivo de surpresa. Ele conseguiu defender o golpe lateral no último segundo. Em seguida, Hiryu fez um arco com a espada e Tsukiyo teve que recuar para desviar. Os dois se encararam por um segundo, estudando-se. Então, avançaram. BAM! As espadas se chocaram um, duas, três vezes. Eles recuaram novamente. Ela é rápida, mas não tem muita força nos ataques, analisou. Vamos ver até onde vão seus limites.

            Aumentando a força dos ataques, ele avançou. A jovem começara a ficar em desvantagem, recuando cada vez mais perante os golpes do ruivo. Ela se defendeu como podia, mas logo se viu desarmada.

Ele sorriu e apoiou a espada no ombro.

            – Estava indo muito bem. – elogiou. – Tem boa velocidade de ataque, mas precisa trabalhar mais a defesa. Tente assim: – falou ele erguendo a ponta da espada em direção a ela. – Mantenha sempre a ponta da espada apontada para o inimigo ao mesmo tempo em que defende seus golpes. Isso dificulta que ele se aproxime muito.

            Hiryu apanhou a espada no chão e a jogou de volta para Tsukiyo. A jovem tinha os olhos brilhantes, atenta às explicações. Ele voltou para a posição de combate e ela fez o mesmo.

            – No início vai ser difícil, mas com prática você conseguirá se defender sem desviar a ponta da espada de seu adversário. – completou o ruivo. – Vamos, vou mostrar.

            Ele indicou para que ela o atacasse. Tsukiyo avançou e começou a deferir golpes que o youkai defendia sem grandes dificuldades. Ele mantinha a espada apontada para ela em todos os momentos e ele viu em seus olhos que Tsukiyo compreendeu as vantagens daquela posição. Ela recuou.

            – Certo. – falou ela. – Vou tentar.

            Agora foi a vez de Hiryu avançar. Ele começou com golpes mais fáceis para ver se ela havia compreendido posição e depois foi aumentando o nível. Ficou surpreso ao perceber que ela aprendia rápido e já executava as defesas quase com perfeição, salvos alguns golpes traiçoeiros que ele deferia de propósito.

            – Sua posição está ótima. – elogiou enquanto mantinha os golpes. – Mas... ainda não é o bastante.

            Pelo pouco que a conhecia, ele sabia que ficaria irritada com o que faria e isso só o fez querer fazer mais. Num movimento veloz, Hiryu fez um movimento de baixo para cima com a espada e no último instante a soltou. A espada de madeira foi atirada para cima e, surpresa, a jovem encarou a espada dele no ar. O ruivo aproveitou a chance para retirar do quimono uma adaga, herança de sua família, que sempre levava consigo.

No instante seguinte a lâmina da adaga estava encostada no pescoço da jovem e, ela, paralisada no lugar.

            Hiryu retirou a lâmina e a colocou sobre a faixa da própria cintura. A jovem o encarou atônita por um minuto e assim que saiu do choque, sua face ficou vermelha de raiva.

            – Ei, isso não foi justo. – reclamou.

            Assim como Hiryu havia esperado, ela ficou irritada e ele se divertiu com a situação.

Confiante, ele riu e disse:

            – E essa, é a lição mais importante que eu poderia te dar. Espere tudo num campo de batalha, porque nele vale tudo para vencer.

            A jovem fechou a cara para ele, o que só fez com que ele risse mais. Então, Tsukiyo se abaixou e pegou a espada do youkai, jogando-a de volta para ele. Assim que suas mãos tocaram a espada de madeira, a jovem avançou para cima dele, mal dando tempo para que se defendesse. Graças à raiva, sua velocidade e força de ataque aumentaram. Mas ainda não é o bastante. Pensou o youkai, aumentando sua própria velocidade e força para se igualar aos dela. As espadas se encontraram novamente. Travou-se um duelo de forças com um empurrando a arma do outro.

            De repente, uma careta de dor percorreu o rosto da jovem e ela fraquejou. Ela soltou a espada e caiu de joelhos no chão, abraçando a si mesma, a mão sobre o abdômen.

            – Droga! – exclamou ela num gemido.

            Alarmado, Hiryu largou sua espada e agachou-se ao lado dela. A garota se abraçou e se contraiu ainda mais.

            – Ei, você está bem?! – perguntou ele, cada vez mais desesperado. Droga! O esforço deve ter aberto o ferimento de novo!

            Hiryu se preparou para pegá-la no colo e levá-la à enfermaria.

