As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 26
Capítulo 26 – Gatilho. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!! Disse que ia postar mais um hoje :) Mas ei, quero comentário nos dois capítulos, no passado e neste. kkkSó porque postei bem próximo não quer dizer menos comentários kkk Bem, não sei bem o que dizer sobre o capítulo, mas estou doida para saber o que acharam... Para aquelas que gostam, escutem essa música enquanto leem. Acredito que passa bem os pensamentos de Sesshoumaru com Rin: (http://letras.mus.br/shelton-blake/do-you-remember/traducao.html) e essa os sentimentos da Tsukiyo: (http://www.vagalume.com.br/jason-walker/everybody-lies-traducao.html)
Escutem por favor :)



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Tsukiyo logo avistou o fim do terreno coberto por neve. Sentia que após aquela pequena discussão o clima de tensão que pairava entre eles havia se dissipado consideravelmente. Ao que parecia, ambos pareciam mais tranquilos depois de discutir, por mais estranho que pudesse parecer. 

Saíram da neve para alcançar o bosque. O véu noturno já dominava o céu e Sesshoumaru decidiu que deveriam parar. Tsukiyo não fez objeções. Estava cansada e preocupada com o que sentira algum tempo atrás.

            – Vamos passar a noite aqui. – anunciou o youkai.

            – Certo. – falou Tsukiyo. – Então vou buscar algo para comermos.

            – Não, eu o farei. – disse Sesshoumaru surpreendendo a jovem.

            – Mas... eu deveria ser sua guarda costas. Como não posso no momento, o mínimo que posso fazer é pegar comida. – apesar de estarem mais tranquilos, Tsukiyo já se cansara de sempre ser um fardo. Oras, ela havia prometido que o serviria.

            – Com o ombro assim, demoraria mais tempo do que já demora. – justificou o youkai. – Fique aí e tente não atrair nenhuma atenção desnecessária.

            – Como se eu fizesse isso. – o tom sarcástico. – E saiba que sou excelente caçadora, como outras vezes você pôde observar. – vangloriou-se.

Tsukiyo não deixaria Sesshoumaru se dar melhor desta vez.

            – Temos memórias diferentes desses fatos. – retrucou. – Me recordo de esperar uma eternidade para que você apanhasse um simples cervo.

            – Se alguns minutos pareceram uma eternidade para um youkai que vive séculos, não sei o que será de você daqui alguns anos. – refletiu Tsukiyo. – Pode parecer novo, mas tem a impaciência de um velho! Lorde Rabugento!

            Sesshoumaru começava a parecer realmente irritado, mas limitou-se a dizer:

            – Apenas fique aqui. – ordenou.

            Tsukiyo logo o viu desaparecer entre as árvores do bosque. Como foi dela a última palavra, permitiu-se um sorriso discreto. Voltamos ao empate. Pensou consigo mesma.

            Cansada como estava, ela logo se recostou em uma árvore e antes que percebesse, adormeceu. Dentro de segundos estava sonhando, mas se já não bastasse estar confusa, suas maiores dúvidas foram atormentá-la no mundo de Morfeu.

...

            Um céu vermelho sangue com nuvens negras cobria o ambiente. Tsukiyo estava na beira de um precipício. A sua frente, pairando sob um vale sem fim, estava uma espécie de rocha flutuante. Tsukiyo era separada da rocha por alguns metros de distância, por um vale negro em que não se via o final. Olhando mais atentamente percebeu que havia duas figuras na ilha flutuante.

Encarando-se, em pontas distintas, estavam Sesshoumaru e Akarin.

            A imagem congelou a jovem. Tanto Akarin quanto Sesshoumaru estavam cobertos de sangue, apoiados em um dos joelhos. Eles arfavam e pareciam completamente esgotados. Ferimentos eram vistos por seus corpos, mas por alguma razão eles não pareciam notar a presença da mestiça.

            Ouviu-se um estrondo e a rocha criou uma rachadura no centro, começando a tremer, parecendo estar prestes a desabar. Em pânico, Tsukiyo se preparou para avançar, quando uma voz sussurrou em seus ouvidos.

            – Então, qual vai ser?

            Ao seu lado estava... ela mesma. Novamente aquela imagem refletida de si, coberta de sangue carregando um sorriso malicioso na face. Como odiava e temia olhar para essa parte de si. Tsukiyo condenava sua besta interior, uma fera sedenta por sangue.

Era somente isso que ela era: uma Fera.

            – Por que estão assim? O que fez com eles? – perguntou confusa.

