As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 24
Capítulo 24 – Dúvidas. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Desulpe a demora para postar, sei que devis ter postado semana passada, mas passei por alguns problemas pessoais aí não pude escrever... Bem, estou de volta com mais um capítulo para vocês. Já aviso que é mais parado, mais instrospectivo. Vai ter o finalzinho do flashback e algumas reflexões dos personagens sobre seus próprios sentimentos... Espero que gostem. =)
Quero agradecer a todos que estão comentando, em especial a: Jack O Frost; Sharon Apple, Laura, Larinha, Sara sama e saviaferreira. Minhas lindas leitoras que comentam sempre e me emocionaram com seus comentários no último capítulo. Um beijão para vocês!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/499825/chapter/24

No dia seguinte, Sesshoumaru enterrou o corpo de Rin num campo de lírios. Era sua flor preferida e ele acreditou que ela gostaria que fosse assim. Infelizmente para ele, as flores o faziam lembrar da jovem e a ferida em seu peito, longe de cicatrizar, doía como nunca.

            Ele colocou uma pedra como lápide e utilizou a ponta da Tenseiga para gravar o nome de sua amada. Nada melhor do que usar a espada, que não pôde salvar Rin quando mais precisava, para escrever-lhe seu nome no túmulo. Chegava a beirar a ironia, mas servia para lembrar a Sesshoumaru que nem tudo poderia ser salvo.

Aliás, ele acreditava que nunca mais usaria a espada novamente.

            Agora, Sesshoumaru estava em frente ao túmulo, com muito para dizer, mas nada que realmente surtisse efeito. Ela já não estava ali para escutá-lo.

            Jaken permanecia próximo ao túmulo, sem conseguir conter suas lágrimas. O pequeno youkai sapo, mantinha certa distância por respeito a seu mestre, mas soluçava de tristeza. Querendo dar privacidade ao Lorde, o pequeno sapo logo voltou ao shiro.

Hiryu, que insistiu em acompanhar Sesshoumaru, estava ao seu lado. O ruivo não se pronunciou, pois sabia mais do que ninguém que o amigo estava sofrendo e queria espaço. Os dois passaram alguns minutos ali, em silêncio, cada qual com seus pensamentos na cabeça.

            O youkai dragão fez mentalmente  sua própria despedida da jovem. Rin era uma garota doce que fora capaz de alcançar o coração de um frio youkai como Sesshoumaru. Hiryu estava grato por conhecer uma humana como ela e por tudo que ela fizera pelo melhor amigo. Estava triste que ela tivera que partir tão cedo. Adeus, pequena Rin. Você fará muita falta.

O ruivo pôs a mão no ombro de Sesshoumaru antes de partir, num gesto de apoio.

            – Se quiser conversar, sabe onde me achar. – falou. Quando não viu nenhuma reação por parte de Sesshoumaru entristeceu-se mais.  – Eu sei que não parece, mas pode ajudar.

            Com isso, ele foi se afastando do lugar. Deu uma última olhada para trás apenas para ver que Sesshoumaru não movera um músculo. Hiryu entendia os sentimentos do amigo como ninguém e exatamente por isso temia pelo futuro de Sesshoumaru. Ah, Rin... Você se foi e levou o coração de Sesshoumaru com você. Agora, temo que ele se feche novamente para fugir da dor. Ele terá medo de se abrir e sentir sofrimento novamente. Não sei se outra pessoa conseguirá quebrar seu coração gelado, e agora, quebrado.

            Preso em seus próprios pensamentos, Hiryu retornou ao shiro. Estava de luto não apenas pela jovem, mas também pelo futuro de seu amigo.

...Flashback.

        Ao terminar sua história, Sesshoumaru sentia-se de alguma forma mais leve. Claramente tinha omitido alguns detalhes, principalmente quanto aos seus descontroles e emoções, revelando apenas o básico. Nunca pensou que conseguiria conversar sobre o assunto com alguém. Talvez tivesse conseguido porque já se passara muito tempo desde o acontecido. Ou talvez fosse pela semelhança entre essa jovem e Rin. O quanto essa semelhança ainda me afeta? Sesshoumaru sentia-se a vontade com ela.

Antes, atribuía o fato a semelhança com Rin, agora... já não tinha tanta certeza.

            Ele olhou para a jovem. Ela tinha os olhos marejados e hesitação no rosto. Mas ele agradeceu por não ver nenhum traço de pena ou julgamento, apenas tristeza e compreensão. Isso eliminou qualquer arrependimento que pudesse ter por tê-la contado sobre o dia mais sombrio de sua vida.

