Rebirth escrita por Miojo Maldito


Capítulo 6
Episódio 5: Putrefaction


Notas iniciais do capítulo

Apenas algumas horas após a morte, o corpo começa a exalar odores fétidos. No primeiro mês o corpo em decomposição produz aproximadamente 24 litros de gases. Alguns deles são o gás sulfídrico (um dos responsáveis pelos maus odores), o metano e o amoníaco. A chamada fase humorosa (ou coliquativa) - que é a dissolução pútrida das partes moles do corpo - é a mais preocupante em termos ambientais, pois contribui para a produção do chamado “necrochorume”, um líquido que pode contaminar o solo e as águas, dependendo de onde o corpo foi enterrado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/498193/chapter/6

Jessica Hudson sentia um gosto diferente no beijo de Peter, mas por um motivo ou outro não conseguia parar de recordar dos traços de seu ex-namorado, enquanto observava aquele cara completamente estranho.

Ela por vezes via Peter, fechava os olhos e quando abria via Elliot. Eles realmente e inexplicavelmente eram idênticos.

Jessica estava completamente bêbada, enquanto Peter Bernadone não havia tomado uma gota sequer de álcool. Estava lúcido, de propósito.

E controlando toda a situação.

Levou a garota consigo até o seu apartamento imundo. Retirou as chaves debaixo do tapete e jogo Jessica em cima do sofá. Observou-a: ela já não respondia por si mesma naquele instante.

Tomou-a para si e a possuiu como se ela estivesse lúcida. Era um sexo sujo, barato, selvagem. Havia algo em Peter que o fazia querer acabar com a vida de seu irmão. O que era, nem ele sabia.

Quando Zuriel recebeu o chamado de seu mestre, abriu suas grandes asas e voou em direção ao céu. As pessoas que passavam pelo centro da cidade de Saint Petersburg se assustaram quando, ao olhar para cima, perceberam que havia algo surreal sobrevoando o local.

— Olhem! — disse um homem, apontando para cima.

O tamanho das asas do anjo Zuriel era grande o suficiente para projetar uma sombra que impedisse o sol de iluminar a cidade. A passagem de Zuriel pelo céu de Saint Petersburg, então, apesar de ter sido rápida, gerou um enorme tumulto na cidade, porém seria esquecido dentro de alguns dias.

Chegando ao topo de uma montanha, Zuriel viu um pequeno portal se formar. Era o chamado do seu mestre que se concluía. Sem delongas, Zuriel atravessou o portal e chegou ao templo de seu mestre, Brayden, que se encontrava de pé.

Brayden era um homem de alto, de cabelos longos, amarrados em rabo de cavalo. Eles eram pretos como café. Seus olhos eram rubros e estavam se tornando mais vermelhos. Gostava de usar roupas de tons escuros e que lhe cobrissem todo o corpo.

Assim que Zuriel pousou, apoiou-se no chão do templo com um dos joelhos e fez uma reverência. Brayden se aproximou do serviçal e o agarrou pelos cabelos, obrigando a ficar de pé.

— Brayden, eu...

— Cale-se, imprestável! — Brayden vociferou, acertando um tapa no rosto de Zuriel. — Serás punido pelo que acabaste de fazer.

Zuriel sabia que era errado mostrar suas asas para os seres humanos. Normalmente ele não o fazia; porém, ao saber que o chamado de Brayden era urgente, o anjo não tivera outra escolha.

Puxando o anjo pela gola de sua túnica, Brayden concluiu, pausadamente:

— Nenhum... anjo... se ... mostra... desse jeito! — após a fala, empurrou Zuriel, que foi de costas ao chão.

Brayden virou-se de costas e contou de um à dez enquanto o anjo Zuriel se levantava.

— Perdoe-me, feiticeiro dos feiticeiros. Quando recebi o seu chamado e soube que era urgente, desesperei-me e vim o mais rápido que pude.

— Estúpido. — virou-se novamente para Zuriel e estendeu-lhe a mão para que pudesse se recompor. — Peço que veja uma coisa.

Brayden pediu que o anjo se dirigisse com ele até um local fechado do templo e lhe mostrou uma espécie de bola de cristal. Brayden a cobriu com um pano de cor negra e após tirar o pano de cima de tal bola, esta começou a brilhar e, em seguida passou a mostrar a imagem de Peter Bernardone aos beijos com Jessica Hudson.

Zuriel esboçou um sorriso e Brayden o repreendeu.

— Não sabes o que significa isso, Zuriel?

— Não vejo nada demais — respondeu o anjo, com medo na voz, não desgrudando os olhos da bola de cristal.

Brayden tocou os ombros do anjo e disse:

— Seu protegido está colocando tudo a perder. Peter e Elliot Turner precisam ser amigos! Não é cobiçando a mulher alheia que eles se tornarão próximos.

— Mestre Brayden, perdoe-me, mas eu não tenho culpa se Peter é tão sedutor. — falou, com orgulho.

— A garota está dopada. Zuriel, vá e coloque as rédeas neste rapaz. Eu quero que ele e o irmão tenham uma relação amigável, assim o nosso mundo poderá ter um pouco de equilíbrio.

— Tem razão. Eu sei que eles precisam entrar num acordo. Seria ótimo se Elliot aceitasse reviver as pessoas que Peter precisa matar para sobreviver.

Brayden abriu um portal que permitiria que Zuriel voltasse ao mundo dos humanos e disse:

— Vá, e não faça que eu me arrependa de ter feito aquele pacto, o qual custou a vida de Margareth, mãe desses dois garotos.

