As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 29
Capítulo 29 – Pagando a Dívida. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, vim deixar mais um capítulo para vocês, mina!!! Quero agradecer a todas pelo apoio a todos minha leitoras que comentam sempre: Jack O Frost; Aly; Sharon Apple; Laura; Larinha; Nessa Tasartir; Serenity e pcristina. Muito obrigada a todas vocês xD
Deixo o link de duas música que a letra retrata o que se passar, principalmente tratando-se de Tsukiyo: (http://www.vagalume.com.br/linkin-park/leave-out-all-the-rest-traducao.html) e (http://letras.mus.br/the-maine/1878617/traducao.html)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/499825/chapter/29

Não era muito comum Sesshoumaru prestar atenção em boatos sobre youkais, na maioria das vezes considerava-os exagerados e uma perda de tempo. Entretanto, lembrava-se vagamente sobre aquele youkai chamado por todos de Shinigami. Ele, assim como o próprio Sesshoumaru, emanava uma energia maligna incomensurável.

Não era um oponente qualquer, mas o que o famoso assassino de sangue-frio poderia querer com Sesshoumaru?

            – O que quer? – questionou Sesshoumaru levando a mão à bainha de Bakusaiga.

            O youkai, sem maiores explicações, jogou a cabeça para trás e começou a gargalhar. Levou uma das mãos pálidas a testa e riu como se tudo não passasse de uma grande piada.

Sesshoumaru franziu a testa e desembainhou a espada.

            – Desculpe-me. – falou o youkai entre as gargalhadas. – Mas sabe? Nunca imaginei que fosse encontrá-lo aqui Sesshoumaru. Assim poderei matar dois coelhos com uma foiçada só. Fico imaginando a cara de Nisshoku quando lhe contar que aquele que estava protegendo a menina é seu grande inimigo de guerra.

            Nisshoku?! Pela primeira vez desde que encontrara o youkai, Sesshoumaru tornou-se atento. Então aquele desgraçado mandou esse maldito para me matar? Mas o que ele quis dizer com ‘dois’ coelhos?

            — Não vou repetir. – falou Sesshoumaru entrando em posição de combate. – O que você quer?

            O youkai sessou as gargalhadas e olhou para Sesshoumaru. O sorriso de escárnio ainda dominava a face de Shinigami.

            – Como já disse, estou procurando algo. Aliás, Nisshoku está procurando, e eu fiquei incumbido de pegar. – o louco falava enquanto gesticulava teatralmente. – Procuro uma jovem.

            – Então Nisshoku é tão horrendo a ponto de precisar que outro consiga uma fêmea para ele? – zombou Sesshoumaru, sem mudar o tom sério de voz.

            Shinigami voltou a rir e quando parou, começou a andar lentamente, diminuindo a distância entre eles.

            – Não, essa é especial. Um tipo muito raro, difícil de ver esses dias. – o youkai encarou Sesshoumaru. Seus olhos verdes brilhavam intensamente. – Ótima para rituais.

            – E o que o faz pensar que sei onde está?

            – Ora, posso não ser o youkai de rastreamento, mas os vi juntos mais cedo saindo das montanhas. Tive que me afastar um pouco para não ser notado, mas quando volto, encontro apenas você. – ele apoiou a parte detrás da foice no ombro e ia diminuindo cada vez mais a distância. A face mantinha-se despreocupada. – Apenas me diga onde ela está e podemos começar logo a festa.

            – O que ele quer com ela? – perguntou Sesshoumaru.

            – Nisshoku a quer pelo mesmo motivo que você a têm, oras. Por que outro motivo estaria com ela? – falou o youkai pareceu levemente confuso quando não viu compreensão nos olhos de Sesshoumaru – Não me diga que não sabe? Andou com ela tanto tempo, como não sabe que ela...

Shinigami parou um instante e chegou a uma conclusão que o fez aumentar o sorriso.

—Ah, entendo... Ora, Sesshoumaru, não me diga que está acompanhando ela porque se apegou à jovem? – zombou o youkai, fazendo Sesshoumaru se contrair de raiva. – Bem, se ela não lhe contou... Melhor para nós que não saiba o que tem em mãos. Acho que ela não confia tanto em você quanto pensa para deixar de fora esse detalhe importante.

            A raiva contida em Sesshoumaru explodiu.

Agora ele sabia que estavam atrás da jovem por causa de seu sangue, mas as palavras do youkai o tiraram doo sério, principalmente as últimas, que só o lembravam de que ela o havia traído. Sesshoumaru fez um meio arco com Bakusaiga e lançou uma onda de energia na direção do youkai. Shinigami desviou sem maiores problemas.

