No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 19
Capítulo 19 - A Terra Média - Encrenca à vista


Notas iniciais do capítulo

Duvido vocês adivinharem quem é o gatinho que as atacou.... ;)



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O fogo crepitava na lenha. Abelle jogou dois galhos, para alimentar o fogo. E deu uma mordida na maçã em sua mão, para alimentar a si mesma. Passo Largo estava silencioso. Analizava o fogo, como quem analiza um mapa.

O dia foi cheio, não é?– Abelle comentou, puxando conversa.

Foi mais um dia normal.– Passo Largo fez pouco caso.

Normal?!– Abelle riu - Admita, foi um dia estranho, até para você.

Talvez.– Passo Largo não queria conversa.

Cá entre nós.– Belle se aproximou dele - Você nunca tinha visto uma dríade, né?

Uma o quê?– ele perguntou.

Dríade. Aquelas moças feitas de pétalas de flores. São as guardiãs das árvores.– Belle disse, dando mais uma mordida na maçã.

Tá legal, o que quer que eu diga? Que foi o dia mais estranho da minha vida? Que aquelas coisas, criaturas, eram desconhecidas para mim? Que eu nunca tinha visto seres extraordinários?– Passo Largo se levantou, furioso - Tá bem, eu admito! Foi o dia mais extraordinário da minha vida! Jamais pensei que poderia passar por tudo aquilo, mesmo em meus mais loucos sonhos!

Voltar para casa agora deve ser desapontante, né?– Abelle sussurrou, frustrada, sabia do que estava falando - Quer dizer, voltar a ver pessoas normais e suas vidas pacatas, totalmente contrastante com o extraordinário mundo que conheceu.

Sim, vai ser desapontante.– Passo Largo disse, mais calmo - Por isso quero aproveitar cada momento que ainda tenho. Vou chamar Sam.

Um zunido cortou o ar. Uma flecha cravou na coxa do peregrino, que caiu, prostrado. Ele gritava. Abelle sacou a espada dele, e pulou na escuridão. Ela não via seu agressor, ele era muito rápido.

– Cadê você??? - ela gritou.

Levou um golpe no nariz, que a deixou tonta. Ela golpeava o ar, em vão, sem acertar ninguém. Ela se sentiu empurrada, e caiu no chão. Um homem sentou sobre ela, e apontou uma flecha para seu rosto. Ela, apesar de assustada, o analizou. Ele era loiro, tinha os cabelos compridos e lisos, a pele muito clara. Seus olhos azuis e ameaçadores fitavam os verdes dela, e ela soube neste instante que aquele poderia mesmo ser seu fim.

– Só vou dizer uma vez. - Samantha falou. - Se afasta.

Todos olharam na direção da voz. Samantha estava de pé, perto da fogueira. Estava com sua espada na garganta de um anão ruivo, com tranças nos bigodes, e uma armadura.

O rapaz se levantou, e olhou atentamente para o rosto de Samantha. Ela lhe parecia muito familiar, como um rosto de um amigo que você nunca esquece.

– Celebrian? - ele perguntou.

Samantha olhou para ele. Esse nome lhe era muito familiar. Mas tratou logo de disfarçar isso.

– Para você, é Lady Samantha.

O rapaz olhava para ela, como se estivesse hipnotizado.

– SE AFASTA! - Samantha gritou, apertando a espada contra a garganta de seu refém.

O rapaz jogou seu arco e sua flecha longe, e saiu de cima de Abelle. A garota correu e se ajoelhou ao lado de Passo Largo.

– Santo Aslam! - ela disse, desesperada - Você tá bem! Vamos cuidar disso!

Ela estava desesperada, assim como Passo Largo. Mas Samantha ainda tem assuntos a tratar.

– Devolva meu amigo, e partirei, sem que vocês jamais nos vejam novamente! - o rapaz disse.

– Não tão rápido, espertinho! - ela disse, segurando o anão - Agora que está aqui, vai ter que nos ajudar.

