Pieces escrita por xDarkDreamX


Capítulo 4
Promessas e Honra


Notas iniciais do capítulo

Ciao! Fico feliz pelos comentários que recebi, de verdade, vocês são uns fofos. Avisando que neste capítulo teremos alguns novos personagens, espero que não se incomodem! ^^
Peço perdões pelo tamanho dele, mesmo. Perdoem-me se ficar muito cansativo! Recomendo que ouçam FMA - The Kira Justice, é uma boa música! Aproveitem que eles já fizeram a versão full! ^^

BOA LEITURA!



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Será que eu vou
conseguir vencer mesmo assim?

~~~~

Após isso, ficamos alguns segundos em silêncio.

Até que o rosado virou-me na cama, ficando por cima.

Roubou-me um beijo e sorriu.

– Não sabe a quanto tempo que eu quero fazer isso. –Riu.

Ri também e então passei meus braços ao redor do seu pescoço, puxando-o pra mim mais uma vez.

O beijo que começara calmo num selinho, fora se tornando intenso a cada segundo.

Era nossa primeira experiência, mas ainda assim era como se estivéssemos juntos há tempos.

Nossas línguas se entrelaçavam e dançavam harmoniosamente. Era uma sensação magnífica. Calmo, quente, de tirar o fôlego.

Algum tempo depois nos separamos ofegantes.

Natsu estava com o rosto num tom rosado e eu tinha certeza que estava corada assim como ele. Minhas maçãs do rosto estavam quentes, afinal.

– Acho melhor eu ir embora. –Ele dissera após alguns segundos em silêncio, mas não se movera para sair de cima de mim.

Ri em negação.

– Está tudo bem. –Sorri e lhe roubei um selinho.

Percebi-o sorri em meio ao toque e então deslizar suas mãos até minha cintura.

– Eu não vou me controlar dessa maneira, Luce. –Sussurrou roucamente ao pé do meu ouvido, fazendo-me me arrepiar por completo.

Encarei-o nos olhos.

Os orbes num tom esmeralda escuro brilhavam em desejo.

Instintos Dragon Slayer.

– Acho que já está na hora, não? –Perguntei num tom meio rouco, sorrindo.

Natsu abriu um sorriso largo nos lábios, mas não era tão inocente como todos os outros. Ah não. Esse era um sorriso safado.

Quase ri, e teria rido, porém ele me roubou um beijo, transformando-o num mais intenso que o outro.

Suas mãos quentes passeavam pelo meu corpo com total liberdade enquanto nos beijávamos.

Sem sombra de dúvidas...

Eu amava Natsu Dragneel.

E era completamente correspondida e amada da mesma forma.

* * *

– SAIAM TODOS DAQUI! FUJAM! –a voz de Acnologia era firme.

Pai! –Zeref gritou-o desesperado.

Explosões.

– VÃO LOGO! –Igneel berrou para as crianças.

– PAI! –O filho do dragão do fogo o berrou em puro medo.

Magias se chocando.

– CRIANÇAS! VÃO! –Grandine tentava controlar a situação.

– M-Mas... –A menina do grupo tremia assustada, caída no chão.

Era tudo tão assustador..

O filho de Metallicana pegou-a nos braços. Ele estava tão assustado como os outros.

– VÃO EMBORA, VOCÊS PRECISAM SAIR DAQUI! –O dragão do ferro berrava já com dificuldade.

As crianças tremeram.

Uma menina loirinha não sabia o que fazer. Estava no meio do fogo cruzado.

– E eu? O que eu faço? –Sussurrou assustada e se encolheu.

– Venham. –Eu disse finalmente.

Todos me olharam.

As crianças correram em minha direção aos tropeços. Zeref viera até mim tremendo.

– Eu vou tirá-los daqui. –Prometi. –Vou salvá-los. –outra promessa.

O chão tremeu e um trinco apareceu entre nós e os dragões.

Entre as crianças, eu, a pequena de cabelos loiros e os dragões. Ela gritou apavorada quando quase fora atingida

– MAVIS! –Zeref gritou e correu em sua direção.

Praguejei mentalmente.

Era uma guerra.

Não pude fechar os olhos, não podia baixar a guarda. Não enquanto eu precisasse e fosse proteger as crianças.

– Vocês. Eu definitivamente vou salvá-los. –Olhei-os confiante.

Os três estavam assustados e mal conseguiam acenar em confirmação.

Movi a mão direita e um círculo de magia apareceu abaixo deles.

– Isso vai protegê-los, confiem em mim. –Disse e saí correndo em direção aos outros dois.

Zeref e Mavis eram unicamente ligados.

Eles salvariam um ao outro de qualquer forma.

Eles são luz e escuridão.

Dia e Noite.

E eu tenho que ajuda-los.

Essas crianças tornaram-se algo importante para mim. Assim como os dragões. Eu amo cada um deles.

Um ataque ia em direção aos dois que estavam abraçados e com medo. Joguei-me e os empurrei.

Por pouco não havia sido atingida também.

Levantei e vi-os.

Vamos, eu vou salvá-los. Tudo vai ficar bem. –Eu disse num tom suave.

Mavis soluçou e me abraçou, assustada.

Zeref tremia com medo e eu podia ver algumas lágrimas se formando em seus orbes vermelhos.

– E-E o papai? –Ele me perguntou num tom meio choroso. E-Eles vão ficar bem, n-não é?

Dei um sorriso gentil e acariciei seus cabelos.

– Eles ficarão absolutamente bem, Zeref. Eu prometo.

* * *

E se eu não puder apagar
As promessas que eu não honrei?

Acordei no meio da noite.

Minhas mãos tremiam e meus olhos estavam arregalados.

As memórias estavam vindo cada vez em maior parte.

Algo péssimo estava por vir, já que isso estava acontecendo.

Não aguentei e suspirei pesadamente, tentando reestabelecer minha respiração.

– Hm, Luce? O que foi? –Uma voz sonolenta me chamara e me abraçara.

– Só um pesadelo. –Murmurei.

Os braços quentes voltaram a se entrelaçar em minha cintura nua e sua cabeça se encaixou na curvatura do meu pescoço.

Ele assoprou a pele dali.

Senti um arrepio.

Céus.

– Natsu. –Murmurei.

Ele soltou uma risada gostosa e me virou para ele, abraçando-me em seguida.

– Tá bom. – Me beijou.

Ficamos abraçados por um bom tempo com ele acariciando minha cabeça.

– Erza e Mira foram em missão. –Ele comentou.

Algo dentro de mim se remoeu.

– Elas têm que proteger um dos ex-membros do Conselho. –Explicou.

Aquilo me desagradou ainda mais.

Meu coração se apertou e eu me remexi.

– Eu não estou com um bom pressentimento. –Natsu disse preocupado.

– Eu também não. –Murmurei e o abracei. –O time de Laxus sai amanhã, não é?

Olhei para o rosado e ele me fitava, assentiu em confirmação.

– Nós temos que ir proteger e buscar informações com outro ex-membro do Conselho. Você pode ir? –perguntou.

Assenti em confirmação, mesmo com aquele sentimento incômodo em meu coração.

– Você está bem, Luce?

– Eu só estou preocupada com Mira e Erza. –Respondi num tom baixo. –E com o time do Laxus, claro.

Não era só isso.

A cada dia que passava, eu sabia mais.

Eu me lembrava mais.

Um calafrio percorreu meu corpo ao sentir Natsu deslizar sua mão pelas minhas costas nuas.

Reprimi um gemido e ele resmungou.

– Ainda falta tempo para o dia amanhecer. Não podemos nos divertir mais um pouquinho? –Perguntou-me num tom rouco enquanto fazia biquinho.

Gargalhei.

Como podia haver alguém capaz de ser sexy e inocente ao mesmo tempo?

Entrelacei meus braços em sua nuca e puxei-o pra perto de mim. Beijei-o.

– Certo. –Sussurrei e então ele sorriu animado.

É.

O clima havia novamente esquentado.

E seria ótimo.

Mais uma vez.

Sorri em meio ao beijo que havia se iniciado, onde nossas línguas travavam mais uma batalha.

Minha noite havia se tornado mágica.

* * *

No dia seguinte eu acordei completamente descansada, embora certas regiões estivessem um tanto quanto doloridas. Mas nada que não desse para aguentar.

Virei na cama e não encontrei Natsu.

Uma dúvida rondou minha mente.