            – Parece que atingi um ponto delicado. – riu Shinigami enquanto descia a foice e se posicionava. – Bem, não importa. Ela não deve estar longe. Depois que matá-lo eu a acharei e a levarei para Nisshoku junto com a sua cabeça. Só espero que ela coopere, não queria ser obrigado a decepar um braço ou uma perna para que se comporte.

            O sádico youkai tinha, cravado no rosto, aquele insuportável sorriso que parecia aumentar a cada sofrimento que causava. Sesshoumaru sabia tudo ser apenas uma provocação, mas não ficou menos irritado por isso. Ele avançou e Shinigami fez o mesmo. O choque das armas ressoou mesmo a distância dali. A lâmina da foice e a de Bakusaiga empurrava uma à outra numa cabo de guerra mortal. Ele é forte, reconheceu, Sesshoumaru. Mas veremos se sua fama é realmente verdadeira.

            Sesshoumaru utilizou a mão livre para tentar acertar um golpe com suas garras envenenadas. De repente, o youkai destacou a parte final da haste que sustentava a lâmina de sua foice, revelando uma pequena lâmina com cabo de osso. A arma era tão pequena, que Sesshoumaru manteve o ataque. No segundo seguinte, o Lorde havia atingido o ombro esquerdo do youkai e a pequena lâmina havia perfurado seu antebraço.

            Ambos recuaram. As feridas de cada um já se cicatrizavam e Sesshoumaru sentiu-se vitorioso. Seu veneno já penetrara a corrente sanguínea do youkai e o dano que recebera foi mínimo: um corte no braço que já se cicatrizava. Permitiu-se lançar um sorriso petulante ao youkai que apenas retribuiu o gesto. O Lorde estranhou, então, finalmente percebeu: não conseguia mover o braço do cotovelo para baixo. Era como se o órgão não respondesse seus comandos.

            – Acredito que agora já percebeu. – falou o youkai, enquanto retirava um frasco com um líquido verde de dentro do sobretudo preto. – Essa não é uma lâmina comum, ela corta as conexões nervosas do corpo. Assim, mesmo que se recupere da ferida, ficará incapaz de mexer os membros. Nervos demoram anos para se reparar, mesmo com sua cursa rápida levaria horas para se recuperar completamente.

            Sesshoumaru trincou os dentes de ira e o youkai riu. Em seguida, Shinigami bebeu o conteúdo verde do frasco, jogando-o para o lado quando vazio.

            – Pronto. – falou ele. – Com essa poção, ficarei imune a qualquer um de seus venenos por pelo menos uma hora. Mas não se preocupe, estará morto antes disso.

            Sesshoumaru havia se descuidado. Cego pela raiva que estava sentindo, havia sido imprudente permitindo-se ser atingida sem conhecer os poderes do inimigo. Tsc!, exclamou. Shinigami voltou a avançar e Sesshoumaru também o fez. Os dois começaram a trocar golpes. O tilintar de metal era constante e, apesar de Sesshoumaru não conseguir mover um braço, lutavam com a mesma ferocidade e força.

            O Lorde evitava a todo o custo os golpes da pequena lâmina, mas também não permitia que a foice o atingisse. Algo lhe dizia que não era uma foice comum e o mínimo arranhão poderia causar mais prejuízo que o esperado. Com muito esforço, Sesshoumaru conseguiu uma abertura e lançou uma onda verde com Bakusaiga. O youkai buscou desviar, mas o ataque pegou de raspão em sua perna. Pode estar imune a meus venenos, mas não ao poder corrosivo de Bakusaiga. Shinigami se afastou e Sesshoumaru aproveitou para se reposicionar e tomar fôlego. Estava confiante que a vitória fora garantida com esse ataque, logo o poder de sua lâmina espalharia pelo corpo do inimigo e o mataria de vez.

            – Ah, droga. – falou Shinigami, sem aparentar preocupação. – Bom golpe, pena que não terá o efeito desejado.

            Sesshoumaru permaneceu surpreso quando o youkai atingiu a própria perna com a ponta da foice, fazendo um corte liso pela extensão da coxa. A lâmina pareceu brilhar verde e se apagou, absorvendo o poder da Bakusaiga. Entendo... usou a foice para impedir o ataque de se espalha, concluiu Sesshoumaru, perspicaz como sempre. Ao menos ele não poderá mover livremente essa perna. Ficará mais lento.