– Eu ajudarei com todo o prazer, milady! - ele sorriu - Mas liberte-o!

– Libertarei, depois que nos ajudar. - Samantha falou.

Abelle olhou para a irmã. O que pretendia fazer?

– Conhece as Terras Selvagens? - ela perguntou.

– Absolutamente. - o rapaz retrucou.

– Então nos servirá de guia. - ela falou.

– O que? Não! Eu ainda posso ser o guia! Estou bem! - Passo Largo se deseperou.

– Ora, cale-se! - Abelle disse - Você mal consegue andar! Como pensa que vai nos guiar?

– Está decidido! Vai nos levar. - Samantha disse.

– Muito bem, guiarei. Para onde pretende ir? - ele perguntou.

Samantha paralizou. Para onde mesmo? Passo Largo jamais dissera para onde estavam indo. Ela lembrou-se de sua avó e de suas histórias extraordinárias. Havia um local que aparecia frequentemente nas aventuras narradas perto da lareira.

– Desejamos ir para Rivendell. - Samantha falou, convicta - Queremos ir para Valfenda, a última casa amiga a leste do mar.

O homem fica meio confuso. Ninguém vai para lá há anos, por que ela queria?

– O que disse? - ele pergunta, mais para ter certeza do que por dúvida.

– Leve-nos à Valfenda, e liberto seu amiguinho. - ela disse.

O homem olhou para o anão. Deveria mesmo fazer isso? Abelle observava-os, e viu quando o anão fez um aceno positivo de cabeça. Mas não era o aceno frenético de um refém desesperado, era mais uma permissão, algo que dizia "isso deve ser feito".

– Muito bem. - ele suspirou - Para Valfenda então.

– Ô gente, alguém viu minha espada? - Caspian subiu a rampa, e se assustou ao se deparar com a cena - Desculpa, não sabia que tínhamos visitas.

Caspain aproximou-se de Belle e Passo Largo, e sussurrou, ajudando o peregrino a se levantar.

– O que aconteceu?

– Arrumamos um guia. - Belle sussurrou devolta.

O rapaz abaixou-se lentamente, entregou seu arco e suas flechas para Belle, e caminhou em direção à gruta.

– Onde pensa que vai, bonitinho? - Samantha ameaçou - Não se esqueça que é a garganta do teu amiguinho que está na reta.

– Sem truques! - ele ergueu as mãos para cima - Juro por Númenor!

Ele se abaixou, pegou uma tocha, e escorregou pela rampa, sendo seguido pelos outros. Lá dentro, eles perceberam que aquilo não era apenas uma gruta escavada na rocha, era a entrada de um túnel. Um túnel estreito e tortuoso, com altas paredes rochosas dos dois lados. Eles caminham em silêncio durante todo o caminho, e procuravam não ficar para trás. O túnel dava para uma pequena cachoeira, e logo à frente, uma ponte de terra e mármore bruto, que tinha uma vista magnífica da cidade.

Era uma belíssima vila construída entre as montanhas. Todas as construções eram de madeira clara, projetadas especificamente para permitir que o vento corra livremente pelas casas até alcançar as árvores. Seus alicerces estavam fincados firmemente nas paredes das montanhas, resistindo tranquilamente por milhares de anos.

Samantha, ao ver o local, disparou a correr. Aquele era o local das histórias de sua avó, Catherine Mandeville, e era ainda mais magnífico do que ela pensara. A morada dos altos elfos. Ela correu mais rápido, e entrou em uma das casas.

– Olá? - ela gritou - Tem alguém aqui?

Ela correu pelo salão, e abriu a porta de todos os cômodos da casa.

Tem alguém aqui? – ela gritou, chamando seus heróis de infância - Elrond! Galadriel! Arwen! Gandalf! Legolas! Alguém!

Mas não houve resposta. A única coisa que ela ouvia era o som de sua própria voz ecoando nas paredes. E então, o silêncio.


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Notas finais do capítulo

Valfenda vazia????????????
E aí, adivinharam o gatinho????



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