The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 37
Capítulo 37 - Enciumada


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Daniel. Ultimo capítulo na festa!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496121/chapter/37

Selene revirou os olhos pela milésima vez naquela noite. Mas seus olhos tinham um brilho diferente do normal, então eu adorava e amava cada movimento que ela fazia, mesmo os que me afastavam.

Os humanos já tinham ido embora da festa e só restaram alguns imortais, mas eles não pareciam se importar: continuavam dançando e bebendo normalmente.

– Dani - uma voz conhecida chamou.

Congelei no lugar. Selene arqueou uma sobrancelha questionadora para mim e eu segurei seu antebraço com força.

A arrastei para o andar de cima ignorando seus protestos e xingamentos, mas a maldita voz ainda me seguia.

– Dani, sou eu, Iria! - ela insistia.

– Cacete, Daniel - Selene se estressou - vê o que a garota quer!

Trinquei o maxilar. Ela não tinha um pingo de ciúmes? Eu só faltava matar cada cara que a secava com o olhar, e ela não se importava quando uma garota linda surgia e me chamava de “Dani”.

Sempre odiei aquele apelido.

– Não me chame de “Dani” - eu disse cuspindo o apelido, me dirigindo à pessoa que me seguia.

Iria era uma lobisomem de nível alto. Era uma das garotas mais lindas que eu já vira na minha vida. Sua pele era morena e seus olhos negros não deixavam passar nada. Inclusive quando eu peguei a mão de Selene com força e a puxei para mais perto de mim, num claro sinal para Iria sumisse dali.

– Você não reclamava disso quando estávamos juntos - ela suspirou pesadamente.

Encarei Selene para ver sua reação. Ela estava inexpressiva, e aquilo me irritou.

Iria sorriu ao perceber o que me afligia e resolveu atiçar Selene. Era uma péssima ideia, mas eu estava irritado com ela, então permiti que ela seguisse em frente.

Ela chegou perto de mim e grudou o corpo no meu braço de forma manhosa.

– Você sumiu depois daquilo - ela resmungou.

– Eu quase morri - rosnei.

Ela podia provocar Selene o quanto quisesse, desde que não se esfregasse em mim. Afastei Iria de mim e Selene soltou minha mão bruscamente.

Franzi o cenho para ela, que deu de ombros e fitou o chão, ainda inexpressiva.

– Eu fiz aquilo para salvar sua vida - Iria disse, ficando séria - eu te amava, acha mesmo que eu te deixaria do nada?

– Não, não amava - rebati, seco.

– Você me amava - Iria semicerrou os olhos.

– Eu pensava que te amava - a cortei, com minha voz ficando mais grossa - era só ilusão.

Selene se mexeu, desconfortável.

– Vou deixar vocês a sós - ela disse e fez menção de ir embora.

Segurei seu braço com força e ela fez uma careta de dor, soltando um gemido involuntário. Eu já estava perdendo o controle.

– Você fica - eu grunhi, fazendo-a se encolher.

Procurei medo nos olhos bicolores dela, mas tanto o negro quanto o azul era um mar de fúria. Ela detestava quando eu mandava nela.

– Você está discutindo um antigo relacionamento com sua suposta ex-namorada e quer que eu fique? Você está falando sério, imbecil?! - ela se esforçou para manter a voz baixa e controlada.

Ela ficava tão linda quando estava brava... Ainda mais quando estava com a pele tremulando em prateado, como naquele momento.

– Uma elfa? - Iria perguntou, cética.

– Não tem nada pra ser dito que você não possa ouvir - insisti, ignorando Iria.

– Eu NÃO QUERO ouvir! - ela explodiu.

Os olhos de Selene ficaram completamente negros, seus caninos ficaram pontiagudos, sua pele ficou radiante e as sombras da casa tremularam em resposta ao poder dela. Mas aquilo durou segundos, pois logo ela se controlou.

Ela respirou fundo e se soltou de mim com raiva contida.

“Agora vejo porque a ama”, Iria disse em minha mente e me olhou magoada.

Ela realmente me amou. Talvez ainda me amasse, mas eu já não me importava. Tive meu coração quebrado, ou melhor, estilhaçado por aquela lobisomem que dizia ter me abandonado para salvar minha vida. O que ameaçaria a vida de um dragão assim de repente? Bufei.

Por mais que Selene me magoasse o tempo todo, ela jamais me abandonaria. Disso eu sabia. Vi perfeitamente o tipo de pessoa que ela era no dia em que entrei em sua mente sem querer. Ela era acima de tudo, leal.

Um barulho ensurdecedor ainda mais alto do que a música eletrônica soou e o vidro da janela grande à frente de Selene se fez em cacos.

Ela deixou escapar um grito de susto e meu sangue congelou e depois ferveu ao ver a gangue de vampiros que pulava para dentro da casa. Um deles estava com as presas à mostra, sujas de sangue e encarava o pescoço de Selene com uma determinação monstruosa estampada no rosto.

Iria foi mais rápida que eu. Ela puxou Selene para fora do caminho e a protegeu com o próprio corpo, sendo assim, as presas do vampiro se cravaram em seu ombro e ela urrou de dor.

