Two Souls - Two Names escrita por Roberta Pereira


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi!!!
Hoje tem dois!



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Bem, é bem difícil ser normal quando se trata de Julliane Marie. Mas não custa nada tentar nessa nova vida. E por que eu tô falando “nova”? Porque meu pai deve ter mudado, com certeza. Depois de muitos anos refletindo sobre o que fez (espero), ele deve ter tomado uma decisão melhor. Kyle, que sabe melhor da minha mente do que eu mesma, disse que já me viu com saudades do meu pai, mesmo que eu não queira admitir.

Eu comecei á arrumar minhas malas 1 semana antes de ir embora. Ok, esta foi a semana mais sofrida da minha vida. Apesar dos pouquíssimos amigos, todos eles gostavam de mim, e eu deles. Na escola, eu acabei saindo bem cedo, e apesar de tudo, eu estava bem triste por isso. O pessoal do laboratório também ficou bem triste quando eu estava indo embora.

Quem mais sofreu foi o Dave. Dave era um principiante quando chegou, e tinha 17 anos. Ficou presente em parte dos meus dias, já que ajudava o diretor do programa. Além disso, ele ficava no departamento o dia todo, então nos encontrávamos bastante. Ele havia sido um verdadeiro amigo pra mim, quase tanto quanto o Kyle. Cuidava de mim quando eu estava triste. Me ajudava quando eu precisava. Aconselhava quando necessário. Eu iria sofrer bastante sem ele. Principalmente depois que eu não fosse mais vê-lo todos os dias. Quando me toquei que eu nunca mais poderia vê-lo, fiquei bem triste. Kyle me apreendia por isso, já que eu devia sair sem amarras dali. Eu sabia que isso era só uma crise de ciúmes que iria passar.

Ainda era cedo. 14h00. Quando eu estava pra ir embora, todo mundo que eu conhecia estava lá, na porta do departamento, para poderem se despedir direito. Estavam lá meus amigos, meus professores, meus médicos, todo mundo! Inclusive o Dave... Ele estava encostado no carro onde eu iria sair.

Decidi deixar pra falar com ele por último. Comecei pelos meus amigos que falaram que nunca iriam me esquecer, nem do Kyle.

Por último, fui até Dave, quando eu estava pra ir embora. Ele me abraçou e eu retribuí. Senti que Kyle iria fazer alguma coisa, mas eu o reclamei internamente, então parou. Dave falou que iria me visitar assim que pudesse. Custei á acreditar, porque ele era muito atarefado, mas acreditei. Passamos mais um tempo assim, então nos soltamos. Entrei no carro. Abri a janela e acenei pra todo mundo, enquanto o carro saía. Então, se deu a partida.

Passou uma hora, e comecei a ficar impaciente. As músicas do meu Ipod já estavam acabando, e Kyle não queria puxar assunto. Perguntei se já estávamos chegando ao motorista, e ele respondeu que não. Acabei adormecendo, já que era a única opção ali.

(...)

Acordei com o Kyle me cutucando impacientemente. Antes que eu pudesse reclamar alguma coisa, percebi que o carro já havia parado. Olhei através da janela do carro, e vi que eu estava na frente de uma casa. Era uma casa simples, com um jardim na frente e árvores em volta. Na frente da porta, vi o motorista do carro de costas, conversando com uma mulher. Ela tinha aparência de uma mulher de 34 anos. Seus cabelos eram pretos e longos. Sua pele era branca, mas não muito. Então não podia ser a casa do meu pai. Ele havia dito que nunca mais iria ter uma mulher na sua vida. Decidi descer do carro. Abri a porta e Kyle, que devia estar com muita raiva de estar naquele lugar, bateu a porta com muita força. Isso acabou fazendo um estrondo enorme, me tornando o centro das atenções.

Os dois ficaram olhando pra mim, com um olhar um pouco assustado. Depois a mulher acabou sorrindo e fez um sinal pra que eu me aproximasse. Fui andando calmamente, meio que receosa. Eu não sabia se ela iria aceitar Kyle naquela casa, ou pior, se ela sabia se ele existia.

Ao chegar do seu lado, ela colocou seu braço envolta do meu ombro e falou:

–Se quiser, pode ir pra casa –Se direcionou pro motorista. Ele deu de ombros e saiu andando em direção ao carro. –Vamos entrar! Seu pai está te esperando! –Olhou pra mim e sorriu. Acho que esperava que eu fosse andar sozinha até lá dentro. Kyle, que já estava pra morrer, acabou indo na minha frente. Fui o seguindo, parecia saber o que estava fazendo. A mulher que ainda estava com seu braço envolta do meu ombro, foi andando junto. –Ah, minha educação! Prazer, Eliza! –Me parou e estendeu a mão. Apertei.

–Prazer! –Sorri. Ela parecia bem legal. –Meu nome é Julliane, mas me chame de Jully. –Ela sorriu e voltamos á andar. Aquele caminho de pedra não acabava?

–Não vai me apresentar seu amigo? –Gelei. Era óbvio que ela estava se referindo ao Kyle, pois não tinha ninguém mais comigo. Passei um segundo calada.

–Ele se chama Kyle. –Apenas falei. Queria perguntar como ela o conhecia, mas senti o dedo do meu pai nisso.

–Ok. Eu não conto pra ninguém sobre o Kyle, tá? –Olhei pra ela, e sorri. Soltei um suspiro de alívio internamente. Quase ninguém sabia sobre o Kyle, e eu não queria que isso mudasse. –Não vai ter problema se ele conviver com você.

–Obrigada. –Falei

Quando finalmente entramos na casa, meu pai estava sentado em um sofá. Ele abriu um sorriso largo ao me ver, e rapidamente se levantou. Foi em minha direção, e quando foi me abraçar, recuei. Elisa acabou saindo da sala, e eu só faltei implorar pra ela ficar.

