As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 28
Capítulo 28 – Traição. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá mina! Como prometido, aqui está mais um capítulo. Já aviso que ele está carregado de sentimentos negativos. rsrs Antes de tudo quero agradecer a todos que e apoiam aqui na fic. Estou super feliz que chegamos na marca de 132 comentários; 23 favoritações e 3 recomendações! *__* Além disso, estou com 42 pessoas acompanhando e isso me alegra a alma!!! :3 Uma pena que apenas alguns desses 42 deixam comentários nos capítulos, VAMOS FANTASMINHAS, SE MANIFESTEM!!!
Sem mais delongas deixo um capítulo que provavelmente deixará muitas pessoas tristes ou iradas kkkk Recomendo duas músicas que se encaixam com o que o casal está sentindo, com destaque para Sesshoumaru... (http://letras.mus.br/one-republic/1058461/traducao.html) e (http://letras.mus.br/trading-yesterday/1006879/traducao.html)



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Tsukiyo corria como nunca. Precisava se afastar o mais rápido possível do lugar. Para Sesshoumaru seria fácil encontrá-la pelo olfato, então Tsukiyo buscou tomar algumas providências que diminuíssem seu cheiro, ao menos para dar-lhe tempo suficiente para se afastar de vez. O banho veio a calhar já que, uma vez limpo, o corpo perdia o odor marcante de suor, além disso, a garota corria a favor do vento tentando despistar mais o youkai. O céu começava a ser tomado por nuvens e Tsukiyo rezou para que começasse a chover, pois a água dissiparia seu cheiro de vez.

            Infelizmente, Tsukiyo não tinha certeza para onde ir. Correr atrás de Akarin agora e enfrentar aquele monstro sem planejamento era suicídio. Se não se escondesse logo, Sesshoumaru logo a encontraria, mas onde o faria? Talvez conseguisse ir longe o suficiente para alcançar Merioku. Com alguma das poções da amiga, poderia esconder seu cheiro.

            Imediatamente a jovem descartou a ideia, a distância era grande demais para percorrer de uma vez sem se esgotar e voltar à forma humana. E disso era o que ela menos precisava agora, afinal, Sesshoumaru parecia sempre encontrá-la quando chegava àquela forma. Provavelmente porque fico idêntica a Rin, pensou consigo, despertando raiva. Raiva do youkai. Raiva de si.

Uma raiva que serviu de gatilho para ela acelerar.

            Sentia a respiração ofegante e suor escorrer pelo rosto. As pernas tornavam-se pesadas e os músculos doíam pelo esforço. Tsukiyo avançava por entre as árvores sem parar, correndo pelo chão ou saltando pelos galhos até chegar ao limite da floresta. Um campo se estendeu a sua frente. Era pequeno, apenas separando um grupo de árvores de outras, massa jovem travou por um instante.

O campo era florido, carregado de lírios que lembravam as flores que vira em seu sonho com Rin.

            Ao pensar na garota, Tsukiyo imediatamente se lembrou da noite em que Sesshoumaru se abrira para ela. Recordava-se perfeitamente na expressão desolada do youkai. Havia exposto seu pior momento para Tsukiyo, toda sua dor e medo. E agora, ela o estava traindo.

A jovem sentiu as mãos tremerem levemente. O que eu fiz?

            Tsukiyo hesitou, travada no lugar, contemplando Tenseiga em suas mãos. Desde o inicio ela sabia que se sentiria culpada e se preparou para isso, mas quando o sentimento veio, ela não conseguiu sair do lugar. Droga! Estava tão perto... como poderia continuar quando a cada passo seu coração parecia se contrair. Por que tem que doer tanto?

            Tentou atribuir toda a culpa a Rin. A culpa é sua! Se não tivesse existido ele me olharia diferente! Mas como culpar alguém que sempre parecia lhe trazer paz e calor. Apesar de não conhecê-la, Tsukiyo sentia como se fossem próximas. Havia um sentimento parecido ao de grandes amigas. Ao de família. Ao de irmãs de alma.