            A Fera soltou uma gargalhada e indicou com uma das garras manchadas de vermelho para a rachadura que percorria lentamente a rocha. Os olhos carregados de um divertimento sádico.

            – Eu? Ora, eu não fiz nada. Foi você que os colocou nessa situação. – respondeu lambendo os dedos enlambuzados do líquido escarlate. – Afinal, quem sou eu senão uma parte de você?

            – Cala a boca! É mentira, eu nunca... – Tsukiyo era pura negação e incredulidade.

            – Negue o quanto quiser, se fizer sentir-se melhor. Mas isso não diminui sua culpa.

            Outro estrondo; e a rocha começou a se partir. A cena parecia correr em câmera lenta. Os pedaços da ilha flutuante caíam devagar, como se afundassem em água, enquanto o tempo permanecia o mesmo para Tsukiyo, permitindo-a analisar um terrível fato: ela só conseguiria salvar um deles.

            – Qual vai ser? – voltou a questionar a Fera.

            Tsukiyo estava prestes a correr quando mais uma pessoa apareceu ao seu lado. Wendy, irmã de Akarin se aproximou e tocou-a no ombro.

            – Tsuki-chan, estou aqui. – falou doce. Tsukiyo voltou sua atenção a sua frente.

            – Wendy, ótimo! Você pega Akarin eu vou...

            – Não posso. – interrompeu. Tsukiyo olhou para ela novamente e viu-a coberta de sangue. Os olhos de Tsukiyo encheram-se de lágrima e ela tentou tocar a amiga, mas sua mão a atravessou. – Não posso ajudá-lo por culpa sua.

            – Wendy eu...

            – Não cometa o mesmo erro. Você deve a ele, salve Akarin! Salve meu irmão! – falou a menina antes de desaparecer.

            – Isso mesmo, Tsuki-chan. – falou a Fera, o tom carregado de sarcasmo ao pronunciar o apelido dado a ela pelas amigas. – Vá salvá-lo. É claro que isso significa deixar Sesshoumaru. Seria como esmagar toda confiança que ele depositou em você, não é? Qual você vai trair?

Sua imagem das trevas andava ao seu redor.

            – Mas quem se importa?! Akarin foi aquele que lhe salvou, sem ele você não seria nada. – continuou a Fera fingindo pensar profundamente. – Sempre diz que lhe deve a vida, mas e Sesshoumaru? Que se arriscou por você e lhe confiou informações pessoais que talvez ninguém mais saiba? Mas ele só fez isso porque você lembra aquela mulher que ele amava. Akarin nunca faria isso com você... – maliciosa, ela sorriu para Tsukiyo. – Mas ele não está aqui agora, não é? E por culpa de quem mesmo?

            – Cala a boca!

            – Ora, Tsukiyo, qual deles será? Está claro que os ama, não há porque negar, mas o tempo está se esgotando... Aliás, como Akarin se sentiria sabendo que está se apaixonando por outro, hein, Tsukiyo? E justo quando ele mais precisa da sua ajuda... – ela rui cruel. – E ainda diz que eu sou o monstro aqui.

            – Cala boca! Eu... não posso escolher!

            – Tic tac. Seu tempo está passando. – falou balançando o indicador vermelho de um lado para outro. – Se não escolher, será tarde demais para ambos.

            A rocha começou a cair rapidamente, levando consigo os youkais. Tsukiyo correu. Ouvindo ao longe as provocações da Fera, que ecoavam em sua mente como se conjurasse uma maldição.

            – Então, o que vai ser?

            Tsukiyo saltou para o abismo... mas ainda não sabia qual escolheria.

...

            Acordou num sobressalto. Arfava e sentia o suor escorrer pelo rosto. Tsukiyo olhou em volta e viu-se sentada no mesmo lugar, na mesma clareira que Sesshoumaru a deixara.

            A jovem inspirou fundo e buscou afastar as imagens do sonhos. Ouviu um ruído mais a frente e Sesshoumaru apareceu carregando um animal qualquer. Ela não deu importância. Quando viu a face do youkai, relembrou tudo o que a maldita Fera lhe dissera e seu coração doeu.

Precisava de espaço, precisava pensar.

            – Sesshoumaru, eu... volto logo.

O youkai a olhou confuso e antes que ele pudesse questionar ou negar coisa, Tsukiyo se levantou e saiu sem rumo para a floresta. O peito doía em angústia.

Seria o coração capaz de amar duas pessoas ao mesmo tempo? Se fosse,...

