No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 27
Capítulo 27 - Terra Média - Mais uma tripulante à bordo


Notas iniciais do capítulo

Muito bem, o capítulo que eu prometi. Desculpe a demora!



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Abelle sentia o peso do silêncio sobre seus ombros. E isso a incomodava. Legolas caminhava à frente, com as faces fechadas. Nada convidativo. Samantha caminhava pouco atrás dela, ao lado de PL, ambos conversavam mil assuntos. Nada convidativo. Gimli caminhava lá atrás, concentrado em tentar manter-se perto de todos. Nada convidativo.

– Hey, Caspian! - ela caminhou, serelepe, até ele.

– Que foi? - ele resmungou. Não porque estava zangado, apenas estava cansado.

– Sabia que algumas espécies de flores tem propriedades especiais? - ela perguntou, sapeca.

– Oh, Belle... - ele resmungou - Agora não...

– Por favoooor! - ela piscou seus grandes olhos verdes.

Ele a olhou. Abelle sabia ser convincente. Ele se perguntava se Lúcia era assim quando fora coroada, quando ele a conheceu, ela era bem corajosa, quase não era mais meiga.

– Ei, pessoal! - ele chamou, fazendo todos olharem para ele - Por que não fazemos uma pausa?

– Temos que chegar à cidade antes do anoitecer! - Legolas repreendeu.

– Ainda é meio-dia! - Gimli bufou - Uma pequena pausa não faria mal!

Legolas olhou para todos. Mesmo ele estava exausto.

– Certo, 10 minutos.

Todos se sentaram no chão, uns perto dos outros, mas ao mesmo tempo, mntendo distância. Abelle puxou Caspian pelo pulso, com um sorriso no rosto, e parou de frente à um pequeno morrinho coberto de margaridinhas amarelas.

– Certo, o que eu deveria fazer? - Caspian perguntou.

Belle ficou de costas para o morro, abriu os braços e jogou-se para trás, caindo deitada naquele macio travesseiro de pétalas e pólen. Ela ria, como nunca antes tinha rido desde que chegara à Nárnia.

– Vem, é legal! - ela chamou. - Vai me dizer que nunca fez isso?

Ele olhou bem para ela.

– Eu devo estar enlouquecendo... - ele se virou.

Jogou-se de costas, caindo de braços abertos ao lado de Belle. O cheiro do pólen e as pétalas a roçar seu rosto faziam-lhe cócegas. Logo o riso grave dele se fazia audível.

– Viu? Eu disse que era legal! - Belle olhou para ele.

Ele sorria. Seus olhos fitavam o céu azul claro. Tudo estava tão calmo, que era como se ele pudesse sentir a Terra se movendo sob ele. O céu estava cheio de nuvens brancas, que passavam lentamente por sobre o Sol, trazendo uma sombra fresca e uma brisa suave.

– Está vendo aquela nuvem ali? - Belle ergueu o braço, apontando para uma nuvem aleatória. - Parece um coelho. E aquela ali, um cachorro, com as orelhinhas e tudo.

– E aquela, parece minha tia Prunaprismia!- Caspian apontou para uma outra nuvem - Tem até o mesmo nariz!

Belle olhou para ele, séria. Que diabos ele estava dizendo? Aquilo era um cone!

– Você... alguma vez já olhou as formas das nuvens? - ela perguntou.

– Não, mas, quando eu era criança, meu tio Miraz me levava para caçar veados. Dizia que isso formava o caráter. - ele comentou.

– Nossa, que infância dura! - Belle deitou nas flores outra vez. - Sabe, quando eu era pequena, papai costumava levar eu e Sam ao quintal, e varríamos todas as folhas secas que caíam das árvores no outono, fazíamos um morro, e deitávamos em cima. E então ficávamos horas e horas, apenas olhando as nuvens no céu, e dando nomes aos bichinhos que formavam. No céu sempre tinha um coelho caolho, um cachorro perneta, um canguru saltitante e uma vaca alada. E às vezes tinha um cavalo e um cisne.