            — Ai, ai... não queria apelar para isso, mas com uma perna a menos ficará mais complicado. – lamentou-se o youkai, sem parar de sorrir.

            Com os dedos pálidos, ele retirou do bolso algumas esferas verdes. Então, eles a arremessou no chão entre ele e Sesshoumaru. Ao tocar o chão, as bolas estouraram e uma dessa fumaça esverdeada começou a se espalhar. Bombas de fumaça?! Sesshoumaru não se preocupava se fosse venenoso, seu corpo possuía proteções naturais contra venenos por ser um youkai que utiliza desse mesmo artifício. Entretanto, assim que a fumaça o atingiu sentiu a visão embaçar por um momento.

O cheiro que a fumaça continha era muito concentrado e para alguém com um olfato tão sensível quando o do youkai cão, causava desconforto. Para impedir maiores problemas ele prendeu o fôlego, respiraria o mínimo possível. Outro problema: era muito densa e não havia como enxergar o inimigo. Sem a visão e olfato, Sesshoumaru se viu em grande desvantagem. Droga! Teria que confiar nos seus instintos para se defender dos ataques.

Pensou em alçar voo para ficar acima da fumaça, mas um ataque o impediu de se mover.

O som de uma lâmina cortando o ar atrás de si, fez com que conseguisse se defender no último instante de um ataque da foice, mas não teve tanta sorte com a pequena lâmina. Como um raio, ela lhe fez um corte na perna direita. Perdendo a sensibilidade da perna de apoio, Sesshoumaru se viu ajoelhar com a perna ferida, sem conseguir levantá-la.

Um segundo golpe veio. Desta vez o defendeu com precisão desviou-se pequena lâmina. Com um contragolpe, atingiu o inimigo. Uma terceira investida. Não teve tanta sorte. Desviou da foice, mas sentiu uma ardência no braço que segurava Bakusaiga. A lâmina tombou no chão, criando um tilintar que ecoou pelo local.

A fumaça começou a se dissipar e Sesshoumaru se viu encarando Shinigami em pé a sua frente. Sentia-se patético por se descuidar no início da luta. Havia sido dominado pela própria raiva e tornara-se imprudente. Agora, estava ajoelhado no chão com os braços pendendo ao lado do corpo. Merda!

Shinigami estava de pé, com o peso sob a perna intacta. O sádico encarava Sesshoumaru com a típica expressão irônica.

— Foi uma boa luta. Ninguém conseguiu me ferir tanto quanto você já fez. – falou ele apontando para a perna incapacitada e um corte profundo que sangrava na lateral do tronco, feito pelo contragolpe de Sesshoumaru entre a fumaça. – Mas acabou.

—_________________________XXXXX____________________________

Tsukiyo caminhava sem rumo, com a cabeça baixa e os pensamentos a mil. Quando finalmente parou de chorar, decidiu se colocar em movimento, e lá estava: andando sem saber o que fazer. Havia estragado tudo. Agora, estava sem a espada e Sesshoumaru nunca mais queria vê-la novamente. Mesmo depois de ele tê-la salvo tantas vezes, ela ainda o traíra.

Veio à mente as palavras que a Fera lhe disse em sonho: Se não escolher, será tarde para ambos... Talvez fosse isso. O fato de ter hesitado e não ter decidido completamente foi sua ruína...

            Bem, nada disso importa agora. Nenhum pensamento pode mudar o que já fiz., pensou a menina.

Ela olhou novamente para o céu, em vão. As nuvens começavam a cobrir a lua minguante que pairava no céu e as estrelas pareceram perder o brilho. Tsukiyo sentiu uma sensação ruim e desejou que não fosse nenhum mau presságio.

De repente, um som metálico foi ouvido. Um tilintar de lâminas. O vento soprou e no instante seguinte, Tsukiyo estava correndo na direção do som. O vento lhe trouxera um cheiro familiar.

O cheiro de Sesshoumaru.

            Sem pensar duas vezes, a jovem já corria. O fato de imaginar que Sesshoumaru poderia estar em apuros, a fazia ignorar as últimas palavras dele. Sentiu um aperto no peito. Mesmo que ele a matasse, ela precisava saber que ele estava bem.

A jovem correu sem saber o que esperar, guiando-se apenas por dois yokis malignos que contaminavam a noite. Eles eram forte e exerciam uma pressão esmagadora. Qualquer um teria se afastado após sentir essa energia, mas ela não. Um dos yokis pertencia a Sesshoumaru. Tsukiyo correu com um único desejo: que Sesshoumaru estivesse bem.

