Corações Convergentes escrita por Anníssima, Willie Mellark


Capítulo 8
Capítulo 7 - FourTris II


Notas iniciais do capítulo

Notinha da Annie^^
Oi, pessoal!
Desta vez não demoramos!!! ;D
Agradecemos muitíssimo pelos comentários.
Vcs são leitores incríveis, sem dúvida. Tudo fica mais colorido em nossas vidas quando lemos os recadinhos queridos de vcs. Cada um deles é especial para nós duas!!!
Bem, esperamos que gostem do capítulo e, para sermos sinceras, estamos um pouco inseguras e ansiosas, então, nos digam lá embaixo o que acharam, sim???!
Também aceitamos recomendações. Elas são suuuper bem-vindas!!!
Beijinhos e boa leitura!



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Após uma breve pausa, Tobias sorriu.

– Eu era seu instrutor e você era a transferida mais teimosa e atrevida do grupo.

– Hum... Parece que todos que vêm a esse quarto têm a mesma opinião. – Tris respondeu fechando os olhos para focar nas palavras de Tobias. Talvez a sua voz e os fatos contados por ele criassem a projeção das memórias em sua mente. – Continue, por favor.

– Você foi a primeira pular. Deveria ficar orgulhosa de si mesma. Nunca houve um transferido da Abnegação que pulasse primeiro. – E com um sorrisinho enviesado emendou. – Se estiver se perguntando, eu não fiz, foi Zeke. Também foi a primeira a me desafiar. Disse que eu era acessível como uma cama de pregos. – Tris riu ainda com os olhos fechados. Sua procura por lembranças havia sido esquecida, momentaneamente. Ela queria apenas ouvir a voz rouca que lhe trazia calma.

– Zeke e os outros também concordaram com você. – Tobias riu com gosto. – Sabia que depois Zeke disse que eu era gentil como um estalo de chicote nas costas?

– Verdade? Porque pelo que eu entendi você e Zeke são muito amigos e se ele disse isso significa que você não é muito legal. – Ela disse ao mesmo tempo em que abriu os olhos, encontrando um Tobias um pouco emocionado diante de si.

– Você se lembrou de alguma coisa? – Tobias questionou com um entusiasmo que caiu por terra pelo balançar negativo de cabeça de Tris. – É que você já me disse algo parecido uma vez.

– Sinto muito. – A culpa retornou à Tris com força.

Tobias levantou o queixo da garota para fazer com que ela olhasse diretamente para ele.

– Ei, não fique triste. Acho que você não lembraria de qualquer jeito. – Disse com um meio sorriso.

– E o que isso quer dizer? – Tris questionou com uma expressão curiosa.

– Digamos que foi a primeira vez que você respondeu que gostava de mim. O que no fim não contou muito, considerando que você estava fora do seu juízo normal. – Antes que ela o perguntasse mais sobre a sugestão lançada, ele a silenciou com o indicador. – E essa é uma história para outro dia.

Embora a interrupção tenha servido para calar a garota, Tobias poderia ter retirado o dedo dos lábios dela se não houvesse uma força magnética, impedindo-o de se soltar.

– Confesso que me tornei uma espécie de perseguidor seu... – Ele murmurou com os olhos fixos na boca de Tris. – Gostava de te observar no refeitório quando estava com Christina e os outros. Eu via seus sorrisos para seus amigos e me apanhava imaginando se você sorriria para mim daquela forma também. – O coração de Tris batia mais rápido do que corriam os trens nos quais os membros da Audácia pulavam para dentro. - Queria iniciar uma conversa com você, como as que você tinha com todos os outros, mas você era evasiva no começo. Você era assim comigo.

“Isso foi um tormento por tanto tempo... Primeiro, eu não sabia o que acontecia comigo por varrer os lugares com os olhos à sua procura. Por que você se destacava mais do que os demais transferidos? Eu não achava resposta, por isso tratei de dizer a mim mesmo que deveria ser por causa da nossa antiga facção ou porque eu conhecia sua família. Conforme os dias passavam, eu me sentia irritado quando outro garoto se aproximava de você. Com a ajuda de Shauna entendi que aquilo não era raiva e sim ciúme.”

As comportas que seguravam a verdade haviam sido abertas e, agora, as palavras escoavam em um fluxo constante através da boca de Tobias. Lágrimas brotavam dos olhos de Tris. Não sabia se era de remorso, solidariedade ou compaixão.