Onde o dragon slayer estaria?

Bocejei e me sentei no colchão.

Encarei o teto do quarto por um curto período de tempo e então sorri antes de levar a mão direita à cabeça e bagunçar meu cabelo, ajeitando os fios loiros. Se tem algo bom no meu cabelo, é isso: facilidade em arrumá-lo.

Levantei-me e caminhei até o banheiro da mesma forma que havia acordado.

Tomei uma ducha rápida, iria procurar Natsu.

Sequei-me rapidamente e voltei ao quarto. Vesti minhas peças íntimas e peguei um blusão qualquer que estava jogado dentro do armário.

Senti um cheiro bom vindo da cozinha.

Estranhamente meu olfato estava bem apurado esta manhã.

Dirigi-me até o cômodo de onde vinha o cheiro e me surpreendi ao ver Natsu colocando panquecas num prato que estava na mesa perfeitamente arrumada.

Minha boca se abriu num perfeito ‘o’.

A me ver ele sorriu e deixou as coisas na mesa, caminhando em minha direção.

Suas mãos pararam em minha cintura e ele me beijou calmamente. Era doce. Retribui, claro.

– Ohayo, Luce. –Disse abrindo um lindo sorriso após nos separarmos.

– Ohayo, Natsu. –Beijei-o mais uma vez.

Caminhamos até a mesa e tomamos o café da manhã completamente preparado por ele.

– Quando aprendeu a cozinhar? –Perguntei tomando um gole de suco de laranja, meu preferido, aliás.

– Depois de tanto comer na sua casa, uma hora eu iria aprender. –Ele riu, devorando uma panqueca.

Comecei a comer e realmente estava bom para um iniciante.

Pouco tempo depois terminamos e então nos fitamos.

Sorrimos um para o outro.

Acho que depois de tanto escrever romances, agora eu finalmente vivia o meu.

– Vamos para a guilda? –Perguntei enquanto me levantava e começava a recolher os pratos e copos da mesa.

Natsu resmungou.

– Não podemos ficar mais um pouco? –Perguntou fazendo uma carinha infantil.

Fofa.

Mas não colou.

– Nope. –Ri ao vê-lo ficar desanimado.

Dei-lhe as costas e coloquei tudo em cima da pia e comecei a lavar o pouco que havíamos sujado. O que era incrível, aliás.

Assim que terminei e sequei minhas mãos, seus braços quentes rodearam minha cintura.

– Natsu. –Sorri.

– Luce. –Senti-o sorrir e então me virei um pouco. Seu rosto estava bem próximo do meu.

Ele possuía um maravilhoso sorriso estampado no rosto.

Beijou-me novamente e dessa vez, era uma dança entre nossas línguas, bem mais calma que as anteriores.

Nos separamos e então sorrimos.

Natsu depositou um beijo em minha testa e entrelaçou nossas mãos.

– Agora podemos ir para a guilda. –Riu.

– Sim. –Ri também e encostei minha cabeça em seu peito.

Ficamos meio abraçados por algum tempo e então fomos para o quarto.

Vesti-me com roupas diferentes.

Um short, uma blusa mais larga e um tênis. Meus cabelos estavam soltos, mas para não ficarem caindo no rosto, prendi-lhes num meio rabo de cavalo.

Peguei meu cinto e minhas chaves, arrumei-os ao corpo.

– Vamos, Luce? –Perguntou, oferecendo-me sua mão.

– Vamos, Natsu. –Aceitei-a e então saímos do meu apartamento.

Caminhamos de mãos dadas até a saída do prédio, onde vi a síndica parada na entrada. Ao nos ver juntos, abriu um pequeno sorriso, porém não dissera nada.

Dei-lhe um aceno.

E estava bem melhor que nos outros dias. Sem dúvida alguma, eu estava bem.

Andamos pelas ruas de pedregulhos calmamente, aproveitando o momento.

Algumas pessoas que nos conheciam acenavam para nós e nos cumprimentavam ao nos ver passando.

Um casal de idosos, bem gentis por sinal, sorriu para nós.

Sorrimos de volta e então nos olhamos novamente.

Sim, estávamos agindo como um casal apaixonado.

Isso é, porque realmente estamos.

Algum tempo depois chegamos à guilda, então paramos na porta.

– Bom, isso vai ser meio estranho. –Natsu soltou um pequeno riso.

– Hm, é. Lisanna vai ficar triste. –Fiz uma careta.

O rosado acariciou minha mão carinhosamente.

– Hey, vai ficar tudo bem. –Sorriu-me.

Fitei-o por alguns segundos.

– Okay? –Natsu sorria.

– Okay. –Sorri-lhe de volta.

Abrimos a porta da guilda, juntos.

Como sempre, havia uma gritaria.

O mestre estava no bar, sentado num banco. Ao nos ver de mãos dadas ele abriu um sorriso tão largo e animado que eu pensei que fosse rasgar sua pele.

Fez uma expressão maliciosa e então riu.

Coramos levemente e cruzamos a guilda até o bar.

Alguns membros nos notaram e em seguida engasgaram ao nos ver com as mãos entrelaçadas.

Nos sentamos nos bancos e então Kinana viera nos servir.

– O que o casal irá querer? –Perguntou animada.

– Um copo de suco. –Sorri.

– Eu também. –Natsu deu de ombros.

Ela pareceu ficar ainda mais sorridente quando viu que não havíamos negado e então se afastou para preparar os dois pedidos.

O mestre riu e nos olhou.

– Finalmente estão juntos? –Sua pergunta fez com que os outros membros da guilda parassem a briga.

Vi Gray semicerrar os olhos em dúvida e então olhou para nossas mãos ainda entrelaçadas. Engasgou e veio em nossa direção.

Riu e deu-se um tapa na testa.

– Agora eu fui realmente lerdo. Finalmente, hein foguinho. –Provocou.

– Ah, cale-se, gelinho. –Natsu riu e me abraçou.

A guilda inteira gritou.

Makarov gargalhou.

– Então é verdade? –Perguntou animado. –Meus filhos estão juntos?

Assenti em confirmação enquanto sorria.

O mestre saltou do banco e começou a comemorar.

– Até que enfim! Não aguentava mais tanta enrolação! –Gargalhou, fazendo-nos rir junto a ele.

– Então é verdade? –Laxus perguntou sorrindo divertido. –Eu nunca imaginaria que um dia o Salamander iria arranjar uma namorada.

Natsu riu.

– Pois é, achei alguém antes que você. –Provocou e me beijou no rosto.

Gargalhei ao ver Laxus resmungar.

– Não fica assim não, Laxus. –Disse a ele. –Mirajane logo volta de missão.

O loiro corou e a guilda explodiu em gargalhadas.

– Ora sua loirinha. –Seus olhos faiscaram um tanto irritados.

Ri mais ainda e então Kinana chegou com nossos sucos.

Tomei rapidamente e descansei por alguns segundos.

Algumas horas se passaram e Laxus e seu time já haviam partido em missão.

Tudo estava definitivamente calmo, claro, no estilo Fairy Tail.

Porém, algo me incomodava.

Isso me fazia olhar para a porta durante alguns minutos. Até que eu me levantei.

– O time de Laxus está demorando demais. –Comentei para o mestre.

Vi-o franzir o cenho e olhar para o relógio.

– Sim, definitivamente estão. –Murmurou.

Então uma campainha tocou.

Virgo aparecera um tanto nervosa.

– Hime. –Chamou-me.

Fiquei séria no mesmo instante. Dessa vez não houvera “É hora da punição?” ou então “Me puna, hime-sama.”.

– Aconteceu algo, Virgo? –Perguntei.

Alguns magos me fitaram confusos.

– Seus amigos, eles estão em perigo. –Sua voz e a notícia me assustaram.

Arregalei os olhos e minhas mãos tremularam.

– Um dos espíritos estelares sentiu uma presença maligna na área onde o dragon slayer do trovão e seus companheiros estão. Achei que devia vir avisá-la antes que fosse tarde, princesa. –Curvou-se.

– Obrigada Virgo. –Agradeci e então ela voltou para o mundo celestial.

Respirei fundo.

– Mestre. –Olhei-o.

O anão me fitou e assentiu em concordância.

– Time Natsu, vá verificar o local onde o Time de Laxus está. –Pediu.

Natsu também se levantou.

Gray e Wendy também se aproximaram.

– Sim. –Dissemos em uníssono.