...os deuses eram cruéis por permiti-lo.

—_________________________XXXXX____________________________

            Sesshoumaru viu a jovem se levantar e sair sem dar-lhe maiores explicações. Estava prestes a impedi-la, mas algo em sua expressão não permitiu. Quando ele chegou, ela parecia tão... perdida. Sua face desolada e confusa o desarmara e agora Sesshoumaru a via se afastar sem nada fazer.

            Algo a incomodava ultimamente e ele queria desesperadamente saber o que era. Seria algo que o maldito Koba falara? Ou pior, seria por causa do que ele lhe dissera sobre Rin. Pare com isso, não seja tolo, repreendeu-se.

            Sesshoumaru, apesar de nunca admitir, estava confuso. Preso entre memórias do passado e situações do presente. Ele já não sabia dizer se os sentimentos que começaram a aflorar dentro de si eram os mesmos que já tivera e apenas voltavam à tona. Ou se eram novas sensações que lhe batiam à porta.

            No passado iria se condenar por sentir qualquer coisa, mas amadurecera o suficiente para compreender que não importa como, essas coisas chamadas sentimentos viriam lhe incomodar de qualquer jeito e o melhor a fazer era enfrentá-los e não escondê-los de si mesmo. Afinal, se não negasse por tanto tempo o que sentia, poderia ter marcado Rin e ela ainda estaria viva.

            A questão era: valia a pena sentir, quando só trazia sofrimento? Quando se ama, dói quando se perde, quando se decepciona, quando não é correspondido. Ele próprio nem sabia porque a jovem estava com ele e isso era sua principal dúvida. Estou apenas sendo usado ou...?Idiota! Não seja tolo, isso é o que você quer.

            Irritado consigo, ele levantou e seguiu na direção que a jovem partira. Seguindo o rastro de seu cheiro, Sesshoumaru logo a avistou. A jovem estava nos limites do bosque, em um campo. Ela estava sentada, brincando com algumas flores espalhadas no lugar. A lua refletia nas flores brancas, fazendo-as brilharem como estrelas na terra. Mas para Sesshoumaru, a imagem mais bela era da jovem. Tão pura e branca quanto às flores.

            Infelizmente, para ele. A bela imagem trouxe memórias indesejadas para sua mente, principalmente naquele momento.

Flashback...

            Sesshoumaru estava sentado num campo e Rin, ao seu lado, estava brincando com flores. Sua amada se distraia com as plantas, e, para ele, não havia nada melhor do que olhá-la tão feliz e distraída.

Em algum momento ela se virou para ele.

— Sesshoumaru-sama, não as acha bonitas? – perguntou inocentemente. Essa inocência preservada da infância o fascinava.

Ele a olhou docemente e respondeu.

— Pode dizer apenas Sesshoumaru. – ele queria que ela parasse de se referir a ele com tamanha formalidade. – Não tanto assim se a mais bela das flores é minha, doce Rin.

Apenas em momentos como aquele – em que estavam sozinhos – Sesshoumaru se permitia dizer o que realmente sentia, pois tinha total confiança em Rin, a detentora de seu coração e sua futura esposa.

O youkai a viu enrubescer e achou graça internamente.

— Acho difícil acreditar. – confessou Rin. – Sesshoumaru porque a mim? Poderia ter quem quisesse, mas escolheu uma humana como eu e...

 Delicadamente ele tirou uma pétala que o vento depositara nos cabelos negros de Rin e soltou-a para que o vento a levasse, silenciando a jovem. Ele tocou seu rosto e puxou-a para um beijo delicado.

Ali estava sua resposta. Algumas coisas não podem ser explicadas, apenas sentidas...

...Flashback

            Antes que se desse conta, ele avançou até a jovem. Parando ao seu lado. Ela, distraída, só notou sua presença quando ele disse:

            – O que está fazendo?

            A jovem deu um salto de surpresa e ao constatar que era ele, voltou sua atenção às flores. Tamanha ternura na face o hipnotizava.

            – Nada, apenas pensando. – falou com a mente em outro lugar.

            – Por que aqui?

            – Porque gosto do ambiente. Sempre gostei de flores. – chega a ser irônico, Sesshoumaru pensou. – Não as acha bonitas?

            Irônico até demais. Parecia um déjà vu. Com pesar e confusão, Sesshoumaru pensava: Por que não pode facilitar...? Ele a encarava seus cabelos negros e olhos amarelos brilhantes refletindo a luz da lua.

A jovem se levantou e limpou-se rapidamente.

