No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa
Notas iniciais do capítulo
Muito bem, o capítulo que eu prometi. Desculpe a demora!
Abelle sentia o peso do silêncio sobre seus ombros. E isso a incomodava. Legolas caminhava à frente, com as faces fechadas. Nada convidativo. Samantha caminhava pouco atrás dela, ao lado de PL, ambos conversavam mil assuntos. Nada convidativo. Gimli caminhava lá atrás, concentrado em tentar manter-se perto de todos. Nada convidativo.
– Hey, Caspian! - ela caminhou, serelepe, até ele.
– Que foi? - ele resmungou. Não porque estava zangado, apenas estava cansado.
– Sabia que algumas espécies de flores tem propriedades especiais? - ela perguntou, sapeca.
– Oh, Belle... - ele resmungou - Agora não...
– Por favoooor! - ela piscou seus grandes olhos verdes.
Ele a olhou. Abelle sabia ser convincente. Ele se perguntava se Lúcia era assim quando fora coroada, quando ele a conheceu, ela era bem corajosa, quase não era mais meiga.
– Ei, pessoal! - ele chamou, fazendo todos olharem para ele - Por que não fazemos uma pausa?
– Temos que chegar à cidade antes do anoitecer! - Legolas repreendeu.
– Ainda é meio-dia! - Gimli bufou - Uma pequena pausa não faria mal!
Legolas olhou para todos. Mesmo ele estava exausto.
– Certo, 10 minutos.
Todos se sentaram no chão, uns perto dos outros, mas ao mesmo tempo, mntendo distância. Abelle puxou Caspian pelo pulso, com um sorriso no rosto, e parou de frente à um pequeno morrinho coberto de margaridinhas amarelas.
– Certo, o que eu deveria fazer? - Caspian perguntou.
Belle ficou de costas para o morro, abriu os braços e jogou-se para trás, caindo deitada naquele macio travesseiro de pétalas e pólen. Ela ria, como nunca antes tinha rido desde que chegara à Nárnia.
– Vem, é legal! - ela chamou. - Vai me dizer que nunca fez isso?
Ele olhou bem para ela.
– Eu devo estar enlouquecendo... - ele se virou.
Jogou-se de costas, caindo de braços abertos ao lado de Belle. O cheiro do pólen e as pétalas a roçar seu rosto faziam-lhe cócegas. Logo o riso grave dele se fazia audível.
– Viu? Eu disse que era legal! - Belle olhou para ele.
Ele sorria. Seus olhos fitavam o céu azul claro. Tudo estava tão calmo, que era como se ele pudesse sentir a Terra se movendo sob ele. O céu estava cheio de nuvens brancas, que passavam lentamente por sobre o Sol, trazendo uma sombra fresca e uma brisa suave.
– Está vendo aquela nuvem ali? - Belle ergueu o braço, apontando para uma nuvem aleatória. - Parece um coelho. E aquela ali, um cachorro, com as orelhinhas e tudo.
– E aquela, parece minha tia Prunaprismia!- Caspian apontou para uma outra nuvem - Tem até o mesmo nariz!
Belle olhou para ele, séria. Que diabos ele estava dizendo? Aquilo era um cone!
– Você... alguma vez já olhou as formas das nuvens? - ela perguntou.
– Não, mas, quando eu era criança, meu tio Miraz me levava para caçar veados. Dizia que isso formava o caráter. - ele comentou.
– Nossa, que infância dura! - Belle deitou nas flores outra vez. - Sabe, quando eu era pequena, papai costumava levar eu e Sam ao quintal, e varríamos todas as folhas secas que caíam das árvores no outono, fazíamos um morro, e deitávamos em cima. E então ficávamos horas e horas, apenas olhando as nuvens no céu, e dando nomes aos bichinhos que formavam. No céu sempre tinha um coelho caolho, um cachorro perneta, um canguru saltitante e uma vaca alada. E às vezes tinha um cavalo e um cisne.
– Isso deve ter sido divertido. - ele confessou - Queria ter tido isso.
– Por que não aproveita agora? - Belle olhou para ele - Tente achar um coelho caolho!
Caspian olhou para o céu. Conseguia identificar muitoas formas. Um pato nadando no lago, um centauro, três fadas aladas e um crocodilo. E então, viu uma forma diferente.
– Belle! Belle! - ele a cutucou - Eu acho que ach.........
Um grito fez-se ouvir pelo campo, e todos se levantaram.
– Que diabos foi isso?! - Samantha perguntou.
– Isso foi um grito de socorro. - Gimli disse sabiamente - Um grito de mulher.
– Peguem as armas! - Legolas gritou.
Caspian pegou sua espada, PL pegou a sua, Legolas pegou o arco e colocou uma flecha. As garotas pegaram as mochilas e os seguiram. Algumas colinas depois, Sam e Belle se horrorizaram com uma cena que jamais esperavam ver na vida: três homens estavam ali adiante. Usavam cotas de ferro e capas compridas. Um deles tinha uma espada na mão, e os outros usavam adagas nos cintos. E logo ali no chão, havia uma moça. Ela tinha os cabelos negros e a pele ligeiramente caramelo. Usava roupas rasgadas e seu rosto e corpo estavam cheios de ferimentos. Ela estava quase desacordada.
– Levanta, escrava maldita! - o mais alto gritava. Ele batia nela com o largo da espada, sem cortar, mas ferindo muito e fazendo vergões - Temos que chegar ao mercado antes do pôr do Sol!
– Vamos, Mericar! - o que usava uma capa vermelha falou. Ele tinha os cabelos negros e bem gastos - Uma escrava mais, uma a menos! Não podemos perder os outros por causa desta!
Mas o homem continuava a bater nela.