Apertei minhas chaves, em busca de algo que nem eu mesma podia explicar.

Reprimi um suspiro.

– Vamos. –Eu disse enquanto caminhava apressadamente para fora da guilda.

Assim que abri a porta, Natsu segurou minha mão.

– Luce? –Sua voz era um tanto preocupada.

– Eu estou realmente com um mau pressentimento, Natsu. Não podemos perder tempo. Se um espírito estelar sentiu algo, é porque a situação é realmente séria e perigosa. –Minha voz soou séria, o que fez todos da guilda se calarem.

Pelo canto dos olhos eu vi Gray, Natsu e até mesmo Wendy adquirirem uma expressão igual à minha.

Happy e Charles se aproximaram de nós, o gato azul pousou em minha cabeça.

Até mesmo os dois exceeds estavam sérios.

– E se algo for acontecer, o que com certeza irá... –Continuei a falar. –É melhor que nós cheguemos cedo, antes que o pior já tenha acontecido. –Meu tom de voz diminuiu um pouco.

Ficamos todos em um completo silêncio por três segundos.

– Você está certa, Luce. Vamos, minna. –Natsu disse e então fomos saindo da guilda.

Virei-me a tempo de ver o Mestre nos fitando bastante preocupado.

– Vai ficar tudo bem. Vamos ajuda-los. –Sorri e então acompanhei meu time.

Em poucos minutos já estávamos na estação.

Não pegamos nossas coisas, não precisaríamos delas e muito menos tínhamos tempo.

Aliás, tempo era o que menos tínhamos.

Chegamos à estação a tempo de entrarmos no trem que já quase saía.

Felizmente o lugar onde Laxus e seu time estavam não era tão distante, então em uma hora já estaríamos lá.

Acomodamo-nos numa cabine e assim que o trem se moveu, Natsu caiu em meu colo. Acariciei seus cabelos róseos, sabendo que assim ele melhoraria.

– Vocês precisam de um plano. –Charles dissera dez minutos depois que o trem entrara em movimento.

– Sim. –Wendy concordou.

Natsu não estava bem ao ponto de formular um plano e, cá entre nós, ele não seguiria tudo o que combinaríamos.

Em minha mente eu formulei o plano completo em poucos segundos.

Eu conseguia fazer isso com facilidade.

– Eu já sei. –Disse com a voz meio baixa.

Gray virou-se para mim como se soubesse de algo que ninguém mais soubesse. Por alguns instantes eu pensei que ele houvesse descoberto, mas não. Aquele não era o momento.

Wendy olhou para mim e por um segundo seus olhos brilharam de outra maneira, mas logo em seguida voltaram ao normal.

– Pode falar Lucy-san. –Disse-me.

Expliquei-lhes o que eu havia pensado.

Charles me fitou curiosa após eu terminar de falar.

– Como pensou tudo isso tão rápido? –Perguntou.

– Eu já estava pensando nisso assim que saímos da guilda. –Omiti a verdade.

– Nee, Lushi. Você acha que eles estão bem? –Happy deitou em minha cabeça.

Fitei o horizonte pela janela do trem e meu coração se apertara levemente.

– Eles vão ficar. –Sorri para o gato em minha cabeça.

Depois disso, permanecemos em silêncio até a cidade em que o time de Laxus estava.

O trem nos deixou na estação e então saímos à procura do restaurante do senhor Yajima, um dos ex-membros do Conselho de Magia.

Natsu pareceu acordar do transe e enjoo que sentia e então segurou minha mão.

Ele me deu um sorriso largo e feliz, embora eu soubesse que ele também sentia algo ruim em relação à situação ‘Laxus’.

Gray, Wendy, Happy e Charles foram andando à nossa frente, nos deixando a sós enquanto caminhávamos.

– Está preocupada, Luce? –Sua voz era calma.

Suspirei e assenti num aceno de cabeça.

Natsu passou seu braço direito ao redor da minha cintura e sua mão esquerda pousou em meu rosto.

– Vai ficar tudo bem. –Ele dissera um tanto baixo.

Ficamos em silêncio por menos de dez segundos.

Meu coração se apertou e eu arregalei os olhos.

– Natsu, vamos. Eles estão em perigo. –Minha voz soara fraca.

Ele assentiu. Parecia ter sentido algo, assim como eu. Natsu parecia preocupado.

Corremos junto de Gray e Wendy, com Happy e Charles voando acima de nós. Chegamos ao restaurante de Yajima-san.

Vimos quando a explosão estava acontecendo.

Perdi o ar.

Algo estalou em minha mente e eu fui capaz de lembrar.

“NÃO!” Os gritos ecoavam e minha cabeça.

Eu não queria perder mais ninguém.

Faria de tudo para salvá-los.

Meus lábios se moveram numa prece muda. O tempo parecia mais lento e eu sentia que podia fazê-lo mesmo sem conhecer direito.

– Oremus. Salvum fac. Et adiuva me. Scutum! Gritei em minha mente.

Vi um flash dourado passar zunindo ao meu lado, como uma flecha.

Em seguida viera a explosão.

Gray nos protegeu do impacto e uma nuvem de poeira tomara conta dali.

Mas Wendy rapidamente a dissipou com seu rugido.

Corremos para onde estava o restaurante, agora só restavam destroços.

Havia um cara no topo, rindo perversamente.

Um demônio.

Natsu rosnou e correu até lá, surpreendendo o rapaz.

Tudo se passou muito rápido desde então. Ambos começaram a lutar e eu corri para onde o time de Laxus estava.

Fui a primeira a chegar.

Freed, Bickslow e Evergreen estavam feridos, menos do que deveriam, mas ainda feridos. Um leve brilho rodeava seus corpos e então ele fora se dissipando até desaparecer.

Havia funcionado.

Quase suspirei em alívio, mas aquilo não havia nem mesmo começado.

Toquei o rosto de Freed e ele fez uma careta de dor.

– Veneno. –Sussurrei.

Merda.

Olhei ao redor, procurando por Laxus.

Notei alguns fios loiros debaixo de escombros.

Engoli seco e corri em sua direção.

Ele havia tentado proteger seus companheiros.

Empurrei os destroços do restaurante com a força que eu conseguia e então pude ver o dragon slayer do trovão.

Por pouco ele não havia morrido.

Se eu tivesse demorado apenas mais um segundo...

Ouvi me gritarem em desespero e então senti uma presença logo atrás de mim.

– Fugindo, loirinha? –A voz soava divertida e cruel.

Abaixei a cabeça e movi meus lábios novamente.

Ele rira.

– Com medo, não é? Não sei por que ainda mandam fracos contra nós. –Era repugnante.

– Desgraçado. –Murmurei.

– Hm? Como disse? –Sua voz ficara num tom irritado.

Senti-o tentar me segurar e então virei-me em sua direção.

– Não ouse mais tocar neles. –Minha voz soara fria.

Antes que o demônio pudesse reagir, chutei-o com raiva.

Um Lucy Kick bem diferente dos demais.

Esse possuía uma raiva inédita.

Vi-o quebrar alguns blocos dos destroços do que fazia parte do restaurante de Yajima-san.

– Lucy? –Gray me fitou assustado. –Que Lucy Kick foi esse? –Arqueou uma sobrancelha.

– Estou irritada com ele. –Disse apenas. –Wendy, por favor, seja rápida. Estão envenenados.

A menina arregalou os olhos e começou a curar o time do relâmpago.

– Ora sua vadia! –O garoto de antes se levantava furioso, seus olhos brilhavam em puro ódio e uma aura demoníaca transbordava por seu corpo.

Semicerrei os olhos.

E Natsu?

Onde ele estava?

Por alguns instantes, fiquei preocupada.

Não sentia sua presença num raio de trinta metros.

Enquanto o procurava com o olhar, dei um passo para o lado e desviei de um ataque do demônio da Tártaros.

Ouvi-o grunhir logo atrás de mim e me abaixei com pouco interesse.

Aquele cara estava me deixando irritada.

Então me dei conta:

Era disso que demônios precisavam.

Dei um sorriso de canto e segurei um soco que viera em minha direção.

Bocejei e apertei seu pulso.

– Diga-me, demoniozinho. O que vocês querem com tudo isso? –Perguntei fitando-o nos olhos vermelhos sangue.

Ele dera uma risada debochada e tentara se soltar.

– Como se eu fosse te falar, putinha. –Fulminara-me com o olhar.