O anjo acenou afirmativamente com a cabeça e atravessou o portal.

Elliot, precisou retirar a camisa, encharcada de sangue, para que assim pudesse se aproximar de sua mãe, Sara, que, boquiaberta, não acreditava no que acabara de ver: os ferimentos do filho se regeneravam a medida que ele fazia cortes em seu corpo.

— Elliot, pare!

— Eu só quero que me diga se acredita em mim ou não, mamãe!

Sara olhou nos olhos do filho e via as lágrimas descerem. Toda a confusão que a descoberta de sua imortalidade lhe fizera lhe deixava culpado. Tendo razão ou não, o que importava era que ele escapou da morte, e poderia escapar da morte se quisesse.

Encostando os dedos no rosto do filho, Sara chorava ao pensar que poderia realmente o ter pedido naquele acidente de moto.

Ela o abraçou.

Após esperar que a mãe se acalmasse e dormisse, depois de tantas emoções, Elliot foi até a garagem de sua casa. Era lá onde ficava a moto cuja fora sua companheira de todas as suas saídas e gandaias.

Estava caindo aos pedaços devido ao acidente.

E a moto ele sabia que não poderia curar.

Todavia, Elliot tinha um vício. Para ele, sentir o vento batendo no rosto era tão surreal quanto não morrer. Sendo assim, o rapaz juntou os cacos de sua antiga moto, assim como as suas economias, e as levou até uma feira de automóveis usados.

— Quanto você quer naquela ali? Posso dar essa aqui e você me dá um abatimento, algumas peças ainda servem.

Quando Zuriel chegou até o prédio imundo onde Peter Bernadone se escondia, esbarrou com Jessica Hudson, que saía de lá a passos largos, como se estivesse fugindo de algo ou alguém.

Curioso, o anjo subiu as escadas e rumou até a porta do apartamento de Peter. Bateu duas vezes na porta e não obteve nenhum sinal.

— Peter Bernadone, sou eu, Zuriel!

Silêncio.

O anjo então posicionou as palmas de suas mãos sobre a porta e como se houvesse uma força que ia além do sobrenatural – e realmente havia – a porta foi arrancada e arremessada para dentro do apartamento.

Zuriel entrou sorrateiramente e foi até o quarto, cujo havia apenas um colchão jogado no chão imundo do local. Nele, Peter Bernadone fumava um charuto ao lado de uma pessoa aparentemente morta.

— Olá. “Papai”. — ironizou ao ver o anjo Zuriel no seu recinto.

— Levante-se. — ordenou, ao ver que se tratava de um novo assassinato. — aquela garota saiu daqui muito assustada. Ela viu... isso? — referia-se ao corpo: era de um homem de meia idade, com um semblante assustado.

— Sexo me deixa fraco e faminto. Quis poupar a vida dela, então suguei a vida do porteiro.

— Idiota! — Zuriel mexeu suas mãos e fez com que uma força atraísse Peter para junto de si. Zuriel agarrou Peter pelo colarinho e o arremessou, assim como fez com a porta. Peter bateu suas costas na parede do quarto e caiu no chão.

— Que foi que eu fiz? — perguntou, com dificuldades. Levantava-se do chão.

— Está colocando tudo a perder. Se você quiser ficar vivo, precisa se aproximar de Elliot Turner,

— Aquele cara é um fraco.

Zuriel girou os calcanhares e foi de encontro a saída. Virou a cabeça e repetiu:

— Estou avisando. Aproxime-se de seu irmão.

A moto a qual Elliot Turner cobiçava era linda: de um amarelo intenso, com detalhes pretos. Ela já lhe transmitia velocidade apenas pela aparência. E ele a desejava, queria estar com ela na estrada, correndo, sentindo o que ele mais tinha prazer na vida

Depois de fazer negócio com o dono do estabelecimento, jogou seu corpo magro no veículo e a ligou. O cheiro de combustível penetrava em suas narinas e aquilo o excitava.

Sem capacete, Elliot pegou a avenida principal, frente à feira onde estava, e seguiu, sempre à frente. Ele se sentia mais livre do que nunca naquele momento e a cada segundo acelerava mais, até o limite.

E para ele a liberdade era o limite.

Sentiu-se no direito de esboçar um sorriso, erguer o corpo um pouco o corpo na moto, às vezes até abrir os braços para que o vento pudesse ricochetear melhor o seu corpo.

Era uma sensação hipnótica.

Todavia, a estrada que outrora parecia deserta, de súbito podia contar com uma pessoa parada ali. Era uma moça, parecia desesperada. Queria ajuda.

Elliot, contudo, por vir em alta velocidade, não conseguiu parar e descontrolando-se enquanto conduzia a moto chocou o veículo contra aquela moça que ali estava parada.

Elliot caiu juntamente com sua nova moto alguns metros depois da moça, que foi arremessada para a lateral. As leves cicatrizes do corpo do rapaz foram sumindo, enquanto ele se levantava e corria para socorrer aquela garota estranha.

Ela estava deitada, desacordada. Seu corpo fraturado e coberto por arranhões. Os cabelos lhe cobriam o rosto: Elliot puxou os fios para que pudesse vê-la; parecia-lhe familiar.

Era Jessica Hudson, sua ex-noiva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá muito Maria do Bairro?
Vcs entenderam q o Brayden é o cara que fez o pacto com Margareth?
Comentem
Bj,bj



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rebirth" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.