Just don't be afraid escrita por Maya


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas flores! *-*
Antes de mais nada quero dedicar o cap à Giulia Vasconcellos e mais uma vez agradecer pela favoritação! *-*
Sobre o cap, tenho um pouco de medo que esteja muito "sem ação" .. xDD
Boa Leitura anjos! :D

ps: Yumi sua linda, é impossivel não rir com os teus comenários! ahahah xD Um dia ainda faço um cap especial para ti do Germano!

[obs: capítulo editado e corrigido a 14 de novembro de 2014]



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– Já é quase hora de almoço, onde queres ir comer? – perguntou-me antes de arrancar o carro.

– Não sei, qualquer sítio – ele pareceu pensar e sorriu antes de arrancar o carro. – Podes ao menos dizer-me? – riu pelo nariz e sorriu.

– Quando lá chegamos explico-te tudo – ligou o rádio. A nova música dos Maroon 5 suou na Rádio Comercial, aumentei o volume e não resisti a tentação de cantar junto com a voz sedutora de Adam Levine assim que o refrão chegou. No início cantava baixinho, mas à medida que o tempo ia passando fui elevando a voz. Olhei para o Germano que parecia divertido com a minha reação.

The map that leads to you

Ain't nothing I can do

The map that leads to you

Following, following, following – a música acabou e um riso escapou pelos lábios do loiro. Voltou a por o volume do radio normal e estacionou o carro. Pelos vistos já tínhamos chegado ao destino. Estávamos em frente a um hipermercado.

– Bem, antes de mais nada, deixa-me dizer que cantas muito bem – sorriu e virou-se para mim. – Deves estar a perguntar-te o porquê de estarmos aqui. Quando eu andava na secundária aqui perto, a mesma onde o Kentin anda, embora na maior parte das vezes eu fosse à cantina, a comida nunca prestava. Então, quando havia dinheiro vínhamos aqui. E eu quero dar-te a conhecer esse pouco de mim. Um pouco do rapaz adolescente que vinha com os amigos comer sandes de queijo e fiambre feitas na hora e que partilhavam a mesma garrafa de Coca-cola. Provavelmente na tua escola de ricos a comida é boa o suficiente para comeres lá, ou então vais ao shopping. Mas no meu tempo não havia nada disto – sorriu. – Estou mesmo a ficar velho – suspirou. – Vamos? – assenti e saímos do carro.

Adorei mesmo o facto de o Germano realmente quer dar-se a conhecer, mostrar aquilo que é sem vergonha e medo. Exatamente o oposto daquilo que o Kentin faz. O Ken esconde-se atrás daquela armadura de rapaz revoltado para esconder algo que ele considera mau. E quanto mais se esconde mais vontade eu tenho de descobrir.

– Gostas de queijo e fiambre certo? – perguntou com a sua voz naturalmente rouca. Fiz que sim com a cabeça e ele começou a pegar em coisas para a cestinha.

– Germano? – chamei e ele virou-se para trás, parando no meio do corredor. – Porque é que estás a fazer isto? Podíamos ir a um restaurante e não terias nem metade do trabalho…

– Só acho que é bom ser normal de vez em quando – disse e voltou a andar, indo para o corredor das bebidas.

Aquela frase poderia ser levada como uma ofensa, mas não foi isso que me transmitiu. Ouvi-lo dizer aquilo trouxe-me conforto, alegria e acima de tudo a sensação de simplicidade que tanto adoro e que há muito não vivia. Ele pode até não saber, mas estas pequenas coisas fazem-me sentir nas nuvens. Ser rica não é só um mar de rosas como toda a gente pensa. É claro que é bom e não, não vou dizer que dinheiro não trás felicidade, porque trás. Uma pessoa que passe fome não pode ser feliz. Uma pessoa excluída também não. Mas é óbvio que só dinheiro não chega. Os meus pais trabalharam muito para chegarem onde estão agora. Para tal, abdicaram de muitas coisas, como as minhas festas no final de ano onde sempre toquei piano ou os almoços de família que só aconteciam ao domingo e com pouca frequência. Não os culpo. Acho que se quando se tem um filho, faz-se tudo para lhe poder oferecer o mundo e é isso que os meus pais fazem. Nas férias já passamos mais tempo juntos, mas nunca é a mesma coisa. E nunca é simples. A minha mãe gosta de ir conhecer o mundo e é isso que fazemos. Para mim podíamos ficar em casa o mês todo, desde que estivéssemos os três, mas ela faz questão de mostrar o dinheiro que tem, talvez para espetar na cara das “amigas” invejosas que conseguiu aquilo que muitas queriam. E para tal, simplicidade não consta do meu vocabulário de férias.

E o Germano sem me conhecer, trouxe-me para aquilo que eu mais queria. Um almoço normal, sem ser a Annelise Williams, filha dos empresários da maior vinícola do país.