Quando estava prestes a tocá-la, percebeu um movimento rápido. Algo gelado tocou seu pescoço. Antes que percebesse, a adaga que tinha presa a sua cintura estava, agora, em seu pescoço. A jovem sorriu vitoriosa para ele. Lentamente, Tsukiyo afastou a lâmina e devolveu a Hiryu, que havia travado de surpresa.

            A jovem se levantou, mas ele continuava parado no lugar. Seu olhar acompanhou os movimentos da jovem, que agachou para pegar a espada no chão.

            – V-você me enganou. – falou, ainda sem acreditar. – Pensei que havia se machucado de novo!

            Tsukiyo parou um momento, olhou para ele e mandou-lhe seu olhar mais inocente e carismático.

            – Espere tudo num campo de batalha, porque nele vale tudo para vencer.

            Ela lhe estendeu a mão. Ele refletiu um momento e aceitou a ajuda. Tsukiyo o puxou e ele ficou de pé, sem conseguir tirar o sorriso do rosto. Num gesto impensado e sincero, colocou a mão na cabeça da garota e gargalhou.

            – Você aprende rápido, baixinha. Acho que podemos dizer que o aluno superou o mestre.

            Ele riu e ela não demorou a acompanhá-lo.

            – Ei, se for me chamar de algum apelido, prefiro que não seja baixinha. Nossa altura nem é tão diferente. – brincou ela. – Me chame de Tsuki, é como meus amigos me chamam.

            – Fico feliz que me considere um amigo. – falou ele, sorrindo.

            A jovem corou um momento e sorriu de volta. Agora era definitivo: ele gostou da jovem. Contudo, só o fez se preocupar mais com a situação de Sesshoumaru e de Tsukiyo. Ele não queria que ninguém se machucasse e não sabia o que fazer.

            – Fugindo da reunião para brincar, Hiryu?

            O ruivo se virou e deu de cara com Sesshoumaru se aproximando. Falando no demônio... Hiryu coçou a cabeça, desconcertado.

Estava prestes a falar, quando Tsukiyo se adiantou.

            – A culpa foi minha. Ele estava indo para lá quando pedi para me ajudar no treinamento. – mentiu. Ela se virou com cara de inocente para o ruivo. – Desculpe, Hiryu. Não sabia que a reunião era importante.

            O youkai dragão logo entrou no jogo, se recompondo rapidamente.

            – Ah, não se preocupe. Era apenas para acertar alguns detalhes. Eles podiam ter feito sem mim, não é, Sesshoumaru?

            O Lorde sacudiu a cabeça em desaprovação, mas deixou o assunto para lá. Então ele se voltou para a jovem e perguntou:

            – Aquilo agora pouco foi apenas fingimento, não é?

            – Foi. – respondeu ela, ciente da seriedade da pergunta. – O ferimento já cicatrizou, não sinto mais nada.

            – Ótimo, não quero ter que me preocupar com você durante a viagem. – Hiryu viu a jovem torcer o nariz de desagrado. Então o amigo se voltou para ele. – Aliás, Hiryu, foi ridículo de sua parte cair nesse truque.

            – Olha quem fala. – defendeu-o, Tsukiyo, irritada. – Não é você que ficou em dúvida sobre ser real ou não?

            – Apenas quis me certificar que não seria um estorvo para mim. Seria irritante ter que te carregar por aí com esse ferimento.

            – Ei! Não fale como se eu fosse uma inútil, se não fosse por mim, você não estaria aqui!

            – Pode ter me salvado uma vez, mas pelo que me lembro, eu a salvei mais. – falou Sesshoumaru, agora igualmente irritado.

            – Ah, agora é assim, não é?! – retrucou ela jogando as mãos para o alto. – Agora sua vida vale o mesmo que a minha? Como era mesmo? Ah, “a vida deste Sesshoumaru vale mais que a sua.” — falou na sua melhor imitação de Sesshoumaru.

            – Pelo menos eu...

            A discussão continuou, mas Hiryu já havia se desligado. Um sorriso bobo dançava no seu rosto. Quando a jovem chegou toda tímida e polida, ele acreditou que tivesse apenas medo de Sesshoumaru, mas depois do que viu ontem e estava vendo agora, percebeu que havia mais ali entre os dois. Nunca imaginara que alguém além dele fosse capaz de discutir assim com Sesshoumaru. Muito menos tirá-lo facilmente do sério.

Além disso, era diferente.

Era diferente de quando era com Rin. Ele nunca falaria daquele jeito com Rin. Sesshoumaru sempre a tratou como se fosse frágil e feita de vidro. Talvez ele saiba mesmo diferenciar, ponderou mais alegre. Acho que me preocupei à toa.

            Hiryu sorriu diante da cena. Estava feliz porque podia enxergar claramente. Agora. apesar da face expressando raiva, os olhos de Sesshoumaru não mentiam.

