[Should I Trust You?] escrita por Grani008


Capítulo 6
SEX on the School Roof


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, não me joguem estacas pela demora, por favor! Obrigada aos pacientes que vão ler isso, mesmo depois de tato tempo. Alguns nomes são consequência da minha recente leitura de Anjo Mecânico que me abalou muito. Dica: leiam primeiro Peças Infernais depois Instrumentos Mortais. Vocês irão sofrer menos se não fizerem o mesmo erro que eu. Agora, podem ler, e - me referindo ao título - quem quer fazer sexo no telhado da escola? kk' suahshuahsuahusahushuahwsuazx2rjwesdij.
~nolita



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Cap. 06 SEX on the School Roof

Eu olhei mais uma vez para o bilhete na minha mão, atordoado. A aula de física parecia infinita – mais uma vez – mas dessa vez eu queria sair por um motivo bem melhor que tédio.

A última aula de música tinha me deixado completamente sem esperanças, enquanto Jason simplesmente riu do meu estado deplorável. Ele disse que eu estou parecendo uma garotinha que se apaixona no colegial. Filho da mãe.

Quando Nico o chamou de idiota e saiu andando, ele foi atrás perguntando oque havia de errado e me deixou em paz. Se Jason fosse um cachorrinho, e eu tivesse um pedaço bem suculento de carne, ele ainda escolheria Nico, algo que nunca entendo.

Eu já tinha olhado para a porta tantas vezes, contado até cem tantas vezes que minha cabeça começara a doer. Mãos inquietas que irritavam a mim mesmo, e já tinha lido aquele bilhete tantas vezes que me peguei me perguntando o que aquelas palavras significavam. Joguei a cabeça de lado e fechei os olhos. O ar-condicionado deixava a sala fria, parecendo um ambiente morto, paredes brancas e adolescente cheio de tédio transbordando.

Eu me deitei sobre minha cadeira e fechei os olhos, o silencio ensurdeceu que se seguiam me deixava maluco. Tudo tinha sumido os murmúrios, os pés batendo no chão cinza impacientemente, cadeiras sendo arrastadas, a voz contínua e robótica do professor. O giz rasgando o quadro em ruídos de tortura. Tudo era silêncio agora, depois meus ouvidos foram inundados pelo ruído alto do sinal da última aula, tapei as orelhas com as mãos enquanto a sala se enchia de vozes altas, despreocupadas, gritantes. Eu queria gritar para que se calassem, mas eles não o fariam, tudo o que me restou foi fechar os olhos e cerrar a mandíbula, esperando que saíssem. Saíssem.

– Jason? Jason!

Eu levantei os olhos lentamente, minha cabeça latejando como se alguém estivesse batendo nela insistentemente com um martelo. O professor, em suas roupas cinza, tênis gastos, cabelo curto e barba mal feita estava na minha frente, os livros em baixo dos braços, olheiras sob os olhos azuis desbotados. Se nossos olhos desbotassem com nossas preocupações, eu diria que esse cara estava a ponto de se jogar de um prédio. Eu lhe lancei um olhar de compreensão e depois murmurei um ‘desculpe’ antes de pegar minha coisas e sair da sala. Quando já estava no corredor – agora vazio – ele gritou:

– Você deveria ir para casa e descansar Jackson.

Depois saiu em direção à sala dos professores onde provavelmente ia tomar de três a quatro copos de café para conseguir corrigir os trabalhos dos alunos e aguentar o turno da noite no seu emprego noturno em outra escola.

Casa, ir pra casa. Cerrei os punhos que macetaram a superfície de papel. Papel. As palavras que tinha esquecido. Virei no corredor correndo, quase batendo de cara no chão quando quase escorreguei em uma curva. A escola nunca pareceu tão grande, corredor após corredor que pareciam apenas borrões e entre eles os nomes das salas, ou melhor, números. Estava marcado no papel sala de química, mas que disse que eu me lembrava da droga do número?! Parei bruscamente ao encontrar uma porta entreaberta, que eu quase deixei passar à toa. Talvez tivesse alguém ali que poderia me ajudar, ou essa fosse a sala de química.

