Corações Convergentes escrita por Anníssima, Willie Mellark


Capítulo 9
Capítulo 8 - FourTris III


Notas iniciais do capítulo

Notinha da Willie^^:
Olááá Divergentes !!!
Tudo bem com vocês???
Esperamos que sim hahay
Queremos agradecer com abraços apertados e beijinhos estalados (e lágrimas também) as recomendações lindas que recebemos, querida Liesel Mills e Aloenne vocês são Divas, e esse capítulo é dedicado a vocês!
E para os que favoritaram e comentaram, saibam Amamos Vocês e que se fosse por estas demonstrações certamente que não teríamos ânimo para escrever !!! :3
Obrigadinhaaaaa!
Boa Leitura!!!!
P.S. Dvgt - por Tobias a gnt deve postar amanhã!



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Se fosse possível tomar de volta para si as palavras, Tobias teria feito. Evidente que Tris não estava preparada para passar uma noite ao seu lado.

– Desculpa. Se você não se sente à vontade, eu não preciso ficar. – Com a cabeça baixa ele já imaginava se aquele não era o momento ideal para sair dali e ir embora para seu próprio quarto, ou pelo menos, aquele que ainda chamava de seu quarto, considerando que não sabia se poderia continuar no complexo da Audácia. Apesar de tudo, da escolha errada que sempre pensou ter feito a respeito da Audácia, aquelas instalações eram o mais próximo que ele tinha de uma casa. Além disso, ele dormiu três vezes ao lado de Tris naquele local e esta era a maior importância que ele atribuía aos poucos metros quadrados em cuja uma parede ostentava máximas de temor exclusivo a Deus.

– Não é isso. É só que... – O sentimento de timidez era como uma torrente que inundava Tris. Ela se virou para a enfermeira. – Pode nos dar licença por um momento?

– Sim, mas o doutor deu indicações de que você não deve ficar sem acompanhamento, como você deve saber. Por isso seu irmão passou todas as noites aqui. Então, se precisar me chame. – Com o assentimento de Tris, a gentil senhora saiu fechando a porta atrás de si.

– Tris, não tem problema. Eu vou embora e volto amanhã bem cedo. Fui imprudente em sugerir isso.

– Eu nunca dormi junto com outra pessoa. – Ela parou e coçou a cabeça. - Quer dizer, que idiota! Claro que já dormi. Christina me disse que na Audácia o dormitório era misto. Hum... Tobias? Eu e você... – O rosto de Tris incendiou e ela decidiu que era melhor não dizer o que pretendia. Era demasiado estranho pensar em ficar tão próxima e íntima de outra pessoa. - Acho que as pessoas pensariam errado sobre isso... Quer dizer, você sendo meu namorado...

Tobias sorriu minimamente. Era bonitinha a forma como ela se confundia em meio às palavras. Estava envergonhada e não foram tantos os momentos que viu insegurança tomar conta da face de Tris.

– Não estou tentando fazê-la mudar de ideia, mas você sabe que não existem mais facções. As regras da Abnegação sobre esse tipo de coisa já não valem de nada e, mesmo se fosse o caso, nós dois pertencíamos oficialmente à Audácia que não era bem o que podemos chamar de conservadora. – Disse e tocou o rosto dela. Um gesto tão leve e carinhoso que os muros que a mente de Tris tentava construir para que não permitisse que ele ficasse com ela iam sendo derrubados um a um até jazerem em pó compactado no solo.

Por mais que as lembranças de duas noites e duas horas - durante o dia em que se realizou a cerimônia da iniciação - que partilhou com Tris em seu quarto fossem bem-vindas, a possibilidade de estar com a garota real e não aquela alojada em seus pensamentos ardia em sua pele. Ele não queria forçar. Por outro lado, desistir não era uma coisa que fazia parte de sua natureza. Se Tobias gostasse do que viesse com facilidade teria escolhido outra facção.

– Olha, que tal isso? – Tobias levantou e carregou a cadeira ao lado do leito de Tris até a parede no canto oposto. – Eu posso dormir aqui. – Apontou para a cadeira. – E você fica quietinha na cama. – Se aproximou novamente dela. – Teremos todo esse espaço de distância e ainda posso manter um olho em você a noite toda. Você tem de admitir, esse é o plano perfeito.

Não é como se ela não visse que ele estava realmente se esforçando, mas um ponto impertinente dentro do peito dela queria gritar para que a cadeira fosse trazida de volta para o seu lugar.

Para perto dela.

Já estava tacitamente decidido que Tobias poderia ficar e não era necessário colocar distância entre eles. Por mais absurdo que pudesse parecer, ele detinha um carisma que ela conseguia notar com mais clareza esta noite e essa característica a influenciava a se sentir segura e em paz. Talvez a palavra confiança fosse a ideal para este estado de espírito que ele a proporcionava. Só que ela não se sentia bem com qualquer nomenclatura que viesse a resumir os momentos em que estava na presença dele. As sensações eram sempre tão complexas e profundas que transcendiam a qualquer parca definição.

