Corações Convergentes escrita por Anníssima, Willie Mellark


Capítulo 5
Capítulo 4 - Uriáh


Notas iniciais do capítulo

Um imenso obrigada à Bianca di Angelo por sua recomendação tão querida! Vc foi uma super fofa. A gente dedica este capítulo à vc, florzinha! ;D

Todos que estão comentando e favoritaram a estória, valeu, de verdade! Vcs são tão importantes para nós... Somos muito gratas!

Obs: Itálico são lembranças e/ou sonhos.

Leiam as notas finais, por favorzinho!

Beijinhos



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Acreditamos

que a dor e a morte são melhores que covardia e inatividade, porque

Acreditamos

em ação.”

(in, Manifesto da Audácia)

✝✝✝

Dentre os medos que confrontou nas simulações administradas na Audácia, a morte certamente não se encontrava entre eles. Pelo menos a sua própria morte, certamente não estava, embora não negasse a si mesmo que a sombra da perda precoce de seu pai tenha sempre o acompanhado. Portanto, em seu íntimo, Uriáh temia pela vida de sua família e de seus amigos. E não foi com pouco pesar que viu amigos de longa data ficarem pelo caminho.

Chicago, em especial, o complexo da Audácia já não era mais o que fora outrora. Cada coisa que vivera lá em companhia de Lynn e Marlene estavam frescas em sua memória e não seria fácil se recuperar de dois golpes tão fortes. Por isso, resolveu deixar sua mãe e irmão para acompanhar Tris e Tobias para fora da cidade. Desejava apenas deixar o passado para trás e ocupar seus pensamentos e mão de obra em outras coisas que não fossem as baixas havidas desde o dia do ataque da simulação.

A última coisa que a mente de Uriáh havia registrado, no dia da explosão, foi que sentia saudades de Marlene: a garota que não andava, mas saltitava, exalando uma alegria quase infantil. Ele havia escolhido justamente aquele momento para deixar seus pensamentos conduzirem a ela, esperando que com o tempo isso se tornasse menos doloroso; a última coisa que seus olhos registraram, foi Tris acenando para ele próxima ao posto de segurança. Ela era sua amiga careta, mas que ele nunca chamou assim já que no primeiro real contato dos dois, no ‘capture a bandeira’, ela havia conquistado seu respeito.

Logo após, um barulho ensurdecedor acompanhado de uma forte pancada na lateral de seu corpo, silenciou-lhe pensamentos e sentidos. Uriáh estava praticamente livre de traumas aparentes, mas a ausência de atividade cerebral o condenara à morte.

Com todas as coisas que aconteceram após o tratado de paz, a reprogramação do Departamento e, consequente perda de memória de inúmeras pessoas por causa do êxito de Tris, tudo estava um caos. E esta confusão serviu para protelar o dia em que os médicos desligariam o sistema de suporte à vida utilizado por Uriáh. Hana e Zeke também não faziam questão em apressar o dia em que teriam de dizer adeus ao caçula da família.

Contudo, após uma semana em que o quadro clínico dele não havia feito progresso algum, isso era necessário e as providências foram tomadas.

✝✝✝

Faltando poucas horas para todos se reunirem no quarto de Uriáh a fim de se despedirem, ele começou a sonhar com coisas felizes...

Marlene estava sozinha no salão de vidro, deitada com os braços posicionados atrás de sua cabeça, fitando o céu estrelado com um sorriso contemplativo desenhado em seus lábios. A escuridão que se espalhava pelo local não era plena, pois a luz da lua ao alto banhava a garota que parecia brilhar mais que tudo naquele cenário.

_ O que está fazendo aqui, Mar? – Uriáh perguntou se aproximando da amiga. - Lynn e eu estávamos procurando você para sairmos com Shauna e Zeke. - Sentou-se ao lado dela. - O plano era sairmos pra comemorarmos nossas classificações, mas agora todo mundo já está bêbado demais para qualquer coisa. – Ele completou observando-a com atenção.

_ Gosto de ficar aqui e olhar o céu. – Ela lhe disse simplesmente. – Olha só, Uri, quantas estrelas! – Marlene apontou para o teto transparente o suficiente para que vissem milhões de pontinhos brilhantes ao longe. – Não são lindas?

_ Ah, você me conhece, não sou de ficar por aí olhando estrelas, Mar. – Uriáh respondeu com a boca torcida. – Não sou nenhum maricote de perder meu tempo com isso. Vem logo, ainda estão comemorando...

_ Você é um estúpido, sabia? – Disse a garota se levantando tão rápido que deu um primeiro passo em falso, tropeçando na lanterna que havia trazido consigo para atravessar o Fosso no escuro. Uriáh a segurou antes que seu rosto viesse de encontro com o chão.

Eles ficaram alguns instantes olhando um para o outro e Uriáh sentiu como se aquilo que há pouco tempo vinha querendo fazer, fosse o certo, agora. Ele aproximou-se dela e a beijou, segurando seu quadril com as duas mãos para trazê-la para perto de si. O gosto da boca de Marlene era doce e inebriante e, de repente, ele não tinha mais pressa alguma de descer e voltar para as comemorações. O primeiro beijo dos dois era suficientemente bom para toda a noite.