Há anos que o ruivo não via o amigo tão feliz.

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Tsukiyo já nem se lembrava como a discussão começara, mas sabia que não queria perder essa. Para sua sorte ou infortúnio, os dois foram interrompidos por Jaken, que veio correndo na direção deles.

— Lorde Sssesssshoumaru! – como sempre, fez suas mesuras exageradas. – Os preparativos estão prontos e Ah-Uh os espera na entrada.

— Partirão tão cedo? – perguntou Hiryu.

— Quanto mais rápido formos, mais rápido voltamos. – falou Sesshoumaru.

— Ah-Uh? Quem é Ah-Uh? – perguntou Tsukiyo confusa.

— Vejo você em alguns dias, Hiryu. – continuou Sesshoumaru ignorando a pergunta dela. – Suiryu ficará no comando e espero que compareça às reuniões que ele convocar.

— Claro, claro. – concordou o ruivo, balançando a mão. – Vejo vocês em alguns dias.

Com isso, Sesshoumaru se virou e começou a andar em direção à entrada, seguido de perto por seu fiel servo Jaken. Tsukiyo se despediu de Hiryu e correu para alcançá-lo.

O chamado do ruivo soou a suas costas.

— Ah, e Tsuki! – ela se virou. – Tome conta dele, por mim.

A jovem travou um instante. Havia sinceridade em suas palavras e os olhos rubros de Hiryu brilhavam com algo que ela não conseguiu identificar. Tsukiyo se preocupou um instante, mas sorriu e gritou de volta.

— Pode deixar!

Chegando ao lado de Sesshoumaru, Tsukiyo pôde ver que o Dai-youkai estava ligeiramente contrariado com as palavras do amigo. Ela riu e correu na frente para passar em seu quarto e pegar a bolsa com os fragmentos da espada e algumas roupas. Ela tirou a roupa da miko e colocou um quimono vermelho, muito parecido com o que tinha antes de trocá-lo pelas roupas de inverno para ir à montanha. Kagome fora muito gentil em emprestar-lhe essa peça de roupa. Uma faixa branca ia à cintura e nos pés uma espécie de sapato de pano.

Ela guardou as roupas de miko na bolsa pensando que se precisasse, era sempre bom ter uma muda de roupas extras. Logo, estava pronta e pôs-se a correr para a entrada. Quando chegou, Sesshoumaru esperava por ela, encostado na parede de olhos fechados. Ao seu lado, havia um youkai dragão de duas cabeças com uma cela nas costas. Tsukiyo ficou impressionada com o animal, nunca havia visto nenhum igual.

Sentindo a presença da jovem, o Lorde falou:

— Esse é Ah-Uh. – falou Sesshoumaru. – Ele será seu meio de transporte durante a viagem.

— Sério! Eu vou poder montar nele? – perguntou acariciando as cabeças do animal. Por alguma razão ele parecia calmo em sua presença. No fundo ela sabia que isso tinha a ver Rin. Só não sabia como e também não queria perguntar.

— Ir a pé custa tempo que não temos. – explicou neutro. – Como não consegue voar, ele a levará. Então se...

Quando Sesshoumaru abriu os olhos, a jovem já estava em cima do dragão. Estava empolgada como uma criança.

Ela sorriu para ele e perguntou:

— E aí, vamos?

Tsukiyo viu Sesshoumaru respirar fundo para se controlar e virar-se de costas. No instante seguinte ele alçou voo e Ah-Uh logo o seguiu. Na primeira guinada do animal, Tsukiyo agarrou-se com força em um de seus pescoços, temendo cair. Logo que se acostumou com a altitude, soltou-o devagar e segurou as rédeas. Não se preocupava em vigiar a direção. Suspeitava que não importasse o que fizesse, o animal seguiria Sesshoumaru.

 – Não devíamos ter avisado os outros da partida? – ela gritou para que Sesshoumaru a escutasse.

— Eles sabem. Já os havia avisado previamente. – respondeu ele em meio a vento que soprava forte.

— Queria ter me despedido. – reclamou ela.

— Fala como se não fosse vê-los de novo. – falou Sesshoumaru. – Depois de tudo ainda voltaremos para cá.

A fala de Sesshoumaru causou mais impacto do que o youkai parecia perceber. Tsukiyo sentiu o coração palpitar. Mesmo depois de me ajudar com a espada ele ainda me quer ao seu lado? Antes que corasse novamente, ela afastou o pensamento. Mesmo sabendo que tenho outros caminhos a tomar, isso me deixa feliz...