Como se isso me assustasse.

Já vi e sobrevivi a coisas piores.

Francamente!

Meu coração se aliviou ao sentir a presença de Natsu e então eu soltei o rapaz demônio.

Ele fizera menção de me atacar e então fora atingido por um soco flamejante do filho de Igneel e fora lançado a outros destroços.

– Não toque nela. –Natsu falava num tom irritado.

– Ora seu... –O de olhos vermelhos levantava-se de escombros furioso.

Sempre a mesma ladainha.

Natsu exalava uma aura de dragão. Uma aura de superioridade e força.

Nem mesmo um demônio podia contra ele naquele momento. Nos segundos seguintes, uma batalha quente se iniciara.

Deixei aquilo aos cuidados do meu rosado. Precisava fazer o possível para ajudar Wendy a cuidar dos feridos.

Apressadamente eu me ajoelhei ao lado dela.

Fitei Laxus desacordado, ele suava frio. Não era diferente com os outros três.

– Wendy-chan, você... –Não consegui completar.

Ela negara com a cabeça, assustada. Wendy estava prestes a chorar.

Torci os lábios.

– E-Eu... Eu não sei o que fazer Lucy-san. –Soluçou baixinho. –Meus poderes... E-Eles não funcionam. –Seus olhos estavam marejados, quase derramando suas lágrimas.

– Acalme-se, Wendy-chan. Você é uma menina forte e inteligente, daremos um jeito. –Dei-lhe um sorriso gentil. –Vamos dar um jeito. Tudo vai ficar bem.

Ela soluçara mais uma vez, mas não chorara.

Respirei fundo.

Lá vou eu. Mais uma vez.

Espero que meu pedido seja mais uma vez atendido, mesmo em tão pouco tempo.

Obsecro. Dignare me. Da mihi auxilium. Et adiuva me! Apóllon... –Sussurrei fechando os olhos.

Minha mente brilhara numa luz dourada e aconchegante. Era gostosamente calorosa.

Vi um pequeno sorriso se formar em meus pensamentos, assim como algo nas palmas de minhas mãos começarem a esquentar levemente.

Obrigada.

Agradeci e abri meus olhos.

– Lucy-san? –Wendy me chamara confusa.

Dei-lhe um pequeno sorriso e toquei o peito de Laxus com ambas as mãos.

Concentrei-me.

Não podia falhar.

Minhas mãos brilharam, envolvendo o corpo do loiro.

– Isso é... Tão lindo... –Ouvi a menor sussurrar ao meu lado.

O brilho de fato era lindo.

Mas o seu poder...

Esse era incrivelmente mais belo.

Minha mente vagara por um espaço escuro, eu era o único corpo com luz ali.

Uma imensidão negra, perdida, abandonada. Alguns raios caíam, ordenando que eu me afastasse.

Atravessei-os e segui em frente.

Ao fundo havia um rapaz loiro encostado na parede, com o olhar vago, perdido.

– Laxus. –Chamei-o.

Seus olhos voltaram a brilhar num raio.

O dragon slayer do trovão me fitou assustado.

– Loira? O que faz aqui? Aliás, como entrou aqui? –Perguntou-me confuso.

– Isso não importa agora. Vamos, dê-me a mão. –Estendi-lhe a minha à sua frente. –Vamos sair daqui e voltar.

– Voltar? –Relutante, ele aceitou meu gesto.

– Sim, para a nossa guilda. –Sorri.

Ambos começamos a brilhar, iluminando aquela imensidão negra.

Então, desaparecemos num instante.

Abri meus orbes castanhos, encontrando certo loiro ainda machucado, porém levemente consciente. Ele já não parecia mais sofrer com os danos do veneno.

– L-Lucy-san? –Wendy me chamara.

– Depois lhe explico Wendy-chan. –Dessa vez eu toquei o peito de Freed e deixei-me levar pela magia.

Sua mente era cercada por diferentes tipos de runas. Defesas, ataques, histórias.

Freed certamente queria se proteger, escapar, mas acima de tudo.. Ser forte.

Corri por suas runas, atravessando-as.

Encontrei o esverdeado escorado num canto, encolhido.

– Freed. Hora de voltarmos. –Chamei-o, num tom brincalhão.

– Quem é você? –Seus olhos pareciam ainda mais perdidos que os de Laxus, e sua voz soava fraca.

Maldito veneno.

Estendi-lhe a mão.

– Sou Lucy, não se lembra? Sua companheira. –Sorri-lhe confiante.

–... Companheira? –Ele me pareceu relutante em acreditar.

Novamente, maldito veneno.

– Mas é claro! Nós somos da Fairy Tail, somos companheiros, amigos, uma família! –Minha voz soava alegre. Eu iria tirá-lo daqui. – Vamos voltar?!

Freed me fitou claramente confuso, mas aceitara minha mão.

Sorri para o mais alto e então desaparecemos de sua mente.

Mais uma vez eu abri meus olhos.

O Justine não havia acordado, e tampouco parecia melhor. Mas eu sabia que ele estava.

Voltei-me para Evergreen e segurei sua mão.

Mais uma vez invadi suavemente uma mente.

Sombria, de fato.

Eu podia ver diversas estátuas de pedras, de diferentes formas. Cobras. Ever era como a Medusa.

Ignorei tais pensamentos e segui andando enquanto analisava o “ambiente”.

A moça de óculos estava deitada em um banco de mármore, fitando o nada.

– Você não quer se atrasar, quer? –Perguntei divertida.

Ela voltara sua cabeça em minha direção.

– Atrasar? –perguntou-me.

Assenti em confirmação e abri um sorriso alegre.

– Todos estão esperando! Vamos? –Novamente estendi uma de minhas mãos.

Vi-a franzir o cenho, confusa. Parecia não me reconhecer.

Veneno desgraçado, não?

– Seu time precisa de você. –Insisti.

Seus olhos brilharam e logo ela agarrara minha mão. Sorri contente.

Agora sairíamos daqui.

Quando voltei à realidade, só me restava Bickslow.

Eu já estava cansada.

Era exaustivo entrar em mentes e andar por elas sem problemas, assim como resgatar seus donos.

Mas era o que eu podia fazer por eles.

– Wendy-chan... –Chamei-a num tom baixo. –Vá tratando deles, por favor...

– D-Demo, Lucy-san.. Eu não... –Torcera seus lábios, incerta.

– Você consegue, é fácil pra você. –Sorri-lhe já com menos energia que antes. –Só resta mais um, vai dar tudo certo.

Wendy assentiu em confirmação e vi-a iniciar um tratamento de cura em Laxus.

Fitei o último do time Laxus.

Respirei fundo e toquei sua testa.

Dezenas de bonecos estavam flutuando por aqui e por ali.

Andei até o fim. Já estava mais lenta e cansada. Mas não iria parar.

Porém, Bickslow não estava lá.

Apertei os lábios e então ouvi alguns murmúrios próximos dali.

Caminhei pela escuridão, procurando a origem dos sons. E ali estava ele. Bickslow sentado e escorado à parede, fitando o nada.

– E aí? –Cumprimentei, dando um sorriso.

– Princesa... Cosplay? –Me fitara, incerto de que eu era real.

Soltei um leve riso e lhe estendi a mão.

– Vamos sair Bickslow

Ele aceitara o meu gesto, mas continuava a me olhar sem entender.

– Vamos sair daqui e as coisas se resolverão. –Segurei sua mão firmemente antes de desaparecermos num brilho dourado.

Abri os olhos e minha cabeça girou.

– L-Lucy-san! O que houve? –Ouvi Wendy chamar-me preocupada.

– Não é nada Wendy-chan, só é um pouco cansativo. –Dei-lhe um sorriso exausto.

E era assim que eu estava.

Cansada.

– Como eles estão? –Perguntei-lhe após respirar fundo.

A menina de Grandine torcera os lábios.

– Temos que leva-los de volta para a guilda e chamar a Polyushka-san , eu não vou conseguir sozinha. –Admitira um tanto desapontada.

– Tudo vai ficar bem, Wendy-chan. –Sorri.

Desviei minha atenção para um ponto qualquer.

Gray e Natsu ainda enfrentavam o demônio, ele se via encurralado e com ódio. Vi-o olhar de relance em nossa direção, e nos lançara um ataque.

Um ataque carregado de magia demoníaca, poderosa, devastadora.

Uma bola de magia que apenas aumentava.