– Eu nunca tinha sentido essas coisas, mas a necessidade de estar com você e falar sobre o que fosse somente crescia, até que um dia, em uma luta entre você e outro iniciando chamado Peter, eu tive a confirmação espelhada no desespero, medo e preocupação que senti... - Ele disse lentamente. Um músculo bateu em seu queixo enquanto olhava para frente. - Eu gostava muito de você. E, não importava que você era dois anos mais nova ou, pior, uma inicianda sob minha instrução. Simplesmente não podia frear e nem ao menos sabia o que se passava em sua cabeça.

“Em várias noites, sozinho, em meu quarto, repassei conversas que tivemos. Eu precisava encontrar algum momento em que você estivesse afetada por mim como eu estava... Você parecia quase o tempo todo imperturbável. ‘Dura como uma pedra’, como te disse em uma ocasião.”

Tobias balançou a cabeça. – Eu estou totalmente incoerente. Atropelei tudo. Desculpa. – Sentou-se na beirada da cama de Tris. - Eu continuo esta história depois, afinal, existem outras coisas que acho que você gostará de saber. - Disse antes de começar a narrar pequenos fatos que aconteceram durante a iniciação e sendo atentamente observado por Tris ao longo de sua explanação.

Ele acariciava a mão da garota distraidamente com o polegar e Tris pensou em afastá-lo. Em sua antiga facção isso não era permitido, porém quando ele a tocava daquele jeito não conseguia pensar em como um carinho singelo e puro daquele poderia ser interpretado negativamente. Estar com Tobias não era – em absoluto – errado.

Aos poucos, ela imaginava como era a sua vida na Audácia. Tobias descrevera como foi à primeira vez em que a viu e como ela confundia as simulações. Contou-lhe também quando ambos entraram em sua paisagem de medo e ela o ajudou.

Sabia que Tris não poderia recuperar sua memória, apenas ouvindo esses relatos. O doutor James havia lhe dito, no mesmo dia em que ela acordara. Só com o tempo poderiam ver se a memória dela seria recuperada. Não tinha a intenção de forçar lembranças para dentro dela. Tão somente desejava que ela soubesse os momentos que passaram juntos e conforme seu relato prosseguia, Tris ficava ainda mais fascinada com a maneira como ele falava. Era como se todo seu amor e admiração existissem somente para ela. Seu jeito de olhá-la, seu delicado toque, seus sorrisos tímidos. Era inegável que ele a encantava.

Depois de seus pais e Caleb, Tris teve certeza de que o amou.

Ou o ama? Como explicar assim a falta que ele lhe fazia? Ou da alegria de ouvir a sua voz? E de como seu coração e o restante de si, respondia ao seu toque sem esforço algum? E de onde vinha essa vontade de repousar em seus braços?

Estar com ele parecia seguro e certo, como se finalmente tivesse encontrado seu lugar no mundo desde que acordara. Poderia até sentir-se mal por não se recordar de seus momentos. Contudo, ela decidira que não faria empenhos de lembrar agora. Preferia gravar cada pedacinho dele em sua mente, e dessa vez não esquecê-lo.

A face de Tobias parecia feliz, só que ela não se deixava enganar pela relativa aparência, já que ele ostentava olheiras profundas que denotavam o quão cansado estava. Era claro feito água que ele não vinha dormindo direito há dias. O mesmo acontecia com Tris que, embora dormisse passou a sofrer de terrores noturnos. Mais um bônus - acreditava ela -, que Jeanine Matthews lhe dera.

– Então, eu entrei com você na sua paisagem de medo? – Ela o analisou e continuou. – Por que fez isso? Digo, por que me deixou entrar lá com você?

– Queria que me conhecesse por completo e confiasse em mim, assim como confiava em sua família. – Ele abaixou a cabeça e olhou em direção à porta. - Não nego que eu também queria fazer parte da sua vida.

– Você devia gostar muito de mim. – Ela sussurrou para ele com o coração martelando forte e sentindo um ponto latejante em sua têmpora.

Ah, não. Agora não. Tris pensou assim que sua visão começou a ficar novamente embaçada. Ciente de que quando isto acontecia, imagens distorcidas inundariam sua cabeça, assemelhando-se à simulação que lhe fora administrava pela mulher tatuada da Audácia – Tori.

