Two Souls - Two Names escrita por Roberta Pereira


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

:)



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Depois que Elisa saiu do meu quarto, me joguei na cama e comecei a gritar no travesseiro. Tudo estava acontecendo muito rápido, muito mesmo. Então, comecei á sentir leves dores, mas que incomodavam. Kyle estaria aprontando uma, tenho certeza. Eu só não sabia o porquê dele estar tão inconformado assim, já que ele nunca havia entendido meu pai. Parei de gritar, minha garganta já doía muito, e as dores só aumentavam. Já estava implorando pra Kyle voltar, mas ele não vinha.

Decidi sair do meu quarto, estava com fome, e eu ia pedir um relaxante á Elisa, pra dor aliviar um pouco. Andava devagar, por aquele corredor longo que ligava o meu quarto com o do meu pai e a escada. Desci as escadas, tentando não cair, pois do nada, fiquei tonta e minha dor estava quase me matando, mostrando que Kyle já devia estar muito longe.

Ótimas condições eu estava. Faminta, dolorosa e tonta. Ao chegar ao fim das escadas, meu pai, que estava andando por ali, viu meu estado e rapidamente me ajudou á andar direito, sem falar nada. Colocou seus dois braços em minha volta. Mesmo com aquela tontura infernal, eu conseguia ver, uma coisa. Uma cicatriz, grande e comprida. Caramba! Isso foi um daqueles cortes?

Percebi que ele me levava em caminho da cozinha. Depois, me sentou em uma cadeira. Pelo que eu conseguia ver, ainda, ele botava um copo d’agua na minha frente. Minhas mãos estavam trêmulas, mas ainda assim, consegui pegar o copo.

Bebi, e finalmente minha visão começou á ficar mais nítida, mostrando que minha tontura já tinha se aliviado. As dores continuavam á insistir bravamente, e de vez em quando, pra minha surpresa, elas ficavam mais fortes por uns três segundos, e depois acalmavam. Passamos mais um tempo em silêncio, até que ele resolveu se manifestar:

–Está tudo bem?

–Só estou com fome -Respondi seca.

–Não é só isso. Jully, será que dá pra você esquecer o passado, e tentar gostar de mim?

–Não. Eu nunca vou gostar de você de novo, tá?

–Por favor, filha. –Bufei e revirei os olhos. Já me preparei pra ouvir o que ele iria pedir. –Será que dá pra você tentar agir calmamente hoje no jantar?

–E o que esse jantar tem de especial? –Debochei. Achei que ele fosse falar nada de mais, mas não.

–Eu chamei um grande amigo meu e sua família pra te conhecerem. - Gelei. Ele ficou maluco?

–Pai, você tá doido? Eu não quero que ninguém me veja, que ninguém me conheça! –Me levantei da cadeira, gritando.

Rapidamente minha dor passou, e tudo ficou preto. Mas eu estava completamente lúcida, eu estava acordada, mas não conseguia enxergar. Senti meus pés se erguerem do chão. Por vontade própria, comecei a falar, e então entendi o que havia acontecido.

–Ela não pode conhecer ninguém, não pelo menos enquanto eu estiver vivo. Você sabe muito bem que eu posso fazer qualquer coisa. –Escutava eu falando, mesmo sem ser eu mesma que falava. Senti meu nariz começar á sangrar.

Kyle estava sob o controle da minha mente. Isso nunca havia acontecido antes, pois nunca havia surgido uma ocasião. Mas agora, havia. Era o único modo que Kyle tinha pra se colocar nessa conversa. Meu pai começou a gaguejar, e senti que ele estava com medo:

–Julliane, seja lá o que você esteja fazendo, por favor, pare. –Ele me repreendeu baixo. Eu tentava, mas não conseguia.

–Eu não posso deixar ela iludida. Eu também vi tudo que você fez pra ela. Menosprezou sua própria filha. Ela não pode conhecer ninguém porque tenho medo dela ficar mais magoada de como você á deixou. –Kyle continuou, ignorando seu último comentário.

–Mas, Kyle, entenda que ela precisa tentar uma vida nova, ter novos amigos! E na família do meu amigo só tem um garoto da idade dela –Enfatizou o “um”. Acho que entendeu que era o Kyle, mas não sei como.

