POV Tris

Eu estava sentada na minha cama, olhando fixamente para a cama de Clary que ficava ao lado da minha, ele também ainda não havia dormido estava sentada com um caderno e lápis em mãos, provavelmente desenhando. Katniss que estava um pouco mais distante da minha cama estava deitada com um lençol a cobrindo até a cabeça, mas eu sabia que ela também não estava dormindo.

Suspirei e olhei o céu escuro pela janela, o céu estava escuro sem nenhuma estrela, tão pouco se via lua. Mesmo que Nova York tivesse mais vazia do que era, ainda havia luzes de mais à noite, o que tornava impossível ver estrela, sem contar que o tempo parecia estar nublado, era meio difícil de dizer.

Pensei em Calipso e em como ela nunca mais veria estrelas por minha causa. Eu a havia matado. A culpa havia caído em mim mais forte que nunca desde que “A” deixara o corpo dela em um caixão no hall, pensar que Calipso não era “A” e que ela havia morrido por nada me doía muito. Mas eu tinha certeza que ela era “A”.

– Vocês ouviram isso? – Katniss falou de repente. Ela não estava mais deitada, ela estava sentada e parecia atenta.

– Ouviram o quê? – Perguntei.

Katniss se levantou e pôs o ouvido na porta para tentar escutar algo lá foram, ela franziu a testa.

– Parece que tem alguém conversando lá fora – Katniss falou sem desencostar o ouvido da porta.

Clary bufou – Provavelmente é o Finnick e a Samantha ou então uma das meninas.

Katniss desencostou-se da porta – Provavelmente é a primeira opção, já os vi praticamente se comendo uma vez no corredor.

– E você continua encrencando com a Samantha – Falei exasperada.

Dessa vez foi Katniss que bufou – Olha eu só não consigo confiar nela e também tem aquela mensagem de “A”, ela obviamente esconde algo de nós.

– E você acredita em algo que “A” disse? – Tentei contrapor.

Katniss falou a mão – Você sabe como “A” trabalha não é? Ele ou ela conta a verdade, por que é melhor a forma de nos machucar.

– E eu também acho que não é só ela que está guardando informações – Calry falou – Acho que Percy e Finnick também escondem algo.

Clary parou por um momento e depois começou – Você sabe aquela mensagem que eu recebi de “A” que falava sobre Jace? – Assenti respondendo a pergunta dela – Então , hoje de manhã eu fui conversar com Percy, pergunta se ele já havia visto Jace em algum lugar por aí e ele respondeu que não. Mas o problema é que ele agiu de uma forma estranha, ele parecia estar mais evasivo, não sabendo o que dizer.

– Se ele estiver guardando segredos, eu não posso culpa-lo – Falei – Nós também temos nossos próprios segredos e não é como se eles nos conhecessem há bastante tempo.

– Bom, pelo menos a Samantha conhece – Katniss falou – Afinal, ela leu sobre todas nós ou vocês se esqueceram de que ela é desse mundo?

Revirei os olhos, percebi que Katniss nunca iria parar de encrencar com a Samantha e agora Clary estava ficando não só desconfiada dela, como também de Percy e Finnick. É claro, eu também não confiava tanto assim neles, mas eles não me pareciam ruins ou não dignos de confiança, na verdade eu tinha um pouco de inveja deles. Assim como nós, Percy, Finnick e Samantha também foram separados das pessoas que amavam, mas mesmo assim os três se uniram e formaram uma amizade forte, dava para perceber pelo modo como um tratava o outro.

E também era fácil gostar e confiar neles, Finnick era carismático, sempre de bom-humor e sempre com uma pose de um modelo e parecia fiel aos amigos. Percy era carismático também, sempre sarcástico e ás vezes parecia ser lerdo, mas quando se tratava de batalhas ele tinha um pensamento rápido, e sabia liderar. E Samantha, apesar de estar quase em depressão agora, parecia ser forte, além de ser muito habilidosa, mas ás vezes ela parecia ser uma incógnita.

– Acho que Katniss tem um ponto – Clary falou – Se Samantha leu sobre todas nós, então ela conhece nossos pontos fortes e fracos, nossa família, nossos amores e tudo. O que a impediria de usar isso contra nós?

Suspirei. Talvez ela tivesse um pouco de razão. Há alguns dias atrás, uma das meninas do Orfanato me deu o livro que contava minha história e eu acabei lendo. Eu me impressionei, o livro era tão pessoal que poderia se facilmente uma biografia minha, era como se à medida que eu ia lendo, eu fosse revivendo tudo de novo e pensar que milhares de pessoas leram algo tão pessoal me incomodou, eu me sentia violada.