            – Ah, dane-se! – exclamou a jovem, jogando as mãos para cima, como se encerrasse uma discussão consigo mesma.

            Para o espanto do youkai, ela se aproximou de Sesshoumaru e puxou-lhe para um abraço, enlaçando-o pelo pescoço. Seu gesto era simples, mas carregado de sentimento. Seu abraço era quente, acalentador. 

Ao seu ouvido, ele a escutou falar, de forma extremamente sincera.

            – Eu sinto muito, Sesshoumaru.

            Então, o mais surpreendente aconteceu. Movido por forças externas a si, Sesshoumaru retribuiu o ato. Lentamente, ele passou os braços ao redor dela. Sentiu uma leve exclamação vinda dela, mas não se importou. Assim como não pôde recusar no passado o carinho de sua mãe na hora do desespero, também não pôde ignorar o gesto da jovem para consigo. Era como se ela o compreendesse por completo e, depois de tudo, ele precisava daquilo. Precisava se sentir seguro e esse pequeno abraço lhe proporcionava isso.

            Nenhum dos dois falou nada. Momentos como este dispensavam palavras. Sesshoumaru fechou os olhos e, como não fazia há muito tempo, permitiu-se sentir. Toda a dor, toda a solidão, toda sua tristeza, toda culpa, pareciam fluir dele naquele instante. Quase como se a jovem tomasse à força todos esses sentimentos para ela.

            Mesmo que pouco, seus espírito pareceu mais leve por um segundo.

            Alguns minutos depois, ambos se afastaram. Sesshoumaru voltara a sua máscara da indiferença, mas não como forma de esconder seus sentimentos. Naquele momento, ele realmente não sentia nada. Nem tristeza, nem culpa, nem dor. Mas era inegável dizer que em seus olhos havia um intenso brilho de gratidão. Se não se tratasse de Sesshoumaru ou se a situação não fosse movida por tragédias passadas, um sorriso poderia ter surgido em seus lábios

            Não percebeu que encarava intensamente os olhos da jovem até vê-la corar e desviar o olhar. Se é que era possível, ele divertiu-se com sua reação e aquele sorriso que brincava em seus lábios quase lhe escapou. Quase.

            Ele viu a jovem tentar segurar, sem sucesso, um bocejo. Está exausta, pensou. Ao olhar para a tala improvisada em seu ombro, uma espécie de necessidade protetora primitiva percorreu seu corpo.

Afastando a sensação, Sesshoumaru se levantou.

            – Durma um pouco. –falou. – Vou trazer alguém para cuidar do ferimento.

            Sem mais nada a dizer, ele virou-se de costas e pôs-se a caminhar em direção à saída. Quando sua mão estava a centímetros da porta, foi chamado.

            – Sesshoumaru. – a voz sonolenta e baixa.

            Ela estava sentada, uma das mãos na cabeça, a outra apoiando no chão. Seus olhos semicerrados, o corpo balançando levemente. Mal aguenta manter os olhos abertos, observou o youkai. Ele a encarou, esperando que continuasse e assim ela o fez.

            – Você poderia ficar aqui? – perguntou ela enquanto se deitava no chão sobre o ombro bom, encolhendo-se como uma criança na cama dos pais. – Eu não quero ficar sozi...

            Antes que conseguisse terminar a frase, a exaustão a embalou. O tórax subia e descia calmamente, acompanhando a lenta respiração. As pernas encolhidas, as pequenas orelhas de gato relaxadas. A boca levemente aberta, a expressão serena.

            Sesshoumaru pegou-se contemplando a visão da jovem adormecida. Parecia tão tranquila, em paz. Como? Em batalha, um fogo queimava em seus olhos, alimentando a fera que possuía refletida naquelas profundas pupilas felinas. Agora, era apenas uma garota dormindo. E dormia tranquilamente, independente dos diversos problemas que carregava consigo.

            O youkai quase se culpou por estar sendo testemunha de um momento tão terno. Havia algo naquela fragilidade que o encantava. Talvez porque o lembrava de Rin e sua delicadeza.

Mas seria somente por causa disso?

            Sem muita consciência de suas ações, Sesshoumaru se aproximou e pegou a jovem no colo. Carregou-a pelo quarto até colocá-la em cima de seu próprio futon. Ele a ajeitou sobre o colchão e cobriu-lhe com o cobertor. Ela nem ao menos pareceu sentir. Dormia profundamente.