A segunda opção era a correta, o que fez me deixar um pouco nervoso. Abri a porta sem escrúpulos, esperando vê-la sentada na mesa da professora, que ficava no meio da sala. Nada. Olhei pela sala, nada também. As mesas duplas estavam vazias e monótonas como qualquer outro dia sem aula. Os vidros vazios se alternavam por espaço nas prateleiras abarrotadas de outros vidros com coisas coloridas, animais dissecados e empalhados, microscópios e outras coisas no tipo. Todo o barulho da sala eram três aquários no fundo. Um com uma cobra, outro com alguns sapos e outro com peixes. Os animais pareciam mortos de longe. Tentei a porta no final da sala, que levava a uma câmara fria do lugar, mas, como esperado, estava fechada, a única pessoa com acesso àquela sala era a professora, lá continham amostras dos hospitais próximos para pesquisa, das quais ela se encarregava.

Sem mais nada para checar, eu simplesmente olhei para o nada antes de perceber o que realmente estava acontecendo, era tudo uma piada. Eu podia fazer uma lista mental de quem fez aquilo em segundos, duvidava que Nico pudesse ter participado disso, portanto Jason era meu principal suspeito, mas na verdade qualquer um poderia ter feito isso, não era como se todo mundo daquela escola me amasse incondicionalmente.

– Que piadinha agradável. – Murmurei. – Vamos apareçam.

Sem resposta.

– Ok. – Disse elevando o tom da voz. – Onde está porra da câmera? Já podem parar com a brincadeira! – Eu disse indo em direção à mesa da professora vasculhando pelo dispositivo pequeno e negro que eu sabia que estava ali em algum lugar.

Chutei a parede, frustrado. Arrumei a mochila no ombro e fui até a porta.

– Vamos Jackson, você é mais esperto que isso. – A voz envolta em um risinho familiar me acertou como um balde de água fria no rosto.

Eu virei meu rosto para o alto, o pé direito alto não tinha me permitido vê-la lá em cima, em parte também porque eu nunca esperaria.

– Não é uma brincadeira. – Ela fingiu se ofender. – Essa é a minha letra e o bilhete é meu.

– E-Eu n-ão... É só que... Eu...

– Não esperava me ver aqui em cima? – Ela estreitou os olhos e de virou para pegar alguma coisa.

O que eu queria dizer com Annabeth estar no teto é que ela estava sentada com as pernas balançando pra fora de uma abertura no teto, que eu tinha quase certeza que levava para um forro coberto de fios elétricos. Ela voltou segundos depois com óculos redondos de armação cinza e lentes que deixavam seus olhos cinza terrivelmente grandes. Não podia evitar encarar.

– Não me olhe assim, eu tiro as lentes por alguns minutos e você me olha como se eu fosse um mamute com asas.

Não pude deixar de sorrir diante da comparação.

– Desculpe... É só que, anh...

– Você nunca imaginaria isso, Aham eu sei.

– Bom. – Comecei a mudar de assunto, passei as mãos no cabelo e limpei a garganta. – Você não vai descer daí?

– Pelo contrário. – Ela se virou novamente para trás, como se tivesse algo importante atrás de si. – Genevive, comporte-se!

– Gengibre!? – Exclamei.

Ela se voltou para mim com uma cara que me chamava de idiota sem me dizer de fato.

– Como eu dizia... – Ela pigarreou. – Você que vai subir aqui.

– Aham gênia. Como?

Ela jogou do teto uma escada de madeira que não me parecia confiável, mas parecia presa ao forro, deixei minha mochila de lado e fechei a porta, depois subi as escadas, pesaroso. Aquilo balançava demais para o meu gosto, a madeira velha rangendo, as dobraduras de ferro corroídas pela ferrugem.

Quando me sentei na madeira firme do forro foi um grande alívio. Eu estava bem perto de Annabeth, quase caindo em cima dela, que não parecia se importar. Ela vestia jeans cinzentos e uma camiseta muito larga vermelha, os cabelos estavam presos em um coque loiro, os cachos caindo desgovernados. Ela não parecia se importar, chinelos de dedos estavam do seu lado, e não tinha nenhum rastro de maquiagem no seu rosto, onde – agora eu podia observar – pequenas sardas se formavam discretamente, agora à vista sem todo aquele pó. Ela era linda quando estava uma bagunça.

Não parecia estar vestida para a escola e isso me lembrou de que eu não a vira em lugar nenhum, mas como os professores não perguntaram por ela, pensei que tinha justificado sua falta com antecedência. Não tinha aprofundado minha curiosidade.