Qualquer pessoa que leu esse livro deve saber como eu me sinto e isso era assustador. Uma ideia começou a pinicar na minha cabeça.

– Gente e se “A” leu os nossos livros, ele sempre parece saber tudo e também parece saber como a gente vai reagir a cada coisa – Falei.

– Isso é um pouco obvio – Katniss falou com um pouquinho de sarcasmo na voz, o que me impressionou, não era um recurso que ela usava muito.

– O que quero dizer é que são muitos livros e ele parece saber de tudo, o que me faz pensar se “A” não leu todos os nossos livros antes de nós chegarmos nesse mundo e se ele for desse mundo – Falei deixando a ideia afundar na mente delas e na minha própria.

Foi então que um grito irrompeu e eu me levantei assustada. O grito parecia vir de algum lugar lá fora, mas ao mesmo tempo ecoava pelo quarto como se tivesse vindo também de algum lugar lá de dentro, olhei nervosamente para Clary e Katniss.

– Parecia ser a Samantha – Clary falou nervosamente.

Eu comecei a me dirigir até a porta com Clary e Katniss logo atrás de mim, quando saímos do quarto, os outros também já haviam saído, eles pareciam alarmados e preocupados. Notei que Percy e Finnick estavam sozinhos e não era possível ver Sam em lugar nenhum do corredor.

– Vocês ouviram isso? – Leo falou, seus olhos estavam com algumas olheiras, mas ele parecia estar bem acordado.

– Veio de algum lugar lá embaixo – Harry falou, ele tinha sua varinha em mãos.

Finnick franziu a testa – Onde está Samantha?

Por alguns poucos segundos todos se calaram, como se tivessem percebido que o grito fora provavelmente foi de Samantha. Então todo mundo começou a descer e corredor e as escadas, no hall tudo parecia quieto, a única coisa que denunciava que alguém tinha estado por lá era porta da frente que se encontrava aberta.

Nós saímos pela porta e fomos para o pátio, havia uma figura de cabelos pertos encaracolados e longos curvado sobre um amontoado de terra, mesmo estando ainda um pouquinho longe de Samantha, era possível a ouvir chorar, eu e os outros corremos na direção dela.

Finnick deu um grande abraço protetor e aninhou a cabeça dela no seu peito.

– O que houve? – Ele perguntou. Samantha apontou um dedo meio tremulante na direção de um amontoado de terra.

Mas foi então que eu vi o motivo de Samantha ter gritado, no amontoado de terra, havia um rosto humano saindo da terra, era um garoto de cabelos loiros dourados e o pior eu o conhecia, já vi fotos daquele garoto. Era o namorado de Clary, Jace Herondale.

– Jace! – Foi a vez de Clary gritar, ela correu para o amontoado de terra e começou a cavar violentamente com as mãos.

Logo Leo e Percy havia ido até ela e começado a cavar também. Não muito tempo depois, eles já estavam tirando o corpo de Jace da terra, Leo, Harry e Percy ajudaram a eeguer o garoto e se dirigiram até a entrada do Orfanato, Samantha não falou, mas era meio obvio quem havia feito isso. Era “A”.

Quando entrei no hall do Orfanato, parei um pouco abismada, os outros seguiram o seu exemplo e ficaram de boca aberta com o que viam.

– M-mas s-só saímos alguns minutos – Leo falou gaguejando um pouco.

O chão do hall de entrada estava coberta de celulares smarthphone, foi então que todos os celulares ressonaram com um bipe agudo, o que fez um barulho infernizante. Peguei um celular e li a mensagem, os outros fizeram o mesmo.

“Estou entediado, quero jogar um pouco com vocês. Eu posso fazer Jace acordar desse coma agora, mas vocês vão ter que me dar algo, eu quero um segredo. De preferência um segredo seu, Tris. Beijos, –A “

Minha cabeça rodou e meu coração acelerou, eu sabia muito bem o que “A” queria o que eu revelasse. Mas eu não podia, eu não estava preparada para contar à Leo, o garoto que era amável e feliz, que a namorada dele tentou me matar e me fez pensar que ela era “A”, mas no final eu havia caído na armadilha de “A”, quando o mesmo estava só planejando seu próximo passo.