O problema é que ela mesma havia colocado empecilhos para que ele pernoitasse em sua companhia e seria um contrassenso pedir que não ficasse longe. Ela não precisava adicionar estranheza em suas ações para corroborar o que todos pensavam: Tris estava desorientada. Decidiu não discutir e aceitar o que pudesse ter.

– Tudo bem. Acho que já está na hora de dormir. Parece que esse dia teve mais horas do que o normal. – Sorriu para Tobias. – Será que você pode avisar a enfermeira que ficará?

– Eu já volto. – Tobias se aproximou dela e deu um beijo suave em sua têmpora antes de sair.

Já do lado de fora ficou satisfeito consigo mesmo por ter conquistado mais nesta noite do que fez a semana toda. Comunicou a funcionária – com certo sorriso orgulhoso – que ele cuidaria de Tris e se comprometeu a chamar, caso precisasse de ajuda. Ao retornar para dentro do quarto viu que Tris deveria estar realmente cansada. Ela tinha um sono tranquilo e uma expressão pacífica, espalhando ondas de calmaria nele próprio.

Agora que ela repousava em uma paz lânguida, ele sentia o fardo do dia em seus ombros. Precisava descansar também, mas não adormeceu de pronto. Não queria dormir para poder observá-la. Pensou nas vezes em que quase a perdeu e no quanto daquele rosto estava gravado nele já que era o primeiro e o último que rememorava todos os dias ao ser visitado pela aurora e o crepúsculo. Com as mãos unidas em dedos cruzados sobre seu peito Tobias assistia as respirações e as pálpebras levemente trêmulas de Tris como se fosse um espetáculo - ou coisa similar - extremamente interessante. Por mais que a hora avançada anunciasse que ele deveria se deixar conduzir pelo sono estava absorto demais.

E, ainda bem, pois do contrário teria perdido uma das melhores partes desse encontro.

Em seu sono, algo a agradou. Ela se remexeu muito pouco e um sorriso enfeitou seu rosto. Murmurou tão baixo que Tobias não ouviu da primeira vez que ela disse. Ele se aproximou a tempo de ouvi-la dizer mais uma vez.

– Tobias.

E só. Nem mais uma palavra. Não que qualquer coisa a mais do que ela ter sorrido e dito o nome dele fosse necessária. O peito de Tobias trovejou em reposta.

Ela sonhava com ele e sorria.

Estava feliz por tê-lo junto de si, lá em seu sonho.

Deliciado com isso, sentou-se novamente e, dessa vez, permitiu-se dormir, mas cerca de duas horas depois acordou com sons que logo descobriu partirem de Tris se debatendo em sua cama. Ela gritava palavras desconexas. Tobias se apressou para perto dela e balançou com cuidado seus ombros, o suficiente para que ela despertasse.

– Tris, está tudo bem. Acorde. – Ele disse já sentado na cama. – Eu estou aqui.

Ao abrir os olhos e ver Tobias, ela o abraçou com força e esperou que os soluços que estouravam em sua garganta se dissipassem. Se concentrou na constância das respirações e dos batimentos cardíacos dele e aos pouco foi se acalmando. Todas as noites era perturbada por pesadelos que pareciam reais e este não fugiu a rotina. Estava presa em uma caixa de vidro e a água subia até atingir o teto. Podia sentir a dor de seus pulmões inundados por líquido enquanto ela deixava a vida.

– Você quer conversar sobre o sonho? – Tobias perguntou enquanto colocava uma mecha de cabelo dourado atrás da orelha dela.

– Não, mas tampouco quero dormir. Você pode se deitar aqui? Por favor?

Como se ela precisasse pedir por favor quando tudo o que ele queria era sentir o calor do corpo dela junto ao seu mais uma vez. Não respondeu. Tirou os sapatos e deitou na cama, ajustando seu corpo de modo que se encaixasse sob o dela. Tris encostou o rosto sobre o peito dele e colocou a mão acima de seu coração ao mesmo tempo em que Tobias acariciava o topo da cabeça dela com o queixo e mantinha um braço envolto às suas costas.

– Obrigada por ficar. – Tris conseguiu dizer após um tempo.

– O que você precisar. – A parte racional dele lhe alertava que era madrugada e ambos estavam exaustos para que dissesse tudo o que seu coração queria deixar escapar, como que ficaria para sempre e outras coisas do tipo. – Vamos, agora descanse. Está tarde.

– A gente costumava ficar assim? – Ela perguntou em meio a um bocejo. Tobias parou de correr as mãos pelas costas dela.

– Algumas vezes. – Não podia mentir, mas a verdade poderia assustá-la. O corpo de Tobias ficou tenso, mas Tris nem percebeu, pois estava relaxada e a um passo de adormecer.