            Tsukiyo chegou num espaço aberto completamente destruído. Onde deveria haver um campo com flores, só havia poeira e troncos caídos. Uma neblina verde, nada natural, se dissipava, dando aos olhos clareza da visão. No centro do local Tsukiyo identificou duas figuras. Involuntariamente uma de suas mãos foi à boca, de surpresa e preocupação. Sesshoumaru estava ajoelhado, encarando o inimigo. Bakusaiga no chão.

            Na frente dele havia um youkai todo vestido de preto, uma foice na mão e uma faca na outra. Cabelos cinza e olhos verdes que refletiam pura loucura e crueldade. Como ela não pode deixar de notar, ele ostentava um sorriso. Um maldito sorriso de escárnio.

            Tsukiyo viu a morte de frente e deu um passo recuando. Mas não era para jovem que a morte olhava.

            O sinistro youkai se moveu e Tsukiyo se viu fazendo o mesmo. Já não controlava o corpo. De sua boca um grito involuntário saiu aos prantos:

            – Sesshoumaru!

—_________________________XXXXX____________________________

            O mundo pareceu passar em câmera lenta para o Dai-youkai. Sesshoumaru observou, impotente, a aproximação do youkai. Seria assim como tudo acabaria? Derrotado devido aos próprios sentimentos? Justo ele, youkai conhecido pela frieza e indiferença. Qualquer outra pessoa teria desviado o olhar, mas Sesshoumaru não. Ele encararia a morte de frente, usando o resto de dignidade que lhe restava.

            Ao menos um pouco do orgulho ele salvaria.

            Por um instante, ele pensou que talvez até desejasse a morte. Assim finalmente reencontraria Rin, sua amada, do outro lado. Mas então as palavras do Shinigami voltaram a mente. Eles estavam atrás da jovem e Sesshoumaru queria de qualquer forma avisá-la, protegê-la.

            Não, ele ainda não podia morrer. Tinha algo que precisava fazer.

            Surpreendido, Sesshoumaru conseguiu enxergar a resposta de suas dúvidas...

Incrível como algumas coisas parecem claras segundos antes da morte. Sesshoumaru percebeu que preferiria viver e proteger a jovem a morrer e reencontrar Rin. Mesmo que significasse viver uma vida miserável na qual ela nunca mais falaria com ele, mesmo que apenas o usasse ou mesmo que o odiasse. Um dia reencontraria Rin, mas não agora. Agora ele tinha uma razão para continuar vivo.

Ele queria ficar com ela.

            Sesshoumaru finalmente compreendeu que o sentimento que tinha não era do passado. Nunca seria capaz de esquecer Rin, a amaria para todo o sempre. Mas o que estava sentindo era algo novo. Algo bom. Algo que ele queria manter.

Algo que queria proteger.

            Movido por esses pensamentos, Sesshoumaru buscou desesperadamente alguma forma de escapar. O youkai conseguiu se apoiar na perna boa e preparava-se para saltar para longe. Não poderia voar, pois o corte nos nervos havia atrapalhado o fluxo de seu yoki. Não importa, mesmo que a custa de um braço ou perna, Sesshoumaru tentaria desviar. Quando começou a se erguer, o youkai que avançava percebeu o que o Lorde pretendia e com um sorriso ainda maior falou:

            – Tarde demais, Sesshoumaru!

            Ele estava certo e Sesshoumaru sabia. A foice descreveu um arco de lado e o Dai-youkai percebeu que seria decapitado. Droga!

            A foice girou.

            A lâmina tingiu-se de vermelho.

            Sesshoumaru assistiu atônito enquanto uma figura surgia na sua frente e tomava o golpe em seu lugar. A ponta da foice transpassou o abdômen da figura. Sangue manchou o chão, a arma e até respingou em Sesshoumaru. O youkai cão percebia que se a figura demorasse um segundo a mais, teria sido o sangue dele a manchar o chão.

            Naquele momento, ele desejou que o fosse.

            Horrorizado, Sesshoumaru reconheceu imediatamente seu salvador: a jovem que ele tanto queria proteger.

            Sem hesitar, a jovem segurou firmemente a lâmina da foice com uma das mãos e sacou a katana com a outra. Shinigami, sem se dar conta de quem o atrapalhava, preparou a pequena lâmina para atingir sua nova inimiga. Como num raio, a garota concentrou energia na lâmina e desceu-a com toda a força em cima da foice, criando uma rachadura na arma. Ela se preparou para mais um golpe, buscando quebrar a foice de vez. Assim que percebeu que ela pretendia quebrá-la, Shinigami atingiu a katana brilhante da jovem com sua lâmina curta.