Com estes pensamentos todos, só reparei que estávamos na caixa quando o vi tirar a carteira e a pagar tudo. Podia impor-me, mas a única coisa que tenho comigo é o telemóvel…

Fomos para a parte de fora e sentamo-nos no chão à beira da entrada.

– Sei que isto não é o almoço à luz das velas que merecias, mas espero que gostes – entregou-me uma sandes. Dei a primeira trinca assim como ele. Ficamos a comer em silêncio, só comunicando quando queríamos beber.

«»

Ele já tinha acabado de comer e a mim ainda me faltava meio pão. Acabei e ele levantou-se e meteu tudo dentro do saco plástico.

– Germano?

– Sim? – disse estendo-me a mão para me ajudar a levantar também.

– Obrigada por isto – sorri.

– Não tens de agradecer – colocou um braço por cima dos meus ombros e começou andar. – Agora vamos, que ficar em frente a um hipermercado não é a melhor definição para encontro perfeito – sorriu.

– Então isto é um encontro? – olhei para ele com a sobrancelha arqueada.

– Não sei, diz-me tu senhorita – abriu a porta do carro para mim. Entrei e ele fechou-a e deu a volta ao carro para entrar também. – É um encontro para ti? – perguntou a sorrir.

Realmente, isto é um encontro para mim? É isso que eu quero? Agora fiquei confusa. Será mesmo apropriado que estando dentro de um noivado, mesmo que arranjado e ainda não oficial, eu esteja a sair com um rapaz? Rapaz esse que é amigo do meu “noivo”.

Querem saber? Estou-me a cagar para esta merda! Ele é lindo e eu vou aproveitar! Nunca ouviram aquele ditado “Quem não arrisca, não petisca”? Então, eu quero muito petiscar o Germano sexy e é isso que vou fazer!

– Então? – perguntou com a sobrancelha arqueada acompanhada de um sorriso de divertimento. – É ou não?

– É… – disse desviando o olhar. Ele pareceu gostar da resposta e arrancou o carro – para onde vamos agora?

– Pensei em continuar-te um pouco de mim, pode ser? – disse sem tirar os olhos da estrada.

– Por mim tudo bem – sorri. – Posso por o volume mais alto?

– Hum… Para cantares? – perguntou enquanto se ria pelo nariz.

– Bem, se não gostas eu posso tentar conter-me e não cantar – sorri envergonhada.

– Não, não! Eu gosto, tens uma voz bonita. Põe rádio como quiseres.

Procurei alguma emissora que estivesse a dar alguma música que me agradasse, até que acabei por desistir e deixei numa qualquer cantando na mesma naquelas em que sabia minimamente.

A certa altura, consegui fazer com que o Germano cantasse comigo. Aparentemente aquela voz rouca e sedutora não tinha jeitinho nenhum para cantar. Deixei de conseguir cantar devido às gargalhadas que dava.

– Ei, para de rir, não canto assim tão mal – ele estacionou. Estávamos em frente a um parque antigo. Tinha dois baloiços e um escorrega que se encontravam enferrujados e algumas árvores espalhadas.

– Ó Germano, pareces um ganso a morrer quando cantas – continuei a rir. Ele olhou para mim com a sua suposta cara de malvado.

– Ganso é? Vamos ver já quem é o ganso!

Antes que ele apanhasse o meu braço sai do carro e comecei a correr por dentro do parque. Logo notei que ele vinha atrás de mim a gritar o meu nome de forma autoritária. Corremos durante algum tempo e quando pensei que ele tivesse desistido, apareceu à minha frente encurralando-me contra uma árvore qualquer. Ele gosta mesmo de te encostar sempre a algo, já reparaste Annelise?

– Um ganso, é Annelise? – a voz dele estava mais rouca que o costume, a sua expressão era séria e cheirava a café. Café?! Quem é que cheira a café?! – Acho que te esqueceste o que acontece quando me provocas – ele foi aproximando a sua cara de mim, sentia a sua respiração e a minha já tinha sido esquecida algures por ai. Fechei os olhos e deixei-me levar, afinal era o que eu queria. Finalmente senti o calor dos lábios dele, mas algo o afastou para o lado fazendo um barulho estranho.

Abri os olhos. O Germano encontrava-se já afastado de mim com a mão na cabeça, a dizer palavrões. Olhei para o que pudesse ter-lhe acertado e era uma bola com o desenho do Noddy. A sério que ainda existem coisas destas? De repente um miúdo aparece e pega na bola e começa a encarar o Germano. Este arqueia a sobrancelha como se tentasse lembrar de onde conhece aquela cara.

– Germanooooooooooooooooooooo! – o miúdo corre para cima do dele, que quase cai por conta do susto. Mas no fim, começa a rodar o miúdo pelo ar.

– João! ‘tás tão grande puto! – o loiro sorria genuinamente para o pequeno que descobri ser chamado de João.

– Porque paraste de vir aqui com o Ken? Já não o vejo há muito! – posou o menino no chão e abaixou-se, ficando de cocaras à altura do pequeno João.