            Ele ficou um tempo ao seu lado, sem motivo aparente. Sempre que a olhava algo dentro de si pulsava. Havia tantas semelhanças com sua amada. Os cabelos longos negros, a serenidade no rosto, a delicadeza dos traços e mesmo o cheiro continha algo de Rin. Como podem ser tão parecidas e tão diferentes?

            Foi então que o youkai começou a questionar seus motivos por tê-la trazido. Tinha que admitir que só a trouxera pela semelhança que tinha com Rin e pela curiosidade que ele tinha do motivo. Agora, via quase todas as suas dúvidas esclarecidas, mas não ainda não sabia motivo da jovem acompanhá-lo. Isso o corroía, pois depois dessa noite, ele havia entregado suas fraquezas a ela. Por alguma razão ele não se arrependia, confiava nela. Não queria que ela se fosse, mas agora não tinha mais desculpas para mantê-la. Já havia completado sua missão.

            Isso lhe incomodou.

            Estaria se apegando a ela? E se estivesse, estava se apegando a quem? Rin ou à jovem? O que está fazendo, seu tolo?, repreendeu-se. Ele tinha medo das respostas, pois de qualquer forma estaria se permitindo ser fraco novamente. Sesshoumaru temia estar perseguindo os fantasmas do passado e, se fosse o caso, precisava fazer algo.

—_________________________XXXXX____________________________

Tsukiyo abriu os olhos lentamente. Demorou alguns segundos para entender onde estava. A luz da manhã já invadia o quarto, mas estava tudo silencioso. Ela olhou em volta e reparou que estava deitada no futon, embalada pelo cobertor. Não se lembrava de ter dormido nele. Então os olhos passearam até parar em uma figura dormindo encostada na parede oposta.

Ao ver Sesshoumaru, lembranças da noite passada invadiram a mente de Tsukiyo. A conversa, o abraço... Imediatamente sentiu seu rosto corar. Levou uma das mãos à boca, como fazia quando estava nervosa. O que eu fiz?! A jovem estava abismada com a própria coragem de abraçar Sesshoumaru e mais ainda com a lembrança dele retribuindo o gesto.

Lembrava-se da sensação do gesto. Ele parecia tão frágil naquele momento, como nunca vira e como nunca pensou que pudesse ser. Certo arrependimento, por ter sido ela a responsável por trazer a dor dele a tona, tomou conta de Tsukiyo.

O que mais lhe vinha à mente era expressão dele depois que se separaram. Sesshoumaru havia encarado-a profundamente e apenas uma coisa podia ser vista em seus olhos: agradecimento. A lembrança de sua expressão fez com que Tsukiyo sentisse o peito aquecendo e o coração bater mais rápido.

— Acordou?

Tsukiyo pulou de susto. Sesshoumaru estava desperto e a encarava. A postura era relaxada, tinha a típica expressão neutra e os olhos âmbar enigmáticos. Os raios solares que entravam pelo quarto criavam mechas douradas em seu longo cabelo prateado. De noite parece um demônio sedutor, de dia, um ser divino iluminado. Tsukiyo sentiu-se enrubescer e a fala lhe escapar. O que estou pensando?!

Imediatamente sacudiu a cabeça para afastar a confusão e sorriu-lhe.

— Bom dia.

Sem dizer nada, ele se levantou. Por impulso, Tsukiyo fizera o mesmo. Sentiu certo desconforto no ombro machucado, mas parecia estar se curando bem. Como teve uma boa noite de sono, imaginou que ao final do dia estaria completamente cicatrizado. O fato não passou despercebido pelo youkai.

— Vejo que o ferimento está melhor. – falou.

— Está. – concordou Tsukiyo. – Poderemos partir o quanto antes. – completou.

Tsukiyo viu Sesshoumaru hesitar por um momento, mas acreditou ser apenas sua imaginação. Então, ele se virou e se encaminhou à saída, seguido pela mestiça. Já tão acostumada a segui-lo, Tsukiyo só se deu conta de que estava indo em direção da enfermaria quando parou em frente à porta de entrada do local.

— Eu já disse que estou bem. – reforçou Tsukiyo, agora, ligeiramente irritada.

— E eu quero a opinião de um especialista. – falou frio. – Se não estiver completamente curada causará problemas na viagem.

— Arr. – exclamou. – Por que tem que ser tão teimoso?

— Não sou eu que não quer ir à enfermaria. – refutou Sesshoumaru.