Eu devia ou não deveria contar? O que se dizer? Minha mente estava cada vez mais confusa, percebi que todos me olhavam , foi aí que outro bip suou, eu peguei o celular e deu uma olhada na mensagem que fora anexado com uma foto. Meu coração foi para a garganta quando vi que era uma foto de uma garota loira com uma faca nas mãos e enfiada na barriga de uma menina com capuz na cabeça. Olhei e li a mensagem:

“Demorou muito Tris. Eu resolvi lançar seu segredo antes. Pequena Assassina. –A”

Olhei para Leo e havia lágrimas irrompendo deles, Harry, Clary e Katniss não se mexeram, eles estavam perplexos. Leo levantou a cabeça e me olhou nos olhos, meu coração apertou quando vi a expressão nele, era de pura tristeza. Ele deu meia volta e saiu correndo do Orfanato.

Duas palavras ecoaram na minha mente. Pequena Assassina.

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POV Finnick

Eu estava sentado na sala de estar do Orfanato pensando em como as coisas podem ser destruídos por causa de um segredo, por causa de uma mentira. Vejam só desde que Leo descobriu sobre o verdadeiro motivo da morte de sua namorada, Calipso, há 30 horas atrás e fugiu, o clima na caso estava tenso, ninguém falava com ninguém, até as meninas do Orfanato que costumavam ser animadas estavam mais caladas que o normal.

Barbara, Pietra, May e Emanuele estavam sentadas em um semicírculo jogando um Uno e num canto mais distante Marina, Esther, Ju, Alice e Ariana jogavam Banco Imobiliário numa tentativa de se animarem, mas eu percebi que elas estavam nervosas, como se pressentissem algo horrível vindo.

E esse algo horrível vindo era a tal tempestade que estava vindo e chegaria amanhã, eu já havia visto vários relatos horríveis sobre essas tempestades. Era obvio que havia algo de estranho nessa tempestade, algo de sobrenatural.

Vi Samantha entrar na sala de estar, ela se dirigiu até mim e se sentou ao meu lado no sofá, eu a puxei para mais perto de mim e ela repousou a cabeça dela em meu peito eu a envolvi em um abraço, ultimamente ela estava mais suscetível a abraços, o que era bom.

– Como está? – Perguntei à ela enquanto eu acariciava os cabelos dela - Está melhor?

– Bom pelo menos eu saí daquele quarto – Ela falou – Acho que se eu passasse mais tempo lá eu ficaria mias louca do que eu estou.

Dei uma risada baixa e olhei para ela, olhei para aqueles olhos azuis que me davam uma sensação de paz e que me levava ao paraíso toda vez que os olhava. Aproximei meus lábios do dela e a beijei, um beijo calmo e terno, cheio de pureza e sem malícias ou segundas intenções. Era durante esses beijos que eu percebia o quanto eu estava apaixonado por Samantha Jenner.

Ela se afastou de mim – Percy ainda não voltou?

Eu balancei a cabeça – Ainda não. Eu estou bem preocupado.

No momento em que Leo havia fugido, Percy foi tirar satisfações com Tris, os dois haviam brigado feio e Percy soltou algumas palavras nada lisonjeadoras para Tris. Logo depois, ele partiu a procura de Leo e até agora não havia voltado.

– Ele vai ficar bem, ele sempre fica.

– Com aquela cabeça cheia de plantas aquáticas? Duvido – Falei brincado.

– E Jace? –Samantha falou – Ele já acordou?

Balancei a cabeça – Não.

Depois que Percy foi embora atrás de Leo, Jace acordou, ele parecia confuso, não falou nada, mas quando viu o rosto de Clary sua expressão se tornou de puro terror e ele começou a se debater, ele parecia aterrorizado e desesperado, então tão rápido quanto aquilo começou ele caiu no chão desacordado de novo e desde então não acordou mais.

– Espero que ele fique bem – Samantha – Não parecia ser ele ontem, na hora em que ele acordou.

Eu dei um beijo na testa dela – Deve ter sido horrível para você ontem, encontrar ele daquela maneira.

Ela soltou um longo suspiro – E foi. Eu pensava que Jace estava morto, eu não sei se aguentaria ver outro cadáver Finnick.

Samantha nunca falaria, mas eu sabia que ela estava com muito medo, a morte da mãe dela havia a deixado mentalmente exposta, ela estava mais sensível do que nunca.

Samantha me olhou – Vamos lá para cima?

Eu assenti.

