No meio da noite, Quim sentiu uns pingos em seu rosto e abriu os olhos. Estava garoando mas poderia virar chuva, então acordou a Fada e João Pedro.

– Acordem, vai começar a chover então é melhor nos apressarmos para achar algum lugar coberto.

Os dois acordaram com cara de sono e sem ao menos responder o rapaz, se levantaram, arrumaram as coisas e continuaram a caminhada. Os pingos atingiam seus rostos como agulhas, seus olhos que mal abriam por causa do sono estavam mais fechados por causa da força dos pingos. Ao passarem por uma árvore, uma voz rouca falou :

– Ei, crianças estranhas no meu território, se afastem.

Quim olhou para ver quem era quem estava falando, forçou a visão e avistou um homem de mais ou menos 30 anos, com barba ruiva e vestido de terno, se é que poderia chamar um terno pois tinha mais furos que um queijo suiço, uma cartola verde com uma flor vermelha. Quim o chamaria de duende se não fosse pelo tamanho que era de um adulto normal. Sem se importar com o que o homem falou eles continuaram caminhando.

– Se derem mais um passo vocês vão cair no buraco.- Disse o Homem. E os três pararam.

O Homem veio caminhando até eles, cada passo era dado com tamanha elegância que até o George Clooney ficaria com inveja.

– Prazer, me chamo Petterson, muitos me conhecem por Duende ou Pett, então me chamem como quiserem.

– Duende? - Disse João Pedro dando uma risadinha.

– Se você reparar, eu me visto igual um duende. - Falou Pett.

– Prefiro chamar você de Pett, parece mais legal.- Disse Fadinha.

– Milady, posso saber seu nome. - E deu beijo na mão da garota.

– Meu nome é Lívia, eles me chamam de Fada ou Fadinha. - Disse a garota.

– Belo nome. - Disse o homem, e olhou para os garotos. - E vocês dois, como chamam?

João Pedro ficou irritado pelo fato do homem estar cortejando a garota e respondeu arrogantemente. - Eu sou João Pedro e esse é o Quim, prazer e tchau. Temos que ir. - E puxou o braço da garota.

– Eu já avisei vocês sobre o buraco, se eu fosse vocês não iria por ai, tantas pessoas já caíram aí que estão me pagando pra ficar aqui e avisar todos que passarem.- Disse Pett.

– Então por qual lado devemos ir? - Perguntou Quim.

– Primeiro me contem o porquê de estarem passando aqui. Está muito tarde para crianças como vocês estarem por aqui.- Disse o Homem.

– Não é de seu interesse. - Disse João Pedro.

– Então não vou contar o caminho certo e irão pegar o caminho errado. - Disse o Homem que logo depois sorriu.

Fadinha que estava apaixonada pelo Pett falou :

– João Pedro perdeu seus sonhos e estamos procurando eles por aqui.

– Perdeu seus sonhos. Hm, Venham, me sigam, vamos ver o que posso fazer. - Falou o Homem.

Os três seguiram Pett até a árvore onde ele estava quando eles passaram. A árvore tinha um buraco em seu troco. Pett virou para eles e falou :

– Vocês estão prestes a conhecer o melhor lugar do mundo.

João Pedro riu e falou :

– Galera, estamos prestes a conhecer o tronco... o melhor lugar do mundo. E todos riram.

– Riam, riam mesmo. Tenho certeza que vão ficar de boca aberta quando entrarem. Peguem e mastiguem isso. - E tirou do bolso uma espécie de algodão doce .

– Olha, algodão doce.- Disse Fadinha que pegou e mastigou.

– Não é algodão doce, nós chamamos de " nuvem passageira".

– Nós quem? "Nuvem passageira"? - Falou Quim rindo.

– Nossa, que rapaz curioso. Você logo descobrirá quem somos nós e o porquê da nuvem passageira. Mas vamos logo jajá estará a noitecendo.

– Anoitecendo? já anoiteceu faz tempo. - Pensou Fadinha, mas antes que pudesse comentar, sentiu um puxão em seu braço, era Quim a puxando para dentro do tronco.

Dentro do tronco parecia um elevador com um único botão. Pett apertou o botão e logo em seguida o chão do tronco se abriu e eles caíram como uma pena pairando sobre o ar. A aterrissagem foi no meio de um jardim de uma cidade. A cidade era toda colorida parecia que tinha todas as cores possíveis. Todas as pessoas que estavam no local nem perceberam que quatro pessoas tinham despencado do nada. Aquela era a melhor paisagem que João Pedro tinha visto, no fundo havia uma enorme montanha com uma casa amarela na ponta. Estava acontecendo o por do sol e assim ele percebeu o que Pett quis dizer quando falou que estava prestes a anoitecer. Fadinha pensou : "Se a perfeição existisse, ela iria morar ali."