— Ótimo! Vou lá só para te fazer quebrar a cara. – falou Tsukiyo caminhando a passos pesados para a enfermaria. Quando chegou a porta, se virou e completou. – Depois não vá dizer que sou eu que lhe atraso. Por mim, já estaríamos nas montanhas.

Foi então que ela percebeu um brilho de divertimento nos olhos do youkai. Parando para pensar, isso era exatamente o que sempre fizeram: implicar um com o outro. Quase permitiu um sorriso surgir aos lábios, mas aí se deu conta que estava fazendo exatamente o que Sesshoumaru queria: indo à enfermaria. Irritada por ter perdido mais uma vez, entrou no cômodo. Idiota! Xingou o youkai mentalmente.

Como esperado, o curandeiro do clã disse-lhe que o ombro logo melhoraria, mas que ele não poderia usá-lo durante o dia ou o ferimento abriria novamente. Ele trocou a tala improvisada que Sesshoumaru lhe fizera por uma nova, arrumando-lhe uma tipóia para apoiar o braço. Tsukiyo agradeceu e prometeu ser cuidadosa.

Quando saiu, Sesshoumaru a estava esperando com alguns youkais do gelo e sua líder, Shiro.

Quando a avistou, Shiro acenou em cumprimento.

— Olá, Tsukiyo. Vejo que já está bem melhor. – falou polida.

— Estou sim, obrigada Shiro-sama. – respondeu igualmente educada. Então se virou para Sesshoumaru. – Eu disse que estava bem.

O youkai ignorou o último comentário, o que incomodou a jovem, e apontou para dois guerreiros do gelo que estavam ao seu lado. Estavam vestindo as mesmas roupas de quando os vira a primeira vez: capuz, máscara e roupa branca, com a armadura prateada por cima.

— Eles nos acompanharão pelas passagens subterrâneas até o outro lado. – revelou. – Se mantermos o ritmo constante, chegaremos ao final do dia.

— Desejo-lhe então boa viagem, Sesshoumaru. – despediu-se Shiro. – Nos veremos em breve.

O Dai-youkai acenou concordando e começou a se dirigir a montanha. Tsukiyo pôs-se a segui-lo, e os youkais guias correram para se posicionarem na dianteira. Passaram pelo belo arco da vila, mas desta vez, diversos pensamentos passavam pela mente de Tsukiyo para que apreciasse a beleza do arco.

Ela sabia que Sesshoumaru a estava ignorando por estar presente de outros youkais, mas aquilo estava incomodando mais do que o normal. Por que me sinto assim? Ele sempre foi distante. Tsukiyo tentava se convencer, mas sabia que algo mudou depois daquela noite. Talvez depois de descobrir mais sobre Sesshoumaru e vê-lo num estado tão fragilizado, sentiu-se mais próxima a ele, como se compartilhassem um momento só deles.

Novamente sentiu-se corar ao lembrar-se da noite anterior, e agradeceu por Sesshoumaru estar a sua frente, sem vê-la tão desconcertada. Pare com isso, você só está assim porque sentiu pena dele, repreendeu-se.

Tsukiyo se via entrar num beco sem saída.

Desde o início tinha um objetivo em mente, mas agora já não estava tão certa que conseguiria. Fazer com ele o que pretendia, depois de Sesshoumaru se abrir para ela, seria a maior forma de traição que ela pudesse fazer. Mas se ela não fizesse estaria tudo perdido. Não precisa ter dúvida, afinal agora sei que Sesshoumaru só me mantém por perto porque o lembro de Rin... buscava se convencer. Mas o fato de me ter revelado tanto não significa que sou algo mais do que apenas uma lembrança dela?

A jovem estava em grande conflito, pois trair Sesshoumaru era negar o sentimento que começava a surgir dentro de si, mas negar seu objetivo era negar salvar Akarin. E isso ela nunca permitiria. Akarin que a havia ajudado tanto e que até hoje era o dono de seu coração... Sesshoumaru havia se aberto com ela como nunca fizera com ninguém, com exceção de Rin, mas não seria somente por causa da própria Rin que ele o fizera?

O que vou fazer? Apenas uma coisa era certa: independente da escolha, o sentimento de culpa a seguiria pelo resto de sua vida...

Quando se está dividida dessa forma, basta um pequeno gatilho para escolher um lado...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não revisei, então já sabem: se virem algum erro de português ou digitação, por favor avisem =D Vamos lá, quero ver comentários e muitas especulações kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Três Lágrimas do Youkai." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.