Rebirth escrita por Miojo Maldito


Capítulo 4
Episódio Especial: Tache Noire


Notas iniciais do capítulo

Tache Noire não é um estágio da morte, mas sim uma alteração ‘post mortem’ importante, vista no olho após a morte do cadáver. Normalmente é utilizada por médicos legistas.
Se os olhos permanecem abertos após a morte, a área do globo ocular resseca, o que resulta em uma cor amarelada primeiro, e depois castanho-enegrecida, logo depois forma-se uma linha vermelho escuro horizontalmente dentro do globo ocular, denominado Tache noire. O Tache noire ocorre somente em casos onde o corpo fica muito tempo com os olhos abertos após a morte, e não ocorre em casos de afogamento, pois o globo ocular, obviamente, não pode ressecar na água.
Esta alteração ocorre entre 7 e 8 horas após o falecimento do indivíduo.



** Galera, esse episódio vai esclarecer algumas coisas, ok? (espero que sim rsrs)



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25 anos atrás. Estados Unidos.

Margareth Simpson era uma mulher independente. Vinda de uma família tradicional, quebrou o coração do pai e da mãe quando comunicara que seu desejo para o futuro não era construir uma família. Queria estudar, seguir uma profissão, subir na vida.

Mesmo sem o apoio dos pais, formou-se advogada ainda muito nova e conseguiu bastante prestígio por ser uma excelente profissional. Sua vida amorosa, porém, nunca fora uma das melhores, visto que ela via os homens com quem se relacionava como meros objetos de desejo.

E sempre sofria decepções.

Apesar de tudo, Margareth tinha um desejo: ter um filho. E sabia que para isso precisaria de um parceiro. Pensou muito em tentar engravidar com um parceiro casual e ser mãe solteira, mas achou ser longe demais.

Naquele dia ela tomava o seu café matinal enquanto lia o jornal, como fazia religiosamente todas as manhãs. Margareth não gostava de olhar o caderno de anúncios, mas aquele lhe chamou atenção: era de uma clínica de reprodução. Já tinha ouvido falar da fertilização in vitro algumas vezes e sabia que aquilo ainda era muito novo, mas aquela fora a melhor ideia que já lhe aparecera, já que o seu desejo de ser mãe era maior que tudo.

— Normalmente o sêmen dos doadores fica armazenado aqui. É tudo muito sigiloso. Normalmente casais que estão com dificuldades na gravidez, por infertilidade do homem, nos procuram. Onde está seu marido? — perguntou o médico, cujo tirava as dúvidas de Margareth.

— Eu não tenho marido. — respondeu. — Eu quero ser mãe. Apenas isso.

— A senhorita tem certeza do que está pretendendo fazer?

— Ser mãe é o meu maior desejo.

Após uma bateria de exames, o tempo para o próximo período reprodutivo de Margareth para a coleta de óvulos que seriam fertilizados e finalmente a implantação dos embriões em seu útero, finalmente ela recebera a notícia: estava grávida.

E o melhor de tudo: de gêmeos.

A futura mãe estava contente. Comunicara a todos no seu trabalho que seria mãe de dois garotinhos. Margareth Simpson finalmente se sentia uma mulher realizada.

E sem nenhum marido.

Ela era uma moça atraente: cabelos vermelhos cor de fogo, naturais, na altura dos ombros. O rosto era bem delicado, no qual seus olhos azuis e profundos ganhavam bastante destaque. Os lábios finos, que quando esboçavam sorrisos faziam com que os homens caíssem aos seus pés. E ela poderia ter qualquer um aos seus pés.

Quase nove meses de gravidez. Como já sabia o sexo dos bebês, sentia-se bem em fazer compras. Sonhava com as roupinhas dos garotos que, como a maioria das mães de primeira viagem que têm gêmeos faziam, seria sempre iguais.

Margareth se encantou por uma jardineira exposta na vitrine de uma loja. Entrou e foi até o mostruário. Ao pôr a mão, a mão de outra pessoa também tocou a peça de roupa. Era a de um, provavelmente, vendedor daquela loja.

Margareth olhou para ele: era um rapaz bem jovem, magro, cabelos um pouco compridos, cor de mel. Olhou no seu crachá: Zuriel. Achou o nome estranho, porém resolvera não pensar naquilo.

— Que mãe linda! — exclamou — Deseja alguma coisa?

— Queria saber se tem outra dessas. — puxou a jardineira do mostruário.

— Oh, não. — disse Zuriel. — Essa peça é realmente linda, por isso está em falta. Mas por que a senhora não volta amanhã? Com certeza chegará mais dessas.

Margareth, incomodada com a extrema simpatia do rapaz, colocou a jardineira de volta no mostruário, agradeceu, prometendo voltar no dia seguinte, e saiu da loja.

Ao final do expediente, o jovem Zuriel vestiu seu casaco, que lhe pouparia daquele frio castigante e fechou a loja. Devido a neve que caía, não havia quase ninguém na rua naquela noite.

Zuriel caminhou um pouco até chegar em um beco escuro. Pôs se a ficar de joelhos e de cabeça abaixada. Uma voz ecoou ao longe.

Zuriel, seu prazo está acabando. Se quiseres ser um anjo, precisarás fazer isso para mim.