– Isso deve ter sido divertido. - ele confessou - Queria ter tido isso.

– Por que não aproveita agora? - Belle olhou para ele - Tente achar um coelho caolho!

Caspian olhou para o céu. Conseguia identificar muitoas formas. Um pato nadando no lago, um centauro, três fadas aladas e um crocodilo. E então, viu uma forma diferente.

– Belle! Belle! - ele a cutucou - Eu acho que ach.........

Um grito fez-se ouvir pelo campo, e todos se levantaram.

– Que diabos foi isso?! - Samantha perguntou.

– Isso foi um grito de socorro. - Gimli disse sabiamente - Um grito de mulher.

– Peguem as armas! - Legolas gritou.

Caspian pegou sua espada, PL pegou a sua, Legolas pegou o arco e colocou uma flecha. As garotas pegaram as mochilas e os seguiram. Algumas colinas depois, Sam e Belle se horrorizaram com uma cena que jamais esperavam ver na vida: três homens estavam ali adiante. Usavam cotas de ferro e capas compridas. Um deles tinha uma espada na mão, e os outros usavam adagas nos cintos. E logo ali no chão, havia uma moça. Ela tinha os cabelos negros e a pele ligeiramente caramelo. Usava roupas rasgadas e seu rosto e corpo estavam cheios de ferimentos. Ela estava quase desacordada.

– Levanta, escrava maldita! - o mais alto gritava. Ele batia nela com o largo da espada, sem cortar, mas ferindo muito e fazendo vergões - Temos que chegar ao mercado antes do pôr do Sol!

– Vamos, Mericar! - o que usava uma capa vermelha falou. Ele tinha os cabelos negros e bem gastos - Uma escrava mais, uma a menos! Não podemos perder os outros por causa desta!

Mas o homem continuava a bater nela.

– Mericar! Pare! Ela já está morta! De nada vale para nós! - o outro segurou-lhe o braço - Este tinhas os cabelos castanhos e a capa verde.

– Maldita escrava! - o homem cuspiu nela - Que os deuses não permitam que viva até o amanhecer!

E dito isto, chutou-lhe o estômago, e ela gemeu, quase sem forças para gritar. E eles subiram em seus cavalos, cortaram a corda que a prendia à eles e a deixaram, à própria sorte.

Belle correu, e se ajoelhou ao lado dela, seguida dos outros. pegou um frasco de água que tinha na mochila e lhe despejou um pouco na boca. A moça tossiu, cuspindo tudo fora, e se sentando.

– Malditos sejam vocês! Almas sem nenhuma compaixão! - ela resfolegou - Por que me ajudam? Para me cortar a garganta sem culpa?! Fiquem longe de mim! Todos vocês! Fiquem longe de mim!

Ela rastejou para longe deles. Tentou se levantar, mas suas mãos e pés estavam amarrados fortemente.

– Quem... quem fez isso com você? - Belle perguntou.

– Mercadores. Mercadores de escravos. Estão em toda parte. - ela respondeu - Basta entrar na floresta que eles te capturam.

– Santo Aslam, isso tá muito feio! - Sam pegou o jarro de água - Deixa eu limpara para você...

– Saia de perto de mim, sua vadia imunda! - ela se arrastou - Não tocarão em um fio de cabelo meu!

Samantha nunca foi uma pessoa de desistir fácil. Ela se aproximou da escrava, e tocou em uma corda. Ela se esquivou.

– Calma... só vou desamarrar você! - Sam anunciou. E ergueu as mãos - Sem faca!

Ela hesitou, mas deixou Sam desamarrá-la. Ela soltou-lhe os pés e as mãos, e então, se afastou.

– Pronto, pode ir embora! - Sam avisou. A moça a encarou - Vai, pode ir!

