Profecia escrita por AgathadeLima


Capítulo 2
Agatha.


Notas iniciais do capítulo

Apenas avisando: Os títulos dos capítulos são os POV's, mas as vezes eu vou botar outros POV's dentro do capítulo (eu acho)
Obrigada a todos que comentaram!
Só por isso vou fazer outro cap ainda hoje!



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"A noite está em sua metade, e todos á muito estão dormindo, o cansaço sendo amenizado lentamente pelo sono. Uma menina de longos cabelos negros e olhos tempestuosos, ao contrário de todos, está acordada. Um pesadelo estranho que ela só lembrava ter haver com água impediu o sono, e este não tinha voltado. Restou para a garota ouvir o ressonar do irmão, ainda um bebê, no berço, bem ao lado da cama.

O silêncio foi quebrado por um estalo. Depois um pequeno rangido, e o ar entrando. A menina tenta se convencer que é fruto de sua imaginação, e do silêncio brincando com os sons. Mas ela não pôde deixar de ficar alerta, e outros sons se seguiram: Pés tocando o chão com um ruído abafado, passos que diminuíam de volume, provavelmente indo para longe. Isso não a acalmou, pelo contrário: Se estavam se afastando, estavam indo para o quarto dos pais.

Mas ela não podia fazer nada. Ou quase nada. Pegou o celular que sempre tivera tanto orgulho de esfregar na cara das amigas e o mais delicadamente que conseguiu, segurou o bebê. Procurou um lugar para se esconder, mas só viu o guarda roupa, que estava parcialmente vazio. Tentando fazer o mínimo de barulho, entrou com esforço e fechou as portas.

Quando ia ligar para a polícia, algo entrou no quarto, algo que ela não pode identificar. Tinha forma, mas não parecia muito... muito humana.

Abafou o grito e esperou a coisa sair. Assim que este o fez, ligou para a polícia, e só saiu ao primeiro sinal de que os tais policiais chegaram. Não queria, mas foi até o quarto dos pais assim que saiu do guarda roupa.

E ela nunca ficou com tanto medo, e ao mesmo tempo nunca ficou tão triste.

Os pais estavam mortos.

Mas não por causas naturais."

Abri os olhos, notando que havia acordado aos gritos, como acontecia quando ela lembrava do dia do Pesadelo antes de dormir.

E isso acontecia quase todas as noites.

A diretora do orfanato, Sra. Souza, gosta tanto de mim que por algum tempo pensou que ela me adotaria junto ao meu irmão, Joseph, mas isso não aconteceu. No entanto, ela adaptou bastante o orfanato a mim -Ou pelo menos meu quarto a mim.- o que está bem claro só com o fato de que meu quarto é o único no orfanato com paredes de onde não passa som algum. E eu só podia agradecer.

Como sempre, fui dar uma verificada em Joseph. Saí do meu quarto, subitamente com frio. Peguei um casaco surrado que ficava na maçaneta do lado de dentro do quarto e o coloquei, finalmente saindo e fechando a porta. Andei quase nada e abri a porta do quarto do meu irmão.

Lá o encontrei dormindo, os olhos fechados e o rosto calmo e angelical. Consegui sorrir ao ver a cena. Ele parecia tão calmo. Tão inocente. Tão... alheio á história dele. O cabelo castanho escuro no rosto, cobrindo os olhos fechados que eu sei serem cinzas como os meus, a pele bronzeada apenas levemente, mas bem mais escura que a minha. E ele é tão pequeno... só 6 anos e já passou por coisas demais.

Ele se mexeu, e fiquei com medo que acordasse. Então saí, fazendo o meu máximo para mantê-lo dormindo.

Me joguei na minha cama, já sabendo que dormir não era uma opção. O que me resta então?

Olho em volta e meus olhos param no meu violão.

Dei uma risada discreta. O violão tinha sido presente de boas vindas do orfanato. Uma regra. Quem entra ganha um presente, como uma espécie de consolo. Me perguntaram o que eu queria e eu disse que queria aprender a tocar violão. Mas como, se eu ão tinha violão? Meu presente foi um pacote: Violão e aulas. Joseph... eu disse por ele. E disse que seria o seguinte: Ele não poderia ficar sem mim e eu sem ele. Seria sempre um pacote completo.

Embora isso complicasse a nossa situação. Era bem difícil alguém querer um menino de 6 e uma menina de 16. Quase impossível. Mas foi o desejo mesmo assim.

De qualquer forma, peguei o violão e foi soltando notas a esmo, sem formar uma canção de verdade. Mas em algum momento, as notas pareceram fazer sentido juntas, e se formou uma música exótica que soava como uma música ideal tanto para fazer yoga como para uma festa, o que não fazia sentido, mas parecia combinar, e mais uma vez agradeci mentalmente a Sra. Souza por isolar o som do meu quarto.

Quando dei por mim, já tinha amanhecido, e suspirei. Pois é, de volta ás aulas. De novo.

E que nada de ruim aconteça nessa escola, por favor, meu Deus.

Eu não aguentaria.

Não de novo.


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Notas finais do capítulo

E então?



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