As gargalhadas de Marlene, seu amor por doces, o sabor e a maciez de seus lábios, o toque de suas mãos e os sussurros apaixonados que trocaram em segredo nos corredores da Franqueza, depois desse dia, trouxeram uma enorme alegria à vida de Uriáh. Sempre foram próximos. Na infância, junto com Lynn e Gabe, costumavam brincar e disputar por tudo, em especial, por quem saltaria ou escalaria mais alto.

Marlene havia caído de uma das placas suspensas de um prédio alto e, usando de todas as suas forças, reprimiu o choro. Uriáh a ajudou se levantar e percebeu que algumas lágrimas queriam saltar dos olhos da garota.

_ Hey, – Úriah falou, passando dois dedos no canto de seus olhos molhados. – Você não precisa esconder suas lágrimas de mim. – Ele disse, sendo recompensado com um belo sorriso.

E como se o tempo corroesse algo dentro de si, sentia-se só e isso não era mais como um sonho. Uriáh sabia que nunca mais veria aquele sorriso novamente.

Vivendo apenas para vencer a falta que ela me faz. Isso era o que ele fazia, conforme dissera a Zeke, após a morte precoce da namorada.

Zeke.

Ele fora um bom irmão, em alguns momentos até um pouco paternalista demais, mesmo o chamando de idiota ou em meio de suas constantes piadinhas, sempre demonstrou carinho e preocupação, principalmente quando descobriu que Uriáh era um divergente. Zeke não o abandonou como outros que se afastaram com medo do que ele era e nem mesmo quando Shauna ficou estranha com ele por este fato, ele não repudiou ou culpou o irmão por isso.

Seu irmão, além de companheiro era corajoso se infiltrando dentre os traidores da Audácia para espionar e, depois, colocando seu disfarce em evidência para ajudar Tori a fugir em segurança porque era isso que ele fazia, protegia as pessoas. Da mesma forma que tomou a liderança da casa quando seu pai falecera. Tudo para se assegurar de que Uriáh cresceria feliz, já que sua mãe, em um primeiro momento, havia perdido o chão e trancara em seu próprio peito a angustia e o amor eterno pelo homem que partira de seus braços. Naqueles dias, dormir tornara-se difícil, pois todas as noites Uriáh ouvia sua mãe chorar baixinho de saudades.

Passos lentos e uma porta sendo aberta deixaram claro para Uriáh que ele não estava adormecido e sonhando. Ele estava consciente e pensando; se recordando. Tentou abrir os olhos, uma e outra vez, mas nada. Tentou mexer os braços e, depois as mãos, sem sucesso. Estava acordado e não conseguia demonstrar tal fato.

_ Bem, já estão todos aqui? – Alguém perguntou.

_ Sim, vão... Só desligar os aparelhos? É isso? – Uriáh reconheceu esta voz como sendo de Christina.

_ Isso mesmo. Podem se despedir. Ficarei aguardando. – A pessoa que primeiro falou, respondeu à Christina.

Uriáh sentia que havia algumas pessoas ao seu redor e como se um raio de compreensão lhe atingisse, ele entendeu o que estava acontecendo. As palavras ditas e a última recordação; a lembrança de uma explosão. Ele não havia morrido, mas iriam deixa-lo partir.

Mãos seguraram as suas. Uma de cada lado da cama e mais do que nunca ele tentou mandar comandos ao seu cérebro para que ao menos seus dedos se movessem, dando àqueles que ali estavam, um sinal de que ele ainda estava vivo. Precisam deixa-lo viver.

Nada acontecia. Seus olhos continuavam cerrados e seu corpo imóvel. Ele queria gritar e talvez até chorar.

Sempre disseram que nos últimos instantes, a pessoa se recorda de toda sua vida. Assim, o desespero das lembranças que permeavam seus pensamentos deveria indicar que realmente havia chegado sua hora.

Sua infância havia sido marcada por amigos tão audaciosos como loucos. Ele não podia se lamentar porque fora feliz. Lynn, Gabe, Shauna, Marlene e Zeke e tantos outros que passaram por sua vida seriam levados consigo para onde ele fosse. Os dias que passou na iniciação, seu primeiro beijo em Marlene, a descida na tirolesa, seu teste de aptidão, sua simulação, a guerra, a perda... Suas lembranças fortificavam seu amor, mas a sua dor também se tornara grande. Pessoas mortas, feridas e marcadas para sempre. Ele descansaria.

Pensou outra vez em Zeke, sua mãe, Tris, Christina... Alguém beijou sua testa enquanto outra pessoa se aproximava do seu lado.

_ Vou sentir saudades. – Zeke disse em algum lugar acima de seu rosto.

Mais alguém se aproximou, tocando coisas que tilintaram como metal. Um segundo se passou e Uriáh se viu coberto por uma luz intensa.

Exclamações e soluços preencheram o quarto.


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Notas finais do capítulo

Bem, quem chuta o que aconteceu?

Não somos más, tenham isso em mente! Hehe.

Este capítulo foi necessário e vocês entenderão melhor no próximo que será explicativo e, sob uma perspectiva dobradinha!
Tris e Tobias no próximo!

Comentem, please?! Quaisquer dúvidas, estejam à vontade para perguntar! ;D

Beijinhos!!!