– Agora eu entendo o porquê. – Disse com a voz arrastada de sono e Tobias ficou imaginando o significado daquelas palavras. Beijou os cabelos dela. Fez juras mudas de que as coisas seriam diferentes e que iria protege-la mesmo que fosse de seus pesadelos, assim como prometera certa feita na sede da Amizade.

– Eu vou ser digno de você. – Disse e a apertou uma fração a mais para perto de seu peito. – Eu juro.

Uma vez dita estas palavras, ele adormeceu pela segunda vez. Agora, com a diferença de que o desconforto da cadeira gélida de metal foi substituído pelo colchão e a maciez do corpo de Tris sobre o seu. Um braço cobrindo o tronco dele e uma perna cruzada com a sua.

✱✱✱✱✱

Estava sentada sobre um gramado cortado rente ao solo e sentia o orvalho matutino umedecer os tecidos de suas roupas e pequenas folhas da relva pinicarem suas pernas, enquanto a brisa branda balançava pequenas madeixas de seu cabelo. Levantou-se espanando com as mãos, grãos de terra que ficaram presos em suas roupas e caminhou em direção a uma árvore de tamanho mediano que se impunha logo à sua frente. Um balanço atado a dois de seus galhos era movimentado com o ruflar do vento.

Olhou para cima e um vulto escorregou em um pulo curto para baixo. Um garotinho de cabelos castanhos abraçou suas pernas alegremente.

– Te peguei! Agora é sua vez! – O garotinho com ares de vitória e saiu correndo. Já com alguma distância de vantagem olhou para trás, diretamente na direção de Tris. O sol que começava a se livrar de uma nuvem que parcialmente o encobria lançou raios sobre o corpinho da criança, proporcionando-lhe a visão de seus olhos azuis claros e seu sorriso maroto.

✱✱✱✱✱

Acordou um pouco atordoada, mas não demorou a entender que estava em seu quarto de hospital. Pensou um momento e se lembrou que Tobias passara a noite com ela, mas ao que parecia já havia partido. Não tinha se despedido e nem lhe deixado um bilhete. E, por mais que tentasse não dar demasiada importância a isso sentiu-se triste.

Após alguns minutos em que tentava pensar em qualquer coisa que não fosse Tobias, eis que a porta se abriu, revelando a figura de seus pensamentos, sorridente e com um copo de suco na mão.

– Bom Dia. – Disse entregando o copo para Tris. – Dormiu bem?

– Sim – Ela respondeu baixinho. – E você?

– Como há vários dias não conseguia. – Tobias a analisou por alguns segundos. – Está tudo bem com a gente, não está?

Ela pensou sobre isso e concluiu que as lembranças podiam tê-la deixado, mas o a alegria em descansar em seus braços permanecia vívida. Mesmo não recordando de todo o passado, Tris sabia onde deveria estar.

– Sim.

As forças de Tobias foram miraculosamente renovadas. Aquilo significava que toda a conversa da noite anterior não havia sido resultado de um dia peculiar e não se tratavam de palavras vazias, ditas no calor de uma esbaforida e nada planejada declaração da parte dele.

– Não vejo a hora de ver a nova Chicago... De sair desse quarto. – Tris disse olhando em direção à porta.

– Eu sei – Ele sorriu, sem conseguir parar de olhá-la – Faço questão de te mostrar tudo, assim que estiver melhor.

– Obrigada. – Ela sussurrou. E, mentalmente este agradecimento se estendia muito além do oferecimento dele por ser seu guia pela cidade.

– Eu tenho que ir. – Tobias começou a se levantar. – Preciso conversar com Evelyn e Johanna. – Disse inclinando-se e a beijando de leve em sua bochecha. – Volto mais tarde.

Assim que a porta foi fechada. Tris repetiu o nome Evelynmúltiplas vezes e, em todas, o mau pressentimento era o mesmo. Fechou os olhos sentindo sua mente querer mostrar-lhe algo; falhou. Sentia-se pior. Batalhar por lembranças a deixava esgotada.

Levou o copo que Tobias lhe entregara à boca. Contraditório, mas enquanto sentia o doce do líquido experimentava o amargor de uma nítida certeza de que algo ainda não estava em seu lugar.


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Notas finais do capítulo

É isso, galera.Este capítulo foi de passagem. Tem algumas coisas nele que serão importantes para os pxs! Chegou a hora de esquentar as coisas... O próximo capítulo teremos um personagem muito querido! Ironias à parte quanto ao 'querido', nós esperamos que tenham gostado. Revelações à vista!!! :(
Por favor, comentem. Percebemos o sumiço de alguns leitores... Ah, não façam isso... Voltem! :) Sintam-se à vontade para recomendarem... Hehe
Beijinhuuuuus! ;D
Outra fanfic:
http://fanfiction.com.br/historia/465150/Divergente_-_por_Tobias_Eaton/