No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa
Notas iniciais do capítulo
Duvido vocês adivinharem quem é o gatinho que as atacou.... ;)
O fogo crepitava na lenha. Abelle jogou dois galhos, para alimentar o fogo. E deu uma mordida na maçã em sua mão, para alimentar a si mesma. Passo Largo estava silencioso. Analizava o fogo, como quem analiza um mapa.
– O dia foi cheio, não é?– Abelle comentou, puxando conversa.
– Foi mais um dia normal.– Passo Largo fez pouco caso.
– Normal?!– Abelle riu - Admita, foi um dia estranho, até para você.
– Talvez.– Passo Largo não queria conversa.
– Cá entre nós.– Belle se aproximou dele - Você nunca tinha visto uma dríade, né?
– Uma o quê?– ele perguntou.
– Dríade. Aquelas moças feitas de pétalas de flores. São as guardiãs das árvores.– Belle disse, dando mais uma mordida na maçã.
– Tá legal, o que quer que eu diga? Que foi o dia mais estranho da minha vida? Que aquelas coisas, criaturas, eram desconhecidas para mim? Que eu nunca tinha visto seres extraordinários?– Passo Largo se levantou, furioso - Tá bem, eu admito! Foi o dia mais extraordinário da minha vida! Jamais pensei que poderia passar por tudo aquilo, mesmo em meus mais loucos sonhos!
– Voltar para casa agora deve ser desapontante, né?– Abelle sussurrou, frustrada, sabia do que estava falando - Quer dizer, voltar a ver pessoas normais e suas vidas pacatas, totalmente contrastante com o extraordinário mundo que conheceu.
– Sim, vai ser desapontante.– Passo Largo disse, mais calmo - Por isso quero aproveitar cada momento que ainda tenho. Vou chamar Sam.
Um zunido cortou o ar. Uma flecha cravou na coxa do peregrino, que caiu, prostrado. Ele gritava. Abelle sacou a espada dele, e pulou na escuridão. Ela não via seu agressor, ele era muito rápido.
– Cadê você??? - ela gritou.
Levou um golpe no nariz, que a deixou tonta. Ela golpeava o ar, em vão, sem acertar ninguém. Ela se sentiu empurrada, e caiu no chão. Um homem sentou sobre ela, e apontou uma flecha para seu rosto. Ela, apesar de assustada, o analizou. Ele era loiro, tinha os cabelos compridos e lisos, a pele muito clara. Seus olhos azuis e ameaçadores fitavam os verdes dela, e ela soube neste instante que aquele poderia mesmo ser seu fim.
– Só vou dizer uma vez. - Samantha falou. - Se afasta.
Todos olharam na direção da voz. Samantha estava de pé, perto da fogueira. Estava com sua espada na garganta de um anão ruivo, com tranças nos bigodes, e uma armadura.
O rapaz se levantou, e olhou atentamente para o rosto de Samantha. Ela lhe parecia muito familiar, como um rosto de um amigo que você nunca esquece.
– Celebrian? - ele perguntou.
Samantha olhou para ele. Esse nome lhe era muito familiar. Mas tratou logo de disfarçar isso.
– Para você, é Lady Samantha.
O rapaz olhava para ela, como se estivesse hipnotizado.
– SE AFASTA! - Samantha gritou, apertando a espada contra a garganta de seu refém.
O rapaz jogou seu arco e sua flecha longe, e saiu de cima de Abelle. A garota correu e se ajoelhou ao lado de Passo Largo.
– Santo Aslam! - ela disse, desesperada - Você tá bem! Vamos cuidar disso!
Ela estava desesperada, assim como Passo Largo. Mas Samantha ainda tem assuntos a tratar.
– Devolva meu amigo, e partirei, sem que vocês jamais nos vejam novamente! - o rapaz disse.
– Não tão rápido, espertinho! - ela disse, segurando o anão - Agora que está aqui, vai ter que nos ajudar.