            Ela hesitou. E esse foi seu maior erro.

            Um farfalhar de folhas chamou sua atenção. Tsukiyo se virou e viu apenas o brilho de uma lâmina. No segundo seguinte tinha a ponta de uma espada encostada no pescoço e um youkai irado a sua frente.

            O pior de tudo foi encará-lo de frente. Sesshoumaru era raiva, descrença, decepção. Tsukiyo viu dor naqueles olhos âmbar e sentiu toda a coragem se esvair. Nem se quisesse muito, ela conseguiria continuar com o plano. Não depois de encarar o youkai.

            Sentir-se traída, como se sentiu, é uma coisa. Ser a traidora era pior ainda.

            – Por que fez isso? – foram as primeiras palavras do youkai. O tom era frio, carregado de ódio.

            Tsukiyo não mentiria, não estava em posição para tal e Sesshoumaru merecia a verdade.

            – Preciso da Tenseiga. Tenho que salvar alguém. – revelou evasiva.

            – Não me interessa para que precisa dela. – vociferou o youkai, que não parcia tê-la escutado. Tomando a Tenseiga de suas mãos, ele ainda mantinha Bakusaiga no pescoço de Tsukiyo. – Quero saber porque me traiu!

            – Porque você nunca entenderia! É apenas um youkai frio e egocêntrico! – Tsukiyo lançava palavras tentando não apenas justificar-se para ele, mas para si própria. Mesmo que com meias verdades.

            – Eu confiei em você! – gritou Sesshoumaru, perceptivelmente ofendido com as palavras da jovem.

            – Não confiou nada! Nem sequer me vê como eu sou! Nem meu nome você pronuncia! Sempre serei uma substituta para Rin! – Tsukiyo sentia as lágrimas surgirem nos olhos ao gritar suas angústias. – Para você sou apenas uma cópia dela! E nunca serei mais do que isso para você!

            Tsukiyo sentiu Sesshoumaru hesitar e afrouxar a lâmina levemente. Por detrás de toda a raiva, Tsukiyo viu uma centelha de confusão no youkai. Sesshoumaru abaixou a espada e começou a caminhar para longe, sem maiores explicações. Sua ação enfureceu Tsukiyo, que continuou a falar. Agora que havia começado a desabafar, dificilmente pararia.

            – Isso! Vá embora, fuja e se esconda de si mesmo como você sempre faz! – as lágrimas começaram a escorrer por sua face. – Não vou negar que pretendia te trair, Sesshoumaru, mas você o fez primeiro! Brincou com meus sentimentos quando tudo o que via em mim era Rin! Bem, sinto dizer isso, mas se ficar preso a ela ficará sozinho para sempre, porque, adivinha: ELA ESTÁ MORTA E NÃO VAI VOLTAR!

            Tsukiyo não enxergou o movimento, apenas sentiu um leve calor na bochecha. Um fio de sangue escorreu por seu rosto e pingou no chão. A ponta da espada de Sesshoumaru estava com um pequeno brilho vermelho e o rosto do youkai contraído em raiva. A lâmina ainda apontava para ela.

            – Você não tem o direito de falar dela. – disse Sesshoumaru. O tom era perigosamente baixo.

            Tsukiyo levou os dedos ao corte na face, quando os afastou estavam vermelhos escarlates. A jovem sentiu algo pulsar dentro de si. Uma onda de ira e poder percorreu seu corpo. Era o mesmo sentimento de quando lutara contra Koba. No instante seguinte, parecia que algo mais movia seu corpo que não ela. Movia-se sem controle, mas ciente do que estava acontecendo.

            Levou apenas um segundo.

Tsukiyo desembainhou a espada e rebateu a de Sesshoumaru. No instante depois, ela avançou para cima dele que se viu forçado a recuar e defender. Eles começaram a trocar golpes. Uma. Duas. Três vezes e se separaram. Ambos motivados pela raiva e pela traição seja ela qual. Avançaram e voltaram a tilintar espadas.