Cerrei os dentes e me pus de pé.

Ouvi Natsu e Gray nos gritarem, mas não lhes dei atenção.

Movi meus braços e os coloquei na frente do corpo.

– Scutum. Devita. Repellit. –Sussurrei.

Minhas mãos brilharam e começaram a se aquecer, trazendo aquela sensação para todo o meu corpo.

A esfera demoníaca se chocara contra uma crosta dourada que surgiu ao meu redor.

Vi o membro da Tártaros arregalar os olhos ao extremo, assustado.

Comecei a fechar as mãos, parecia que eu agarrava a magia dele e ela se comprimia e encolhia. Fechei as mãos e ela desaparecera num flash.

Ofeguei ao me sentir cansada e quase caí de joelhos no chão, voltei a olhar para o demônio da Tártaros e fui em sua direção.

– Diga logo o que vocês pretendem. Você não sairá daqui sem levar uma surra. –Minha voz soara fria.

Ouvi-o soltar uma risada.

– Ah loirinha, como uma maga com você pode achar que tem esse direito e autoridade? Patética! –Um sorriso debochado formara-se em seu rosto.

Sem receio algum, peguei-o pela gola da camisa e dei-lhe uma joelhada no estômago.

– Você pode até ser um demônio, mas isso nunca vai mudar e continua sentindo dor igual aos magos ou humanos. –Encarei seus orbes vermelhos seriamente.

Ele me olhou com ódio.

– Vá cuidar daquelas duas amiguinhas suas, elas estão encrencadas. –Rosnara.

Meu coração acelerou.

Cerrei os punhos.

– Desapareça. –Sussurrei com raiva.

Num vulto negro e numa sensação estranha, o rapaz demônio desaparecera da minha frente.

Ofeguei e quase perdi o equilíbrio, mas Natsu me segurou.

– Luce? –Me chamou, preocupado.

– Estou bem. –Comprimi os lábios. –Mas receio que Erza e Mira não.

Vi-o arregalar os olhos, assustado.

– Vamos leva-los para a guilda, depois iremos atrás de Erza e Mira. –Gray dissera num tom terrivelmente frio.

Eu podia ver nos olhos do Ice Maker.

Sua raiva eminente.

– Sim. –Concordei.

* * *

Ao chegarmos na guilda foi uma confusão total.

Entramos correndo e Natsu chutara a porta.

Charles voava carregando Bickslow e Happy carregava Evergreen. Gray apoiava o corpo de Fred e eu e Natsu havíamos dividido o peso de Laxus.

Assim que entramos, vimos que não havia apenas a Fairy Tail ali, alguns outros magos também.

O mestre nos viu e ficou pálido.

– Levem-nos para a enfermaria! –Gritou preocupado.

Olhei para Natsu.

– Segure ele por um minuto, vou chamar os espíritos. –Disse-lhe enquanto levava minha mão às minhas chaves presas na minha cintura. –Loke, Cáprico, Virgo, Gemi, Mini, por favor, apareçam.

Os cinco apareceram e logo em seguida levaram os quatro feridos para a enfermaria.

– O que aconteceu com eles? –Macao me perguntara.

– Um demônio. –Respondi num tom sério.

Todos se calaram e então me olharam.

– E o que houve com você, Blondie? –Sting se aproximara. –Tem um cheiro estranho em você. Um cheiro de...

Por um segundo, pensei que ele soubesse.

– Espera, esse cheiro é do Natsu-san! –Ele exclamou, incrédulo. –Oe, eu sei que vocês são companheiros de time, mas o cheiro dele está MUITO impregnado em você, blondie! –Exclamou.

Soltei um pequeno riso e então Natsu me deu um beijo no canto dos lábios. Ouvi alguns engasgos, segundos de arfares surpresos.

– É que nós estamos juntos. –Ele falou.

Olhei para Sting e ele estava com uma expressão divinamente engraçada. Se o queixo não fosse junto da cabeça, já teria caído no chão.

– Lucy, venha aqui. –Ouvi a voz do mestre me chamar.

Me afastei de Natsu e fui um pouco apressada até a enfermaria. Makarov olhava para o neto na cama, semiconsciente.

– Pode me contar o que houve? –Seu tom de voz era baixo, e percebi que ele estava tremendamente sério.

– Eles foram atacados por um demônio da Tártaros, envenenados. Wendy não pôde curá-los então eu os ajudei da maneira que pude. –Resumi. –Mas, mestre, o mais importante de tudo. Mira e Erza foram numa missão, não é? Proteger um dos ex-membros do Conselho Mágico.

– Sim, por quê? –Fitou-me, intrigado.

Meus dedos tremularam e uma sensação ruim tomara conta de mim.

– Nós vamos atrás dela, agora. Mira e Erza estão em perigo, mestre. –Minha voz soara séria.

O baixinho de cabelos grisalhos me fitou um pouco confuso e depois passou para preocupado.

– Elas são classe S. –Sua voz era um pouco vacilante.

Dei-lhe um aceno negativo com a cabeça.

Aquilo não seria o suficiente, mesmo para duas magas como Erza e Mirajane. Seus títulos de Titânia e Demônio Mirajane infelizmente não eram o bastante naquele momento.

O velho homem abaixara a cabeça, numa confirmação silenciosa.

Saí da enfermaria em passos rápidos e logo voltei ao salão da guilda. Sem sombra de dúvidas já estava mais cheia, agora haviam chego as Sereias e o pessoal da Blue Pegasus.

Vi Natsu, Happy, Gray, Wendy e Charles sentados numa mesa e corri em suas direções. Puxei Natsu pelo cachecol e coloquei Happy em minha cabeça. Meus companheiros de time me olharam no mesmo momento, mas não foram apenas eles.

– Vamos procurar Erza e Mira, agora.

Algumas palavras foram suficientes para que todos eles se levantassem sem se importarem em fazer barulho e que nós corrêssemos para fora da guilda, deixando para trás magos confusos.

Mas não tínhamos opção.

Se meus pressentimentos estivessem, infelizmente, corretos... Elas não estavam bem. Absolutamente não.

Há traidores, mas também há vingadores.

* * *

Erza e Mira haviam sido sequestradas.

Natsu estava queimando. Gray parecia congelar tudo ao seu redor. Até mesmo a pequena Wendy quase mandava tudo pelos ares naquele momento. Happy e Charles estavam preocupados.

E eu? Tentando me manter sã.

Malditos demônios!

Agora não tínhamos outra saída. Eu não tinha mais opções. Ou era guerra... Ou era guerra.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Chegamos na guilda e a primeira coisa que fiz foi olhar para o mestre, que estava de pé no centro do salão.

Fiz um sinal para ele, e seus olhos se arregalaram e ele cerrara os punhos em raiva. Magos lhe fitaram confusos e logo em seguida nos olharam.

Mestre Makarov quase tremia de raiva. Faltava pouco para que ele explodisse.

Natsu se afastou, encostando-se numa pilastra do salão. Wendy sentou-se num banco, mas sua expressão mostrava claramente que não estava para conversas e Charles estava ao seu lado. Gray foi para um canto da guilda, era claro para mim que ele estava tentando não congelar tudo e criar uma nevasca eterna.

– Nós da Fairy Tail iríamos proteger os ex-membros do Conselho Mágico, já que o mesmo foi massacrado. –Ouvi a voz de Makarov ecoar pela guilda, cessando burburinhos e especulações. –Porém, há uma dark guild. A pior delas, a Tártaros. Ela tem seus objetivos de destruição, e colocou-se em nosso caminho.

Outros comentários começaram a surgir pelo salão. As outras guildas pareciam já perceber que havia algo de errado naquilo.

– Ou para ser exato: Nós estamos em seu caminho. –O mestre continuou. –Nós ficamos em situações desfavoráveis. Lutamos contra demônios e por pouco não perco meus filhos numa batalha inesperada. Mas, graças a outras de minhas crianças, suas vidas puderam ser salvas, embora suas situações não estejam tão boas. –Ele falava raivoso. –Com esse ataque, descobrimos que todos os membros da Tártaros são demônios.

– Demônios? –Rufus Lohr questionara, arqueando uma sobrancelha.

– Mais especificamente, vários aparentam ser criações do maior magro negro existente, Zeref. –Makarov dera uma básica explicada.

“Zeref”.

Ah, ele. Seu nome conhecido por todos e igualmente temido. O maior e pior magro negro existente em séculos. O pesadelo de mundo.

E para a Fairy Tail, seu nome significava raiva e acerto de contas.