–Por quê? –Falei, depois de um longo silêncio. –Por que você me trouxe de volta?

–Eu senti sua falta, minha filha. –Respondeu. Não sei por que, mas comecei a rir. Acho que ele estava com um lapso na memória. Como ele não lembrava o que fez comigo? Meu pai só ficou com um ponto de interrogação na cabeça, e isso só me fez rir mais. Kyle me mandou parar de rir, porque achava que ele estava falando sério.

–Não... Dá... Kyle! –Pensei meio alto, em meio de risadas. Kyle acabou impaciente e me deu um soquinho no braço. –Ai! –Reclamei, parando de rir.

–Eu me arrependi, Jully. –Ele falou, tentando explicar. Vi que seus olhos estavam ficando marejados. –Queria ver se você estava bem, se você tinha tido falta de mim.

–Falta de você? Não é possível! Sabe o que fez com minha vida? Acho que não! Me tratou como lixo, e depois me tira do único lugar em que eu me encaixava! Kyle só faltou te matar por causa disso. -Eu aumentava meu tom de voz a cada letra, e depois comecei a chorar.

–Desculpa Jully. –Me abraçou. Eu não tentei impedir, porque eu não consegui ter forças pra fazer qualquer outra coisa. Onde está o Kyle quando se precisa dele? –Eu juro que me arrependi. Depois que você saiu, eu não consegui fazer mais nada. No outro dia, senti a falta da sua voz conversando com o nada, mesmo que esse nada seja o Kyle. –Kyle ia fazer alguma coisa, pelo fato do meu pai ter o chamado de nada. Mas disse que estava tudo bem, internamente. –Senti a falta de coisa sem explicações acontecerem, eu juro.

–Tá bom, pai. –Me soltei dele, depois de um tempo. Meu choro acalmou. Limpei meu nariz com as costas da minha mão. –Pode me mostrar meu quarto?

–Claro! Você precisa mesmo descansar. Vamos. –Me puxou. Eu ainda estava bem inconformada com essa história, Kyle então, nem se fala. Estava até com raiva de mim mesma, mas tentei ser o mais natural possível. Segui meu pai até meu quarto.

Ele abriu a porta e eu entrei. Era lindo! Tinha paredes roxa e branca, e com uma janela com cortinas da mesma cor. Tinha uma cama de casal no meio do quarto (ele acha mesmo que Kyle dorme? ¬¬’), e do lado, uma mesinha. Nessa mesinha, tinha também algumas fotos antigas, mas que eu não sabia muito bem o que era mostrado nelas. Havia também dois grandes guarda-roupas, um do lado do outro. Nas paredes dos guarda-roupas, tinha um espaço pra por fotos.

Nem liguei muito pros outros detalhes, porque eu só queria que meu pai me deixa-se só com o Kyle. Meu pai falou que depois iria me chamar, e então, logo me deixou sozinha. Tranquei a porta e me joguei numa poltrona que tinha lá. Kyle começou a gritar comigo, perguntando o que eu estava fazendo, que eu não podia deixar ele fazer isso comigo, que nada que ele dissesse poderia mudar a minha opinião. Por fim, perguntou se eu tinha esquecido o que ele tinha feito comigo.

–Não sei! Kyle, eu não sei! –Gritei de volta, quando ele terminou de falar. –Eu só quero tentar dar uma chance pro meu pai! Quero tentar esquecer o passado e tentar viver uma vida normal. Só tente! Tenta Kyle! Por mim! –Quando eu ia começar a chorar, bateram na minha porta. Tentei engolir o choro, eu havia gritado tão alto assim?

Abri a porta e vi Elisa. Ela tinha um sorriso fraco no rosto, e perguntou se podia entrar. Dei espaço pra ela passar, e ela se sentou na minha cama. Sentei-me novamente na poltrona que ficava em frente á cama. Ela ficava olhando pros lado e pra cima, rapidamente, como se procurasse o Kyle. Depois de um longo silêncio, ela perguntou se podia pedir pro Kyle sair do quarto que ela precisava conversar sério comigo. Eu já ia explicar que Kyle podia escutar tudo que alguém falava pra mim, mas apenas assenti. Ao sair, a porta que estava aberta se fechou só, indicando que ele já havia saído.

–Acho que começamos com o pé esquerdo. –Ela começou, falando baixo. –Desde que você chegou não nos falamos direito. –Como assim? Não fazia nem uma hora que eu havia falado com ela! –Eu queria saber mais sobre você. Seu pai falava tanto.

–Não há muito que falar sobre mim. –Respondi depois de um tempo, vendo que ela não iria falar mais nada. –Só o que tem é que eu só uma menina esquisita que tem um fantasma ligado nela. –Ela riu fraquinho.

–Tem certeza? Acho que não é só isso.

–Verdade. Eu tenho um pai bipolar, que me odiava somente por eu lembrar minha mãe, que morreu. –Respondi irônica.

–O que mais?

Suspirei. Decidi contar pra ela sobre tudo que havia acontecido esse tempo. A chegada de Kyle, o dia em que meu pai me mandou pra fora de casa. Os meus únicos amigos. O Dave. Quando eu cheguei. Passado um tempo, ela olhou pra mim com um olhar protetor, e carinhoso.

–Ah, Jully... Eu já te considero a minha filha de tempos... –Eu ser a filha dela? Em momento nenhum ela havia dito que era minha nova mãe. –Se precisar de mim, pra fazer alguma coisa, pode vir, estarei de braços abertos. –Dei um sorriso pra ela.

Eu realmente precisava de alguém. De uma mãe, uma amiga, uma companheira.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos! º3º



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