            No inicio, Tsukiyo parecia ter uma vantagem, mas à medida que Sesshoumaru se recuperava e sua raiva crescia, ele virou o jogo, atacando mais do que defendia. Apesar da ira, por algum motivo, nenhum dos dois usava mais do que a lamina. Nenhum invocou seus ataques especiais de energia.

Bem... ate agora.

            Dominada por algo que não compreendia, Tsukiyo concentrou energia na espada e deferiu um golpe para cima de Sesshoumaru. Surpreso, o youkai só teve tempo para desviar o ataque com a espada para impedir danos maiores a órgãos vitais. O golpe o acertou no braço esquerdo, a lâmina cortou fundo a pele de seu antebraço.

            Tsukiyo recuou, sua katana envolta no liquido vermelho. A jovem parou um instante e olhou para a própria lâmina. Seu olhar passou, então, para Sesshoumaru. O youkai parecia mais enfurecido do que nunca, as presas à mostra. A manga do quimono do braço esquerdo perdia a branquidão para dar lugar ao rubro. O machucado já se cicatrizava, como esperado de um youkai, mas a visão foi suficiente para Tsukiyo voltar a si.

            O que eu fiz?! Sem perceber, ela largou a espada, que tombou no chão com um tilintar. A jovem olhava para as próprias mãos e tremia. O que eu fiz?! Como fora capaz de machucar Sesshoumaru depois de tudo que ele havia feito por ela? Sou mesmo um monstro! Se não fosse o choque, lágrimas teriam escorrido.

            Rendida, Tsukiyo permitiu-se cair de joelhos, mas antes que alcançasse o chão sentiu uma força levantá-la. No segundo seguinte Tsukiyo estava levantada acima do chão, uma forte pressão no pescoço ameaçava sufocá-la. Sesshoumaru a erguia pelo pescoço, as garras quase rasgando sua pele.

            Tsukiyo o olhou com pesar, sabendo que não havia como desculpar-se por tudo o que fizera: a traição, as palavras, a luta... Tudo parecia confirmar algo que não podia estar mais longe da verdade: que ela o odiava.

            A jovem encarou os olhos âmbar do youkai, se antes havia um misto de emoções, agora seu olhar carregava apenas ódio, nada mais. Sinto muito... As palavras não saíam, porque seriam uma tentativa de aliviar a culpa e Tsukiyo sabia merecer a dor que estava sentindo em seu coração.

            – Nunca mais apareça na minha frente. – sentenciou Sesshoumaru entre dentes. A voz arremessando toda a raiva que tinha.

            Ele soltou seu pescoço e Tsukiyo caiu de joelhos, tossindo. Não sabendo o que fazer, Tsukiyo viu o youkai embainhar a espada e com um último olhar de desprezo, sair andando entre as árvores.

            Passado o choque, Tsukiyo pegou sua katana caída no chão e, ao vê-la coberta de sangue de Sesshoumaru, não pôde conter as lágrimas. O que havia feito? O que faria agora? Só conseguia se lembra da face de ira e decepção do youkai. Ela o havia magoado e desta vez não havia volta. Tudo o que queria era esquecer tudo, imaginando que assim pudesse parar a dor que quebrava seu peito.

            Como muitas vezes fizera, Tsukiyo olhou para o céu em busca de conforto. Tudo o que viu era uma lua minguante. Aquela maldita e amada lua minguante.

            Uma lua que trazia a dor da culpa de volta ao coração.

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            Sesshoumaru caminhava pesado. Sentia ódio. Ódio da jovem por ousar, não apenas trai-lo, mas atacá-lo. Ódio de si por se permitir ser magoado e por não saber até onde as palavras da jovem refletiam realmente o que ele fazia. Estava cansado e dolorido, e nenhum dos dois sentimentos se referia ao seu estado físico.