– O objetivo da Tártaros é aniquilar a magia existente no continente e dominar, destruir todos e fazer um inferno em Earthland.

Ah...

Agora eu estava furiosa.

A Tártaros..

Todos aqueles demônios desgraçados...

Queriam uma guerra, um massacre, no final de tudo.

– Miseráveis. –Cerrei os punhos enquanto estava sentada.

Todos os magos disponíveis estavam reunidos num só lugar naquele exato momento.

Todos os magos, de todas as guildas, estavam na Fairy Tail.

O salão estava cheio.

Incontáveis magos de diferentes níveis e magias.

Alguns mais conhecidos que outros.

Mas todos, todos querendo ajudar.

– Isso é tudo o que temos até agora. –A voz séria de Makarov se fez presente. –Os membros do Conselho foram aniquilados, assim como seus ex-membros. Meus filhos foram à luta e voltaram entre a vida e a morte. A Tártaros provoca desgraça. –Ela ecoava pelo salão.

Os magos estavam sérios.

Natsu ainda estava enfaixado da luta anterior, mas estava ali. Eu sabia que ele não ficaria de fora. Que ele iria lutar pelos seus companheiros feridos e humilhados.

Olhei meus amigos e cerrei os dentes e os punhos, as unhas se fincaram na pele da palma da minha mão.

Erza e Mirajane estavam desaparecidas e aquilo me causava mais ódio ainda.

– O Conselho tinha conhecimento de uma arma que poderia aniquilar a magia do continente. –Makarov continuou. –E é em busca disso que a Tártaros está. Erza Scarlet e Mirajane Strauss estão desaparecidas, por fruto da traição de um dos ex-membros do Conselho de Magia. –O mestre das fadas estava visivelmente furioso. –Não temos muitas informações, além disso. Apenas sabemos que o que importa nesse momento é: todas as guildas, todos os magos, independentemente do que fizeram no passado, ficarem unidos.

Silêncio total.

Todos concordavam.

Não havia outra saída.

– A Fairy Tail está declarando guerra contra os demônios. –Makarov anunciou em alto e bom som.

Muitos arregalaram os olhos e engoliram seco, mas não nós fadas. Não nós.

– Nossos companheiros foram atacados, nossas amigas sequestradas, isso não irá ficar assim. –Natsu falou num tom assustadoramente gélido.

Ninguém, absolutamente ninguém ousou abrir a boca.

Ele era o Salamander, filho de Igneel, o Dragão Rei do Fogo, e ele era o dragon slayer do fogo.

Ele era Natsu Dragneel.

O homem que eu amo.

O silêncio mortal continuou até que campainhas desesperadas soaram por todo o salão, causando dores de ouvido e assustando todos.

Era agora.

Saí de trás da multidão, indo até o centro. Eu havia tomado minhas providências, aquelas necessárias e que sem dúvida alguma fariam total diferença na batalha.

Luzes brilharam e o Rei do Mundo Espiritual apareceu.

– Velha amiga. –Ele me olhara, dando um aceno.

– Olá, Bigodudo. Fico feliz que tenha vindo. –Dei um aceno com a cabeça e falei num tom sério.

Dessa vez o engasgo foi geral.

– Lucy? –Makarov arqueou uma sobrancelha enquanto me fitava.

– Eu contatei o Rei do Mundo dos Espíritos, mestre. –Expliquei olhando o anão pelo canto dos olhos. Estreitei-os. –A situação requer a ajuda dele.

– Em que esse gigante pode ajudar? –Sting perguntara ao longe, confuso.

O Rei riu.

– Gigante? Belo carisma, filho de Weisslogia. –seus olhos grandes e temporais brilharam. –Mas isso não é o assunto do momento. Lucy-san fez-me um pedido e eu irei acatá-lo.

– E qual seria? –Cana perguntou.

A postura do grande espírito mudara, deixando-o num ar mais sério e a de um verdadeiro Rei.

– O Mundo Espiritual irá entrar em guerra contra os demônios junto a vocês magos. –Anunciou em alto e bom som.

Mais olhos arregalados e bocas abertas, os queixos de muitos, se não todos, quase caindo no chão.

– Luce... –Natsu me olhou, assustado.

Eu possuía uma postura séria. Não parecia a garota gentil de sempre.

– A Tártaros cometeu seu pior e imperdoável erro. –Disse num tom assombrosamente frio. –Eles feriram meus companheiros e agora... Tudo isso vai acabar.

Os presentes ficaram sem ar.

– Os demônios acham que podem dominar tudo e a todos. Porém, eles se esqueceram do povo que eles deviam mais temer. Eles não pensaram que eles ainda estivessem firmes e fortes. –Prossegui.

Makarov ligou os fatos rapidamente e semicerrou os olhos, ficou ao meu lado.

– Eles não imaginaram que ainda houvesse um mago espiritual vivo. –Completou.

Então a ficha caiu para alguns.

– Lucy? É você? –Gray perguntou enquanto se aproximava um tanto surpreso.

Mandei um olhar ao Ice Maker.

Aquilo o fez arregalar os olhos.

Agora ele compreendia.

– Oh sim. Lucy-san é a única e a última maga espiritual desse milênio. –o rei dos espíritos comentou de forma ‘casual’.

– Yukino. –A voz rouca de Rogue se fizera presente. –Ela era...

– Ah sim. A criança Yukino. –O gigante comentou animado. –Infelizmente a magia espiritual é para poucos. Ela era uma boa criança e tentou controlar a magia, porém, seu corpo não aguentaria mais. –Suspirou.

– Por favor, não fale coisas desnecessárias. –Suspirei. –Não diga ‘era’, como se Yukino estivesse morta. Aliás, ninguém use uma palavra no passado para representar seus companheiros. Não nessa guerra. –Minha voz voltara a ser séria.

– Você não é aquela maga que perdeu para a Flare e para a Minerva durante os Jogos de Magia? –Um mago qualquer perguntara do fundo.

Mestre Makarov grunhiu irritadamente, mas não dissera nada.

– Claro, para que gastar magia num jogo tão fútil? –O rei dos espíritos dera de ombros.

– A verdade é que o GJM é importante, mas não nesse momento, por favor. –Suspirei irritadamente. Eles só se lembravam disso? –O fato de eu ter perdido ou não, não é importante.

– Foi realmente uma pena que seu corpo não estivesse preparado para utilizar completamente a magia das estrelas. –O bigodudo comentara tristemente. –Enfim, o mundo espiritual estará com vocês. Lucy-san, suas novas chaves, aceite-as, por favor. –Sorrira e agachara-se, ainda ficando grande e estendendo sua mão.

Ali havia uma bolsa no estilo de mensageiro, negra e com desenhos da galáxia.

– Obrigada, Bigodudo. Mas é apenas Lucy. –Dei-lhe um sorriso antes de aceitar a bolsa.

– Hai, hai. Agora eu devo retornar ao meu mundo, temos pouquíssimo tempo para descanso, embora não entremos numa guerra há vários séculos. –Ele riu e puxou sua capa que era negra e estrelada, as estrelas e planetas pareciam flutuar e então ele desapareceu.

Coloquei minha nova bolsa de atravessado no corpo e abri-a.

O brilho que saiu de dentro dela deixou os mais próximos atordoados.

Makarov aproximou-se de mim.

– Quais são as chaves? –Perguntou-me.

Tirei o novo punhado de chaves do interior da bolsa e as mostrei.

– As mais ‘preciosas’ são as chaves dos Três Grandes, do Ceifeiro, as duas Majestades, os Gêmeos Opostos e então A Mensageira. –Expliquei mostrando as de maiores brilho. –E há a chave de Perseu, Pegasus, Andrômeda, Serpens, Scutum, Orion e Phoenix. –Mostrei as outras com a outra mão.

– E o que são essas chaves? –Sting se aproximou arqueando a sobrancelha direita.

Reprimi um suspiro.

– As três chaves dos Três Grandes são Zeus, Hades e Poseidon, deuses que derrotaram seu pai, o titã Cronos, milênios e milênios atrás. As duas Majestades são o Rei Cepheus e a Rainha Cassiopéia. Os Gêmeos Opostos são Apolo e Ártemis, filhos de Zeus. Ela é a lua e ele o sol. –Expliquei. –A Mensageira é a deusa do arco-íris, Íris.

– E aquele tal de Ceifeiro? –Orga perguntou.

– Na verdade, ele é a morte. O deus Thanatos. –disse.

– A morte? –Natsu perguntou espantado.

