P.O.V ROSALYN

Saímos rolando morro abaixo, por sorte, ninguém nos viu, eu estava com medo, afinal, vi que ele estava com uma mochila e eu não tinha nada. E se ele tentasse me matar? Eu não teria nada para me proteger!

Quando chegamos no chão, não senti muito a queda, quando percebi, tinha caído em cima dele, ele amorteceu minha queda. Quando abri os olhos, meus olhos rapidamente se chocaram com os dele, senti meio que uma corrente elétrica passando pelo meu corpo.

Ficamos parados feito idiotas nos olhando por algum tempo, até que algo nos interrompeu. Ouvimos um barulho, lá de cima, de onde tropeçamos, rapidamente nos encolhemos atrás de uma pedra, eu não tive coragem de olhar, estava nervosa, morrendo de medo, mas o garoto do 9 olhou com cuidado.

–são os carreiristas? – pergunto baixinho

– shhhh – ele vira calmo pra mim e da um sorriso. Só dava pra ouvir uns murmúrios, mas consegui escutar algumas coisas.

–Pra onde ela foi? – dava claramente escutar quem estava falando, era Camile do distrito 2 e o garoto do 4 no qual não sei o nome.

–quem?

– a 7!

– não vi a propósito... – fala ele num tom de raiva, ouve-se um grito seguido de um barulho de canhão, o garoto do 4 logo percebeu quem era, e eu também, era a garota do 4, Rachel, conseguia escutar os passos deles correndo até a cornucópia.

Quando eles saem, me encolho entre as pernas, o garoto do 9 vira e tenta falar comigo, ele pega uma mecha do meu cabelo e começa a enrolar, como se meu cabelo já não fosse cacheado o bastante.

–está tudo bem? –pergunta ele e como sou a pessoa mais simpática do mundo não respondo – distrito 7 né? Rosalyn certo? – faço que sim com a cabeça

Ele começa a mexer em sua mochila amarela, dela, ele tira uma corda, um casaco azul escuro, um cantil de água vazio, e um pão. Ele olha pra mim com seus olhos marrons esverdeados, eles estavam mais verdes, eles brilhavam como esmeraldas, ele divide o pão ao meio e me oferece:

– quer? – ele pergunta com um sorriso no rosto, eu olho pra ele depois para o pedaço de pão, eu estava morrendo de fome, não tinha feito a ultima refeição devido ao meu nervosismo. Eu fico quieta, ele segura minha mão com delicadeza, a mão dele estava quente, novamente senti um choque dentro de mim, ele pega o pão e coloca-o em minhas mãos.

–obrigada – digo quase sem som

–finalmente ouvi sua voz! – achei que não falava! – solto um risinho abafado e ele sorri – sou Jason, distrito 9 – sorrio de novo – é legal o 7?

– aham, quer dizer, não sei – rio – nunca saí de lá

– estou gostando de ouvir sua voz, é bonita. – fico com muita vergonha, acho que meu rosto ficou mais vermelho que o cabelo da Katherine!

–e como é o 9?

– muito chato! Meu sonho é fugir, sair desse país e de panem! Se eu não tivesse vindo pra arena, já estaria longe daqui!

– como você faria isso? Quer dizer... como você fugiria?- digo curiosa

– pelas montanhas, dizem que depois das montanhas – ele começa a desenhar uma espécie de mapa no chão com areia – existe um lugar bonito, sem guerras e sem distritos – começo a pensar no que a garota do 6 me disse, logo antes de morrer, algo a ver com montanhas, acho que ela era loca.

Continuamos a conversar, quando vimos, já estava anoitecendo e precisávamos de um local para dormir

–aonde vamos acampar? – pergunto meio deslocada, ele pensa um pouco.

– na árvore! – ele aponta para uma árvore que tem galhos maiores e mais grossos que as outras, ele começa a escalar quando o interrompo.

–acho melhor não...

– por quê? – pergunta ele franzindo a testa

–não sei escalar!

– calma eu te ajudo – ele pegou minha mão e me levou até a árvore – põe o pé aqui e a mão ali – ele bota a mão na minha cintura e me ajuda a subir dois galhos – ei, você não era do distrito da madeira?

– cala a boca! – falo rindo. Ponho o pé em um galho frouxo e caio no colo dele, meu deus! Que vergonha! Segunda vez que isso acontece... hoje!

– desculpa

–não foi... nada – nos olhamos por um tempo, seus olhos brilhavam com intensidade até que um som familiar ecoou em nossos ouvidos, era o hino da capital.

–Eu estava com medo que um de meus aliados aparecesse no céu, eu fiquei muito amiga da Katherine, da Melany e da Brianna nos dias de treinamento, não gostaria de perder nenhuma de minhas aliadas, mas elas não eram só minhas aliadas, elas eram muito mais que isso, elas eram minhas amigas. Olho pro céu e direto vejo o garoto do 3, ou seja, sem mortes de carreiristas, mas tudo muda quando vejo o rosto da garota do 4, Rachel, como eu previa, também, depois daquela corrida que a 2 e o 4 deram, já dava pra imaginar isso.

Vi que nenhum de meus amigos morreu, que alívio! Quando acabaram de passar as baixas, vi que ainda estava no colo do Jason.

– já pode me botar no chão - falo com vergonha

– ah desculpa! – acho que nessa hora fiquei pior que o cabelo da Katherine!

– ainda sim, não consigo subir na árvore! É escorregadio e a árvore não coopera! – ele ri

– tive uma idéia! – ele sobe quase até o topo com a maior facilidade – Joga a mochila! – eu pego a mochila e jogo na direção dele, ele pega e tira a corda de dentro, ele a amarra em um galho alto, mas que parecia bem firme, ele joga a corda com uma ponta amarrada no galho em minha direção, então ele pula da árvore (e cai em pé! Veja bem).

– o que eu faço com isso?

– sobe! – fala ele sorrindo num tom de voz extremamente doce.

Olhei pra ele e pressionei minhas mãos na corda, segurei firme e lá fui eu, subi até um dos galhos mais altos, era lindo lá, dava pra ver a lua enorme, conseguia ver toda arena lá de cima, dava pra ver o vulcão, a ilha, a cornucópia e também as montanhas, por um minuto achei que estivesse em casa...