– Não gostava e nem gosto. Eu te amei desde que você bateu naquela rede, Tris. Eu só não sabia o quanto no começo. – As palavras que Tobias pronunciavam pareciam muito distantes para os ouvidos de Tris.

Ela piscou diversas vezes, não pelo choque do que lhe dissera Tobias, ou por seus batimentos descompassados. Cenas disformes passaram por seus olhos, tendo a voz de Tobias ao fundo. Sua cabeça doeu ainda mais e uma lembrança nítida se formou em sua mente.

Tris sentia adrenalina espalhar-se em suas veias e era revigorante. Sua concentração estava reservada às barras frias e decrépitas da escada instalada na lateral da enorme roda. Um único pensamento: capturar a bandeira. Uma prioridade naquele momento.

– Tris. – A voz familiar logo atrás dela fez seu coração saltar uma sutil batida. E não achava que fora pelo medo da altura que enfrentaria.

Aquela voz a distraia de certa forma

Sentiu um aperto no peito. Estava em seu quarto, no hospital. Passado e presente se interligaram diante dela. Dentro da cabeça dela.

Aquela voz era de Tobias, o mesmo que acabara de declarar-se?

Piscou outra vez.

– Sim. – Ela respondeu à Tobias.

– Eu vim para descobrir o que você acha que está fazendo.

– Eu estou procurando por um lugar mais alto. Não acho que esteja fazendo nada demais.

Roda-gigante.

Rajada de vento.

Engrenagens em movimento.

E chão.

Aquilo elevara seu nervosismo. Tensão a dominou e o ar ficou preso em seus pulmões. Antes que pudesse se reorientar, um flash de um beijo apareceu em sua mente, mas dissipou-se tão rápido quanto surgiu. Olhou para Tobias que a observava com preocupação e se viu refletida em suas íris. Ele percebeu que algo a perturbara e com esforço deteve-se de questioná-la porque aguardaria que ela mesma lhe dissesse.

– Está tudo bem, Tobias... Dor de cabeça. – Forçando um sorriso, Tris encostou-se melhor em seus travesseiros agora que os músculos haviam relaxado.

– Tris? - Tobias disse. Abriu e fechou a boca, mantendo-se em silêncio.

– Você está tremendo. – Tris afirmou com o cenho franzido.

– Eu não sei como estamos... Entendo que as coisas estão diferentes e que para você tudo é uma novidade. – Ele tomou um fôlego. – Estávamos no mesmo ponto, então, quando sua memória foi apagada, você retornou ao zero. Não eu. Continuo lembrando e sentindo e querendo tudo igual. – Passou as pontas dos dedos no antebraço de Tris. – Não estou desistindo de você, Tris. Não, a menos que você queira. – Concluiu, animado pelo rastro de pontinhos formados na pele da garota; um arrepio que seguiu a linha exata de seu toque.

Ele seria paciente e esperaria o quanto Tris precisasse para colocar em ordem seus sentimentos, mas precisava de um incentivo. Uma palavra bastaria para revigorar suas esperanças e ele caminharia conforme o tempo dela, não importando o quão lento pudesse ser. Tratava-se de Tris; a pessoa que acreditou nele quando nem ele mesmo acreditava. Que lhe deu amor em um momento em que não se supunha merecedor disso.

– Eu não quero que desista. – Ela disse segurando o olhar de Tobias.

Tris sentiu-se egoísta por privá-lo de seguir em frente para esquecê-la e, possivelmente, encontrar outra pessoa. Mas, ela sabia que não poderia liberá-lo e por tudo que Tobias dissera, não era o que ele queria também. Apoiava-se neste pensamento a fim de amenizar a culpa de mantê-lo em suspensão pela espera. Ela aproximou-se dele e, com a mão livre, acariciou seu rosto. Os olhos de Tobias se fecharem com o contato. A familiaridade daquela conexão crepitava em seu corpo.

Ambos sentiram calor líquido escorrerem por seus estômagos.

Tobias estava convencido de que Tris poderia coloca-lo em combustão pela ânsia cálida que sentia em beijar seus lábios. Em grande parte, a frustração advinha de que isso era irrealizável, por enquanto.

– Eu também não vou desistir, Tobias.