Assenti em confirmação.

– Perseu foi um grande herói, Pegasus é um cavalo alado, Andrômeda é a filha de Cepheus e Cassiopéia que foi oferecida como sacrifício e Perseu a salvou. Serpens é uma cobra, portanto Ophiucus a capturou. Sectum é o escudo, Orion era um grande caçador por quem a deusa Artemis se apaixonou e, bom... –Franzi o cenho. –É melhor não explicar muito, senão teremos problemas indesejados.

– Esse cara de novo? –Uma voz rouca ressoou da chave de Apolo, num tom irritadiço.

– É, de novo. E cale-se, Apolo. –Dessa vez fora a voz de uma mulher que se manifestara da chave de Ártemis num tom mais irritado.

Suspirei.

– Era isso o que eu queria evitar. –Disse. –Enfim, há a Phoenix. Fênix, a ave que renasce das próprias cinzas. –Terminei.

– Quem são os dois que discutiram? –Wendy perguntou.

– Ártemis e Apolo. –Makarov respondera por mim. –Há uma história que envolve eles e o caçador Orion.

– História? –Sting perguntou franzindo o cenho.

– Pelo que consta em minhas memórias, Orion foi um grande caçador, pelo qual a deusa da lua e da caçada, Ártemis, se apaixonou. Seu irmão, Apolo, não gostou e mandou que um escorpião o perseguisse. Desafiando a irmã, que assim como ele era uma excelente arqueira, disse a ela que atirasse no escorpião que se movimentava. A deusa disparou sua flecha e acertou seu amado e ao vê-lo morto, Ártemis pediu a seu pai, Zeus, que o levasse ao céu e o transformasse numa constelação. –A voz de Rufus se fizera presente no salão.

– Correto. –Dei um sorriso animado.

– Eu não gosto desse cara. –Apolo bufou.

Revirei os olhos e peguei a chave do deus do sol.

– O caminho para o sol, libere-o, Apolo, apareça. –Pedi enquanto girava a chave que brilhava, como se abrisse uma porta.

Um brilho tomara conta de certo espaço, o ambiente tornara-se mais aquecido e então aparecera um rapaz loiro de olhos azuis. Ele usava calças jeans rasgadas e uma blusa branca, assim como um par de all star preto.

– Há muito tempo que não saio. –Espreguiçou-se. –Valeu.

– Esse daí é o tal Apolo, o deus do sol? –Orga riu.

O loiro que irradiava conforto voltou-se para o god slayer, semicerrou os olhos e deu um sorriso travesso.

– Apolo, por favor, sem brincadeiras. –Pedi reprimindo um suspiro.

O deus do sol praguejou baixo em grego e enfiou as mãos no bolso da calça.

– Eu apenas iria deixa-lo bronzeado, Miss Lucy. –Dera um sorriso e olhares inocentes à mim.

– Claro. –Eu arqueara uma sobrancelha, sabendo a verdade. –Eu queria te pedir para que não brigasse com Orion, tudo bem?

O deus do sol resmungou.

– Eu não gosto dele.

Dessa vez eu suspirei.

– Nem parece que tem milênios de idade. –Revirei os olhos. –Apolo, eu vou ter que chamar os outros, então eu te peço para que se controle por um tempinho, tá bem?

O loiro respirou fundo e suspirou frustrado.

– Ok. –Murmurou.

Sorri e virei-me para Makarov.

– Mestre, eu já ocupei todos por tempo demais. Posso ir conversar com eles em sua sala?

Muitos engasgaram.

– E por que não conversa com eles aqui? –Lisanna perguntou irritada. – Tem algum segredo, Lucy?

Oh, essa albina continua me irritando.

Voltei-me para a albina mais nova e meus olhos chocolate se semicerraram.

– Três grandes dos céus, do submundo e dos mares, apareçam: Zeus, Hades e Poseidon. –Minha voz soara rouca.

Luzes mais fortes que a anterior, invadiram o ambiente.

Três tipos de auras invadiram o salão.

Uma era que mostrava força, seriedade, como uma tempestade.

A outra era sombria, fria, que causava arrepios como escuridão eterna e o desespero.

E a terceira transmitia a serenidade do mar, mas emanava tensão como os maremotos. O cheiro de maresia também estava por ali.

Três homens apareceram.

Usavam roupas casuais, em seus próprios estilos.

– Zeus. –Eu falei olhando para o homem de cabelos loiros e pouco grisalhos, com uma barba rala e olhos azuis tempestuosos com um sorriso confiante nos lábios.

Alguns engasgaram.

– Hades. –Olhei para o homem de orbes negros como ônix e cabelos igualmente escuros, a pele mais clara e um sorriso de canto nos lábios.

Mais engasgos.

– E Poseidon. –Fitei o último, esse tinha olhos azuis e era como se as ondas do mar quebrassem na imensidão azul. A pouca barba levemente grisalha e os cabelos levemente escuros e com um sorriso divertido na face.

– E-Esses são os Três Grandes? –Gray perguntou surpreso.

– Olá, crianças. –Zeus acenou.

– Crianças? –Lisanna repetira sarcasticamente.

Hm, agora errou feio Lisanna.

Nunca se deve provocar um deus.

Principalmente se ele for um d’Os Três Grandes.

– Comparado com o quanto nós vivemos, vocês não passam de recém-nascidos, menina. –Poseidon rira divertidamente. –Ah sim, senhorita Lucy, poderia chamar os outros? –Olhou carinhosamente para mim.

Dei-lhe um sorriso e fechei os olhos.

– O caminho para a lua, libere-a, Ártemis, apareça. –Minha voz era suave.

Uma luz azulada e uma sensação noturna tomara conta da guilda.

– Olá, Lady Lucy. –A mulher de cabelos negros e um pouco azulados sorrira. Seus olhos eram com de gelo e sua pele era levemente no mesmo tom. Imortal.

Sorri-lhe.

– O caminho da mensageira, libere-a, Íris, apareça. –Eu dissera novamente.

Um arco-íris brilhou pelo salão, encantando muitos.

Uma bela moça de cabelos ruivos com mexas coloridas aparecera sorrindo animadamente. Vestia roupas alegres.

– Aqui estou! –Acenou animada.

– As duas majestades estelares, Rei Cepheus e Rainha Cassiopéia, apareçam. –Os chamei.

Estrelas brilharam suavemente e mais duas figuras apareceram.

Apesar dos títulos nobres, ambos se vestiam casualmente. Como um casal comum. Eles eram extremamente gentis.

– Lady. –Cumprimentaram-me sorrindo.

– Obrigada pela presença. –Agradeci, parecendo menos tensa. Virei-me para os companheiros e demais magos.

Todos pareciam estáticos.

Suspirei e olhei para Lisanna. Ela estava pálida, cansada.

– É por isso que eu não queria chama-los na frente de todos, Lisanna. Suas presenças são extremamente poderosas e isso vai consumindo a magia. –Disse num tom sério.

– Mas... Isso não é possível! Por que você tem esses caras tão fortes?! –A albina perguntou indignada.

Apolo riu um pouco atrás de mim.

Oh, mais um detalhe: Apolo pode não ser Hermes ou um dos filhos dele, porém o deus do sol pode ser sorrateiro e traquina tanto quanto os filhos do deus dos viajantes. Aliás, ele é um deus que não se devia provocar, a menos que queira sair torrado no final da história.

– Por que ela tem a nós? –Perguntou arqueando a sobrancelha direita e sorrindo divertido. –Ninguém além dela é capaz de nos aguentar. E você? Por que seu coração é tão escuro?

Ah sim.

E não fale mal ou insinue coisas com duplo sentido, em malícia ou desprezo, de alguém que ele goste.

É uma dica.

Ninguém entendera e então Lisanna tremeu levemente.

– Apolo é um deus de várias coisas além do deus do sol. O deus da medicina, da música, da poesia, da profecia... Ele é o deus que mais sabe. –Comentei. –Mas, enfim. Acho melhor conversarmos na sala do mestre, por favor. A presença de vocês está deixando todos abatidos.

– Oh, certo. –Ártemis diminuiu sua luz, ficando bem mais normal, como uma pessoa comum.

A deusa do luar usava sua armadura e segurava seu arco-e-flecha, com a aljava em suas costas.

Os demais fizeram o mesmo, então os magos pareceram respirar melhor.

– E o tal de Hades, esse cara não fala? –Outro mago qualquer perguntou ao longe.

Segurei um suspiro.