— Esquece, tolice a minha. – ela começou a se afastar quando, tomando por pensamentos nada racionais, Sesshoumaru segurou-lhe mão.

A jovem voltou-se para ele, a face surpresa refletia a pessoa que ele amava. A inocência pura da infância estava presente no fundo daqueles olhos carregados de sentimentos.

Foi assim, preso entre o passado e o presente que Sesshoumaru disse:

— São lindas. – seu tom vago deixava claro que não falava das flores.

Antes que percebesse, seus lábios se encontraram. O beijo enviou ondas de calor por seu corpo, como há anos não acontecia. Era doce e delicado, mas carregado de desejo e paixão. Deixou os pensamentos de lado e deixou-se ser tomado pelo momento. Naquele momento não sabia dizer em que tempo estava: passado ou presente. Com a amada ou com quem pensava que podia estar amando.

Eles se separaram e nenhum dos dois abriu os olhos. Num gesto movido por sentimentos, tocaram as testas, sentindo a respiração um do outro. Imagens passadas e presentes passaram pela mente de Sesshoumaru. Ele sabia que sentia algo pela jovem, mas não tinha certeza da origem do sentimento. Talvez a saudade de Rin o estivesse fazendo ver o que queria em outra pessoa.

Sentiu uma pontada de culpa e não sabia se era porque achava estar traindo a jovem por vê-la apenas como Rin. Ou achava estar traindo Rin ao sentir algo por outra pessoa.

Dominado por tais pensamentos, em uma situação delicada e frágil internamente, deixou escapar um pequeno sussurro, seja por culpa de ainda amá-la ou por acreditar traí-la:

— Rin...

Falara tão baixo que mal escutara, mas a jovem sim. Subitamente ela se afastou e o encarou. O youkai podia ver a traição em seus olhos. Ela foi se afastando e quando ele fez menção de se aproximar, ela falou:

— Tem um lago aqui perto. – a voz parecia vazia. – Vou aproveitar e me banhar, me sinto toda suja da viagem. Pode me esperar onde decidimos descansar.

Com isso, ela disparou para longe e Sesshoumaru não a seguiu desta vez. Não havia nada que pudesse dizer para se justificar ou confortá-la quando nem mesmo ele sabia definir o que sentia. Tudo o que fez foi amaldiçoar a si próprio, pois sabia:

Não era justo com ela.

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Quando seus lábios se tocaram Tsukiyo esqueceu as preocupações que a afligiam. Sentiu o coração palpitar e a temperatura do corpo subir. Ao contrário dos beijos de Akarin, doces e carregados de um sentimento de segurança, o de Sesshoumaru era pura paixão e desejo. Era evidente que Sesshoumaru sentia algo por ela e Tsukiyo por ele.

Quando se está dividida dessa forma, basta um pequeno gatilho para escolher um lado...

Foi naquele momento que Tsukiyo percebeu que não conseguiria seguir adiante com seu plano. Não poderia. Teria de achar outra forma de ajudar Akarin, mas não seria traindo Sesshoumaru. Não depois de compreender que estava apaixonada por ele. Seu coração estava dividido e ela não trairia nenhum dos dois.

Eles se afastaram e tocaram as testas. Os braços do youkai ainda a envolviam e as respirações se misturavam quando Sesshoumaru sussurrou algo que mudaria todo seu pensamento.

...E um menor ainda para mudar a escolha.

Quando ouviu aquele nome, Tsukiyo sentiu-se quebrar. Ele só me vê como substituta. Sempre será Rin... A jovem se afastou e viu nos olhos âmbar do youkai confusão e culpa. Sentindo-se traída, Tsukiyo apenas queria se afastar e disse a primeira coisa que lhe veio à mente, correndo em seguida.

Muitos sentimentos a dominavam, tristeza, decepção e traição. E não há pior emoção do que uma mulher que se sente traída por aquele que ama.

Chegando a beira do lago, Tsukiyo deixou-se cair de joelhos no chão. As lágrimas escorrendo e agitando a água calma da beira do lago. Ali, tomada pela tristeza e raiva, Tsukiyo tomou uma decisão. Não havia porque não escolher um lado quando para o outro você não passava de um fantasma do passado. Era apenas uma substituta enquanto para Tsukiyo, ele era único. Dizem que decisões tomadas por impulso são as que mais machucam, mas Tsukiyo não se importava. Já estava machucada.

E estava pronta para as consequências.

Sesshoumaru e Rin.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Por favor, não deixem de comentar =)