O toque da pequena mão em seu rosto fez com que os receios de Tobias se dissipassem. O ar voltou a entrar com normalidade em seus pulmões e o músculo cardíaco tornou a pulsar em um ritmo estável. Tris era sua, como ele era dela e não deixaria de lutar por essa realidade que para ele, era imutável.

Assentiu sem desviar dela. A única coisa que passava por sua mente era que gostaria que esse momento durasse ‘para sempre’. Um plano assim não seria demais. Seria?

– Eu só queria sentir isso de novo. Como é estar com você como éramos antes de... Bem, você sabe. – Tris sussurrou baixinho corando a cada palavra. Retirou a mão do rosto dele e sutilmente levou-a até seu colo. – Faça-me lembrar.

Tris não sabia de onde partira tanta ousadia para proferir aquelas palavras, mas isso ficou em segundo plano quando ele pegou seu braço para beijar o ponto pulsante próximo à sua palma. Olhou para ela e se inclinou para dar um demorado beijo em sua bochecha, incendiando as maçãs de seu rosto, onde ela supunha ter assumido uma cor escarlate. Colocando as duas mãos no rosto de Tris, Tobias beijou o canto da boca dela e moveu seus lábios alguns milímetros, encaixando suas bocas.

As mãos de Tris seguraram com um pouco de força os ombros do Tobias porque estava tonta e inebriada pela sensação dos lábios macios dele, fundidos e sincronizados aos movimentos dos dela. Era perfeito. As respirações entrecortadas e os sons dos suspiros deles preencheram todo o quarto. Um estava perdido no outro. Temiam parar aquilo, cientes de que não teriam força para esta iniciativa. Nenhum dos dois pretendia fazer, a menos que respirar fosse realmente necessário.

O quarto havia sido esquecido e a neve lá fora não importava mais. A pressão quente e afetuosa dos lábios de Tobias aquecia o coração de Tris e causava reações de ordem distinta em todo seu corpo.

Afastaram-se minimamente, roçando os lábios um no outro uma vez; duas vezes. Um som profundo emanava dele, provocando uma série de arrepios em Tris. A pressão dos lábios dele aumentou e as mãos de Tris mergulharam nos cabelos de Tobias, deixando os polegares repousados na linha da sua mandíbula. Sorriu entre o beijo porque seu polegar direito alcançou uma área em que conseguia sentir o coração de dele. Tão ou mais frenético que o seu. Sua mente insistia em não se aquietar. Novas imagens embaçadas cobravam-lhe atenção. Tris não se deixou levar por elas. Concentrou-se apenas nele, o passado agora não lhe parecia tão importante.

O beijo de Tris era como uma cura decantando em seu peito e completando as lacunas ali existentes. Em dias, era a primeira vez que se sentia completo. Abaixo disso notara que a saudade carregada em seus lábios também se via nos dela.

– Senti sua falta. – Ele sussurrou roçando seus lábios nos de Tris e antes que ela pudesse responder uma batida quebrou o encanto que pareceu durar uma vida.

– Com licença, Senhorita Beatrice. – A enfermeira entrou de cabeça baixa. – Seu irmão me pediu para acompanha-la essa noite já que não pode vir.

– Não há problema. Ficarei bem sem vigilância. Estou realmente me sentindo melhor do que há uma semana. – Tris disse com um sorriso bobo nos lábios. Sentia o gosto de Tobias em sua boca de modo que as palavras saíam mais doces.

– É que ele foi insistente quanto a isto. – A enfermeira mostrou-se insegura em deixa-la por conta própria.

Tobias olhou para Tris sem se afastar muito.

– Posso ficar com você hoje? – A pergunta foi impulsiva e tomando por base os olhos arregalados de Tris pela surpresa, talvez não tenha sido a melhor ideia.


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Notas finais do capítulo

Oiiie haha^^
Estamos aprovadas???
Bom gente, como sabem estou com a mão direita enfaixada, não posso forçá-la muito, mas li toooodos os coments, e saiba vcs nos fazem brilhar e cintilar de alegria com cada palavrinha!!!!
Amamos vcs!!!!! :D
e Hey, se quiserem, participem do grupo, adoramos estar perto de vcs!
Link:
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Nossa outra fic:
http://fanfiction.com.br/historia/465150/Divergente_-_por_Tobias_Eaton/