Aí está outro deus que não se deve provocar.

A não ser que você queira uma passagem direta para Os Campos Asfódelos.

O deus dos mortos deu um sorriso de canto.

– Eu falo, porém os mortos ficam em silêncio. –Sua voz era rouca e um tanto assombrosa.

– O que é contraditório, visto que os mortos continuam falando. –Eu comentei dando de ombros.

– Bah, isso não é importante. –Hades também dera de ombros. –Ah sim. Poderia chamar Thanatos? Quero conversar com ele sobre algo importante do mundo inferior, Lady.

Corri os olhos pelo salão da guilda.

Os magos pareciam um pouco abatidos.

Suspirei mais uma vez.

– Acho melhor irmos logo para a sala do mestre. A presença de Thanatos iria deixa-los mais frágeis. –Eu dissera um tanto séria.

– Está nos chamando de fracos? –Alguém perguntou irritado ao fundo.

Arqueei uma sobrancelha

– Ela não os chamou de fracos. –Zeus entrou no assunto. –Porém, eu sim. Comparados a nós, vocês são fracos, magos. –Um sorriso calmo brotara em seus lábios.

Ah sim. Outro detalhe da história:

Não diga algo num tom como este perto de Zeus e alguém que ele goste.

Aliás, é bom não falar nada para deus algum.

Poseidon riu discretamente e Hades dera um sorriso se canto, e aquilo já valia por uma risada.

– Ora... –O mago parecia irritado.

– Hm, caro jovem. Aconselho-lhe a não perturbar meu pai, caso contrário será reduzido a pó. –Ártemis comentara calmamente.

Oh sim.

A deusa da lua tem certa aversão a homens. E tampouco se importaria se o mago virasse churrasquinho.

Essa era Ártemis.

Uma energia sombria começou a emanar de uma das chaves.

Ah, eu sentia muito bem.

– Deus da morte, Thanatos. –Sussurrei comigo mesma.

A chave me ouvira, o que fizera com que uma presença surgisse das sombras.

Os magos ofegaram e vários caíram de joelhos no chão.

Todos se espantaram.

– Vamos depressa para a sala do mestre. –Rapidamente agarrei a mão do rapaz que surgira e em seguida eles desapareceram.

* * *

Ninguém falou nada por algum tempo.

– Oh sim. Acho que depois disso ninguém abrirá a boca para falar da minha pirralha, não? –Makarov sorria animadamente.

Natsu riu.

– Luce tem ótimos amigos agora.

– Amigos? Tá doido? Ela é a dona deles. –Alguém comentou.

Os magos da Fairy Tail riram.

– Dona? Claro que não! –Gray riu.

– Luce nunca se chamaria de dona deles. –Natsu revirou os olhos para o que havia ouvido. –Ela é amiga de cada espírito, isso ela já deixa bem claro.

– Acho melhor ninguém duvidar da capacidade da Lucy-san. –Wendy sorriu.

– A Bunny Girl é bem forte. –Gajeel gargalhou.

Lisanna fechou a cara e rumou para o balcão da guilda, sentando-se num banco com uma expressão irritada.

Por que Lucy recebia tanta atenção?

* * *

Vinte minutos depois passos foram ouvidos vindos da escada.

Natsu parou o que estava fazendo, –que era discutir com Gray, e se aproximou dos degraus subindo-os rapidamente. Sorriu e estendeu o braço direito, segurando uma mão pequena e delicada.

Para a surpresa dos magos de fora, o rosado abraçara a maga celestial pela cintura enquanto colava seus lábios nos dela, num carinhoso selinho.

Sting começou a engasgar com um sanduíche que comia, e foi preciso que Elfman lhe desse alguns tapas nas costas até que o loiro voltasse a respirar.

Mais magos engasgaram.

Rogue arqueou levemente a sobrancelha direita coberta pela franja negra.

– Você demorou Luce. –Natsu reclamou feito criança.

– Estava em reunião, Natsu. –Ela lhe deu um sorriso.

O rosado riu e a puxou pela mão, andando até o bar onde Makarov os esperava.

– E então minha filha? –Perguntou um tanto tenso.

A loira se calou e todos fizeram o mesmo.

– Nós resolvemos tudo, mestre. –Ela dissera num semblante sério. –Eles lutarão conosco, o Mundo Espiritual inteiro estará nessa guerra, o universo se aliará.

Makarov abaixou a cabeça ao escutar aquilo e então se levantou.

O anão fora crescendo até ficar completamente visível para todos os magos que estavam na Fairy Tail.

– É oficial. A guerra está declarada. –Sua voz causara arrepios.

Aquele era o momento crucial.

O que todos se preparariam para o desastre inevitável.

Sangue, mortes, dores, lágrimas.

E um fim.

Qual?

Ninguém sabia dizer.

Todos ficaram em silêncio, então algo fora ouvido.

Lucy derrubara um banco enquanto se apoiava no balcão. Ao seu lado Natsu parecia preocupado.

Gray correu em sua direção.

– Luce, olhe pra mim. –A voz do rosado era preocupada.

A loira tentou levantar a cabeça e seus olhos perdiam o brilho. Sua face se contraía em dor e então suas pernas fraquejaram.

O filho de Igneel a pegou antes que a garota caísse no chão, segurou-a em seus braços, preocupado.

– Wendy! –Chamou-a.

A menina se aproximara correndo, já iniciando um tratamento de cura assim que chegara. Ela tremia e então se virou para o mestre.

– Chame Polyushka-san. –Pedira.

O velho homem voltara-se para Jet, o rapaz assentira e saíra correndo com velocidade.

As coisas ficariam péssimas dali em diante.

– Luce. –Natsu a chamou mais uma vez.

– Eu estou bem. –Ela murmurou tentando se colocar de pé mais uma vez.

Uma sensação ruim invadiu seu corpo.

Desespero, medo.

O dragon slayer do fogo ofegou quando sentiu aquilo.

– Eles estão vindo, não é? Luce! –Sua voz soava preocupada. O rosado voltou-se para o mestre. –Mestre, a Tártaros está vindo atacar. A cidade tem que ser evacuada.

O anão assentira e logo pegara uma lácrima de comunicação, afastando-se.

– Luce, olhe pra mim. –A chamou.

A garota tremia e estava pálida.

– Tudo vai ficar bem. –Ele dissera.

A voz do garoto soara de três maneiras diferentes.

Ela ouvira a voz de seu pai.

A voz de sua mãe.

E a dele própria, de seu amado.

Fechou os olhos.

“Como sou idiota. Não posso fraquejar assim do nada. Não antes da batalha.”

Dissera a si mesma em pensamentos.

Seu estômago revirava, era uma sensação horrível.

Ela queria vomitar.

– Oe, o que está acontecendo com a blondie? –Sting se aproximara confuso.

Natsu estava preocupado.

– São eles. Aqueles demônios desgraçados estão vindo. –O dragon slayer dissera num tom de raiva. –Luce, você vai ficar bem.

Assentiu em confirmação e as náuseas começaram a diminuir. Ela não tinha tempo para passar mal. Sofreriam um ataque e não podia fraquejar agora.

O rosado segurou sua mão e lhe deu um sorriso de confiança.

Engolindo toda a sua dor, devolveu-lhe o sorriso.

Era hora de provar que eram fortes e mostrar suas magias.

A batalha iria começar. E terá um fim.

Qual deles em meio a uma variedade?

Embora para os demônios, só haja um final: a sua vitória, a derrota dos magos. A aniquilação de magia e a destruição de uma nação. Tudo terminando com eles no poder, fazendo o caos e um novo inferno.

Mas há o fim dela.

E ele é completamente o oposto disso.

A loira não deixará que a história termine dessa forma.

Pois ela tem um nome.

Lucy Heartfilia.

E a Fairy Tail tinha a sua honra.

Iriam resgatar Erza e Mira, venceriam a guerra.

Era uma promessa dela.

* * *

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Será que eu vou
ter você comigo até o fim...?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Muito cansativo? Me perdoem por isso.

Conseguiram juntar um pouco mais as peças do meu querido quebra-cabeças? Ele está bagunçadinho (tipo o meu quarto...), mas espero que já estejam formando o desfecho da história... A não ser que eu mude algo, mwahahahahaha (não seria tão cruel ao ponto de iludi-los, brincadeira da minha parte).

Espero que tenham apreciado o capítulo e gostado dos novos espíritos. ^^

Addio!



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