O Herdeiro escrita por GabrielaGQ


Capítulo 10
A verdade


Notas iniciais do capítulo

Dividi em duas partes, mas não vou fazer muito suspense hahahaha
Bônus: dois capítulos em uma noite!
Here we go (again)!



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Sherlock Holmes é meu pai? – William disse se levantando do sofá encarando Molly. Pela primeira vez, Molly via seu filho ficar vermelho. Tão pequeno e com tanta...raiva. Molly entendia que era um choque e tanto, então apenas concordou com a cabeça.

Você...- William disse apontando para Sherlock- é o meu pai?

Sherlock apenas observava a cena, incapaz de saber o que ele deveria fazer a seguir. Como sempre, Molly sabia lidar melhor com a situação. Claro, ela é mãe há 5 anos, e eu sou pai há apenas 24 horas, Sherlock pensou.

Filho, eu sei que é complicado de entender, mas se acalme, vou te explicar tudo. – Molly disse segurando a pequena mão de Will, que rapidamente se desfez do carinho da mãe.

Eu não acredito mãe que você não me contou! Você sabia o quanto eu queria ter um pai e o quanto eu adorava Sherlock Holmes. E agora ELE é meu pai? –Will parecia não conseguir acreditar. Tão pequeno e tão cheio de personalidade, Molly pensou.

Eu não sei por que você está tão bravo filho. Isso não é bom? Seu pai é a pessoa que você mais admira William – Molly disse com um sorriso amistoso. Ia ser um dia longo.

Bom? – William disse já começando a chorar. –Eu sei que eu admiro Sherlock Holmes mãe, mas não como o meu...pai. – Disse a última palavra olhando para Sherlock que continuava parado, sentado na poltrona. William continuou encarando ele como que esperando uma resposta, mas ao perceber que nada conseguiria, correu e se trancou no seu quarto.

Na sala, Molly enfim se recostou no sofá e abaixou a cabeça, os cabelos cobrindo a maior parte do seu rosto. Sherlock sabia que ela estava chorando. Ver Molly triste acabava com Sherlock e ele nunca entendia o porque. É claro que ele ainda a amava, nunca tinha deixado de amá-la. E ele sentia remorso todos os dias por ter sido tão idiota e ter magoado mais uma vez a pessoa mais importante para ele.

Enfim, o corpo de Sherlock conseguiu se mover. Ele se sentou ao lado de Molly. Ainda se lembrava das noites que eles passavam juntos no sofá em Baker Street, após todos os possíveis clientes de Sherlock terem ido embora.

Como sempre fazia, Sherlock tirou delicadamente os chinelos de Molly e ergueu suas pernas para descansarem no colo dele. Só pelo toque de Sherlock, Molly sentiu seu coração acelerar e um arrepio percorrer todo o seu corpo. Com um toque ainda mais suave, Sherlock removeu os cabelos que escondiam o rosto de Molly, enquanto ela se acomodava ainda mais no sofá, agora olhando para ele. Com um sorriso acompanhado do olhar mais apaixonado que conseguia dar, Sherlock começou a fazer carinhos na mão de Molly e sem perceber, sua boca já estava se movendo:

– Me perdoe Molly. Eu disse que seria uma pessoa melhor e não fui. Quebrei uma promessa como eu disse que nunca mais faria. E eu deixei você ir, deixei você ir embora e me deixar.

Molly apenas escutava e deixou que ele continuasse:

Você sabe Molly que foi no casamento de John que eu conheci...Janine. Até então, somente uma pessoa sem interesse com quem tive que tirar várias fotos. Mas depois que eu e você nos casamos, um caso de extrema importância caiu em minhas mãos. Magnussen. Um homem com total influência e que conhecia os mais terríveis segredos das pessoas, incluindo Mary. Acho que ela te contou depois o passado dela, sem muitos detalhes claro. – Sherlock suspirou enquanto conversava sobre tudo aquilo a primeira vez com alguém

Eu precisei ter Janine por perto para conseguir chegar até Magnussen. A vida de todos estava envolvida e principalmente a de John. Eu não podia contar nada para você, mas meu envolvimento com Janine era tudo artificial, até aquele dia...em que de surpresa ela me beijou e... – Sherlock agora olhava para Molly com seus olhos embaçando devido algumas lágrimas.

Molly apenas o observava, agora entendendo tudo o que o marido tinha feito. É claro que ela tinha ouvido falar depois do tal Magnussen, que Sherlock acabou matando ele para defender John e que depois disso Sherlock iria ter que desaparecer. Mas nessa época, Molly já tinha ido embora e nem presenciou a luta de Sherlock mais tarde com o Retorno de Moriarty. Com um sorriso Molly apenas teve força para dizer:

Você se importou Sherlock. Depois que John entrou na sua vida, você começou a se importar com as pessoas. O único problema... – ela disse tirando suas pernas do colo dele e afastando sua mão da dele - ... é que você sempre se importou mais com John do que comigo.

Sherlock não esperava aquela reação. Somente agora que ela tinha dito ele percebia o quanto aquilo era verdade. Sherlock tinha matado alguém por John. Era a maior prova de que ele se importava. Se importar não é uma vantagem. A frase que Mycroft dizia ecoava na mente de Sherlock. Ele precisava mostrar que se importava com Molly, ela era sua esposa e eles tinham um filho. Querendo ou não, Sherlock tinha uma família e apesar de tudo, tinha se tornado mais humano, sensível aos sentimentos dos outros.

Enquanto meditava nisso, podia escutar Molly remexendo em algumas coisas na cozinha. Provavelmente William não sairia tão cedo do quarto e ele ainda não tinha nenhuma idéia de como faria para se relacionar com seu filho.

No fundo, Sherlock sabia que seu irmão estava certo. Se importar não era uma vantagem. Quando você se importa com alguém você se torna frágil, sensível e tem medo de magoar e ser magoado. Mas quem lhe ensinou isso não fora Mycroft e sim Molly. A sua Molly Hooper. Ela era toda aquela essência de frágil, sensível e a pessoa que ele mais magoou. Não surpreendia o fato dela não gostar mais dele. Ela o amava é claro. Mas não gostava mais dele. Será que dá pra entender isso? Sherlock pensava.

Ao olhar pela janela do apartamento de Molly, podia ver Londres com seu ritmo acelerado seguindo a vida enquanto a dele continuava ainda mais embolada e parada. Sherlock se sentia vazio. Algo estava faltando havia 5 anos. Ao se lembrar da mão macia de Molly e do calor da pele dela, se deu conta de que o que faltava era Molly. Ela sempre foi importante. Ela conseguia ver o que ninguém mais via.

Com um sorriso, Sherlock estava decidido: Iria reconquistar Molly e voltar a ter o amor que dava todo sentido na sua vida. Ao ir se aproximando da cozinha, teve uma idéia:

Você sabe Molly que eu apenas vou a casa dos meus pais no interior quando preciso realmente vê-los ou dar uma folga de Londres. Então talvez não seja absurdo o que estou pensando. – O seu sotaque e sua voz surpreenderam Molly que mexia alguma coisa na panela no fogão. Depois de provar o que estava fazendo, ainda com os dedos na boca, perguntou num tom provocante:

O que seria absurdo detetive?

Podíamos passar esse fim de semana na casa dos meus pais, eu, você e ...William. Eles não sabem que são avós e acho que seria uma boa surpresa para eles.


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Notas finais do capítulo

Entenderam porque Molly não se despediu de Sherlock em His Last Vow? Gostaram da Molly se fazendo de difícil? hahahaha
Comentem!