            O resultado foi uma explosão brilhante que arremessou ambos para longe. A jovem foi jogada para trás e antes de atingir o chão, foi pega por Sesshoumaru, que de alguma forma recuperara a movimentação.

O youkai a amparou e a colocou delicadamente no chão. Sesshoumaru olhou para o inimigo. Não seria imprudente de esquecer sua presença. Shinigami estava se levantando, a mão direita no braço esquerdo que estava completamente tingido de escarlate, sangue que pingava no chão e formava uma pequena poça. Ao chão estava a foice com um trincado no centro e a pequena lâmina completamente destruída.

Quando a jovem destruiu a arma, Sesshoumaru pôde se mover novamente.

            Pela primeira vez, Shinigami não tinha um sorriso no rosto, e sim uma careta de dor e raiva. Sesshoumaru adorou aquela expressão.

            – Desgraçada... Sabia que era durona, só não imaginava que era suicida. – Ele se levantou com dificuldade. – Não importa... Nos encontraremos de novo, mestiça. – falou soturno, encarando a jovem caída.

Então se virou para Sesshoumaru. Seu sinistro sorriso voltava à face.

—Tivemos uma ótima brincadeira, Sesshoumaru, mas é hora de me retirar.

Ele começou a se afastar, dando as costas para Sesshoumaru. O Dai-youkai rapidamente recuperou Bakusaiga e preparou-se para dar um golpe quando Shinigami falou:

            – Não se apresse, vamos resolver isso outro dia. É melhor ajudá-la agora, senão será tarde demais. – ele apontou para a jovem caída, ainda encarando Sesshoumaru, o sorriso zombeteiro de volta a face. – E nenhum de nós a quer morta ainda, não é?

            O youkai desapareceu e Sesshoumaru embainhou Bakusaiga novamente. No instante seguinte, ele estava agachado ao lado da jovem. A roupa branca que ela vestia desde às montanhas estava manchada de vermelho. Ela ainda estava consciente, mas já havia perdido as orelhas e marcas no rosto, o cheiro voltava a ser algo nostálgico para o Lorde.

Era humana novamente.

Sua expressão demonstrava dor e Sesshoumaru desejou que pudesse fazê-la passar. O Lorde nem notou que o sangue dela também sujava sua face. Ela o encarou com seus grandes olhos amarelos e o youkai pôde vê-los marejar. A dor era evidente em sua face, mas não se tratava apenas de algo físico.

Com muita dificuldade, ela pronunciou.

— Me desculpe, Sesshoumaru. – lágrimas escorriam pela face dela.

Ele queria dizer que estava tudo bem. Que ele a perdoara. Que ele a escolhera. Mas tudo que saiu de sua boca foi:

— Por que fez isso?

O youkai não entendia. Por que protegê-lo dessa maneira quando tudo o que ela queria era a Tenseiga? Por que o fazê-lo quando ele jurou matá-la se a visse novamente?

Um pequeno sorriso se formou nos lábios da garota.

— Agora... estamos quites...

Ela fechou os olhos e Sesshoumaru se desesperou. Sentia a vida se esvair dela e as roupas ganharem cada vez mais o tom escarlate. Aquele maldito tom rubro de sangue. O youkai entrou em choque. Era como ver tudo de novo. Ver a vida daquela que amava sumir em seus braços, impotente, inútil.

— Tsukiyo?! – gritou desesperado, chacoalhando-a de leve.

Era a primeira vez que a chamava pelo nome. Teria gostado da sensação se não estivesse naquela situação.

Não houve resposta.

Por que esta desgraça lhe afligia? E justo quando havia compreendido o que realmente sentia. Ele não queria perdê-la também. Não podia perdê-la. Sesshoumaru sentiu as mãos tremerem enquanto a pegava no colo, e o coração se apertar cada vez mais com a visão.

Uma gota do sangue que manchava o rosto de Sesshoumaru escorreu pela face do youkai até pingar no chão. Desceu como uma lágrima representando todo o desespero e medo que o youkai sentia de presenciar novamente a morte de alguém amado. Escorreu como uma lágrima de um homem que não suportaria ter seu coração quebrado novamente. Como uma lágrima daquele que sabia ser o culpado e não conseguir conviver com isso novamente. Desceu como uma densa e indesejada lágrima escarlate.

Escorreu como uma lágrima de sangue...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?! Quero ver seus comentários, lindos ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Três Lágrimas do Youkai." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.