Logo nós estávamos saindo da sala de estar e nos dirigimos até a escada, andamos pelo corredor do segundo andar da casa e encontramos o quarto onde Percy, ela e eu estávamos dormindo. Eu a puxei para o quarto e fechei a porta, envolvi a cintura dela com meus braços e a beijei.

Mas não foi um beijo calmo, foi selvagem e apaixonado. Senti as mãos delas começaram a passar pelas minhas costas por cima da camisa, cada toque dele me enviviava arrepios e me excitava. Eu precisava dela. Precisava não, preciso. O beijo dela, o toque das mãos macias dela, era tudo o que eu precisava para me sentir vivo.

Eu me separei dela por alguns segundo para tirar minha camisa e voltei a beijá-la num ritmo ainda mais forte que antes, senti as unhas dela arranharem minhas costas e aquilo simplesmente me deixou louco, comecei a tirar a camisa dela, ela levantou as mãos e eu terminei de tirar.

Eu senti as pernas dela envolverem minha cintura e eu comecei a leva-la para a cama mais próxima, ela caiu em cima da cama e sorriu para mim, eu sorri de volta e tirei minha calça ficando só cum uma box preta, ela fez o mesmo com a calça dela, Vê-la só de roupa e sutiã deveria ser considerada algo como uma das 7 maravilhas do mundo.

Eu me deitei na cama sobre ela e me beijei o pescoço dela sentindo o cheiro que sua pele exalava, algo que era como rosas, um cheiro delicado e a pele dera era tão macia, parecia como pele de recém-nascido. As mãos dela acariciavam meus abdomens e cada carícia dela provocava espasmos em meu corpo, a mão dela deslizou até minha bunda, eu interrompi o beijo e sorri para ela.

– Por que vocês mulheres tem uma tara por bundas? – Perguntei.

Ela sorriu – Eu não sei sobre o que você está falando.

E ela voltou a me beijar. Logo já não havia peças de roupa que no separasse e nós estramos numa dança, tão leve quanto a valsa e tão quente e excitante quanto ao tango e continuamos numa dança até o ápice que foi como uma explosão de aplausos.

Eu me separei dela, depois de alguns minutos, um pouco ofegante. Eu tinha um sorriso bobo estampado no meu rosto, Samantha sempre me deixava assim, nas nuvens. Olhei para ela e percebi que ela estava tensa, como se tivesse tomado uma decisão e não gostasse das consequências.

– Eu preciso te contar algo – Ela falou.

– E precisa ser logo agora? – Falei e me aproximei dela, juntando nossos corpos nus – Ou pode ser depois da nossa segunda rodada?

– Finnick, é sério – Ela falou – Eu vou te contar algo, mas você tem que prometer que não vai falar nada e nem me julgar até que eu termine. Por favor, Finnick, eu preciso contar para alguém, se não eu vou enlouquecer.

Eu me levantei começando a ficar preocupado – O que está acontecendo?

– Só fique calado, ok?

Assenti – Ok.

– Antes de eu encontrar Jace, Pain apareceu para mim, aqui no Orfanato – Samantha falou, os olhos delas estavam vermelho, como se reprimisse um choro.

– E o que ele disse? – Perguntei preocupado.

Ela suspirou, percebi que ela estava tremendo – Acho que ele quer que eu me junte a ele e ele me falou que eu estou... – Ela parou.

– Está o que? – Falei com o tom de voz mais alto do que eu pretendia.

Ela suspirou – Ele disse que eu estou grávida.

Meu coração parou, eu senti que minha circulação de oxigênio no cérebro também havia parado, por que eu não consegui pensar, as palavras dela afundando na minha cabeça. Grávida. Meu coração palpitou, eu não conseguia definir o que eu estava sentido, se era medo, felicidade, pavor, animação, tristeza, talvez tudo junto.

– E de quem é o filho? – Perguntei e rapidamente me arrependi. Obviamente o filho era meu, eu ia ser pai. De novo.

Samantha me olhou, lágrimas começaram a se formar, ela saiu da cama e colocou a roupa em uma velocidade quase não humana e saiu do quarto sem falar nada. Eu fiquei ali olhando como um bobo pela porta, sem entender por que Sam havia fugido.

Então bip suou vindo do celular de Samantha que estava em uma estante. Eu peguei o celular e li a mensagem que havia chegado. O engraçado era que as palavras não faziam sentido para mim. Por que ele ou ela enviou essa mensagem.

“Nada é o que parece. –A”