— Hoje eu encontrei uma mulher. Está grávida de gêmeos. — o rapaz levantou a cabeça e olhou para sua frente. A sombra da pessoa com quem ele falava recuou, como se não quisesse ser vista.

Melhor para você. Sabes que não tens muito tempo.

— OK, mestre. Eu trarei a mulher amanhã, aqui, sem falta. Mas peço que cumpra com a sua palavra.

Um vento forte soprou contra Zuriel e fez com que ele caísse no chão. Aquilo tudo era uma força vinda daquele homem misterioso; uma forma de punição pelo que o candidato a anjo acabara de dizer.

Duvidas de mim, Zuriel? — vociferou, num tom ainda mais grave.

— N-não. Não senhor! — Zuriel se levantou do chão e correu o mais rápido que pôde para que pudesse sair dali vivo.

O jovem vendedor tinha certeza de que Margareth voltaria à loja naquele dia para que pudesse comprar as jardineiras. Passou o dia todo olhando para a rua, na espera de que a mulher viesse.

No fim da tarde, finalmente ela chegou. A barriga, já enorme, deixava-lhe com dificuldades até em andar. Margareth, porém, colocara em sua cabeça que precisaria comprar aquelas duas roupinhas, fechando o seu “ciclo de compras antes do parto”.

— Oi! — cumprimentou Zuriel, sempre sorridente. E agora havia algo a mais por detrás daquele sorriso — as jardineirinhas chegaram.

— Ótimo! — respondeu. O que ela queria era sair dali. Odiava falsidade, mesmo sabendo que vendedores precisavam ser falsos para garantir seu sustento. — Vou querer as duas.

Após passar as peças de roupas no caixa, Margareth pegou o pacote e saiu, a pé, pois morava a poucas quadras dali. Zuriel, sozinho na loja até então, fechou-a rapidamente e correu até alcançar a gestante, que caminhava a passos lentos em meio a neve.

— Fim da linha, senhora. — Zuriel deu o mesmo sorriso falso e malicioso que dera minutos antes, na loja, e a empurrou. Margareth caiu de costas na neve fofa, porém, sua cabeça foi de encontro a uma rocha.

Quando abriu os olhos, Margareth Simpson sentiu estar no lugar mais estranho em que já estivera em sua vida. Estava nua, presa com cordas em uma árvore. Uma fogueira acesa ao seu lado exalava uma fumaça perfumada, que lhe deixava tonta e com vontade de voltar a dormir.

Contudo, o medo lhe deixava alerta. Estava aflita: clamava por socorro e enquanto gritava, pedia a Deus que salvasse pelo menos os seus filhos, que poderiam nascer a qualquer momento.

Duas pessoas se aproximaram. Um deles era o vendedor, o rapaz Zuriel, que mantinha o mesmo sorriso que a própria Margareth considerava imundo. Com ele, um homem: cabelos longos, muito negros, assim como sua barba e seu bigode, bem penteado, no estilo mustache. Este, que, parecia ser um feiticeiro ou bruxo, segurava um punhal.

Aproximou-se de Margareth e pressionou o indicador e o polegar contra o queixo da mulher.

— Anime-se. Tu foste a premiada. Serás a mãe dos garotos escolhidos.

Margareth nada entendia. E não precisava entender mais nada, pois o feiticeiro empurrou o punhal contra o seu ventre, fazendo com que ela sentisse uma dor horrenda e desfalecesse.

— Zuriel, tens certeza de que aqui é um bom local? — perguntou o feiticeiro, sem desviar o olhar do sangue que escorria do ventre de Margareth.

— Precisa ser mais depressa. Não temos muito tempo.

O feiticeiro enfiou as duas mãos no corte que fizera na barriga de Margareth e remexeu por algum tempo. Tempos depois, retirou os dois bebês, um em cada mão. Zuriel, com o punhal, cortou os cordões umbilicais.

— Elliot — disse o feiticeiro, vendo Zuriel colocar um cordão com um pingente no pescoço do primeiro bebê — tu representas a vida. Poderás regenerar-se de qualquer ferimento. — olhou para o outro bebê, em sua mão esquerda — Peter, o condenado — Zuriel colocou um cordão com pingente nele também — precisarás acabar com vidas para que possa garantir a sua. Enquanto estes garotos estiverem perto um do outro, esta profecia estará sendo cumprida.

Proferiu algumas palavras em uma língua estranha.

De repente, um tiro. Era a polícia. Zuriel, que tinha Peter nos braços, abriu suas asas de anjo, e voou, enquanto o feiticeiro colocou o recém-nascido Elliot numa cesta, mas não conseguiu correr por ser atingido por uma bala.

Caiu no chão, Os policiais vinham com as algemas quando, como num passe de mágica, o feiticeiro sumiu.

Elliot ficou abandonado. Dentro da cesta. Foi separado do irmão naquele dia.

A repercussão do caso durou muito tempo. Elliot foi para um orfanato, onde foi adotado por Sara Turner. A mulher deu-lhe o nome de Elliot, como estava no pingente do colar que o bebê trazia consigo. A mulher então, escondeu do filho a adoção, amando-o como se ele tivesse saído do seu próprio ventre.

Sara estava arrependida agora, pois com o filho supostamente morto, nunca lhe pôde contar a verdade.

Até então.


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Notas finais do capítulo

Se tiver erros, me avisem. (eu acabei de escrever)



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