Antes que se perdesse em devaneio, Tsukiyo percebeu Sesshoumaru mudar o voo para baixo. Ah-Uh o seguiu sem demora. Se a subida foi assustadora, a descida era apavorante. Tinha a impressão de despencar do céu.

Tsukiyo agarrou novamente o pescoço do animal e segurou um grito.

Quando criou coragem para abrir os olhos, percebeu que estavam descendo sobre um grande campo de lírios. Tsukiyo achou estranho num primeiro momento, mas assim que chegaram ao solo, foi tomada por uma sensação acalorada. Eu conheço esse lugar!

 Lentamente, ela desceu de Ah-Uh.

Sesshoumaru estava de costas para ela. Tsukiyo já sabia do que se tratava. Respeitosamente, ela se aproximou o mais silenciosamente possível do Dai-youkai, até ficar ao seu lado. De soslaio, ela olhou e se arrependeu, em parte, de ter feito aquele pedido. Sesshoumaru tinha os olhos vidrados e distantes. Era a mesma mistura de melancolia e saudosismo que vira nele naquela noite no clã do gelo.

Vê-lo tão frágil daquela forma sempre a desconcertava.

Mesmo depois de todos esses anos, seu coração ainda não conseguiu se despedir dela, não é, Sesshoumaru?, pensou triste.

Tsukiyo olhou para frente e encarou aquela pequena lápide. Ao mesmo tempo em que uma grande tristeza se abateu sobre ela, uma parte de si sentiu-se alegre e bem recebida naquele lugar. Era o mesmo lugar que visitou em seus sonhos com Rin. Sentiu lágrimas se formarem em seus olhos ao pensar que desta vez a jovem não estava com ela.

E nunca poderia estar...

Sem pensar muito no que fazia, Tsukiyo se agachou e começou a colher algumas flores.

— O que está fazendo? – perguntou Sesshoumaru num tom vazio, sem desviar o olhar da lápide.

Sem respondê-lo, Tsukiyo começou a trançá-las, criando uma coroa florida com os lírios brancos e amarelos do campo. Tentou fazer da mesma forma que Rin faz em seu sonho.

Quando acabou, aproximou-se do túmulo.

— Não está tão bonito como ela fazia, mas é o melhor que consigo. – falou, a expressão carregada de ternura. – Ela fazia arranjos realmente belos.

— Fazia... – concordou distante o youkai.

A jovem depositou a coroa de flores em frente à lápide e se agachou novamente para tocar o túmulo como havia feito em seu sonho. A pedra, que deveria ser fria, estava quente e trouxe uma sensação confortável à Tsukiyo. Ela nunca conhecera Rin, mas sentia como se lhe fosse muito querida.

Algumas lágrimas escorreram involuntariamente por sua face e caíram na terra.

Tsukiyo tinha apenas um pensamento que percorria sua cabeça. Ela chorava por saber que não conseguiria dizer pessoalmente a Rin. Tsukiyo agarrou a gola da própria roupa em angústia, querendo acreditar que Rin poderia escutar seus sentimentos. Obrigada. Sem você, eu nunca o teria conhecido. Eu só... queria que ainda estivesse aqui para ele, pensou, lembrando-se da tristeza que o youkai sentia pela morte de Rin. Rin, eu... tenho medo de magoá-lo. Não posso ser quem você foi. Não posso...

A jovem respirou fundo para se acalmar, enxugou as lágrimas e se levantou, colocando-se ao lado de Sesshoumaru novamente. Ambos ficaram encarando o túmulo, cada qual com seus pensamentos, até que Tsukiyo falou:

— Sesshoumaru, obrigada por me trazer aqui. – o youkai nada disse, então ela continuou com o tom baixo e terno. – Sabe, não precisa ser agora, mas um dia quero que me conte sobre ela. Quero saber que tipo de pessoa ela foi.

Ela se virou para o youkai, que a olhava surpreso, e sorriu sincera.

— Eu quero ouvir sobre essa pessoa que foi tão importante para você. Quando estiver pronto, espero que possa me contar.

Tsukiyo percebeu surpresa na expressão de Sesshoumaru e... agradecimento. Uma brisa fresca soprou sobre eles e Tsukiyo se perguntou se seria Rin aprovando sua atitude. A jovem viu Sesshoumaru, distraído, agarrar uma das pétalas que o vento levava. Ele encarou distante e voltou a soltá-la no ar, acompanhando-a com o olhar.

Tsukiyo também seguiu-a com os olhos, até se ver encarando o céu azul.

Posso não ser você, e posso magoá-lo no futuro... Mas enquanto eu puder, ficarei ao lado dele.

            Obrigada, Rin...

Sesshoumaru diante do túmulo...


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar! =D