– Sabes bem que já não ando na escola e agora trabalho – suspirou. – E agora o Kentin vai para a universidade, sabes que é mais complicado. Mas vou dizer-lhe para virmos aqui pelo menos uma vez por semana, o que achas?

– Bem, eu preferia que viessem cá todos os dias, como antes…

– E se trouxer chocolate? – os olhos do miúdo brilharam.

– Siiiiiiiiiiiiiiiim! – atirou-se mais uma vez para o Germano, mas desta vez caíram. Soltei uma pequena gargalhada que o fez encarar-me. – Quem é esta? É tua namorada? Ou é a tal noiva que o Ken disse que ia arranjar? É bem mais bonita que a Matilde. Onde está o Ken? Ele não devia acompanhar a noiva? – disse aquilo de maneira tão rápida que acabou por me baralhar o cérebro.

– Está é a Annelise. Não, não é a minha namorada. Sim, é a tal noiva do Kentin. Sim, é bem mais bonita que a Matilde – disse com os olhos postos em mim, fazendo-me corar. – Não faço a mínima ideia onde esteja o Kentin. Devia, mas eles chatearam-se – olhei com espanto para o Germano. Como é que ele conseguiu responder àquelas perguntas todas? Eu já não me lembrava de nenhuma.

O rapazito veio até mim e fez sinal para me por à altura dele. Assim que o fiz, ele ficou a olhar para a minha cara como se fosse o Sherlock Holmes à procura de alguma pista na minha cara. Suspirou e começou a falar.

– Sabes, acho que combinas bem com o Kentin – puxou a minha bochecha. – Os teus olhos ficam bem com os olhos dele. Eu aprovo o casamento! E quero ser o menino das alianças! – deu um sorriso que mal cabia na sua cara e deu-me um beijo na bochecha. – Foi um prazer conhecer-te Annelise – sorri. – Espero que logo te entendas com o Ken, vocês tem sorrisos idênticos – e foi a correr com a bola na mão, depois de deixar aquelas palavras tão estranhas e confusas.

Eu e o Germano levantamo-nos e fomos para os baloiços. Ficamos assimilar tudo o que o João tinha dito. Afinal é estranho um rapaz com cinco ou seis anos chegar à tua beira e dizer que tu combinas com os olhos de outra pessoa e que temos sorrisos iguais. Tipo, quem é que diz isso?! Só uma criança mesmo… Até tive pena do rapaz, não acho que me vá entender com o Kentin ao ponto de haver casamento. Talvez uma amizade, mais que isso acho um pouco improvável…

– Desculpa lá pelo miúdo. Ele é um pouco hiperativo. – sorriu.

– Não tens de pedir desculpa. Ele pareceu gostar muito de ti. E do Kentin também.

– Nós já o conhecemos desde bebé – suspirou. – Acho que já te posso contar o porquê de estarmos aqui… Quando éramos pequeninos, eu e o Ken vínhamos para aqui brincar com a mãe dele. Ficávamos horas aqui. Também foi aqui que dei o meu primeiro beijo – riu. – Acho que não devia dizer isto, afinal é um encontro…

– Não, continua… Eu gosto de te ouvir falar e a contar histórias… - ele assentiu.

– Bem, ela chamava-se Carla… Vinha para aqui todos os domingos, assim como nós. Com o tempo, tornamo-nos os três amigos e quando reparei sentia uma coisa esquisita no estômago, pareciam formigas. Não conseguia perceber, principalmente porque era sempre que estava com ela. Um dia perguntei à senhora Linda e ela disse que se chamava amor e que eu devia dizer a Carla. Disse também que se ela sentisse o mesmo, eu podia dar-lhe um beijo na boca. E eu, no domingo seguinte foi contar à Carla das tais formigas no estômago e ela disse que sentia o mesmo, por isso beijei-a. Mas ela acabou por vomitar em cima de mim porque estava enjoada – comecei a rir-me. – Acho que tinha comido gelado a mais ou algo assim… Como vês, não foi o melhor primeiro beijo de todos, mas foi o meu. Até te podia perguntar como foi o teu, mas realmente não quero saber que foi o sortudo que te beijou primeiro que eu – corei. Ele levantou-se do baloiço e pôs-se à minha frente. – Danças comigo? – estendeu-me a mão. Assenti e ele puxou-me contra o seu corpo. Encostei a cabeça no seu peito e senti os batimentos rápidos dele. O seu cheiro, embora que a café, fazia-me querer ficar ali para sempre, nos seus braços. Começamos a balançar como se tivéssemos a ouvir uma música calma.

Ficámos assim durante algum tempo até que ele parou de dançar e puxou levemente o meu queixo para cima. – És a mulher mais linda que alguma vez vi, tanto por fora como por dentro – e sem perder tempo, fez aquilo que ambos queríamos há muito, mas desta vez sem nenhuma interrupção.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, vejo-vos nos comentários!
Até à proxima! *-*

ps: vão ver a capa do meu perfil e digam-me o que acham xD