Minha visão voltou ao normal, junto com uma forte dor de cabeça, que dava a impressão de que minha cabeça iria explodir. Limpei meu nariz com as costas da minha mão, já que estava cheio de sangue.

–Como você sabia que era o Kyle? –Perguntei rapidamente, limpando minha mão na calça, ignorando o fato dela estar suja de sangue.

–Seus olhos ficaram totalmente brancos, e você começou a sangrar pelo nariz e começou á falar coisas totalmente sem lógica.

Revirei os olhos e aí comecei a perceber que a Elisa não estava de testemunha no local.

–Cadê a Elisa? –Andei em direção ás escadas, mudando de assunto. Eu ia voltar ao quarto, ter um conversa com senhor Kyle.

–Foi no mercado comprar as coisas para o jantar.

Assenti subi. Bati a porta do quarto e sem dar tempo dele falar (sim, minha convivência com Kyle era assim), já fui gritando:

–Seu imbecil! Que ideia é essa de me deixar em um mar de dores e depois fazer isso?

Ele, surpreendentemente, ficou calado. Depois, calmamente, falou que estava arrependido, que só estava com raiva do meu pai, e que queria dar uma volta pelo bairro. Disse também que sabia que se ele fosse muito longe, eu iria me machucar, e por eu ter escolhido vir pra cá, ele quis me castigar.

Não sei por que, mas comecei á chorar. De novo, aquela sensação de que tudo estava acontecendo muito rápido voltou. Eu já estava com saudade daquele povinho que eu tanto amava. Me sentia insegura, que eu devia estar ali, mas também que não. Sentia que aquele lugar não era pra mim, mas que eu ficava bem em estar ali. Sentia que era bom meu pai ter se arrependido do que havia feito. Ou então sentia que eu nunca devia ter nascido! Desejava não estar ali, mas também queria saber o que havia por vir.

Kyle, não podia fazer nada, mas podia tentar falar alguma coisa. Só que eu não escutava, meu choro estava começando á ser acompanhado com soluços e lágrimas, que caíam copiosamente. Mas, a campainha tocou, me chamando a atenção. Parei de chorar um pouquinho, pra tentar ver quem era. Kyle pediu pra sair, mas não deixei, porque se fosse a família do amigo do meu pai, ele não saía mais do quarto até o outro dia.

Acalmei o choro, lavei o rosto no banheiro que havia no quarto (agradeci internamente por não ter que dividir banheiro com ninguém). Mandei Kyle em hipótese nenhuma sair do quarto, que eu não queria que nada acontecesse. Botei a cabeça pra fora do quarto, e meu pai pediu pra eu ir atender.

Sem receio algum (ou talvez um pouco), caminhei até a porta, sinceramente, nem sei como eu já conheço tão bem essa casa! Destranquei e abri a porta. Lá tinha a Elisa e um garoto. Ele tinha um cabelo platinado, com pontas pretas, e pelo que eu via, ele tinha um olho cor-de-mel, e o outro verde-água. Usava uma roupa que tinha um estilo vitoriano. Os dois carregavam sacolas de supermercado. Abri um leve sorriso ao vê-los. Abri espaço pra eles entrarem:

–Oi querida! Achei que você estivesse dormindo desde que você chegou! –Ela colocou as sacolas no chão e me abraçou. –Pode levar o Lysandre até a cozinha? Eu tenho que falar com seu pai um pouquinho. –Pegou a sacola de novo e me entregou. Saiu da sala e saiu em direção á uma porta, que eu suspeitei que fosse o escritório do meu pai. Sorri fraco pro garoto, e fiz um sinal com os olhos pra ele me seguir. Ele saiu andando ao meu lado. Andávamos devagar, pois seguíamos meus passos, e já que eu estava carregando peso, estávamos bem lentos.

–Lysandre. –Falou, se apresentando. Olhou pra mim, como se esperasse uma resposta.

–Julliane, mas me chame de Jully.

–Prazer. Fiquei sabendo que você chegou aqui hoje. Tem certeza se conhece essa casa? –Falou, rindo um pouco.

–Sei lá! Pelo menos eu ainda não me perdi! –Ri junto.

Comecei a sentir um leve pressentimento em relação á isso. Kyle saiu do quarto. Ele ia fazer alguma coisa. Ia estragar tudo.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos! º3º



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