Selene também foi rápida ao se transformar sem que eu percebesse e materializar sua foice de sombras. Ela libertou Iria e arrancou a cabeça do vampiro instintivamente pelo calor do momento, mas depois que o fez, encarou as cinzas do vampiro morto no chão com horror. Ela ficaria traumatizada.

– Selene! - Solara gritou e tentou nos alcançar por entre as pessoas que corriam para fora da casa.

Revirei os olhos. Era imortais, mas covardes.

Solara murmurou algo e eu adivinhei o que ela planejava fazer. Ela ia invocar a luz do sol na casa toda para acabar com os vampiros de uma vez. Eu não me importaria com isso, mas Selene sim.

– Não faça isso - adverti - Liam ainda está na casa.

Ela franziu o cenho, sem saber quem era Liam. Selene voltou a si e me encarou, sem saber o que fazer.

Sorri para confortá-la e ela retribuiu, nervosa.

– Luz do sol e estacas de madeira no coração é letal - eu disse e ela prestou atenção - mas arrancar a cabeça como você fez é muito eficiente, embora difícil.

Ela assentiu e encarou o restante da gangue que parara fora da casa e encarava o interior pela janela, planejando como entrar.

– Como eles entraram? - Iria perguntou, furiosa e urrando de dor - ninguém os convidou para entrar!

– Vampiros precisam ser convidados para entrar? - Selene perguntou sem tirar os olhos dos sanguessugas.

“Nunca tire os olhos do inimigo, nunca abaixe sua arma”, era o que eu a ensinara durante as aulas. Ela estava seguindo perfeitamente minhas instruções. Estava atenta à cada movimento e chiado dos vampiros e sua foice estava empunhada de forma perfeita, na defensiva. Senti vontade de mandá-la parar com aquilo porque eu a protegeria. Mas então todo treinamento seria em vão, além disso, Selene odiava ser tratada como uma inválida.

– Precisam - Seth respondeu ofegante - Yukina convidou Liam, mas ela não conhece nenhum desses aí.

“Yukina”, chamei, furioso e desconfiado.

– Sim? - ela respondeu nos alcançando em segundos com uma expressão inocente.

Abri a boca para acusá-la de algo, mas ela me interrompeu ao levantar as mãos, ficando séria.

– Eu juro que não convidei nenhum deles - ela disse.

Suspirei e passei a mão no rosto, exasperado.

– Deixa que eu cuido disso - resmunguei e saí pela janela.

– Vou te dar cobertura - Selene murmurou.

Assenti. Não que eu precisasse de cobertura, aqueles eram vampiros da categoria mais baixa possível. Mas Selene precisava de algo para se concentrar, ou entraria em choque. Ela mesma estava ciente daquilo.

– Você está bem, Iria? - ouvi ela perguntar.

Iria não respondeu. Senti a alma de Selene se agitar, preocupada e desesperada. Eu só podia sentí-la daquele jeito quando seus sentimentos estavam confusos.

– Tem veneno na circulação dela, mas Iria é uma sangue-puro, então com ajuda de algum feitiço logo ela ficará boa - Yukina tranquilizou.

Fechei os olhos e tentei controlar minha transformação para que eu ficasse no meio termo. Era difícil para mim, considerando que eu mantinha meus poderes adormecidos e quando eles despertavam, a expressão “o dragão acordou” servia muito bem. Eu não me controlava.

Encarei os cinco vampiros à minha frente e pensei em explodí-los em chamas. Mas não queria traumatizar Selene ainda mais. Suspirei e corri em direção ao que parecia ser o líder. Arranquei seu coração rapidamente e fiz o mesmo com os outros três. Se desfizeram em cinzas no chão.

Mas o quinto tinha sumido. Procurei no escuro, onde provavelmente ele estaria escondido. Mas ele não era idiota a ponto de se esconder nas sombras, onde ele sabia que um de nós tinha controle quase absoluto. Além disso, Selene parecia ser o alvo daquele ataque surpresa.

Ouvi um chiado atrás de mim e me virei a tempo de ver o fugitivo saltar em minha direção. Eu estava prestes a explodí-lo, quando ele foi parado no ar por uma força invisível.

Automaticamente, encontrei o olhar de Selene. Ela estava concentrada em manter o vampiro no ar e em algo mais que não pude deduzir. Voltei minha atenção para o sanguessuga acima de mim e franzi o cenho. As veias dele ficaram negras, ele se contorcia e sibilava de dor.

– Selene, o que você está fazendo? - ouvi Seth perguntar, surpreso.

Ela saiu de seu transe e se assustou com seja lá o que estava prestes a fazer sem perceber. O vampiro caiu no chão com um baque e logo um feixe de luz amarela perfurou seu coração. Encarei Solara, que erguia Iria do chão com cuidado e murmurava algumas palavras para manter Selene com a mente ocupada.

Suspirei. Aquela madrugada seria longa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estava sem criatividade, então me perdoem pela qualidade do capítulo, ok? Ah, e pelos possíveis erros de digitação também :(



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Forest City" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.