– Então... – Eu comecei a falar, meio sem saber o que fazer meio estático por estar tão perto dela.

– Deve estar se perguntando por que te chamei aqui. – Ela disse, mas minha cabeça estava em branco, ainda processando as opções do que deveria pensar. Ela não me deu oportunidade de responder. – Bom, eu queria te mostrar uma coisa antes de... Bom, quero que você tome conta de algo para mim.

– Se for um amigo imaginário eu realmente não posso fazer nada a respeito.

Ela me olhou totalmente séria, os olhos e expressão repreendedoras me deixando sem fala. Depois se virou de costas e engatinhou pelo forro, que era essencialmente liso e espaçoso, com apenas algumas poucas fiações bem organizadas em alguns cantos. Sem saber o que fazer eu a segui. Aquele lugar era muito inclinado para mim, mas Annabeth parecia se mover bem por ali, como se já tivesse estado lá por tempo o suficiente para reconhecer cada canto do lugar. E era o que eu supunha.

– Eu poderia imaginar que está me trazendo aqui para me seduzir, apesar de isso exigir muito da sua capacidade mental, e não ser muito do seu feitio...

– Eu não vou fazer sexo com você no telhado da escola Jackson.

– Uh ok. – Eu me fingi de desapontado, apesar de estar só brincando. – Decepcionante Chase. Dê-me uma dica do que eu devo imaginar?

– Nada. – Ela respondeu em tom seco. – Chegamos.

Ela se sentou e olhou para um canto escuro, abarrotado de cobertores com estampas de ursinho, e eu já ia perguntar o que era quando tufos de pelo brancos começaram a se mover. Não, não tufos. Penas.

– Essa é a Genevive, não Gengibre. – Ela explicou. – E Thomas, Will e Charlote.

Eu olhei para ela, confuso. Ela revirou os olhos.

– São corujas Perseu. Um ninho.

Eu olhei novamente para o amontoado e percebi que não eram tufos de pelos, mas de penas, penas brancas e cinzentas.

– Eventualmente elas precisarão sair daqui. Você vai ter que ajuda-las por mim. No meu lugar.

– Own. – Eu disse ignorando oque ela disse e indo tocar as pequenas corujas.

– Se eu fosse você eu não faria...

Era tarde demais. Um grande bico, preto e afiado, se afundou nas costas da minha mão e eu emiti algum palavrão do qual minha mãe me puniria lavando minha boca com sabão de soda se me ouvisse pronunciar. Puxei a mão para perto e me afastei. Uma grande e furiosa mamãe coruja tinha se levantado – em minha opinião brotada do chão... Quer dizer, do teto – e esvoaçava as asas na minha direção com o bico pronto para mais uma ofensiva.

– Genevive! Acalme-se!

– Você colocou um nome na coruja?!

– Claro! – Ela devolveu no mesmo tom que eu, depois colocou o indicador sobre os lábios me pedindo para calar a boca. Depois completou sussurrando, para a coruja. – Tudo bem Genevive, já estamos de saída.

A coruja abaixou as asas e veio para o lado dela, sem tirar os olhos de mim. Era enorme, penas brancas de pontas cinza. Olhos amarelos que me faziam gelar de medo. Ela se esfregou no braço de Annabeth, que acariciou lhe o que provavelmente era a cabeça, coisa que eu nunca faria por sua boca ficar tão próxima. Ou melhor, bico. Annabeth apontou autoritariamente para os cobertores e a coruja foi obedientemente, como se tivesse recebido alguma ordem muito importante, cambaleando e depois envolvendo seus filhotes com as asas, sem tirar os olhos de demônio de mim, é claro.

Annabeth voltou para a abertura no teto e eu fui com ela, que se sentou um pouco antes da beirada.

– Bom uau.

– Espero que tenha gostado mesmo. – Ela abaixou o rosto e soltou o coque, os cachos loiros caindo desajeitadamente sobre os ombros como cascatas.

– Tem três filhotes, Thomas é o menorzinho, mas em questão de semanas estará tão grande quanto os outros e precisará de algo para diferenciá-los. Charlote tem uma manchinha amarela perto do olho, e Will tem olhos azuis. É bem simples. Você já conhece Genevive. Lembre-se, não é Gengibre.

– Mas, por que...