– Eu ajudarei com todo o prazer, milady! - ele sorriu - Mas liberte-o!
– Libertarei, depois que nos ajudar. - Samantha falou.
Abelle olhou para a irmã. O que pretendia fazer?
– Conhece as Terras Selvagens? - ela perguntou.
– Absolutamente. - o rapaz retrucou.
– Então nos servirá de guia. - ela falou.
– O que? Não! Eu ainda posso ser o guia! Estou bem! - Passo Largo se deseperou.
– Ora, cale-se! - Abelle disse - Você mal consegue andar! Como pensa que vai nos guiar?
– Está decidido! Vai nos levar. - Samantha disse.
– Muito bem, guiarei. Para onde pretende ir? - ele perguntou.
Samantha paralizou. Para onde mesmo? Passo Largo jamais dissera para onde estavam indo. Ela lembrou-se de sua avó e de suas histórias extraordinárias. Havia um local que aparecia frequentemente nas aventuras narradas perto da lareira.
– Desejamos ir para Rivendell. - Samantha falou, convicta - Queremos ir para Valfenda, a última casa amiga a leste do mar.
O homem fica meio confuso. Ninguém vai para lá há anos, por que ela queria?
– O que disse? - ele pergunta, mais para ter certeza do que por dúvida.
– Leve-nos à Valfenda, e liberto seu amiguinho. - ela disse.
O homem olhou para o anão. Deveria mesmo fazer isso? Abelle observava-os, e viu quando o anão fez um aceno positivo de cabeça. Mas não era o aceno frenético de um refém desesperado, era mais uma permissão, algo que dizia "isso deve ser feito".
– Muito bem. - ele suspirou - Para Valfenda então.
– Ô gente, alguém viu minha espada? - Caspian subiu a rampa, e se assustou ao se deparar com a cena - Desculpa, não sabia que tínhamos visitas.
Caspain aproximou-se de Belle e Passo Largo, e sussurrou, ajudando o peregrino a se levantar.
– O que aconteceu?
– Arrumamos um guia. - Belle sussurrou devolta.
O rapaz abaixou-se lentamente, entregou seu arco e suas flechas para Belle, e caminhou em direção à gruta.
– Onde pensa que vai, bonitinho? - Samantha ameaçou - Não se esqueça que é a garganta do teu amiguinho que está na reta.
– Sem truques! - ele ergueu as mãos para cima - Juro por Númenor!
Ele se abaixou, pegou uma tocha, e escorregou pela rampa, sendo seguido pelos outros. Lá dentro, eles perceberam que aquilo não era apenas uma gruta escavada na rocha, era a entrada de um túnel. Um túnel estreito e tortuoso, com altas paredes rochosas dos dois lados. Eles caminham em silêncio durante todo o caminho, e procuravam não ficar para trás. O túnel dava para uma pequena cachoeira, e logo à frente, uma ponte de terra e mármore bruto, que tinha uma vista magnífica da cidade.
Era uma belíssima vila construída entre as montanhas. Todas as construções eram de madeira clara, projetadas especificamente para permitir que o vento corra livremente pelas casas até alcançar as árvores. Seus alicerces estavam fincados firmemente nas paredes das montanhas, resistindo tranquilamente por milhares de anos.
Samantha, ao ver o local, disparou a correr. Aquele era o local das histórias de sua avó, Catherine Mandeville, e era ainda mais magnífico do que ela pensara. A morada dos altos elfos. Ela correu mais rápido, e entrou em uma das casas.
– Olá? - ela gritou - Tem alguém aqui?
Ela correu pelo salão, e abriu a porta de todos os cômodos da casa.
– Tem alguém aqui? – ela gritou, chamando seus heróis de infância - Elrond! Galadriel! Arwen! Gandalf! Legolas! Alguém!
Mas não houve resposta. A única coisa que ela ouvia era o som de sua própria voz ecoando nas paredes. E então, o silêncio.
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Valfenda vazia????????????
E aí, adivinharam o gatinho????