            Tudo acontecera de maneira tão rápida que ele mal teve tempo de colocar os pensamentos, já confusos, em ordem. Quando descobriu que tudo o que a jovem queria de si era se apoderar de Tenseiga, seu coração se enchera de raiva e decepção. Ele não esperava que ela o traísse, principalmente depois de ter revelado tanto sobre seu passado. Então a cena do beijo lhe voltou a mente e ele se viu confuso novamente.

Teria sido esta a razão?

            Com o punho cerrado, Sesshoumaru socou uma árvore e partiu-a no meio. Droga! Uma aura assassina exalava de seu corpo e ele nada fez para impedir. Sentia o sangue borbulhar. Estava cego pelo ódio, nada mais.

            Não sabia distinguir ou para o que direcionar sua raiva. Como ela pôde trair este Sesshoumaru?!, remoía. Ela sabia que a culpa era dela, mas toda vez que voltava sua raiva para ela, seu peito doía. Quando se deixava odiar a si mesmo, sua razão o contrariava.  Se eu não tivesse sido fraco, nada disso estaria acontecendo! Se Sesshoumaru nunca tivesse insistido em conhecer a jovem nunca passaria pelo que estava passando. Se não a tivesse salvado... Se não tivesse deixado que ela se aproximasse dele...

            Se não tivesse confiado e se aberto com ela.

            Inconscientemente ele voltou para o campo em que beijara a jovem e novamente se culpou por tamanha falha. Sem pensar, ele desembainhou Bakusaiga e lançou uma onda de energia no lugar, destruindo todas as flores e árvores próximas. A respiração falhava tamanha a raiva que sentia. E o sentimento apenas crescia porque não sabia se o sentia por ela ou ele próprio.

            Passos batendo no chão chamaram sua atenção.

            – Ora, ora. Parece que alguém está irritado. – falou uma voz zombeteira.

            Um homem surgiu dentre as árvores à frente de Sesshoumaru. Um youkai. Tinha cabelos cinza longos, usava trajes inteiramente pretos com uma corrente de prata lhe enfeitava o pescoço. A face parecia congelada numa expressão de ironia, com um sorriso torto e os olhos verdes brilhando. O que mais chamava a atenção eram suas cicatrizes na face, linhas em diagonal, e a peculiar arma que carregava: uma foice feita de ossos.

            – Saia da minha frente. – vociferou Sesshoumaru, a ameaça implícita no tom. – Não estou com humor.

            – Ah, é uma pena, mas vou incomodá-lo mais um pouco. – queixou-se o youkai sem tirar o sorriso do rosto. – Entenda, eu procuro algo e você sabe onde está. Vai me contar por bem ou por mal. – ele passou os longos dedos pálidos na lâmina da foice.

            – Maldito, sabe com quem está falando?! – Sesshoumaru passou a direcionar sua raiva ao desconhecido.

            – Sei bem com quem falo, estou apenas surpreso de encontrá-lo. Os bons modos pedem que me apresente.  – o youkai riu e fez um reverencia exagerada enquanto dizia: – É uma honra conhecê-lo, Sesshoumaru, Senhor das Terras do Oeste. Meu nome pouco importa, mas sou conhecido por todos como Shinigami.

            O maldito levantou o rosto. Só havia um sorriso sinistro que, se não fosse Sesshoumaru o oponente, qualquer um saberia que estava encarando a morte em pessoa.

            E todos sabem que não se pode fugir da morte.

       Por um instante, Sesshoumaru quase sorriu. Finalmente havia encontrado algo para direcionar sua raiva.

Shinigami


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sei que ficou um pouco menor, mas compensa na densidade das emoções vividas pelos dois. Acharam que a música se encaixa? Sempre aceito recomendações de músicas que vocês conheçam e que acham se encaixa nos capítulos. Se tiverem alguma, não hesitem em me dizer, procurarei e colocarei o link nos capítulos seja nos passados ou no futuros capítulos xD (não importa o gênero ou língua gente, sou mente aberta!)