Ela se levantou lentamente, dando passos para trás. Caspian agachou-se ao lado da prima, para o caso da moça tentar alguma coisa. Mas ela se virou, e caminhou.

– Você tá legal? - ele ajudou Sam a se levantar.

A moça voltou rapidamente, pegou a espada do anão, e colocou contra a garganta de PL.

– Seu miserável filho de um orc! - ela falou, entre dentes - Dá para me dizer por que eu não posso cortar sua garganta agora mesmo, só para ver o sangue correr?

Todos olhavam para eles, atônitos. Caspian pegou sua espada, Legolas mirava para a cabeça dela. Mas PL não parecia nem um pouco nervoso.

– Porque papai não ficaria nem um pouco contente em saber que você matou o seu priminho querido. - ele sorriu - Não é, Katherine?

Ela começou a rir. Primeiro, suave, depois, freneticamente. Todos ainda estavam atônitos. Ela abraçou o pescoço dele.

– Seu maldito cão dos infernos! - ela riu - Como pode ter sumido tanto tempo? Te procuramos por toda a Terra Média!

– E como estão todos? - PL perguntou.

– Nada bem. O patriarca do clã, SEU PAI, está cego pela velhice. Seus olhos já não reconhecessem mais nada. E como se não bastasse, a peste dizimou dezenas de nós. - ela contava, meio triste - Estamos perdidos sem você.

– Por favor... não... - ele implorou.

– Agora já chega, né? Tá na hora de você assumir sua responsabilidade de homem. Vai voltar comigo! - ela lhe segurou o pulso.

– Perdão, voltar para onde? - Caspian perguntou.

– Para Gondor! - ela disse, como se a resposta fosse óbvia - Esse mimadinho aqui tem contas a acertar em casa!

– Passo Largo, por que nunca nos disse que vinha de Gondor, mesmo sabendo que estamos indo para lá? - Samantha perguntou, zangada.

– Passo Largo? Passo Largo?! - a moça se virou para ele - Isso é sério? Você acha mesmo que tem o direito de usar esse nome?

– Quem é você para falar de direitos? Fugiu de casa! - PL tomou a dianteira.

– Procurando você! Seu pai mobilizou dezenas de incursões para te procurar! Entramos até nas Fronteiras Proibidas! - ela o seguiu. - Por sua causa, a peste decaiu sobre nós! Estamos morrendo!

– Pois então volte para casa e morra! - PL gritou - Morra de peste, fome ou sei lá o quê mais! Mas volte sozinha! Eu não vou com você!

– Lamento informar, querido, - Samantha disse, fazendo ele se virar - mas você vai, sim.

***

– Sabe de algum lugar onde possamos arrumar cavalos? - Samantha perguntou.

– Talvez, se falarmos com o rei de Rohan, ele nos ajude. Eu estava tentando falar com ele, quando os mercadores me prenderam. - a moça falou.

– Então apertem o passo. Quero chegar até Rohan antes do anoitecer. - Gimli disse - Ah! Até já me lembro de Rohan... Cerveja boa... Carne em quantidade, fresquinha!

– Parece muito bom! - Belle riu.

– Mas é verdade! - Legolas continuou - O rei de Rohan e o rei de Gondor mantiveram uma aliança depois da Guerra do Anel. Um pacto de amizade.

– É com essa esperança que vou para lá. - ela disse - Espero que ainda esteja de pé...

– Então vamos! - Caspian bufou. - Ande logo, PL!

PL, porém, não estava muito feliz. Estava com a boca amordaçada, e as mãos amarradas na corda comprida que outrora amarrava sua prima. Ele bufava de ódio. Mas caminhava. Sabia que não tinha escolha mesmo.

Um dia vocês vão me pagar! Vão pagar muito caro! – ele bufou.

– Pode até ser, mas por enquanto, caminhe! - Sam piscou para ele, fazendo a moça rir.


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Notas finais do capítulo

Ei, leitores fantasmas! Comentem alguma coisa!



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