– Mericar! Pare! Ela já está morta! De nada vale para nós! - o outro segurou-lhe o braço - Este tinhas os cabelos castanhos e a capa verde.
– Maldita escrava! - o homem cuspiu nela - Que os deuses não permitam que viva até o amanhecer!
E dito isto, chutou-lhe o estômago, e ela gemeu, quase sem forças para gritar. E eles subiram em seus cavalos, cortaram a corda que a prendia à eles e a deixaram, à própria sorte.
Belle correu, e se ajoelhou ao lado dela, seguida dos outros. pegou um frasco de água que tinha na mochila e lhe despejou um pouco na boca. A moça tossiu, cuspindo tudo fora, e se sentando.
– Malditos sejam vocês! Almas sem nenhuma compaixão! - ela resfolegou - Por que me ajudam? Para me cortar a garganta sem culpa?! Fiquem longe de mim! Todos vocês! Fiquem longe de mim!
Ela rastejou para longe deles. Tentou se levantar, mas suas mãos e pés estavam amarrados fortemente.
– Quem... quem fez isso com você? - Belle perguntou.
– Mercadores. Mercadores de escravos. Estão em toda parte. - ela respondeu - Basta entrar na floresta que eles te capturam.
– Santo Aslam, isso tá muito feio! - Sam pegou o jarro de água - Deixa eu limpara para você...
– Saia de perto de mim, sua vadia imunda! - ela se arrastou - Não tocarão em um fio de cabelo meu!
Samantha nunca foi uma pessoa de desistir fácil. Ela se aproximou da escrava, e tocou em uma corda. Ela se esquivou.
– Calma... só vou desamarrar você! - Sam anunciou. E ergueu as mãos - Sem faca!
Ela hesitou, mas deixou Sam desamarrá-la. Ela soltou-lhe os pés e as mãos, e então, se afastou.
– Pronto, pode ir embora! - Sam avisou. A moça a encarou - Vai, pode ir!
Ela se levantou lentamente, dando passos para trás. Caspian agachou-se ao lado da prima, para o caso da moça tentar alguma coisa. Mas ela se virou, e caminhou.
– Você tá legal? - ele ajudou Sam a se levantar.
A moça voltou rapidamente, pegou a espada do anão, e colocou contra a garganta de PL.
– Seu miserável filho de um orc! - ela falou, entre dentes - Dá para me dizer por que eu não posso cortar sua garganta agora mesmo, só para ver o sangue correr?
Todos olhavam para eles, atônitos. Caspian pegou sua espada, Legolas mirava para a cabeça dela. Mas PL não parecia nem um pouco nervoso.
– Porque papai não ficaria nem um pouco contente em saber que você matou o seu priminho querido. - ele sorriu - Não é, Katherine?
Ela começou a rir. Primeiro, suave, depois, freneticamente. Todos ainda estavam atônitos. Ela abraçou o pescoço dele.
– Seu maldito cão dos infernos! - ela riu - Como pode ter sumido tanto tempo? Te procuramos por toda a Terra Média!
– E como estão todos? - PL perguntou.
– Nada bem. O patriarca do clã, SEU PAI, está cego pela velhice. Seus olhos já não reconhecessem mais nada. E como se não bastasse, a peste dizimou dezenas de nós. - ela contava, meio triste - Estamos perdidos sem você.
– Por favor... não... - ele implorou.
– Agora já chega, né? Tá na hora de você assumir sua responsabilidade de homem. Vai voltar comigo! - ela lhe segurou o pulso.
– Perdão, voltar para onde? - Caspian perguntou.
– Para Gondor! - ela disse, como se a resposta fosse óbvia - Esse mimadinho aqui tem contas a acertar em casa!
– Passo Largo, por que nunca nos disse que vinha de Gondor, mesmo sabendo que estamos indo para lá? - Samantha perguntou, zangada.
– Passo Largo? Passo Largo?! - a moça se virou para ele - Isso é sério? Você acha mesmo que tem o direito de usar esse nome?
– Quem é você para falar de direitos? Fugiu de casa! - PL tomou a dianteira.
– Procurando você! Seu pai mobilizou dezenas de incursões para te procurar! Entramos até nas Fronteiras Proibidas! - ela o seguiu. - Por sua causa, a peste decaiu sobre nós! Estamos morrendo!
– Pois então volte para casa e morra! - PL gritou - Morra de peste, fome ou sei lá o quê mais! Mas volte sozinha! Eu não vou com você!
– Lamento informar, querido, - Samantha disse, fazendo ele se virar - mas você vai, sim.
***
– Sabe de algum lugar onde possamos arrumar cavalos? - Samantha perguntou.
– Talvez, se falarmos com o rei de Rohan, ele nos ajude. Eu estava tentando falar com ele, quando os mercadores me prenderam. - a moça falou.
– Então apertem o passo. Quero chegar até Rohan antes do anoitecer. - Gimli disse - Ah! Até já me lembro de Rohan... Cerveja boa... Carne em quantidade, fresquinha!
– Parece muito bom! - Belle riu.
– Mas é verdade! - Legolas continuou - O rei de Rohan e o rei de Gondor mantiveram uma aliança depois da Guerra do Anel. Um pacto de amizade.
– É com essa esperança que vou para lá. - ela disse - Espero que ainda esteja de pé...
– Então vamos! - Caspian bufou. - Ande logo, PL!
PL, porém, não estava muito feliz. Estava com a boca amordaçada, e as mãos amarradas na corda comprida que outrora amarrava sua prima. Ele bufava de ódio. Mas caminhava. Sabia que não tinha escolha mesmo.
– Um dia vocês vão me pagar! Vão pagar muito caro! – ele bufou.
– Pode até ser, mas por enquanto, caminhe! - Sam piscou para ele, fazendo a moça rir.
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