– Lembre-se de trocar água e se os ratos do forro acabarem traga algo congelado pra elas. Não traga pizza, ok? Ratos ou outros animaizinhos. Você encontra isso no Petshop do Harry, a professora de química é a única que sabe e vou te dar uma cópia da chave, tente não deixar Genevive matar você. – Ela me cortou e falava muito rápido. – Eventualmente vão ter que sair daqui, claro, nesse caso... Acho... Acho que deve chamar o zoológico ou algo assim, mas, por favor, cuide deles antes, eles não seriam tão cuidadosos. Tire fotos dos progressos deles.

– Annabeth, porque está me dizendo isso? – Eu a encarei confuso.

– A c-chav-ve, e-la... – Ela começara a soluçar. – A professora vai t-te passar o-ok? C-cuide delas.

– Masquediabos?

Ela não me olhou nem por um instante. Eu levantei seu queixo e seus olhos estava vermelhos por trás das lentes grossas, o que os deixavam piores, a boca tremendo levemente.

– Por todos os deuses, você não está morrendo está?!

Um esboço de sorriso surgiu, mas tão triste que fez meu coração se esmagar, como se alguém o estivesse amassando em um espremedor de frutas.

– Não. Não! Percy. – Ela disse com a voz terna. – Eu vou embora. Vou estudar em Londres.

– Oquê?

– Londres.

– Que ótimo! Quer dizer, deve ser bom para você, sabe, estudar fora e tudo o mais e... E...

– E eu queria que você me visse como eu realmente sou antes de ir. – As palavras dela quase me derrubaram. Se tivessem algum poder físico, o teriam feito.

Eu a fitei, e ela não desviou o olhar dessa vez.

– Eu vou sentir sua falta. – Falei com a voz engasgada.

– Eu também. – Sua voz era como um sussurro.

Um silêncio morto pairou depois disso, eu não sabia se devia fazer alguma coisa.

– Acho melhor descermos, Jackson. – Meu sobrenome foi quase um sussurro.

A pele do joelho dela raspando no meu, ombros se tocando. Tudo me deixava estático, fazendo uma onde de arrepios prazerosos se estenderem pelo meu corpo. Mas eu queria sentir aquilo com a boca, a minha boca na dela. E quando eu me inclinei para beijá-la, ela realmente não se afastou. Todo aquele ódio das semanas anteriores diluído, como uma pequena mancha em um passado distante. Eu tirei seus óculos com minha mão esquerda e os coloquei de lado, pegando seu rosto com as duas mãos, ela fechou os olhos e eu também fechei os meus.

– Eu vou sentir muito, muito mesmo falta de você.

Quando nossos lábios se encontraram em um beijo leve e breve, ela estava chorando, lágrimas escorrendo livremente pela sua bochecha. Eu aprofundei o beijo e ela permitiu, passando os braços em volta do meu pescoço e segurando meus cabelos. O gosto salgado das suas lágrimas se misturando à tudo. Annabeth cheirava a lágrimas, livros envelhecidos e caneta, e esse era o melhor cheiro do mundo. Eu a puxei para mais perto e ela se sentou no meu colo enquanto nos beijávamos. A pele quente dos seus ombros em contraste com o tom gelado de suas lágrimas, que aos poucos diminuíram. Eu nos separei apenas por alguns instantes, nossas testas se encostando, ela ainda de olhos fechados. Os lábios vermelhos pelo beijo.

– Então... O que acha de fazer sexo no telhado da escola?

– Vai se ferrar Jackson. – Ela disse com um tom divertido na voz, mas também repreendedor.

O que era irônico porque depois disso ela me beijou com tanto fervor, e mordendo meu lábio, que eu cheguei a perguntar se aquela não era uma segunda resposta, oposta à primeira.


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Notas finais do capítulo

Não vou citar nomes MAS LEIAM ESSA PORRA DE NOTAS FINAIS, e referente a não citar nomes obrigada pelos anjinhos que comentaram o último capítulo e você aí que eu espero que comente esse ;) Não seja um maldito fantasma. PELOS DEUSES sem spoilers de Peças Infernais pra mim nos reviews, obg dnd. Cap. não foi revisado porque eu tava organizando o Nyah e decidi hoje que ia postar mais pra vcs, então acabei de escrever isso (isso mesmo canibais, capítulo fresquinho, ainda sangrando) e espero que perdoem os erros. Obrigada - mais uma vez - por lerem.
~nolita